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AULA 09
Direito Administrativo
Bens Públicos e Lei de Acesso à Informação
Professor Fabiano Pereira
Olá!
Bons estudos!
Fabiano Pereira.
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br
www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor
1. Conceito ..................................................................................... 03
2. Classificação .............................................................................. 06
1. Conceito
1
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27. ed., p. 483.
2
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27. ed., p. 483-484.
Gabarito: Letra e.
3
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26. ed., p.903.
2. Classificação
São várias as classificações de bens públicos formuladas pelos nossos
principais doutrinadores, mas, para fins de concursos públicos, é importante
destacar a que leva em conta a titularidade (propriedade), a disponibilidade e a
destinação.
Como exemplo, podemos citar grande parte dos bens de uso comum do
povo, tais como as florestas, os mares, os rios, etc.
Gabarito: Letra d.
Gabarito: Letra d.
3. Afetação e desafetação
O professor José dos Santos Carvalho Filho explica com maestria os dois
institutos. Para o autor, “o tema da afetação e da desafetação diz respeito aos
fins para os quais está sendo utilizado o bem público. Se um bem está sendo
utilizado para determinado fim público, seja diretamente pelo Estado, seja pelo
uso dos indivíduos em geral, diz-se que está afetado a determinado fim
público. Por exemplo: uma praça, como bem de uso comum do povo, se estiver
tendo sua natural utilização será considerada um bem afetado ao fim público.
O mesmo se dá com um ambulatório público: se no prédio estiver sendo
atendida a população com o serviço de assistência médica e ambulatorial,
estará ele também afetado a um fim público.
Somente a entidade proprietária do bem público possui competência para realizar as operações
de afetação e desafetação, valendo-se da melhor oportunidade e conveniência. Sendo assim,
um Estado não pode afetar um bem público que seja de titularidade de um Município, assim
como a União não pode desafetar um bem público que seja de titularidade de um Estado.
4. Regime jurídico
Como consequência do regime jurídico-administrativo, os bens públicos
gozam de algumas características que já estudamos anteriormente e que os
diferenciam dos bens privados: a inalienabilidade, a impenhorabilidade, a
imprescritibilidade e a não-onerabilidade.
4.1. Inalienabilidade
A inalienabilidade é uma característica que impede a alienação ou
transferência (venda, doação, permuta) de bens públicos a terceiros enquanto
estiverem afetados. Entretanto, caso os bens sejam desafetados, poderão ser
alienados, desde que respeitadas as condições legais.
É importante esclarecer que existem bens públicos que serão sempre
inalienáveis, a exemplo dos mares, rios, praias e florestas, que são bens de uso
comum do povo e possuem natureza não-patrimonial.
ATENÇÃO: O próprio Código Civil, em seus artigos 100 e 101, afirma que
os bens de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem sua qualificação, na forma que a lei determinar. Já os bens
públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Pergunta: Professor, “inalienabilidade” e “alienabilidade condicionada”
são expressões sinônimas?
Existem alguns doutrinadores que afirmam que a expressão
inalienabilidade não consegue transmitir, com precisão, essa característica dos
bens públicos. O professor José dos Santos Carvalho Filho, por exemplo, afirma
que o mais correto seria incluir como uma das características dos bens públicos
a “alienabilidade condicionada” e não a “inalienabilidade”.
O eminente autor afirma que “a regra é a alienabilidade na forma em que
a lei dispuser a respeito, atribuindo-se a inalienabilidade somente nos casos do
art. 100, e assim mesmo enquanto perdurar a situação específica que envolve
os bens”.
4.2. Impenhorabilidade
A impenhorabilidade é a característica do bem público que impede que
sobre esse bem recaia uma penhora judicial.
Podemos conceituar a penhora, nas palavras de Liebman, “como o ato
pelo qual o órgão judiciário submete a seu poder imediato determinados bens
do executado, fixando sobre eles a destinação de servirem à satisfação do
direito do exeqüente. Tem, pois, natureza de ato executório".
