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“Fonte jurídica” seria a origem primária do direito, sendo a fonte real ou material, ou
seja, os fatores reais que condicionaram o aparecimento da norma jurídica. Kelsen
admite esse vocábulo, mas não o considera científico-jurídico porque, com esse termo,
estão todas as representações que, de fato, influenciaram a criação do direito, fontes
que se distinguem do direito positivo por não serem vinculantes. Emprega-se também
“fonte do direito” como o fundamento de validade da norma jurídica. A teoria kelsiana
libera da análise aspectos fáticos, teleológicos e morais que estejam ligados ao direto,
só as normas são suscetíveis de indagação teórico-científica. O fundamento de
validade de uma norma, para ele, apenas pode ser a validez de uma outra,
denominada norma superior. Logo, é fonte jurídica a norma superior que regula a
produção da norma inferior. Assim, a Constituição é a fonte das normais gerais, e uma
normal geral é fonte, por exemplo, de uma sentença judicial que aplicará uma norma
individual. Em um sentido jurídico-positivo, fonte jurídica só pode ser o direito, pelo
fato que ele regula sua própria criação, a aplicação do direito seria,
concomitantemente, a sua criação. Nessa concepção, fonte jurídica seria a norma
hipotética fundamental que confere o fundamento último de validade da norma
jurídica. Como não é possível encontrar no ordenamento jurídico o fundamento
positivo da constituição, essa norma básica foi, por Kelsen, denominada constituição
no sentido lógico-jurídico para diferenciar da Constituição no sentido lógico-positivo.
Para Savigny, da escola histórica, a fonte do direito seria o espírito do povo. Com o
Estado Moderno e a pretensão de monopólio estatal, o Estado acaba sendo a principal
fonte de direito, as vias de produção são inúmeras (legislativo, estatutos, portarias).
De acordo com Carlos Cossio, o jurista deve se ater tanto às fontes materiais como às
formais, preferindo falar de fonte material-formal, já que toda fonte formal tem, de
modo implícito, uma valoração. A fonte material ou real aponta a origem do direito,
por isso é fonte de produção, aludindo a fatores históricos, éticos etc, que produzem o
direito. A fonte formal lhe dá forma, são os modos de manifestação do direito.
Fontes materiais ou reais não são só fatores sociais, mas também valores de cada
época (ordem, segurança, paz social, justiça), são elementos que emergem da própria
realidade social e dos valores que inspiram o ordenamento jurídico. Há um pluralismo
de fontes reais do direito, pois se o direito coexiste com sociedade, tudo que pode
influir sobre esta pode influenciar aquele. Montesquieu falava do espírito das leis, que
elas formam um conjunto, e que devem ser relativas às condições físicas do lugar, à
religião, ao comércio e etc, formando o espírito das leis.
LEGISLAÇÃO:
O conceito e a noção de lei não são fáceis de serem determinados, mas é importante
manter em vista o princípio da legalidade: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude da lei; e há diferenciação entre lei e norma,
norma é uma prescrição, lei é a forma que se reveste a norma dentro do
ordenamento. Esse revestimento está sendo usado no sentido de que a lei é formada,
atendendo a uma série de procedimentos institucionalizados que culminam numa
promulgação solene e oficial. As prescrições não obrigam, não constituem direito, pois
falta-lhe o caráter legal, que tem sua fonte da legislação, isto é, no complexo de
procedimentos que as promulgarão como lei. A prescrição chegar a ser uma lei
significa que ela está no mais alto grau de institucionalização. – Tércio.
Hodiernamente, lei formal é o conjunto de normas que estabelecem os meios judiciais
de se fazerem valer aqueles direitos e obrigações e lei material é o conjunto de normas
que prescrevem diretamente obrigações e direitos subjetivos. A lei é diferente de
norma, que se associa mais a uma estrutura lógica e interpretações de texto. É o
principal instrumento do Estado para a manutenção do seu poder e também atua na
auto-determinação dos povos, porque, com a criação de leis, quem criavam as leis
eram os próprios cidadãos, que elaboravam de acordo com o que eles viviam, não era
algo que vinha externamente. Por exemplo, no Brasil Colônia, quem faziam as leis
eram os portugueses, o Brasil recebia as leis de Portugal, e depois, quando o povo
brasileiro passou a criar suas próprias leis foi uma forma de auto-determinação.
A lei seria uma forma de expressão da norma jurídica (a norma como ideia);
racionalização da produção do direito. Agrupamentos de leis: código – uma forma
abrangente, que faz um tratamento completo, trata de forma sistemática uma
matéria. Coleção – apenas um agrupamento como o Vade Mecum, que reúne vários
códigos, o civil, penal e etc. A consolidação – uma espécie de compilação de leis
preexistentes, retirando do contexto antigo, reformulando-as como um todo.
Diferentemente do código, não é uma inovação legal, mas uma espécie de
consolidação da matéria legal existente, como a consolidação das Leis de Previdência
Social.
