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RESENHA DO FILME “FREUD, ALÉM DA ALMA”

Resumo do Filme

O filme Freud, além da alma, que é dirigido por John Huston, fala sobre o
período da vida do "pai da psicanálise", desde que ele se graduou no curso de Medicina
na Universidade de Viena até a formulação da teoria da sexualidade infantil.

O filme começa mostrando Freud numa insistência em tratar de uma paciente


com neurose de histeria, em um hospital, cujo diretor era Meynert, que dizia acreditar
que histeria era uma mentira, que visava à fuga das responsabilidades.

Ansioso em obter respostas para acabar com o sofrimento de seus pacientes


decidiu ir para Paris estudar a doutrina de Charcot. Em uma de suas aulas, Charcot
demonstrou que a histeria não era fruto de bruxaria, mas sim que era de origem
psíquica. Ao regressar a Viena, Freud casou-se com Martha. Em uma de suas palestras,
na Sociedade Médica de Viena, mostrou que, através de conhecimentos anteriores, e de
seus aprendizados com Charcot em Paris, havia pensamentos de níveis inconscientes,
que havia traumas vindos de fatos ocorridos na infância, e que era preciso ainda
descobrir seus elos. Não teve sucesso, pois Meynert alegou que o que Freud havia dito
não tinha nada de novo. Assim, Meynert foi aplaudido pela assembléia.

Continuando seus estudos, chegou à conclusão que realmente após a hipnose


os sintomas permaneciam. Continuou a usá-la mesmo assim, tentando fazer com que as
lembranças continuassem, após o momento do transe.
As sessões analíticas baseadas na livre associação tornaram-se uma regra
indispensável e unida à interpretação dos sonhos serviu de ferramenta para que Freud
lançasse os princípios centrais da psicanálise. A descoberta do inconsciente e de sua
importância psíquica constituiu o fundamento da psicanálise.

Em um de seus diálogos com Breuer, descobriram um erro na teoria de


Charcot: a mente não se dividia. Apenas tirava o trauma da consciência, deixava as
lembranças inconscientes e as emoções descarregadas fisicamente.
Durante um sonho, descobriu seu complexo de Édipo e assim passou a fazer
sua auto-análise, pois Breuer não o aceitou como paciente. A conselho deste foi ao
hospital e foi surpreendido hipnotizando um paciente, contrariando a posição de
Meynert, o que causou sua demissão.

Freud elaborou a "Teoria das neuroses", mas Breuer não concorda que uma
teoria parta de um só experimento, o de si próprio. Freud diz que essa teoria foi
baseada com todos os casos já tratados e que todos os traumas estão ligados à
sexualidade.

A paciente de Breuer, já tida como curada e que, segundo ele, não tinha
nenhum problema causado pela sexualidade, volta a ter um surto, apresentando
sintomas de trabalho de parto, sendo que não estava grávida. Breuer passa a cliente
para Freud, alegando paixão dela por ele, e que não poderia deixar que isso interferisse
em seu casamento.

O pai de Freud falece e Freud não consegue entrar no cemitério, desmaia, tem
um sonho amedrontador e diz para Breuer que os sonhos têm sentido para aqueles que
sonham, mas são ícones do inconsciente misturados com fatos do consciente, e de
difícil interpretação. Descobre que havia algum erro de seu pai escondido nas
profundezas da sua mente que ele não conseguia alcançar. Ao contrário das outras
pessoas, Freud procurava abrir os olhos e enxergar o mal que seu pai lhe fizera.

Decidiu voltar ao cemitério com Breuer, novamente sente os mesmos


sintomas. Pensa em alguma ligação, tenta desvendar o que estava encoberto com
relação a seu pai, e vem a sua mente que as neuroses podem surgir desde a infância.

Freud continua tratando da paciente Cecily, que fora antes de Breuer.


Abolindo o método, então, o hipnótico, Freud a leva a muitas lembranças através da
livre associação, em estado plenamente consciente. Cecily fala de seus sonhos e fatos
da sua vida, e Freud desvendando, certifica-se que pode chegar ao inconsciente mesmo
com o paciente em estado consciente.

