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Original em inglês:
ROMANS -
Introdução
*
É a opinião do tradutor que nossa versão é mais correta: “segundo a carne” rege o “pai,” e não o
verbo “achou.” – Nota do tradutor.
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fé é tão somente o instrumento que nos põe na posse da bênção
gratuitamente repartida.
4, 5. Ora, ao que trabalha — qual jornaleiro.
o salário não é considerado como favor — como assunto de
favor.
e sim como dívida — como assunto de direito.
5. Mas, ao que não trabalha — aquele que deixa de confiar em
que Deus o aceitará de acordo com “as obras”.
porém crê naquele que justifica o ímpio — Se lança nos braços
da misericórdia dAquele que justifica os que merecem só a condenação.
a sua fé lhe é atribuída como justiça — Veja-se nota, v. 3.
Em segundo termo: Davi canta a mesma justificação.
6-8. Davi declara ser bem-aventurado o homem — Lit., “fala da
bem-aventurança do homem”.
a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras — A
quem, embora careça de boas obras, entretanto o tem por justo e o trata
como justo.
7. Bem-aventurados, etc. — (Sl_32:1-2). Davi aqui canta em
termos que expressam somente “as transgressões perdoadas, o pecado
encoberto, a iniquidade não imputada;” mas como a bênção negativa
necessariamente inclui a positiva, a declaração é pertinente.
9-12. Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os
circuncisos? — “Não se deve dizer que tudo isto se refere aos
circuncidados, e que portanto não há evidência alguma de uma maneira
geral da parte de Deus de justificar os homens; porque a justificação de
Abraão se efetuou muitíssimo tempo antes de ser circuncidado, e não
pôde ter tido dependência alguma daquele rito; antes, “o sinal da
circuncisão” foi dada como “selo” da justiça (justificadora) que tinha
antes de ser circuncidado, a fim de que se destacasse em todas as idades
como o pai dos crentes — o homem modelo da justificação pela fé —
conforme a cujo tipo, como o primeiro exemplo público disso, deviam
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ser amoldados, tanto judeus como gentios, todos os que desde então
cressem para vida eterna.”
13-15. A promessa (TB) — Isto não é mais que uma ampliação do
raciocínio anterior, aplicando-se à lei o que se acabava de dizer da
circuncisão.
de que seria herdeiro do mundo (TB) — ou, que “todas as
famílias da terra serão benditas nele.”
não foi pela Lei (TB) — em virtude da obediência da lei.
mas pela justiça da fé (TB) — Em virtude de sua singela fé nas
promessas divinas.
14. Pois, se os da lei é que são os herdeiros — Se a bênção tiver
que ser ganha, ou merecida, pela obediência à lei.
anula-se a fé — Todo o método divino seria desvirtuado.
15. porque a lei suscita a ira — Não tem nada que dar aos que a
quebrantam senão a condenação e a vingança.
onde não há lei, também não há transgressão — É precisamente
a lei que opera transgressão, no caso dos que a infringem; nem pode
existir uma sem a outra.
16, 17. Essa é a razão por que, etc. — Temos aqui um resumo
geral que significa que: “A justificação é pela fé, a fim de que seu caráter
puramente de graça seja revelado, e que todos os que seguem nas
pegadas da fé de Abraão — sejam ou não de sua semente natural —
estejam seguros da mesma justificação que desfrutou o pai dos crentes.”
17. como está escrito — (Gn_17:5). Cita-se este texto para
justificar o fato de Ele chamar Abraão o “pai de todos nós,” e deve ser
tomado como um parêntese.
perante aquele — isto é, “na estimativa”.
no qual creu, o Deus — Deste modo Abraão, na estimativa
dAquele em quem creu, é o pai de todos nós, a fim de que a todos lhes
desse a segurança de que se agirem como ele agiu, serão tratados
também como ele.
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que vivifica os mortos — A natureza e a grandeza daquela fé de
Abraão que temos que emular estão aqui notavelmente descritas. Sendo
superior à natureza o que ele deveu crer, sua fé teve que agarrar-se do
poder que Deus tem para superar a incapacidade física a fim de criar o
que então não existia. Mas porquanto Deus fez a promessa, Abraão creu
apesar destes obstáculos. Isto está ilustrado ainda mais no que segue.
