Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
RESUMO
INTRODUÇÃO
A intenção deste texto não é simplesmente ponderar sobre o cuidar como uma atitude
de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo com o outro, mas
sim, mostrar que o cuidado pastoral é o sinal da presença de Jesus, e quem concede este
cuidado, precisa ser um mensageiro da esperança e da cura de Cristo.
O cristianismo nos apresenta o Deus Encarnado, Jesus de Nazaré, como alguém que
dispensou cuidados, inclusive tocando pessoas enfermas, curando-as e colocando as mãos
sobre a cabeça das crianças, abençoando-as. O cuidado de Jesus para com os outros era
imensamente prático.
A FILOLOGIA DO CUIDAR
Conforme Leonardo Boff (2001, p. 33), a palavra cuidado tem a mesma raiz da palavra
cura. Em sua forma mais antiga, no latim, cura escrevia-se coera e era usada num contexto de
relações de amor e amizade. No entanto, lembra o próprio autor, outros pesquisadores
consideram-na derivada de cogitare-cogitatus, no latim, cujo sentido é o mesmo de cura:
cogitar, pensar, colocar atenção, mostrar interesse, revelar uma atitude de desvelo e de
preocupação.
Cuidado significa, então, desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato. Trata-
se, como se depreende, de uma atitude fundamental. Como dizíamos anteriormente, cuidado
implica um modo-de-ser mediante o qual a pessoa sai de si e se centra no outro com desvelo e
solicitude. Temos, nas línguas latinas, a expressão “cura d’almas” para designar o sacerdote ou
o pastor cuja incumbência reside em cuidar do bem espiritual das pessoas e acompanhá-las
em sua trajetória religiosa. Tal diligência não se faz sem fino trato, sem zelo e dedicação,
semesprit definesse, como convém às coisas espirituais. (BOFF, 2001, p. 33)
Mateus 11.28
Max Lucado (2002) em seu livro “Aliviando a Bagagem” destaca: “De todos os animais
criados por Deus, a ovelha é a menos capaz de cuidar de si própria”.
Não foi por acaso que Davi escolheu a ovelha para ilustrar o ser humano. Assim como as
ovelhas precisam e dependem de um pastor, o ser humano precisa de um pastor que o ajude a
entender qual a melhor direção a seguir, o melhor alimento para a sua alma, o melhor lugar
para repousar e recompor suas forças, o ser humano precisa e muito de Deus.
Paul Tillich (1959, p.21) assevera que o cuidar é universalmente humano: "O cuidar é
universalmente humano. Ninguém pode cuidar de si mesmo em todas as situações. Ninguém
pode, até mesmo, falar a si próprio sem que lhe tivesse sido falado por outrem”.
Aconselhamento Pastoral pode ser definido como um processo através do qual “as
pessoas se encontram para repartir lutas e esperanças”. A motivação para o exercício dessa
modalidade de cuidado tem raízes, especialmente, na mensagem bíblica do Reino de Deus que
anuncia a Boa Nova para a humanidade. Nessa tarefa podemos recorrer, além dos recursos
tradicionais do pastoreio cristão, tais como as Escrituras, a tradição, a oração, os meios de
graça e a teologia, às ciências que investigam a natureza humana e que têm como
compromisso a busca da plena saúde humana. Wayne Oates (1974, p. 9-10) define
Aconselhamento Pastoral como:
Vivemos em um mundo em que muitos se sentem solitários. Às vezes não têm a quem
procurar para dividir suas preocupações, suas lutas e suas alegrias. A figura do pastor
representa, para muitos, um porto seguro onde as pessoas podem se ancorar, narrar suas
dificuldades e, mais importante, podem ser ouvidas com atenção. Quando se encontra alguém
disposto a ouvir essa atitude cria condições para que as pessoas ganhem novas perspectivas
sobre si mesmas e sua existência.
É preciso dar atenção às palavras ditas pelas pessoas que procuram apoio pastoral. É
fundamental entender que para quem está falando não foi fácil chegar até esse momento de
procurar ajuda e expor a sua vida. Nesse caso, fala-se, também, através do longo silêncio e dos
espaços silenciosos, do olhar com ternura e interesse. É preciso aceitá-los como expressão de
sentimentos difíceis de serem ventilados. Podemos aprender a “ouvir” o silêncio de outras
pessoas, suas expressões e a nos sentirmos à vontade com o nosso próprio silêncio diante do
inexplicável, do imponderável, do inesperado. O silêncio também fala. E a Palavra pode
desvelar-se no silêncio. Como lembra G. Gutierrez (1984 p. 44), “a teologia é um falar
enriquecido por um calar”.
O Aconselhamento Pastoral tem como objetivo promover a maturidade cristã, ajudar as
pessoas amadurecerem, entrando numa experiência mais rica de adoração a Deus, numa vida
mais efetiva de serviço a Deus e ao próximo, em todos os momentos e circunstâncias da
vida. Deve levar o aconselhando a deportar-se com todos e quaisquer problemas da vida, com
uma determinação de agir coerentemente com as Escrituras. E conseqüentemente
desenvolvendo um caráter interior que se conforme com o caráter (atitude) crenças e
propósitos de Cristo.
Muitos pastores e modelos pastorais hoje têm uma visão do cuidado pastoral na
moldura da multidão no templo, do frenesi momentâneo produzido na reunião, na cura
realizada, nas campanhas destituídas de afeto relacional e de interesse genuíno na dor do
outro.
O cuidado pastoral não pode ser somente via púlpito, via reunião em suas várias
expressões, mas ele deve seguir o modelo cristológico da aproximação, da compreensão, da
percepção, da misericórdia, do ensino curador, libertador, do envolvimento em todas as
facetas da vida desde a alegria até a tristeza, a dor, desde a vida ate a morte desde o ganho
ate a perda. Ele deve estar solidificado na justiça e na paz.