Sendo assim, quando um devedor deixa de pagar suas dívidas, o credor
pode ingressar com uma ação judicial e requerer ao juiz que determine a
penhora de bens daquele a fim de que sejam posteriormente vendidos, em
hasta pública, e o respectivo valor repassado ao credor.
Entretanto, como os bens públicos são impenhoráveis, caso o credor
tenha algum crédito a receber da União, Estados, Municípios, Distrito Federal,
autarquias ou fundações públicas de direito público, não poderá requerer ao
judiciário a penhora de bens públicos para garantir o seu crédito, pois este será
pago nos termos do artigo 100 da Constituição Federal, ou seja, através do
regime de precatórios.
4.3. Imprescritibilidade
A imprescritibilidade assegura a um bem público a impossibilidade de
ser adquirido por terceiros mediante usucapião. O usucapião nada mais é que
4.4. Não-onerabilidade
Onerar um bem significa fornecê-lo em garantia ao pagamento de uma
determinação obrigação. Assim, caso um particular necessite de um
empréstimo e tenha uma joia guardada em casa, por exemplo, poderá
comparecer à Caixa Econômica Federal e oferecê-la como garantia para a
obtenção de um empréstimo. Futuramente, quando o empréstimo for pago, a
joia será devolvida para o seu proprietário. Entretanto, caso o devedor não
consiga pagar o empréstimo, ela será vendida e o valor, utilizado para quitar o
débito.
Em relação aos bens públicos, o artigo 1.420 do Código Civil é expresso
ao afirmar que “só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou
dar em anticrese”. Sendo assim, como os bens públicos são inalienáveis,
também não poderão sem empenhados, hipotecados ou dados em anticrese”,
ou seja, não podem ser onerados.
Nos termos do inciso II, art. 20, da CF/1988, são bens da União somente
“as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei”. As demais terras devolutas, não compreendidas
entre as da União, são de propriedade dos Estados, nos termos do inciso IV, do
artigo 26, da CF/1988.
5.2.1. Laudêmio
Laudêmio é o valor pago à União, pelo vendedor de imóvel localizado em
terreno de marinha, sempre que estiver realizando uma transação de compra e
venda (em regra, correspondente a 5% do valor do bem). Se alguém deseja
vender a sua casa de praia que está localizada na orla do município de
Santos∕SP, por exemplo, deverá recolher para os cofres públicos federais o
percentual relativo ao laudêmio.
No julgamento do recurso especial nº 1.296.044∕RN, que ocorreu em
15/8/2013, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que “a transferência, para
fins de desapropriação, do domínio útil de imóvel aforado da União constitui
operação apta a gerar o recolhimento de laudêmio”.
O acórdão ficou ementado nos seguintes termos:
DIREITO ADMINISTRATIVO. COBRANÇA DE LAUDÊMIO NA HIPÓTESE DE
DESAPROPRIAÇÃO DO DOMÍNIO ÚTIL DE IMÓVEL AFORADO DA UNIÃO.
A transferência, para fins de desapropriação, do domínio útil de imóvel
aforado da União constitui operação apta a gerar o recolhimento de
laudêmio. Isso porque, nessa situação, existe uma transferência onerosa
entre vivos, de modo a possibilitar a incidência do disposto no art. 3º do
Decreto-lei 2.398/1987, cujo teor estabelece ser devido o laudêmio no
caso de “transferência onerosa, entre vivos, de domínio útil de terreno
aforado da União ou de direitos sobre benfeitorias neles construídas, bem
assim a cessão de direito a eles relativos”.
Nesse contexto, ainda que a transferência ocorra compulsoriamente, é
possível identificar a onerosidade de que trata a referida lei, uma vez que
há a obrigação de indenizar o preço do imóvel desapropriado àquele que
se sujeita ao império do interesse do Estado. REsp 1.296.044-RN, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/8/2013 (Informativo nº
0528).
5.7. Ilhas
O professor Diógenes Gasparini define ilha como uma “porção de terra
que se eleva acima das águas mais altas e por estas cercada em toda a sua
periferia”. Afirma ainda o autor que “podem surgir no mar e, nesse caso, são
chamadas marítimas, ou no curso dos rios públicos, nos de águas comuns ou
nos lagos, e aí são chamadas, respectivamente, de fluviais e lacustres”.