18-22. Abraão, esperando — Isto é, alentava a confiante
expectação.
contra a esperança — quando não havia nada no que basear sua
esperança.
creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito:
Assim será — “como as estrelas do céu” (Gn_15:5).
será a tua descendência — Não fez caso daqueles obstáculos
físicos, em si mesmo ou em Sara, que tivessem feito fraquejar a fé no
cumprimento da promessa.
19. sem enfraquecer na fé — não vacilou.
20. mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus —
Reconhecendo Seu poder para cumprir Sua palavra apesar de todos os
obstáculos.
21. estando plenamente convicto, etc. — Quer dizer, a glória da fé
de Abraão consistia em que, estando firme na persuasão do poder de
Deus para cumprir Sua promessa, não vacilava diante de todas as
dificuldades.
22. Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça — Quer
dizer: “Notem, pois, todos de que isto não foi por causa de nada
meritório que Abraão tivesse feito, mas sim somente porque creu na
promessa de Deus.”
23-25. E não somente por causa dele, etc. — Eis aqui a aplicação
de todo o argumento a respeito de Abraão: “Estas coisas não estão
escritas como meros dados históricos, mas sim como exemplos para
todos os tempos, do método de Deus para a justificação pela fé.”
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24. mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente
nos será imputado, a saber, a nós que cremos — Os que confiamos
nAquele que tem feito isto, assim como Abraão creu que Deus
despertaria semente na qual todas as nações seriam benditas.
25. foi entregue por causa das nossas transgressões — a fim das
expiar por seu sangue.
e ressuscitou por causa da nossa justificação — Visto que sua
ressurreição foi a divina garantia de que Ele tinha “tirado o pecado pelo
sacrifício de si mesmo,” e a coroação de toda Sua obra, nossa
justificação se relaciona propriamente com ato tão glorioso.
Note-se:
(1) A doutrina da justificação pelas obras, porquanto gera o elogio
egoísta, é contrária aos princípios mais sobressalentes de toda religião
verdadeira (v. 2, e veja-se nota, Rm_3:26).
(2) O método usado para a justificação do pecador foi o mesmo em
todo tempo, e o testemunho do Antigo Testamento sobre o particular é o
mesmo que o do Novo (v. 3, e veja-se nota, Rm_3:31).
(3) A fé e as obras, no assunto da justificação, são opostas e
irreconciliáveis, assim como a graça e a dívida são contrárias. (vv. 4, 5; e
veja-se nota, Rm_11:6). Se Deus “justificar o ímpio,” não podem as
obras, em nenhum sentido nem em nenhum grau, ser a base da
justificação. Pela mesma razão, o primeiro requisito para a justificação,
deve ser (sob a convicção de que somos “ímpios”) o perder toda
esperança de obtê-la por meio das obras; e o segundo, “crer naquele que
justifica o ímpio,” quer dizer, nAquele que tem uma justiça justificadora
para repartir, e está prestes a reparti-la àqueles que, sem a merecer, estão
dispostos a aceitá-la assim.
(4) Os ritos da igreja nunca se destinaram nem foram estabelecidos
com o fim de conferir graça, nem as bênçãos próprias da salvação, aos
homens. Sua devida função é pôr um selo divino num estado já
existente, pressupondo assim que eles (os ritos) não criaram este estado
(vv. 8-12). Assim como a circuncisão meramente “selou” a aceitação de
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Abraão, já existente da parte de Deus, assim também os ritos do Novo
Testamento desempenham esta missão.
(5) Assim como Abraão é “o herdeiro do mundo,” ao ter sido
benditas nele todas as nações, por meio de seu descendente Cristo Jesus,
e justificados somente segundo o modelo da fé que ele teve, assim a
transmissão da religião verdadeira, e toda a salvação que o mundo jamais
experimentará, serão traçadas com admiração, gratidão, e alegria lá até
aquela manhã quando “o Deus da glória apareceu a nosso Pai Abraão,
estando em Mesopotâmia, antes que habitasse em Harã,” At_7:2
(Rm_4:13).
(6) Nada glorifica a Deus mais que a fé singela em Sua palavra,
especialmente quando todas as coisas parecem tornar impossível seu
cumprimento (vv. 18-21).
(7) Todos os exemplos da fé nas Escrituras, estão escritos com o
fim de gerar e alentar fé semelhante em toda idade sucessiva (vv. 23, 24,
comp. com Rm_15:4).