Henry Nouwen (2001) em seu livro “O Sofrimento que Cura”, mostra que o cuidado
pastoral contemporâneo deve ser margeado também por uma compreensão do componente
humano, mostrando também a visão macro do ministério e do cuidado pastoral que abrange
não só a “igreja”, mais o “bairro”, a “cidade” e o “mundo” do Senhor. Um
cuidado integralizado, pois Jesus Cristo, modelo de cuidado pastoral, não armou a sua tenda
num “gabinete pastoral” e esperou as pessoas virem a ele, mas ele armou sua tenda de cidade
em cidade, abençoando as vidas na busca do perdido, na busca da justiça em seu tom integral,
na busca do fraco, dos injustiçados, na busca dos que não tinham amigos, na busca do perdido.
Jesus Cristo, em seu cuidado pastoral, não priorizou a multidão mais o indivíduo que faz
parte da multidão. Hoje essa atitude é bem diferente. Muitos pastores valorizam o
aglomerado humano como massa de manobra do que o indivíduo como imagem de Deus,
priorizam o reino aqui e agora e o patrulhamento ideológico como sucesso terreno, gloria
humana, corredor da fama, trocadilho financeiro, promessas de um pseudo Celeste por vir em
contornos humanistas, e uma ênfase demasiada na pregação egocêntrica e das necessidades.
Ele diz que devemos prestar atenção em duas áreas do ministério de Jesus Cristo que é
importante para esse resgate do excelente: Primeiro o seu “ministério” e segundo o “roteiro
de sua vida”.
O Aconselhamento Pastoral hoje constitui dentro dos princípios e das práticas cristãs,
um dos setores específicos do ministério do Pastor. Pois o Aconselhamento Pastoral abrange
uma área de especialização na teologia pastoral. Tem como propósito, dentre outros, a re-
orientação para a vida, educação, higiene mental, recondução e a administração da vida
espiritual.
Tem como objetivo, ajudar a pessoa a enfrentar eficazmente a situação difícil e voltar ao
seu nível comum de comportamento. Diminuir a ansiedade, a apreensão e outros tipos de
insegurança que possam persistir depois de ter passado a crise. Ensinar técnicas de solução de
crises, a fim de que a pessoa fique melhor preparada para antecipar e tratar das crises futuras.
E considerar os ensinos bíblicos sobre as crises, a fim de que a pessoa aprenda com as mesmas
e cresça como resultados dessa experiência.
Em seu livro “Despertando para um Grande Ministério”, H.B London Jr. e Neil B.
Wiseman pensando em termos ministeriais dizem que:
Toda a responsabilidade é terra santa por que Jesus se entregou pelas pessoas que
vivem ali. Todo lugar é importante por que Deus quer que você realize algo
sobrenatural ali. Toda situação é especial por que o ministério é necessário ali. Como a
Rainha Ester, você veio para o Reino para um tempo como este. (LONDON JR &
WISEMAN,1996, p.20).
Isso é um fato importante a ser tratado por que o cuidado pastoral deve ser elevado á
um grau de excelência e não uma peça decorativa na atividade poimênica. A igreja corpo de
Cristo tem que ser cuidada, protegida, amada, curada, sanada, crescente e isso somente
acontecerá a partir de uma visão cristológica.
Como a rainha Ester (Ester 4.16), este é o nosso tempo e não podemos deixar escapar o
sobrenatural de Deus nas vidas das pessoas a partir de um cuidado pastoral sadio. O Brasil
contemporâneo a nível eclesial tem enfrentado muitos problemas no campo eclesiástico e
doutrinal em virtude do pragmatismo e o afastamento dos princípios da palavra de Deus,
porém urge a hora que Deus nos chama para fazer diferença em épocas nebulosas.
O cuidado pastoral não é feito somente por uma única pessoa e sim pela comunidade da
fé, esse cuidado também não está trancado no chão geográfico eclesial mais ele se move em
busca do aflito em solução de conflito apaziguando as beligerâncias humanas. Ele se mistura e
se envolve no drama do outro e no rosto do outro contempla a face de Deus.
Esse cuidado pastoral não se move em busca de honra, favor, glória, fama mais ele se
posiciona como se posicionou o bom samaritano que atendeu o ferido sem pedir nada em
troca e viu no outro o seu próximo.
CONCLUSÃO
O objeto do ministério pastoral resume-se numa única palavra: gente. Gente no sentido
de indivíduo, de pessoa como entidade, única e incomparável. Gente de todo tipo, pois uma
das grandes marcas da igreja de Cristo é a diversidade. A igreja é formada por indivíduos, cada
um com sua história de vida, com seus talentos e com suas necessidades. E muitas dessas
necessidades exigem que o pastor esteja preparado a prestar nada menos que um
atendimento personalizado e sob medida.
Poderíamos dizer então que, neste caso, pastores nervosos gerarão igrejas neuróticas.
Quão grande é a responsabilidade do pastor quanto ao bem estar e crescimento da igreja
rumo ao cumprimento de sua missão integral.
REFERÊNCIAS
CRAAB, L. O Lugar mais seguro da Terra. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
LONDON H.B. - WISEMAN Neil Despertando Para um Grande Ministério: Um Livro de Pastor
para Pastor. Traduçao Guilherme Kerr. Sao Paulo: Editora Mundo Cristao 1996.
MACK, Wayne. Características distintivas do aconselhamento cristão: Fé para hoje. São José
dos Campos, SP, 2004.