As ilhas marítimas podem ser oceânicas ou costeiras. São oceânicas
quando localizadas distantes da costa e não têm relação geológica com o relevo
do continente. Por outro lado, são denominadas costeiras quando se formam
7.3.1. Venda
O art. 481 do Código Civil brasileiro dispõe que “pelo contrato de compra
e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e
o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. Valendo-se do contrato de
compra e venda para alienar bem público, a Administração figurará em um dos
polos como vendedora, e, no outro, como comprador, o eventual interessado.
Ao referido contrato não serão aplicadas, em regra, as cláusulas
exorbitantes existentes nos contratos administrativos. No contrato de compra e
venda as partes encontram-se niveladas, estabelecendo uma relação jurídica
horizontal.
A Administração Pública não pode impor o seu preço ao particular, que,
de outro lado, não pode ser obrigado a adquirir o bem.
Antes da formalização de contrato de compra e venda pela Administração
Pública devem ser obedecidas todas as condições legais previstas no item 5.1
deste capítulo, sob pena de nulidade, ressalvas as hipóteses de licitação
dispensada.
7.3.2. Doação
Dispõe o art. 538 do Código Civil brasileiro que “considera-se doação o
contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio
bens ou vantagens para o de outra”.
Na esfera administrativa, a doação somente ocorrerá em hipóteses
excepcionais, desde que presente interesse público e atendidas as condições
previstas na Lei nº 8.666/1993, que, dentre outras, afirma que será “permitida
exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de
qualquer esfera de governo”.
A imposição legal de que a doação seja feita exclusivamente em benefício
de órgão ou entidade da administração pública obriga apenas a União, por não
se tratar de norma geral, conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal no
julgamento da ADI 927/RS4. Os demais entes estatais (Estados, Municípios e
Distrito Federal) podem estabelecer suas regras específicas, permitindo,
inclusive, que doações sejam feitas a particulares.
Esse também é o posicionamento de José dos Santos Carvalho Filho, que
assim se manifesta sobre o tema:
Essa restrição, como já vimos, aplica-se exclusivamente à União Federal. O
fundamento consiste em que a legislação federal só pode dispor sobre normas
gerais de contratação e licitação, e esse tipo de restrição não se enquadra nessa
categoria normativa, como já decidido pela mais alta Corte. Dessa maneira,
nada impede que a legislação estadual, distrital ou municipal permita a doação
para outras espécies de destinatários, como é o caso, por exemplo, de
instituições associativas ou sem fins lucrativos, não integrantes da
Administração5.
7.3.3. Permuta
A permuta nada mais é do que a troca de bens. No mesmo instante em
que o ente público A transfere um bem para o patrimônio do ente público B,
recebe em seu próprio patrimônio bem diverso, transferido pelo ente A.
4
STF, Ação Direta de Inconstitucionalidade 927/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJe 11/11/1994.
5
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 26. ed., p. 1197.
7.4.1. Investidura
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 17, § 3º, contempla duas formas de
investidura:
I - alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente
ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável
isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não
ultrapasse a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).
Se a Administração Pública constata, ao término de uma obra, que
“sobrou” determinada área pública que isoladamente não possui qualquer
utilidade (um pequeno espaço territorial que anteriormente era utilizado como
canteiro de obras, por exemplo), poderá aliená-la aos proprietários de imóveis
vizinhos (também chamados de imóveis lindeiros), desde que atendidas as
condições legais.
7.4.3. Retrocessão
O art. 519 do Código Civil brasileiro dispõe que se ao bem particular
desapropriado pelo Poder Público para fins de necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, não for dado o destino para o qual se desapropriou, ou
não for utilizado em obras ou serviços públicos, deverá ser oferecido ao ex-
proprietário, que, se tiver interesse, poderá adquiri-lo novamente pagando o
preço atual. É o que se denomina retrocessão.