(8) A justificação, neste argumento, não pode ser entendida —
como os romanistas e outros terroristas insistem — no sentido de uma
mudança operada no caráter dos homens; porque além do mais, significa
confundi-la com a santificação, doutrina que tem seu devido lugar nesta
epístola; e todo o argumento do presente capítulo — em quase todas as
suas cláusulas mais importantes, expressões e até em suas palavras —
seria em tal caso incompatível e apto só para enganar. Fora de qualquer
dúvida, a justificação significa exclusivamente uma mudança do estado
ou condição do homem para com Deus; ou em linguagem científica, é
uma mudança objetiva e não subjetiva: mudança de culpa e condenação
à absolvição e aceitação. E a melhor evidência de que isto é a chave de
todo o argumento, é que explica muitos dos assuntos complexos
enriquecendo assim esta epístola.
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Romanos 5
Vv. 1-11. O valor da justificação pela graça para uma vida santa.
1. Que diremos, pois? ... — O tema desta terceira divisão de nossa
Epístola se anuncia com esta mesma pergunta inicial: “Continuaremos
(ou como é a leitura correta “poderemos continuar”) no pecado, para que
a graça cresça?” Se a doutrina que o apóstolo ensinava tivesse sido que a
salvação dependia em algum grau de nossas obras boas, não teria sido
possível fazer semelhante objeção contra ela. Contra a doutrina de uma
justificação exclusivamente gratuita, esta objeção é plausível; e não
houve época em que não se tenha insistido nela. Que tal acusação fosse
alegada contra os apóstolos, sabemo-lo por Rm_3:8; e por Gl_5:13;
1Pe_2:16; Jd_1:4, inteiramo-nos que havia aqueles que davam ocasião
para esta acusação; mas que era uma perversão total da doutrina da graça
o apóstolo aqui se propõe a comprovar.
2. De modo nenhum! — “Longe esteja de nós”. Tal pensamento
está em conflito com os instintos da nova criatura.
Como viveremos ainda no pecado, etc. — Lit., e com mais força,
“Os que já morremos ao pecado (como logo se explicará), como
viveremos ainda nele?
3. Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados
em Cristo — Comp. 1Co_10:2.
fomos batizados na sua morte? — Quer dizer, fomos selados com
o selo do céu, e como se tivesse sido formalmente combinado e
contratado, selados para todos os benefícios e todas as obrigações do
discipulado cristão em geral, e para sua morte em particular. E visto que
Cristo “foi feito pecado” e “uma maldição” a nosso favor (2Co_5:21;
Gl_5:13), “levando nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro,” e
“ressuscitado de novo por causa de nossa justificação” (Rm_4:25;
1Pe_2:24), toda nossa condição pecaminosa, tendo sido assumida em
Sua Pessoa, deu-se por terminada em sua morte. Aquele, pois, que foi
batizado na morte de Cristo abandonou simbolicamente toda sua vida e
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condição de pecado, considerando estas coisas como mortas em Cristo.
foi selado para ser não só “a justiça de Deus nEle,” como também “uma
nova criatura;” e como não pode ser em Cristo uma coisa e não a outra.
pois ambas as coisas são uma, abandonou por seu batismo na morte de
Cristo, toda a sua conexão com o pecado. “Como, pois, pode viver ainda
no pecado?” As duas coisas são contraditórias tanto no fato como na
terminologia.
4. Fomos, pois — “fomos” no tempo aoristo, ato consumado.
sepultados com ele na morte pelo batismo — Leia-se: “…
sepultados junto com Ele, em Sua morte pelo batismo.” Em outras
palavras, “Pelo mesmo batismo que publicamente nos introduz em Sua
morte, fomos feitos partícipes também de Sua sepultura”. O fato de
deixar um cadáver sem enterrar é considerado pelos autores pagãos
assim como nas Escrituras, como a maior indignidade (Ap_11:8-9).
Convinha, pois, que o Cristo, depois de “morrer por nossos pecados
segundo as Escrituras,” “descesse até as partes mais baixas da terra”
(Ef_4:9). Assim como este foi o último e o mais baixo passo de Sua
humilhação, assim também foi dissolvido honradamente o último
vínculo de Sua conexão com aquela vida que Ele entregou pelos
pecadores; e nós, “ao ser sepultados com Ele por meio do batismo em
Sua morte,” cortamos com este ato público o último vínculo que nos unia
com toda aquela vida e condição pecaminosa a que Cristo deu fim em
Sua morte.
para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai — Isto é, pelo exercício do poder do Pai que foi o
resplendor de toda Sua glória.
