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Constituição do sujeito
Belo Horizonte
2016
UNIVERSIDADE FUMEC
,
Este texto foi apresentado como Trabalho de
Conclusão de Curso de Psicologia da .
Universidade Fumec, no 1ºsemestre de 2016.
Ênfase: Sócio-Clínica.
1. RESUMO.............................................................................................5
2. INTRODUÇÃO..................................................................................6
3. DESENVOLVIMENTO................................................................. 7
4. CONCLUSÃO................................................................................19
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................
Resumo
O sujeito, tal como é abordado pela psicanálise, não é da ordem do natural; ele é
efeito de linguagem, marcado pelo significante e, ao mesmo tempo, causado pela
ausência de objeto,o que o caracteriza como dividido, desejante e pulsional. Na
constituição do sujeito a lógica do significante é esclarecida por meio da alienação e
da separação, operações fundantes do sujeito. Essas operações nos revelam a lógica
do significante por diferentes prismas, seja por meio das operações matemáticas de
união e interseção, ou pela subversão do cogito de Descartes.No movimento
inaugural do sujeito há a alienação; depois, há um segundo movimento, que salienta
no sujeito a tentativa de separação. As operações de alienação e separação, em
Psicanálise, podem se articular à castração, ao complexo de Édipo, ao ideal do eu e
ao nome do pai,e até mesmo ao processo de análise. Apesar de cada uma delas
contemplar uma explicação específica, o importante é saber que são operações
constituintes que permitem que o sujeito se separe do Outro e se apresente como um
sujeito dividido.
Lacan (2003) em ”Nota sobre a criança” diz que a família conjugal permanece
dominante em nosso mundo, apesar da sociologia diagnosticá-la em crise,
desaparecendo e sujeita a novos rearranjos.Diz ainda que a família conjugal tem
uma função de resíduo neste processo de evolução da sociedade, e é por esta
função de resíduo ou objeto “a”, que a família conjugal, enquanto função parental,
sempre vai se manter.
não trabalha com esse conceito. Cottet (1997), diz que para Freud juntar esses dois
termos, sujeito e inconsciente, pareceria um tanto ilegítimo.O sujeito da psicanálise
seria de outra ordem. Fink(1998) diz que a partir de Lacan, o sujeito só pode ser
pensado a partir do conceito de inconsciente. E o inconsciente para Lacan é
estruturado como linguagem. Veremos que o inconsciente é uma cadeia de
significantes, que se articulam conforme regras muito precisas,e sobre as quais o
sujeito da consciência,o eu, não possui qualquer tipo de controle.
Constituição do sujeito
Fink (1998) nos diz que o conceito de sujeito não é freudiano,se origina da
filosofia,e surgindo com o nascimento da filosofia moderna, mais precisamente com
o pensamento cartesiano, traduzido em sua máxima “Penso, logo sou”, onde existe a
hipótese de uma articulação entre o sujeito e o pensamento. Uma vez que o sujeito
pensa, supõe-se que ele exista. (FINK,1998,p.64)
Lacan, no escrito “A Ciência e a Verdade” (1965), afirma que Freud encontrou no
cientificismo de sua época as condições de possibilidade para a invenção da
psicanálise, para tanto a coloca numa dimensão clínica, formaliza a descoberta do
inconsciente, e consegue estabelecer uma distinção clara entre as metodologias
existentes para tratar os processos psicológicos, e a psicanálise. Pontua que a
psicanálise estuda outros tipos de fenômenos que são diferentes dos fenômenos
conscientes e que apontam para outro tipo de lógica em um mais além da lógica
consciente, estando presentificadas no sintoma neurótico.
Fink(1998,p.65) diz que Freud em seus estudos clínicos com histéricas no findar do
século XIX, pode perceber que o sintoma da neurose histérica tinha uma estrutura e
também uma aparência. O sintoma, não importando suas formas de gozo é feito
para aparecer a céu aberto. Foi como resposta ao sintoma histérico, e ao seu
surgimento no contexto diagnóstico da neurologia vienense, que Freud pode
ingressar o inconsciente do campo clínico para o epistemológico, dando origem a
psicanálise.
Lacan (1965) fala que Freud constatou que existia uma realidade muito particular,
que se expressava por meio dos sintomas atravessados no corpo de suas pacientes.
Essa realidade, que ele chamou de fantasias, eram instigantes para Freud. Através
do método da “livre associação”( regras para a fala de suas pacientes), foi
descobrindo que as fantasias eram “fachadas psíquicas”, ou seja, “fachadas”
construídas com o principal objetivo de obstruir o caminho às lembranças infantis.A
escuta dessas verdades que as pacientes relatavam “sem saber”, e às vezes sem
querer, de uma forma inconsciente, levou-o a postular a existência do
inconsciente.Pacheco(1996,p.70) diz que o sintoma neurótico que Freud constatava
em suas neuróticas, apresenta uma dupla face:uma, voltada para a clínica, isto é,
para os aspectos do universo subjetivo da histérica e outra voltada para a
metapsicologia, o que possibilita a compreensão de como esse psiquismo cria seu
universo particular. Melhor dizendo, mesmo que haja dois pacientes histéricos, com
o mesmo tipo de sintoma, e possamos compreender este sintoma a partir de
determinados mecanismos, o sentido que este sintoma tem para cada um desses
pacientes, é completamente diferente. São correlatas da subjetividade de cada um,
suas experiências na relação com o outro, consigo mesmo e com o mundo.