Então, volta a pensar em sua infância para tentar fazer uma ligação ao que
causou o surto em frente ao cemitério. Tem um sonho onde vê a figura da sua mãe que
o deixou sozinho para ir dormir com seu pai. Sentiu ciúmes porque queria a mãe ali e
não com o pai, assim veio a culpa por achar que desonrou seu pai.
Quando pensa em desistir, sua esposa pega uma de suas agendas e lê: "O progresso é
como andar, consegue-se perdendo e ganhando equilíbrio.

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É uma série de erros... De erro em erro acaba-se descobrindo a verdade".
Freud lembra que havia escrito uma vez: "...o falso é às vezes a verdade de cabeça
para baixo". Descobre que no universo da fantasia pode estar a realidade. Então
conclui que, quando a jovem dizia que o pai a molestou, na verdade ela queria possuir
seu próprio pai. Uma fantasia transportada para a fase adulta, que não sendo
trabalhada, tornou-se um recalque. Freud muda sua teoria, chegando a conclusão que a
criança também tem seus instintos sexuais desde quando nasce, suprindo suas
necessidades alimentares com o leite materno e satisfação de sua sexualidade em sugar
o seio da "mãe". Sua mãe ou quem cumpre essa função, é seu primeiro objeto de
desejo.

Conversando com Breuer, que acha difícil convencer os outros médicos, a


idéia de que a teoria seria invertida, a sexualidade adulta tornar-se sexualidade infantil.
Este, o tomando como filho, proíbe Freud de publicar aquele capítulo da sexualidade
infantil.

Freud resiste dizendo: "chega uma hora que se deve renunciar a todos os
pais e ficar de pé sozinho".

Em palestra no "Conselho de Neurologia e Psiquiatria de Viena", Freud


começa frisando como na "Idade da Inocência" a criança não tem consciência sexual,
porém começa falar sobre a fase oral. Os médicos começam a se retirar aos poucos,
mas Freud continua a falar dos desejos da criança, da concorrência entre os pais, cita
Édipo e que cada ser humano tem esse desafio, de se confrontar com o seu complexo e
de superá-lo. Se conseguir superar se torna um ser humano completo, se não se tornará
um neurótico.

Quando um dos médicos do conselho levanta-se e pergunta ao Dr. Breuer se


ele concorda com Dr. Freud, Breuer defende o amigo, dizendo que Freud é um dos
melhores, no meio médico para esses assuntos, mas que jamais poderia concordar com
a teoria da "Sexualidade Infantil".

Já no final, Freud caminha lentamente, consegue ultrapassar o muro do


cemitério, chegando até a lápide de seu pai.

Termina o filme com uma mensagem e uma pergunta que foram escritas no
templo de Delfos, mais de 2000 anos atrás: "CONHEÇA A SI PRÓPRIO".
“Contra o mais velho rival do homem o ‘orgulho. É o início da sabedoria. É uma

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esperança de vitória. Este conhecimento está agora ao nosso alcance.
Será que o usaremos? Espero que sim".

A psicanálise revelou o inconsciente do homem e como ela o iluminou.


Sigmund Freud revelou outra parte da nossa mente - O funcionamento em segredo -
que pode até mesmo controlar nossas vidas.