Em relação às condições para a sua efetivação, “não há necessidade de lei
especial, porquanto a lei civil já prevê expressamente o instituto. Dispensável
também é a avaliação prévia, porque o preço a ser pago corresponde ao da
indenização recebida pelo expropriado. Desnecessária, por fim, a licitação,
porque o ex-proprietário é pessoa certa e determinada, sendo inviável, por
conseguinte, o regime de competição7”.
6
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 26. ed., p. 1201.
7
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 26. ed., p. 1202.
7.4.4. Incorporação
Quando a Administração Pública Direta institui empresa pública ou
sociedade de economia mista, também realiza a transferência de bens móveis e
imóveis para essas entidades, mediante autorização legal. Tais bens serão
incorporados definitivamente ao patrimônio da entidade criada, que passará a
exercer todas as prerrogativas inerentes à propriedade, por isso dá-se o nome
de incorporação.
Ademais, afirma em seu art. 60 que sem prejuízo dos direitos decorrentes
da posse exercida anteriormente, o detentor do título de legitimação de
posse, após 5 (cinco) anos de seu registro, poderá requerer ao oficial de
registro de imóveis a conversão desse título em registro de propriedade,
tendo em vista sua aquisição por usucapião8, nos termos do art. 183 da
Constituição Federal.
8
José dos Santos Carvalho Filho entende ser equivocada a utilização da expressão usucapião, visto que as áreas
públicas não estão sujeitas a tal instituto, nos termos do art. 183, § 3º, da CF/1988.
QUESTÕES COMENTADAS
Comentários
a) Maria Sylvia Zanella di Pietro dispõe que, sob o aspecto jurídico, pode-se
dizer que há duas modalidades de bens públicos: 1 – os do domínio público
do Estado, abrangendo os de uso comum do povo e os de uso especial; 2 – os
do domínio privado do Estado, abrangendo os bens dominicais. Assertiva
correta.
b) A imprescritibilidade dos bens públicos impede a possibilidade de usucapião
pelos particulares, nos termos do art. 183, § 3º, da Constituição Federal.
Assertiva incorreta.
c) A permissão não é modalidade estável de utilização de bem público, pois,
em razão da precariedade que lhe é peculiar, pode ser revogada a qualquer
momento. Assertiva incorreta.
d) São muito semelhantes as características da autorização e da permissão de
uso. Na verdade, a principal diferença entre ambos os institutos está no fato de
que na primeira prevalece o interesse do particular, apesar de também se
vislumbrar o interesse público, mas em caráter secundário. Em relação à
permissão de uso, ocorre a conjugação do interesse público com o interesse
particular. Assertiva incorreta.
e) Ocorre o uso compartilhado de bem público quando pessoas públicas ou
privadas, prestadores de serviços públicos, precisam utilizar bens que integram
o patrimônio de pessoas diversas, a exemplo do que ocorre com a
implantação de tubulação de gás canalizado no subsolo. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra a.
a) 2 / 3 / 2 / 2 / 1
b) 2 / 3 / 2 / 2 / 3
c) 2 / 2 / 1 / 1 / 3
d) 3 / 2 / 1 / 1 / 2
e) 2 / 3 / 1 / 1 / 3
Comentários
Bens de uso comum do povo são as coisas móveis ou imóveis
pertencentes às entidades regidas pelo Direito público e que podem ser
utilizadas por qualquer indivíduo, independentemente de autorização ou
qualquer formalidade, a exemplo das praias, rios, ruas e praças, estradas e os
logradouros públicos (inciso I do artigo 99 do Código Civil).
Bens públicos de uso especial são aqueles utilizados pelos seus
proprietários (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e
fundações públicas de Direito público) na execução dos serviços públicos e de
suas atividades finalísticas, a exemplo de seus computadores, dos veículos
oficiais, Escolas e Hospitais Públicos, de uma cadeia, do edifício onde se
encontra uma repartição pública etc.
Bens dominicais são aqueles que, apesar de integrarem o patrimônio da
União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e fundações públicas de
direito público, não estão sendo utilizados para uma destinação pública
especifica, a exemplo de prédios públicos desativados, dívida ativa, terrenos
de marinha, terras devolutas, entre outros.
Gabarito: Letra e.