assim também andemos nós — como ressuscitados a uma vida
nova com Ele.
andemos nós em novidade de vida — Mas no que consiste esta
“novidade”? Certamente, se nossa velha vida, a morta e sepultada com
Cristo, foi totalmente pecaminosa, a nova, a que ressuscitamos com o
Salvador ressuscitado, deve ser totalmente uma vida santa; de modo que
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cada vez que nos voltamos àquelas “coisas das quais agora nos
envergonhamos” (v. 21), desmentimos nossa ressurreição com Cristo a
novidade de vida, e “esquecemo-nos de que fomos purificados de nossos
pecados antigos” (2Pe_1:9). Se houvesse virtude salvadora no rito, talvez
seria o mesmo com pouca água, com muita água, ou simplesmente com
“a boa intenção.” O doente foi curado graças à sua fé no Senhor; outros
muitos foram curados sem tocar a veste de Jesus. Mas se o batismo é
uma cerimônia dada por Deus, uma justiça que se deve cumprir, um ato
público de confissão de pecado (“batismo de arrependimento”), um ato
de obediência da parte dos que reconhecem o Senhor, um simbolismo
sem virtude de salvação sacramental, e não um “meio de graça,” nem um
“selo” da salvação, mas sim um símbolo de uma digna sepultura, então é
de consequência a quantidade de água. É a mesma diferença de pouca ou
de muita terra quando se trata do enterro de um cadáver. O contato de
um torrão com o corpo não constitui uma sepultura. Se o batismo for
uma imersão — e tal é o significado da palavra — e é só um rito
simbólico, então o apóstolo pôde aplicar o simbolismo do batismo à
experiência da regeneração espiritual em Cristo, a qual descreve com
outro simbolismo: o de morte, sepultura e ressurreição. Emprega-se este
vocábulo muitas vezes em sentido metafórico, mas em cada caso é
aplicável à figura da imersão, na verdade expressa, quer seja no “batismo
do Espírito Santo,” que no Pentecostes encheu a casa onde estavam
todos reunidos [veja-se At_2:41]; quer seja “na nuvem,” em que o povo
foi batizado em Moisés; ou quer se trate da paixão do Senhor, que Ele
mesmo chamou um “batismo” (figura aplicável a uma imersão), em que
deve ter sido “batizado”, (quer dizer, alagado, e não levemente
“aspergido”).
5. Porque, se fomos unidos com ele — lit., “se fomos formados
junto em um.” (O vocábulo emprega-se somente aqui.)
na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na
semelhança da sua ressurreição — Quer dizer: “Visto que a morte e a
ressurreição de Cristo são inseparáveis em sua eficácia, a união com Ele
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num caso, leva em si a participação no outro, para privilégio assim como
para obrigação.” O tempo futuro emprega-se com relação à ressurreição,
porque esta não se realiza senão parcialmente no presente estado. (veja-
se nota, Rm_5:19.)
6, 7. sabendo isto — O apóstolo agora usa uma linguagem mais
específica e vívida para expressar a eficácia de nossa união com o
Salvador crucificado para a destruição do pecado.
que o nosso velho homem (RC) — Quer dizer, “nosso eu anterior;”
tudo o que fomos em nossa antiga condição não regenerada, antes de
nossa união com Cristo (veja-se Cl_3:9-10; Ef_4:22-24; Gl_2:20;
Gl_5:24; Gl_6:14).
foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado (RC) —
Esta não é uma figura que expressa o “conjunto do pecado,” nem o
“corpo material”, tido pela sede do pecado, mas sim (assim julgamos) a
figura do pecado conforme habita em nós em nossa atual condição
corporal, sob a lei da queda.”
seja destruído — na morte de Cristo.
e não sirvamos o pecado — “estejamos na escravidão do pecado”.
7. porquanto quem morreu — “que já morreu”.
está justificado — “está libertado”.
do pecado — lit., “justificado,” “absolvido,” do pecado. Como a
morte dissolve toda reclamação, assim tudo o que o pecado reclama: não
só o “reinar para morte,” mas também o guardar a suas vítimas na
servidão pecaminosa, foi anulado de uma vez pela morte penal do crente
na morte de Cristo; de modo que já não é “devedor à carne para viver
segundo a carne” (Rm_8:12).
8. Ora, se já morremos com Cristo, etc. — (tempo aoristo.) Veja-
se nota, v. 5.