Uma visão sobre a medicina do século XIX

É interessante observar como as crenças religiosas e os sistemas filosóficos


exerceram influência na interpretação da natureza das doenças e na prática da medicina.
A idéia de que as doenças mentais estivessem vinculadas a maus espíritos valeu os
tratamentos mais desumanos aos alienados. Foi somente no início do século XIX,
depois dos trabalhos de Valsalva e Pinel, que os distúrbios mentais passaram a ser
considerados como doenças ligadas ao sistema nervoso central e os doentes deixaram de
ser acorrentados ou confinados em condições desumanas.
Em todas as épocas houve sempre a tendência de prescrever uma dieta
restritiva aos enfermos, até o mínimo da dieta hídrica e de jejum absoluto, adotada para
os pacientes febris. A dieta de jejum só foi derrubada no século XIX por Graves, o
mesmo que descreveu o bócio tóxico. Graves expressou o desejo de que em seu epitáfio
constassem as seguintes palavras: "ele alimentou os doentes febris".
Sigmund Freud, em colaboração com Breuer, começou a pesquisar os
mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose era causada
por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional.
A sintomatologia, que ao mesmo tempo frustrou e estimulou os médicos do
século XIX, foi o grande desafio para Freud, que, a partir desse quadro ainda misterioso,
desenvolveu técnicas específicas para conduzir o tratamento de seus pacientes: nascia a
Psicanálise, como resposta a esse desafio.
Depois de Freud, a neurose passou a ser considerada como o fator
fundamental, não somente dos distúrbios funcionais, como das próprias doenças
orgânicas. A úlcera péptica, a hipertensão arterial, a asma brônquica, as coronariopatias,
bem como doenças de etiologia desconhecida, como a retocolite ulcerativa inespecífica,
passaram a ser explicadas como conseqüência das situações emocionais de estresse. O
sistema nervoso autônomo seria o elo intermediário entre a mente e os órgãos efetores.

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No final do século XIX, com a descoberta do funcionamento dos reflexos
condicionados ligados ao córtex frontal por Pavlov, através de sua experiência
comportamental, o estímulo resposta, a medicina aproxima-se mais da Psicologia,
iniciando-se o estudo behaviorista, mais tarde aprofundado por Watson.
Devem-se à filosofia e cultura grega muitos dos principais conhecimentos
sobre a natureza dos fenômenos psicológicos. Daí a razão para muitas das designações e
terminologia universalmente usadas em psiquiatria, tais como esquizofrenia, paranóia,
oligofrenia. Daí também a razão pela qual a Psicanálise buscou muito dos seus
conceitos à civilização helênica como, por exemplo, o Complexo de Édipo.

Freud e o estudo de histeria

O filme inicia com uma breve introdução, dos motivos pelos quais fez com
que Freud tivesse o interesse pela mente humana, partindo das afirmações de Copérnico,
de não sermos o centro e também por não sermos únicos no sistema solar, e da mais
recente descoberta, da evolução da espécie humana. Nesta época, Freud dedicava seus
estudos, a anatomia e a histologia do cérebro humano. Durante esses estudos, identifica
várias semelhanças entre a estrutura cerebral humana e a de répteis, o que o remete ao
então recente estudo de Charles Darwin sobre a evolução das espécies e à discussão da
"superioridade" dos seres humanos sobre outras espécies. Freud provou ao homem, que
ele também não tem controle da sua própria vontade. Daí surgia então o estudo do
inconsciente, partindo da análise de pacientes histéricos.
De família humilde e júdia, teve que abandonar suas experiências científicas
para se manter, voltando sua atividade à área clínica em um hospital em Viena. Mas
devido divergências com Meynert, que considerava os casos de histeria uma mentira,
próprio das pessoas que querem chamar a atenção e fugirem de suas responsabilidades,
pediu uma licença do hospital e foi estudar sobre as teorias de Charcot em Paris.
Freud demonstrava-se muito fascinado pelas teorias de Charcot, que na época
era o único que se valia da idéia de que, pensamento e consciência eram a mesma coisa
e que o homem continuava pensando durante o sono. Um sono muitas vezes induzido
pela hipnose, considerada uma heresia para a época, visto em séculos anteriores, a
hipnose era rotulado como algo sobrenatural, própria de bruxaria.