09. Nem todos os bens públicos são passíveis de uso especial por
particulares.
Ao contrário do que consta no texto da assertiva, deve ficar claro que
todas as espécies de bens públicos são passíveis de uso especial por
particulares, sejam os bens de uso comum do povo, os bens de uso especial ou
os dominicais. Assertiva incorreta.
18. Diz-se afetado o bem utilizado para determinado fim público, desde
que a utilização se dê diretamente pelo Estado.
A afetação e desafetação são institutos que dizem respeito à
destinação e utilização dos bens públicos, sendo de extrema relevância essa
distinção para responder corretamente às questões de concursos públicos.
O professor José dos Santos Carvalho Filho explica muito bem a diferença
entre esses dois institutos, ao afirmar que “se um bem está sendo utilizado
para determinado fim público, seja pelo uso dos indivíduos em geral, diz-se que
está afetado a determinado fim público. Por exemplo: uma praça, como bem
de uso comum do povo, se estiver tendo sua natural utilização será considerada
um bem afetado ao fim público. Ao contrário, o bem se diz desafetado quando
não está sendo usado para qualquer fim público. Por exemplo: uma área
pertencente ao Município na qual não haja qualquer serviço administrativo é um
bem desafetado de fim público.
Assim, não restam dúvidas de que o texto da assertiva está incorreto,
pois não é necessário que o bem afetado seja utilizado pelo próprio Estado, a
exemplo do que ocorre com os bens de uso comum do povo.
O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que o mais correto é
utilizar a expressão “alienabilidade condicionada”, que traduz a possibilidade de
alienação, desde que atendidos os requisitos legais. Assertiva incorreta.
Comentários
A imprescritibilidade assegura a um bem público a impossibilidade de
ser adquirido por terceiros mediante usucapião. O usucapião nada mais é que
a aquisição da propriedade em decorrência do transcurso de um certo lapso
temporal (15, 10 ou 05 anos, dependendo da situação específica).
O § 3º do artigo 183, bem como o artigo 191 da Constituição Federal,
estabelecem expressamente que “os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião”.
Isso quer dizer que, independentemente do tempo que a pessoa tiver a
posse mansa e pacífica de um bem público, móvel ou imóvel, jamais
conseguirá a propriedade definitiva desse bem, mesmo mediante ação judicial,
pois ele integra o patrimônio da União, Estados, Municípios, Distrito Federal,
autarquias ou fundações públicas de direito público, e, portanto, é
imprescritível.
Gabarito: Letra b.
a) 2 / 3 / 2 / 2 / 1
b) 2 / 3 / 2 / 2 / 3
c) 2 / 2 / 1 / 1 / 3
d) 3 / 2 / 1 / 1 / 2
e) 2 / 3 / 1 / 1 / 3
GABARITO
Comentários
Item I – O Código Civil Brasileiro, em seu art. 1.822, dispõe que “a
declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente
se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal,
se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
União quando situados em território federal”.
Item II – A Constituição Federal, em seu art. 20, VIII e IX, dispõe que
são bens da União os potenciais de energia hidráulica e os recursos minerais,
inclusive os do subsolo. Por sua vez, dispõe § 1º, do mesmo artigo, que “é
assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação
no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no
respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração”.
Item III – O art. 14 do Decreto 24.643/34, que instituiu o Código de
Águas, dispõe que “terrenos reservados são os que, banhados pelas
correntes navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15
metros para a parte de terra, contados desde o ponto médio das enchentes
ordinárias”. Por sua vez, dispõe o art. 31 que pertencem aos Estados os
terrenos reservados as margens das correntes e lagos navegáveis, se, por
algum título, não forem do domínio federal, municipal ou particular.
Gabarito: Letra b.
Comentários
O Código Civil brasileiro, em seu art. 98, adotou o critério da titularidade
do bem para conceituá-lo como público. Assim, pode-se afirmar que “são
públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a
pessoa a que pertencerem”.
Analisando-se o dispositivo legal, não restam dúvidas de que os bens
integrantes do patrimônio das empresas públicas e sociedades de economia
mista exploradoras de atividades econômicas são considerados bens
particulares, da mesma forma que os bens pertencentes às pessoas jurídicas
que atuam na iniciativa privada.