9-11. havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não
morre; a morte já não tem domínio sobre ele — Embora a morte de
Cristo tenha sido no sentido mais absoluto um ato voluntário (Jo_10:17,
Jo_10:19; At_2:24), tal entrega voluntária deu à morte tal “domínio
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(legítimo) sobre Ele” que dissolve seu domínio sobre nós. Mas uma vez
passado isto, “já não tem a morte — nem aquele sentido — domínio
sobre Ele.”
10. morreu para o pecado — isto é, em obediência à reclamação
do pecado.
de uma vez para sempre — de uma vez por todas.
mas, quanto a viver — em obediência a Deus
vive para Deus — Nunca houve época alguma, com efeito, quando
Cristo não “vivesse para Deus.” Mas nos dias de Sua carne viveu sob a
carga contínua do pecado “posto nele” (Is_53:6; 2Co_5:21); enquanto
que, como já tem “tirado o pecado pelo sacrifício de si mesmo,” “vive
para Deus,” o Fiador absolvido e aceito, que não pode ser desafiado nem
posto em dúvida pelos reclamos do pecado.
11. Assim também vós — como fê-lo seu Senhor mesmo.
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em
Cristo Jesus — (As palavras finais “nosso Senhor,” faltam-nos
manuscritos melhores).
Note-se:
(1) “A doutrina antinomianista não é tão somente um erro mas sim
uma falsidade e uma calúnia.” [Hodge.] Que “perseverássemos no
pecado, para que a graça crescesse,” não só nunca foi o sentimento
deliberado do verdadeiro crente na doutrina da graça, mas também é
aborrecível a toda mente cristã, como abuso monstruoso da mais gloriosa
de todas as verdades (v. 1).
(2) Assim como a morte de Cristo não somente expia a culpa, mas
também ocasiona a morte do próprio pecado em todos os que estão
vitalmente unidos a ele, assim a ressurreição de Cristo efetua a
ressurreição dos crentes, não só para a aceitação da parte de Deus, mas
também a uma novidade de vida (vv. 2-11).
(3) À luz destas duas verdades, examinem-se todos os que
proclamam o nome de Cristo, “se são da fé.”
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Vv. 12-23. Ensinos práticos para os crentes que morreram ao
pecado e deram sua vida a Deus por sua união ao Salvador crucificado.
Não contente demonstrando que sua doutrina não tem tendência
alguma a afrouxar as obrigações de uma vida santa, o apóstolo aqui
passa a reforçá-la.
12. Não reine, portanto — como Mestre
o pecado — (O leitor observará que sempre que se empregam para
representar, figurativamente, a um amo, ou senhor, os vocábulos
“Pecado,” “Obediência,” “Justiça,” “Imundície,” “Iniquidade,”
imprimem-se nesta seção em maiúscula, para fazê-los ressaltar à vista e
assim evitar a explicação.)
em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas
paixões — Quer dizer, “os desejos do corpo,” como o é patente no
grego. (A outra leitura, que pode ser a correta, “as concupiscências dele”
[pecado], tem o mesmo significado). O “corpo” aqui se considera como
o instrumento pelo qual todos os pecados do coração se materializam na
vida externa, e deve ser o próprio corpo a sede dos apetites baixos; e ele
o chama “nosso corpo mortal,” provavelmente para nos lembrar quão
impróprio é este reino do pecado naqueles que são “vivos dentre os
mortos.” Mas o reino que aqui se menciona é o domínio não freado do
pecado dentro de nós. Seus atos externos se comentam em seguida.
13. nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado,
como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus — esta é a
grande entrega.
como ressurretos dentre os mortos — como frutos disto.
e os vossos membros — até agora entregues ao pecado.
a Deus, como instrumentos de justiça — Nos perguntamos: E se o
pecado imanente resultasse muito forte para nós? A resposta é: Mas não
resultará.
14. o pecado não terá domínio sobre vós — como se eles fossem
escravos de um senhor tirânico.