Mas o que seria esse sujeito lacaniano,ou o sujeito da psicanálise ou ainda o sujeito
do inconsciente?
Soler (1998,p.55), nos mostra que Lacan partiu do conceito de sujeito cartesiano
para pensar o sujeito do inconsciente. Mostra ainda que o campo psicanalítico só foi
possível, depois do surgimento do sujeito de Descartes.A psicanálise dependeu do
passo decisivo de Descartes,que é o seu cogito, para chamar o sujeito de volta para
casa no inconsciente. Enfatiza ainda, que o sujeito da psicanálise é o cartesiano, que
o condiciona a ciência.O sujeito do cogito é o do pensamento.Ele se assegura de si
mesmo porque pensa. Sua certeza é firmada pelo penso.
Ele não é somente desconhecido ,ele também é vazio,por ter perdido seu ser. Sua
certeza é a certeza da existência real como presença,do sujeito. Ele está certo como
presença real, e Lacan enfatiza que o cogito visa o real. (SOLER, 1997, p. 55)
Fink (1998p.58) afirma que juntar esses dois termos, sujeito e inconsciente, parece
um tanto ilegítimo (como postulou Lacan), quando se coloca em perspectiva a
origem filosófica do conceito de sujeito, que é o sujeito da consciência, o lugar das
representações e o fundamento da reflexão do idealismo filosófico, ou seja, é aquele
pensante. Diz ainda que a descoberta do inconsciente pela psicanálise desaloja esse
sujeito de seu lugar no edifício filosófico e, a partir da leitura que Lacan faz de
Freud, ele vai justificar o decentramento do sujeito cartesiano.
Fink(1998,p.64) explana que para pensar o sujeito do inconsciente, Lacan faz a
articulação do inconsciente freudiano, com o sujeito cartesiano, mais o
estruturalismo de Lévi-Strauss, adicionando ainda os conceitos linguísticos de signo
e significante de Ferdinand de Saussure e a metáfora e metonímia de Roman
Jakobson. Diz que Lacan ao conceituar o sujeito do inconsciente,opera
transformações tão significativas nos conceitos linguísticos usados, que separa de
forma irreconciliável a psicanálise da linguística.
Laurent (1997,p33) afirma que em Interpretação dos Sonhos” (1900), Freud
elabora as estruturas do discurso psicanalítico utilizando os processos de
condensação e deslocamento.Coloca que o linguista russo Roman Jakobson
,utilizando a elaboração freudiana de condensação e deslocamento ,faz uma
correlação dos termos condensação com metáfora e deslocamento com
metonímia,utilizando essa correspondência no seu trabalho “Dois Aspectos da
Linguagem e dois Tipos de Afasia” (1956),onde desenvolveu uma técnica de análise
do discurso, no campo da semântica . Lacan utilizou em sua abordagem, a mesma
correlação feita por Jakobson, mas com uma grande diferença, preocupou-se em
fazer a articulação do discurso, não com a semântica,mas com a fala do sujeito, em
decorrência das expressões inconscientes existentes no discurso do sujeito.
Laurent(1997p.34) diz que Lacan partiu do princípio de que o inconsciente é
estruturado como linguagem, ou seja com o que foi reprimido pelo sujeito,
formando a cadeia de significantes, que podem emergir através do discurso do
sujeito na experiência analítica. O conteúdo inconsciente se mantém reprimido, até
que seja transformado em conteúdo manifesto, através dos mecanismos de metáfora
e metonímia, associados dinâmica dos significantes. Fink (1998) afirma que Lacan
se apropriou de alguns conceitos linguísticos,(com indicação das fontes ou como
homenagens) ao invés de importá-los, e que o trabalho de reconstrução desses
conceitos orientou, durante trinta anos, seu projeto de ensino, que consistiu na
releitura dos textos freudianos para salvaguardar a "deterioração do discurso
analítico" (LACAN, 1998, p. 245).Junto a isso desenvolveu o axioma, “ o
inconsciente é estruturado como linguagem”. Uma das apropriações linguísticas
mais importantes feitas por Lacan ,foi a dos termos “significante” e “significado”,
elaborados por Saussure no Curso de Linguística Geral (1915) que o ajudaram a
formalizar os processos de metáfora e metonímia no inconsciente, e a examinar
como os indivíduos entram na linguagem e se tornam sujeitos.(FINK,1998).
2. O significante não tem relação com o significado, o que equivale a dizer que o
significante não significa nada ou pode significar qualquer coisa.
5. Só pode haver articulação entre os significantes porque eles podem ser reduzidos
a um efeito significante..
Alienação separação
LACAN, J. (1998). O estádio do espelho como formador da função do eu. In: J. Lacan,
Escritos. (V. Ribeiro, trad.; pp. 96-103). Rio de Janeiro: Zahar. (Original publicado em
1966).
LACAN, J. (2003). Nota sobre a criança. In: J. Lacan, Escritos. (V. Ribeiro, trad.; pp.
369). Rio de Janeiro: Zahar. (Original publicado em 1966).
LACAN, J.. (1998). A ciência e a verdade. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
(Originalmente publicado em 1966).
Endereços eletrônicos
Disponível em http://www.isepol.com/asephallus/numero_15/artigo_01.html