Todavia, em várias oportunidades o Supremo Tribunal Federal decidiu que
os bens integrantes do acervo das empresas públicas e sociedades de economia
mista, prestadoras de serviços públicos exclusivos do Estado (que alguns
denominam de monopólio), são considerados públicos, portanto,
impenhoráveis.
Se for essa a situação da empresa estatal, ser-lhe-á facultada a
comprovação de eventual afetação do bem à prestação de serviço público para
pleitear a suposta impenhorabilidade.
Gabarito: Letra a.
Comentários
Concessão de uso é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público
atribui a utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o
explore segundo sua destinação específica. O que caracteriza a concessão de
uso e a distingue dos demais institutos assemelhados – autorização e
permissão de uso – é o caráter contratual e estável da outorga do uso do
bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e nas condições
convencionadas com a Administração.
O instituto geralmente é utilizado em operações que envolvem grandes
quantias financeiras e que demandem duração de médio e longo prazo, a
exemplo do citado Centro de Exposições Agropecuárias. Nesse caso, afastar-se-
á a precariedade administrativa, assegurando-se, assim, que a Administração
Pública não rescindirá o contrato administrativo por simples razões de
conveniência e oportunidade. Deverá respeitar, para tanto, as hipóteses
previstas no art. 78 da Lei nº 8.666∕1993.
É importante destacar também que por se tratar de instituto formalizado
através de contrato administrativo, exigir-se-á realização de licitação, salvo
quando configurada hipótese de dispensa ou inexigibilidade, devidamente
motivada pela autoridade administrativa competente.
Gabarito: Letra e.
a) IV.
b) I
c) II e III.
d) II e IV.
e) I, II e III.
Comentários
Item I - Com a alteração promovida pela EC 46/2005, as ilhas costeiras
que contenham sede de Município deixaram de integrar o patrimônio da União.
Todavia, caso as ilhas costeiras estejam afetadas ao serviço público federal
ou a unidade ambiental federal, continuarão sob o domínio da União (ou
somente a parte da ilha costeira afetada). Assertiva incorreta.
Item II - São considerados bens da União, nos termos do art. 20, II, da
CF/1988, as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei (em regra, as terras devolutas
pertencem aos Estados, salvo nas hipóteses previstas neste inciso). Assertiva
incorreta.
Item III – Os institutos citados não são modos de formação do
patrimônio público. A encampação nada mais é do que uma das formas de
retomada do serviço público pela Administração Pública; a investidura é
instrumento de direito púbico utilizado pelo Poder Público para alienar bens; por
último, tombamento é uma das espécies de intervenção na propriedade
privada com a finalidade de conservar o patrimônio histórico. Assertiva
incorreta.
Item IV – A Súmula 340 do STF dispõe que “desde a vigência do Código
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião”. Assertiva correta.
Gabarito: Letra a.
Comentários
Apesar de existir expressa disposição legal assegurando a aquisição da
propriedade através da usucapião, tal regra não se aplica aos bens públicos,
pois o art.182, § 3º, da CF/1988, é claro ao afirmar que “os imóveis públicos
não serão adquiridos por usucapião”.
A imprescritibilidade não se restringe aos bens de uso comum do povo e
aos bens de uso especial, abrangendo, também, os bens dominicais. Aliás, esse
é o teor da súmula 340 do Supremo Tribunal Federal: “Desde a vigência do
Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião".
A ocupação irregular de bem público, ainda que dominical, não passa de
mera detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção
possessória contra ente público9.
Gabarito: letra d.
GABARITO: LETRA C.
9
STJ, Recurso Especial 863.939/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 24/11/2008.
(A) I, II e V.
(B) I, IV e V.
(C) II e III.
(D) II, IV e V.
(E) III e V.
Comentários
Item I – O texto da assertiva está correto, pois afetação e desafetação
realmente são institutos que dizem respeito à destinação e utilização de bens
públicos. O professor José dos Santos Carvalho Filho explica muito bem a
diferença entre esses dois institutos.