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pois não estais debaixo da lei, e sim da graça — A força desta
gloriosa segurança pode ser sentida só observando as bases em que
descansa. Estar “debaixo da lei” significa, primeiro, estar debaixo da sua
demanda de inteira obediência; e assim, logo, estar debaixo da sua
maldição pela infração dela. E porquanto todo o poder para obedecer
pode chegar ao pecador somente pela Graça, da qual a lei nada sabe,
segue-se que o estar “debaixo da lei” equivale em todo caso, a estar
limitados pela incapacidade de guardá-la, e conseguintemente, a ser
impotentes escravos do pecado. Por outro lado, estar “debaixo da graça,”
significa estar sob o glorioso pavilhão e os efeitos salvadores daquela
graça que “reina pela justiça para vida eterna por Jesus Cristo, nosso
Senhor” (veja-se nota Rm_5:20, 21). A maldição da lei lhes foi levantada
completamente; já estão “feitos a justiça de Deus nEle” e estão “vivos
para Deus, por Jesus Cristo”. Assim que, como quando estavam
“debaixo da lei” era impossível que o Pecado não tivesse domínio sobre
eles, assim agora que estão “debaixo da graça”, é impossível que o
Pecado não seja vencido por eles. Se antes o Pecado irresistivelmente
triunfava, agora a Graça será mais que vencedora.
15-16. E daí? ... Não sabeis — ou entendeis segundo o ditado do
senso comum.
16. daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência
— a quem vos entregais tendo em vista obedecer-lhe.
desse mesmo a quem obedeceis sois servos — ao que cedem tal
obediência.
seja do pecado para a morte — Isto é, que resulta na morte, no
terrível sentido de Rm_8:6, como a condição final do pecador.
ou da obediência para a justiça? — Isto é, a obediência que
resulta num caráter justo, como a condição perdurável de um servo da
nova Obediência. (1Jo_2:17; Jo_8:34; 2Pe_2:19; Mt_6:24).
17. Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado —
anteriormente, como algo já acontecido e passado para sempre.
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viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues — ou “lançados”, como se tivessem sido postos num molde.
A ideia é que o ensino a que se tinham entregue de coração, tinha
deixado neles seu selo peculiar.
18. e, uma vez libertados — quer dizer, em continuação: Graças a
Deus que libertados.
do pecado, fostes feitos servos da justiça — O quadro que aqui se
apresenta é a emancipação da escravidão de um Amo para estar sob a
completa servidão de outro, de cuja propriedade somos (veja-se nota,
Rm_1:1). Não há meio termo de independência pessoal, para a qual
nunca fomos feitos, e a qual não temos direito. Quando não queríamos
que Deus reinasse sobre nós, estávamos em justo juízo “vendidos sob o
Pecado”; o fato de estar agora “libertados do Pecado”, é só para ser
feitos “servos da justiça”, o que constitui nossa verdadeira liberdade.
19. Falo como homem — descendo, para ilustrar melhor seu
ensino, ao nível das coisas comuns.
por causa da fraqueza da vossa carne — a fraqueza de sua
compreensão espiritual.
Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão
da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os
vossos membros para servirem à justiça para a santificação — antes,
“para alcançar a santificação”, como se traduz a mesma palavra em
2Ts_2:13; 1Co_1:30; 1Pe_1:2; quer dizer, “Para que vós, lembrando o
entusiasmo com que serviam ao Pecado e os esforços consagrados a isso,
sejam estimulados a mostrar igual zelo e igual exuberância no serviço de
um Senhor melhor”.
20. quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação
à justiça — rodearam este texto com dificuldades que não existem. O
significado do mesmo parece ser claramente o que segue: Visto que
“ninguém pode servir a dois senhores”, principalmente quando os
interesses respectivos de ambos estão em luta mortal e cada um exige o
todo do homem, assim, sendo escravos do Pecado, não foram em sentido
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próprio escravos da Justiça, e nunca lhe fizeram nem um ato de serviço
verdadeiro; fosse qual fosse a sua crença dos direitos da justiça, seus
serviços, com efeito, eram todos e sempre em favor do Pecado: assim
tiveram a prova plena da natureza e as vantagens do serviço devotado ao
Pecado.” A pergunta escrutinadora que lhe segue demonstra que tal é o
sentido:
21. Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas
de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte — Que
vantagem permanente, e que satisfação duradoura produziram aquelas
coisas? O apóstolo responde a sua própria pergunta: “Satisfação
duradoura, disse? Eles deixaram somente a vergonha,” “Vantagem
permanente? O fim delas é a morte.” Dizendo que eles agora “se
envergonhavam,” torna claro que não se refere àquele desgosto deles
mesmos, nem ao remorso da consciência que tantas vezes aguilhoa os
que impotentes “estão vendidos sob o pecado;” mas sim àquele sincero
sentido de auto-repreensão, que fere e oprime os filhos de Deus, quando
pensam na desonra que sua vida passada causou no nome do Senhor, na
ingratidão que desdobravam, na violência que fizeram à própria
consciência, em seus efeitos mortais e degradantes, e na morte — “a
segunda morte” a que os arrastava, quando a Graça os salvou. (Sobre o
sentido da palavra “morte” aqui, comp. Rm_5:21, 3a nota,; e Rm_6:16;
também Ap_21:8. — A mudança na pontuação que foi proposta por
alguns comentaristas: “Que fruto tinham então? coisas das quais agora se
envergonham” [Lutero, Tholuck, Do Wette, Philippi, Alford, etc.],
parece forçada e muito. A pontuação comum, ao menos tem um apoio
poderoso [Crisóstomo, Calvino, Beza, Grocio, Bengel, Stuart, Fritzsche].