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No filme vemos uma visão bem mediocre do que era a histeria, que não
passava de doença associada ao útero e conseguentemente, doença unicamente feminina
e que tinha seus sintomas supostamente escritos somente em livros de bruxaria. Os
doentes eram descritos como quem estivesse possuído pelo demônio e que muitas vezes
um povoado inteiro poderia estar infectado, mesmo não tendo a presença de germes.
Acreditava-se também que os sintomas fossem de origem orgânica, o que mais tarde
com Janet, discípulo de Charcot, associa a doença a disburbios psicológicos.
Charcot também acreditava que dois pensamentos poderiam ocupar a mente ao
mesmo tempo, uma vez que consientemente, os pacientes apresentavam os sintomas da
histeria e, inconcientemente, não. Ele comprova esse pensamente quando pede para dois
pacientes, supostamente hipnotizados, que obdeçam aos seus comandos, realizando
atividades que fugiam dos sintomas de um histérico, ou ao contrário, fazendo que os
pacientes passassem a demonstrar outros tipos de sintomas da histeria.
Após uma conferência para médicos em Viena, onde expõe o que havia estudo
em Paris com Charcot, Freud conhece Breuer, um médico muito conhecido, que estava
iniciando o método hipnótico em alguns pacientes. Breuer conta à Freud, daquele que
seria seu primeiro e o mais importante caso.
Breuer comenta com Freud do caso de uma paciente que apresentava sintomas
de histeria após a morte do pai. Devido ao fato de sua paciente, quando em transe
hipnótico, dizer frases disconectas e sem muito sentido, muitas vezes até num tom meio
que poético, Breuer decide fazer uma investigação mais profunda, interrogando a
paciente, ainda em transe, repetindo as palavras por ela dita, revelando a paciente para o
médico, que estaria aterrorizada com um sonho que se repetia, por isso não conseguia
dormir. Ao contar isso ao médico a paciente sentia-se aliviada, passando de transe para
um estado tranquilo de sono. Para Breuer tal procedimento poderia servir também para
curar outros traumas, mas essa teoria não se confirma, uma vez que sua paciente, após
algum tempo, volta a ter novas crises.
Freud é convido por Breuer a observar as sessões que tem com essa paciente.
Em conversas com Breuer, Freud chega a conclusão de que, diferente do que Charcot
afirmava, a mente não suportava dois pensamentos, mas sim que, as lembranças tratadas
( trazidas ao nível do conscientes) sumiam do consciente. Breuer explica a Freud que as
lembranças podiam criar sintomas a partir das emoções que não encontravam uma saída
natural pelo consciente. Um sintoma mórbido seria apenas uma energia emocional
saindo pelo lugar errado. Cria-se então a teoria dos símbolos mnenicos. Os histéricos

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sofreriam de reminiscências. Seus sintomas são resíduos e símbolos mnêmicos de
experiências especiais (traumáticas), vinculadas a muito sofrimento, castração, privação,
desejo reprimido, senso de moral aguçado, etc. No filme podemos observar várias
passagens que nos remetem a essa conclusão a que Freud e Breuer chegaram.
Quando a paciente em seu momento de transe desabafa os motivos pelos quais
a fez ter aversão à água, tem-se ali o primeiro exemplo da teoria dos símbolos
mnêmicos. A xícara da qual o cão bebe a água, teria sido dada do pai para a paciente, a
xícara tem todo um significado especial, do qual ela não quer repartir com ninguém, por
isso repudia o animal que vê bebendo em sua xícara.
Outros momentos são descritos no filme também, como a Rua Torre Vermelha,
onde o pai costumava ir, tem uma simbologia muito forte para a paciente, impediando-a
até mesmos de encarar a verdade, o senso moral é atrelado ao fantasioso, mascarando a
verdade. Até mesmo a pulseira da mãe de Freud vem carregada de um simbolismo da
substituição da presença da mãe.

O método catártico e a livre associação

Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de


uma descarga emocional provocada por um drama. Foi a partir do conceito da catarse
que Breuer criou o método cartático. Um meio de tratamento para pacientes
histericamente sintomáticos. A idéia era fazer com que os pacientes relembrassem de
seus traumas (de nível inconsciente) e os trouxessem para o nível consciente, fazendo
com que a descarga emocional alivia-se o trauma sofrido pelo paciente. Este método
pode confirma-se no filme quando Breuer e Freud estão em sessões com “Cecily”,
suposta Anna O.. Essa, entre outros pacientes, quando submetidos ao método catártico,
associados ao transe hipnótico, podia lembrar-se de fatos que conscientemente não se
lembravam, mas que os perturbavam em seu inconsciente. “Cecily” por muitas vezes
descarregava essas emoções de forma a demonstrar ódio, repudia e muitas vezes
vergonha também. Outro caso semelhando foi de “Carl Von Schlosser”, o rapaz quando
submetido ao transe hipnótico, desabafa o ódio que desferia contra o pai, que
supostamente estuprava a mãe quando essa tinha apenas 17 anos. Aliás, este último caso
teria deixado Freud bastante intrigado, pois já vinha pesquisando a relação dos traumas
emocionais ligados à repressão sexual.