Afirma o professor que “se um bem está sendo utilizado para determinado
fim público, seja pelo uso dos indivíduos em geral, diz-se que está afetado a
determinado fim público. Por exemplo: uma praça, como bem de uso comum do
povo, se estiver tendo sua natural utilização será considerada um bem afetado
ao fim público. Ao contrário, o bem se diz desafetado quando não está sendo
usado para qualquer fim público. Por exemplo: uma área pertencente ao
Município na qual não haja qualquer serviço administrativo é um bem
desafetado de fim público.
Item II – O Código Civil brasileiro, em seu art. 100, prevê que “os bens
públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”.
Comentários
a) 1, 3, 2, 4
b) 2, 3, 4, 1
c) 3, 2, 1, 4
d) 4, 3, 1, 2
e) 2, 3, 1, 4
Comentários
Requisição: foi mencionada no item 2 da “Coluna I”. A propósito,
destaca-se que a requisição administrativa está prevista no inciso XXV,
artigo 5º, da CF∕1988, segundo a qual, “no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano”.
Ocupação temporária: o conceito foi apresentado no item 3 da “Coluna
I”. Trata-se de ato administrativo unilateral que permite a utilização
transitória, remunerada ou gratuita de imóveis de particulares pelo Estado,
com o objetivo de satisfazer as necessidades administrativas rotineiras, a
exemplo do apoio na execução de obras, serviços ou atividades de interesse
público.
Servidão administrativa: consta no item 1 da “Coluna I”. Pode ser
definida como o ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade
particular para assegurar a realização e a conservação de obras e serviços
públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos
efetivamente suportados pelo proprietário.
Limitações administrativas: consta no item 4 da “Coluna I”. A
propósito, podem ser definidas como determinações de caráter geral,
unilaterais e gratuitas, através das quais o Estado impõe a proprietários
indeterminados o condicionamento de atividades e direitos, com fundamento na
supremacia do interesse público sobre o privado.
Gabarito: Letra e.
Comentários
É possível concluir que o tombamento tem por objetivo conservar a coisa
reputada de valor histórico e artístico, com a sua fisionomia e característica. Por
outro lado, visa também assegurar a fruição cultural do bem pela
coletividade.
Comentários
Item I - Todos os entes federados (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) possuem competência para valorar os casos de interesse social ou
utilidade pública que justifiquem a desapropriação. Entretanto, é necessário
destacar que é de competência privativa da União a desapropriação por
interesse social para fins de reforma agrária (artigo 184 da CF/88). Assertiva
correta.
Item II - Neste caso, trata-se da competência para promover
efetivamente a desapropriação, providenciando todas as medidas e executando
as atividades que culminarão na transferência da propriedade. Além da União,
Estados, DF, Municípios e suas respectivas entidades integrantes da
Administração Indireta, também podem executar a desapropriação as
concessionárias e as permissionárias de serviços públicos, sendo-lhes
reservadas todas as prerrogativas, direitos, obrigações, deveres e respectivos
ônus, inclusive o relativo ao pagamento da indenização. Assertiva correta.
Item III - A Lei 9.074/95, em seu art. 10, dispõe que cabe à Agência
Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, declarar a utilidade pública, para fins de
desapropriação ou instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias
à implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados
de energia elétrica.
É importante esclarecer que, em regra, a competência declaratória
restringe-se aos entes federados. Todavia, existem duas exceções, conforme o
mencionado na Lei 9.074/1995 e, também, no art. 82 da Lei 10.233/01, ao
dispor que são atribuições do DNIT “declarar a utilidade pública de bens e
propriedades a serem desapropriados para implantação do Sistema Federal de
Viação”. Assertiva correta.
Item IV - Além da União, Estados, DF, Municípios e suas respectivas
entidades integrantes da Administração Indireta, também podem executar a
desapropriação as concessionárias e as permissionárias de serviços públicos,
sendo-lhes reservadas todas as prerrogativas, direitos, obrigações, deveres e
respectivos ônus, inclusive o relativo ao pagamento da indenização.
Gabarito: Letra b.