22. Mas, agora (RC) — Como se fosse um alívio inexprimível o
afastar-se de semelhante tema.
libertados do pecado e feitos servos de Deus (RC) — no sentido
absoluto que se deu a entender em toda esta passagem.
tendes o vosso fruto para a santificação — Como no v. 19,
significando aquele estado e caráter permanente santo que resulta de
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todos “os frutos de justiça,” que os crentes sucessivamente produzem.
Eles “têm seu fruto” para isto: quer dizer, que tudo tende a este feliz
resultado.
E, por fim, a vida eterna — que é o estado final do crente
justificado; a beatífica experiência não só da completa isenção da queda
com todos os seus efeitos, mas também da vida perfeita de aceitação
diante de Deus, e de conformidade à Sua imagem, de acesso descoberto
a Ele, e de inefável comunhão com Ele por toda a eternidade.
23. porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor — Este versículo
final — carregado e breve — contém a medula, o ouro muito fino, do
evangelho. Assim como o operário é digno de seu salário e sente que lhe
pertence por direito, assim é a morte o pagamento do pecado, o salário
próprio do pecador, pelo qual tanto trabalhou. Mas “a vida eterna” em
nenhum sentido, nem em grau algum, é o pagamento de nossa justiça;
nada fazemos absolutamente para ganhá-la ou para ter direito a ela, e
nunca poderemos fazer tal coisa; é portanto, e no sentido mais absoluto,
“A DÁDIVA DE DEUS”. A graça reina na distribuição da vida eterna
em todo caso, e isso “em Cristo Jesus, nosso Senhor,” como o justo meio
de sua entrega. Em vista disto, quem é aquele que, tendo provado que o
Senhor é bom, pode deixar de dizer: “Aquele que nos amou, e em seu
sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para
Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.”
(Ap_1:5-6.)
Notas:
(1) Como a refutação mais eficiente da reiterada calúnia de que a
doutrina da salvação pela graça alenta a continuação no pecado, é a vida
santa daqueles que a professam, saibam os mesmos que o serviço mais
sublime que eles podem oferecer àquela Graça, que é sua única
esperança, é “sua própria entrega a Deus, como vivos dentre os mortos, e
seus membros como instrumentos de justiça a Deus” (vv. 12, 13).
Fazendo-o assim farão “calar a ignorância dos insensatos,” assegurarão
Romanos (Jamieson-Fausset-Brown) 71
sua própria paz, realizarão o fim de sua vocação, e darão
substancialmente glória Àquele que os amou.
(2) O princípio fundamental da obediência evangélica é tão original
como é divinamente racional: que “somos libertados da lei a fim de
podê-la guardar, e somos postos pela graça sob a servidão da lei a fim de
estar livres (vv. 14, 15, 18). Enquanto não conheçamos nenhum princípio
de obediência senão os terrores da lei, a qual condena a todos os que a
infringem e não sabe nada absolutamente quanto a perdoar os culpados e
purificar os contaminados, estamos limitados sob a impossibilidade
moral de praticar uma obediência genuína e aceitável; por outro lado,
quando a graça nos eleva fora desta condição e, mediante a união com o
justo Fiador, introduz-nos num estado de consciente reconciliação e de
amorosa entrega de coração a Deus como nosso Salvador, imediatamente
sentimos a gloriosa liberdade para ser santos, e a segurança de que a
declaração, ‘O Pecado não mais terá domínio sobre nós,’ está em
harmonia com nossos novos gostos e aspirações, pois cremos firme a
base dela, ou seja: “que não estamos debaixo da Lei mas sim debaixo da
Graça.”