Vacatio Legis é o período entre a publicação da lei e sua vigência, período de 45 dias,
que em território estrangeiro é ampliado para 3 meses. Ninguém pode executar algo
ilícito alegando que não conhece a lei, art 3 do LINDB – lei que diz que uma pessoa não
pode alegar que não conhece a lei e por isso realizou tal ato (lei de introdução às
normas do direito brasileiro) e artigo 21 do código penal.
A cessação extradogmática da eficácia das leis não faz com que ela seja retirada do
ordenamento, influencia apenas na eficácia e não na validade (alguns autores como
Kelsen afirmam que uma lei sem eficácia não é uma lei). Isso pode ocorrer por 3
motivos, caducidade = perda do objeto da lei, por exemplo, uma lei sobre o telegrafo
perde a eficácia por ele não ser mais utilizado. Por desuso = nem a sociedade nem as
instituições observam mais essa norma. Costume contra legem = criação espontânea
da sociedade de um costume jurídico contrário a uma lei.
JURISPRUDÊNCIA:
A visão positivista do costume diz que ele só tem força normativa se a lei disser
isso. Aqui no Brasil, na LINDB, um de seus artigos diz que o costume jurídico pode
ser fundamento normativo, se essa lei não existisse já variaria por opinião. Os
positivistas argumentam que é difícil provar que tal pratica reiterada é costume
jurídico e depois de quanto tempo algo já pode ser costume, já existiu uma lei
chamada “lei da boa razão” que dizia que o costume deveria ter 100 anos (para
coisas gerais, e a metade para mercantis), mas não funcionou muito. Os positivistas
usam o termo “teoria da recepção”, como não assumem o costume como fonte
jurídica, dizem que o direito positivo está recepcionando, recebendo o costume.
Dentro do positivismo há várias correntes, no realismo jurídico, que é a corrente
em que o direito é o decidido pelo juiz tem pessoas mais radicais e menos radicais.
Alf Ross diz que o costume jurídico é, antes de mais nada, uma pressuposição. Nós
pressupomos que é um costume, mas só iremos saber se é com a decisão do juiz.
ATIVIDADE CIENTÍFICO-JURÍDICA
A doutrina é formada pela atividade dos juristas, ou seja, pelos ensinamentos dos
professores, pelos pareceres dos jurisconsultos, pelas opiniões dos tratadistas.
4 – Vigor: Uma qualidade da norma que diz respeito a sua força vinculante, isto é, à
impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se a seu império, independentemente da
verificação de sua vigência ou de sua eficácia.
Processo de criação e aplicação normativa:
Essa separação muito certinha entre a criação e a aplicação acontecia mais no começo
da noção de ordenamento para evitar que uma pessoa tivesse poder demais. Mas,
hoje, se sabe que não existe nenhuma aplicação literal da lei, que o juiz que aplica
sempre, de alguma maneira, também está criando. Kelsen diz que o trabalho de
aplicação do juiz é tão criador como o do legislador. Ele interpreta dentro de uma
moldura, o juiz tem que escolher entre as interpretações possíveis, ou seja, também
cria nesse momento de escolha.
Sabemos que por muito tempo já se acreditou que o ordenamento era completo, ou
seja, não admitia lacunas, tudo que seria juridicamente relevante estaria respaldado
pelo ordenamento. Mas, hoje, se admite que podem existir lacunas sim. Mas as
lacunas não são somente do direito, são relacionais, relacionam a sociedade e o
direito. Muitas vezes a sociedade se modifica e o direito não acompanha, gerando uma
lacuna. Como os crimes contra a internet, antes não eram respaldados pela lei por não
existir a internet como esse meio de comunicação tão eficaz, mas, depois, foi
necessário fazer uma lei para suprir esta lacuna, visto que a sociedade se modificou
nesse aspecto. Outro exemplo: diante da nova complexidade social, novas estruturas
familiares, foi necessária a adesão à guarda compartilhada, o que antes não existia,
depois passou a ser uma lacuna (por ser algo necessário de existir na lei, mas não
existir) e, hoje em dia, já existem leis para isso.
Mas as lacunas podem ser resolvidas sem que precise da criação de outra lei. Uma das
maneiras de resolução é através da analogia, que se compõe da comparação caso a
caso. Um caso paradigmático serve de modelo para outro caso não respaldado pela lei.
Se estamos procurando uma lei para resolver tal problema de uma união estável e não
encontramos, podemos usar a lei que resolve esse problema no casamento e aplicar a
mesma consequência para a união estável, isso seria uma analogia. Também podemos
resolver o problema das lacunas através dos princípios gerais do direito. Outro método
de resolução seria por meio da interpretação: a partir de um expediente interpretativo
pode ampliar ou restringir o sentido que está na lei. Por exemplo, se procuramos uma
lei para resolver determinado caso que uma pessoa estacionou um patinete no lugar
que tinha uma placa de proibido estacionar, podemos usar a lei que diz que não pode
estacionar veículos ali e ampliar o sentido dela (dizendo que não poderia estacionar o
patinete também) ou restringir (dizendo que só reais veículos -como carro, moto,
caminhão- não poderiam ser estacionados).