Comentários
Item I – É o que consta no art. 2º, §1º, do Decreto-Lei nº 3.365/41.
Assertiva correta.
Item II - Existem alguns bens que não podem ser desapropriados
(expropriados), conforme previsão legal, a exemplo dos bens e direitos
personalíssimos, como a honra, a liberdade, os títulos profissionais
(advogado, médico, professor etc.) e os títulos honoríficos (Medalha dos
Inconfidentes, Cidadão Honorário etc.). Não se permite também a
desapropriação da moeda corrente, já que ela é o próprio instrumento de
pagamento do bem desapropriado. Assertiva correta.
Item III - Os bens públicos podem ser objeto de desapropriação pelas
entidades estatais superiores, desde que haja autorização legislativa para o ato
expropriatório e seja observada a hierarquia política entre estas entidades.
Assim, a União pode desapropriar bens dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; os Estados podem desapropriar bens dos Municípios; os bens da
União não são passíveis de expropriação; os Municípios e o Distrito Federal não
têm poder de desapropriar os bens das demais entidades federativas.
Da mesma forma, há vedação em relação a Estados e Municípios, uns em
face dos outros. Por exemplo: um Estado não pode desapropriar bens de outros
Estados; o Estado não pode desapropriar bem de Município situado em Estado
diverso, tampouco podem os Municípios desapropriar bens de outros Municípios.
Assertiva correta.
Item IV - Em regra, todo bem pode ser desapropriado, desde que
atenda aos pressupostos de utilidade pública ou interesse social, seja ele móvel
ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra e.
c) não pode ser deferido, tendo em vista que os bens imóveis que
compõem o patrimônio das empresas estatais são protegidos pelo
regime jurídico de direito público, sendo, portanto, impenhoráveis.
d) pode ser deferido apenas para fins de garantia do crédito, decidindo-
se pela penhora e bloqueio do bem, vedada, no entanto, a alienação
judicial do imóvel.
e) não pode ser deferido porque todos os bens das estatais são
tacitamente afetados à prestação de serviço público, cuja
essencialidade impede a disposição judicial do imóvel.
a) IV.
b) I
c) II e III.
d) II e IV.
e) I, II e III.
IV. O bem público de uso especial pode ser alienado, desde que afetado
para essa finalidade.
V. A inalienabilidade é uma das características do bem público de uso
especial.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I, II e V.
(B) I, IV e V.
(C) II e III.
(D) II, IV e V.
(E) III e V.
COLUNA I COLUNA II
(1) Ônus real incidente sobre imóvel alheio ( ) Requisição
para permitir utilização pública.
(2) Direito pessoal da Administração Pública ( ) Ocupação temporária
que, diante de um perigo iminente, de forma
transitória, pode utilizar-se de bens móveis,
imóveis ou serviços.
(3) Intervenção pela qual o Poder Público usa ( ) Servidão administrativa
transitoriamente imóveis privados como meio
de apoio à execução de obras e serviços
públicos.
(4) Restrição geral imposta ( ) Limitações administrativas
indeterminadamente às propriedades
particulares em benefício da coletividade.
a) 1, 3, 2, 4
b) 2, 3, 4, 1
c) 3, 2, 1, 4
d) 4, 3, 1, 2
e) 2, 3, 1, 4
GABARITO
2. Diretrizes
Os procedimentos previstos na Lei 12.527/2011 destinam-se a assegurar
o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em
conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes:
2.2. Gratuidade
É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será
franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente,
clara e em linguagem de fácil compreensão.
A busca e o fornecimento da informação são gratuitos, ressalvada a
cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos materiais utilizados,
tais como reprodução de documentos, mídias digitais e postagem.
Está isento de ressarcir os custos dos serviços e dos materiais utilizados
aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do
sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de
agosto de 1983.
Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados
da divulgação obrigatória na internet, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em
tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos
critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato
à informação disponível.
§ 1º. Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma disposta no caput, o
órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte)
dias:
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou
obter a certidão;
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso
pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o
órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou
entidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de informação.
§ 2º. O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante
justificativa expressa, da qual será cientificado o requerente.