(3) Como esta transição, que é a mais importante na história de um
homem, tem origem inteiramente na livre graça de Deus, nunca se
deveria pensar, nem falar, nem escrever desta mudança interior sem
oferecer vivas ações de graça Àquele que tanto nos amou (v. 17).
(4) Os cristãos, ao servir a Deus, deveriam imitar a que foi sua
conduta anterior no zelo e perseverança com que serviram ao pecado e
os sacrifícios que a ele consagraram (v. 19).
(5) E para estimular esta santa rivalidade consideremos com
frequência “aquela rocha da qual fomos esculpidos, aquela fossa de onde
fomos tirados,” para estimar se houve vantagens duradouras e satisfações
permanentes no serviço rendido ao Pecado; e quando em nossas
meditações achemos que somente oferece absinto e fel, contemplemos o
próprio fim de uma vida ímpia, até que, achando-nos nas “regiões da
morte,” sintamos ânsias por voltar a contemplar o serviço da Justiça, o
Romanos (Jamieson-Fausset-Brown) 72
novo Senhor de todos os crentes, quem está nos guiando docemente à
“santidade” perdurável e nos conduzindo, por fim, à vida eterna” (vv.
20-22).
(6) A morte e a vida estão diante de todos os que ouvem o
Evangelho: aquela, o resultado natural e a recompensa própria do
pecado; esta, absolutamente o livre “DOM DE DEUS” repartido aos
pecadores, “em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Como a primeira é o
consciente sentir da perda fatal de toda existência feliz, assim a segunda
é a posse e gozo conscientes de tudo o que constitui a “vida” mais
sublime de uma criatura racional, para sempre jamais. (v. 23). Tu, que
lês ou escutas estas palavras: “Os céus e a terra tomo hoje por
testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a
bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência” (Dt_30:19).
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Romanos 7
Note-se:
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(1) Nem a mera sinceridade, nem mesmo o ardor na religião,
embora pudessem ser uma base de esperança para alcançar uma
libertação misericordiosa do erro, não servirão de desculpa nem
compensarão pelo rechaço rápido da verdade salvadora, quando na
providência de Deus apresenta-se para ser aceita (vv. 1-3; veja-se,
Romanos 9, nota 7a.).
(2) A verdadeira causa de semelhante rechaço da verdade salvadora,
pelos que em outros particulares são sinceros, é a preocupação mental
em favor de noções falsas próprias delas. Enquanto que os judeus
“procuravam estabelecer sua própria justiça,” era naturalmente
impossível que “se sujeitassem à justiça de Deus;” visto que cada um
destes dois métodos está contra o outro (v. 3).
(3) As condições essenciais para obter a salvação foram em todas as
idades as mesmas: convida-se “e quem quiser, tome de graça da água da
vida,” Ap_22:17 (Rm_10: 13).
(4) Como se aturdirão aqueles que perecerão longe da voz do
evangelho, ao lembrar o singelo, o razoável e o gratuito que era o plano
da salvação! (vv. 4-13).
(5) Quão penetrante deveria soar nos ouvidos das igrejas a pergunta
que se esteve fazendo perpetuamente: “Como ouvirão sem haver quem
pregue?” como se fosse unicamente o eco apostólico da grande comissão
que deixou o Senhor: “Pregai o evangelho a toda criatura” (Mar_16:15);
e quanto carecem as igrejas do devido amor, zelo e consagração, visto
que havendo tão abundante ceifa, os ceifeiros são tão poucos (Mat_9:37-
38), e o clamor dos lábios de homens perdoados, dotados e consagrados:
“Eis-me aqui, envie-me a mim” (Isa_6:8), não se ouve em todas partes
(vv. 14, 15)!
(6) A bênção da relação de aliança entre o homem e Deus, não é o
privilégio irrevogável de nenhum povo nem de nenhuma igreja; pode ser
assegurada somente pela fidelidade da nossa parte, à própria aliança (v.
19).
Romanos (Jamieson-Fausset-Brown) 128
(7) Muitas vezes Deus é achado pelos que aparentemente estão mais
longe dEle, enquanto que fica sem ser descoberto pelos que se creem
estar mais próximos (vv. 20, 21).
(8) O trato de Deus até para com os pecadores réprobos, é cheio de
ternura e compaixão; todo o dia estende os Seus braços de misericórdia
aos desobedientes e contradizentes. Disto se darão conta e o
reconhecerão no fim todos os que vierem a perecer, para a glória da
longanimidade de Deus, e para a própria confusão deles (v. 21).
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Romanos 11