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Freud acreditava que, onde havia um sintoma, havia também uma amnésia,
uma lacuna da memória, cujo preenchimento suprime as condições que conduzem à
produção do sintoma. Numa passagem do filme tem-se Freud refletindo o seguinte:
“Música entrando pela janela, as palavras de desprezo da esposa, não cataclismas,
como acidentes em ferrovias ou raios. E mesmo assim não há memória consciente. Será
que existe um mecanismo psíquico que defende a mente contra lembranças intoleráveis,
assim como as glândulas linfáticas protegem o corpo contra infecções? Um mecanismo
de repressão que impede que essas lembranças cheguem ao consciente e tranque a
porta?”
Partindo do princípio de que não podia modificar o estado psíquico dos
doentes através da hipnose, tendo muito deles certa resistência então, e alicerçando-se
na concepção dos processos psíquicos da histeria, foi indispensável que Freud pensasse
numa maneira de suprimir estas resistências. Ele conclui então que, as mesmas forças
que faziam as lembranças fugirem do consciente, teriam que ser estas, também, que
expulsariam da consciência os acidentes patológicos correspondentes.
Esse processo Freud chamou de repressão, associada à presença de uma
resistência.
A hipnose, neste caso, encobriria a resistência, mas gerava uma repressão para
se chegar ao âmago do que havia causado a patologia. Essa situação repediu-se por
diversas vezes quando Breuer e Freud estudavam o caso de “Cecily”. Durante dois anos,
todas as patologias tratadas nunca eram as últimas e nunca conseguiam chegar à
primeira lembrança, que teria desencadeado todas as patologias e todo o sofrimento.
“Cecily” chega até ao ponto de confessar que não agüentava mais estar doente, de se
sentir como numa escura prisão.
A partir deste estudo, Freud abandona a hipnose e segue somente com o
método catártico, insistindo com que o paciente contasse, conscientemente, suas
lembranças, valendo-se da idéia de que o primeiro pensamento surgido traria a
lembrança desejada. Mas isso nem sempre dava certo.
Freud já não se sentia confortável em forçar seus pacientes a terem
lembranças, pois estes muitas vezes revelavam certa resistência. Quando não queriam
falar sobre o assunto, não falavam, ou às vezes até fantasiavam. Dificultando ainda mais
para um diagnóstico, como segue no trecho do filme, quando Freud pede para “Cecily”
falar sobre o fato de ela ter desmaiado quando tinha 14 anos e havia sido deixada pelo
pai no meio da Rua Torre Vermelha. Às vezes ela se valia de chistes. “Cecily” algumas

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vezes chega a se valer de piadinhas, confessando estar sendo frívola com Freud, mas
para Freud o pensamento reprimido vinha aludido ao que se queria dizer de forma
indireta. Nem tudo estava perdido, principalmente as palavras proferidas sem nexo. Era
a partir dessas lembranças que Freud, num trabalho exaustivo seguia em busca de um
complexo reprimido.
A esse processo Freud chamou de associação livre, pois partindo da última
recordação que o doente ainda possuía, em busca de um complexo reprimido, tinha-se
toda a possibilidade de desvendá-lo, desde que o doente proporcionasse um número
suficiente de associações. Isso se confirma na passagem do filme em que “Cecily”
conta sobre o dia 07 de Março, o que isso representava para ela e quais lembranças ela
tinha dessa data. Outro momento, também é quando ela lembra-se do que a mãe teria
dito a ela no jantar, quando ela derruba vinho na roupa – “Não pode ser lavado”. Que
significado teria tal frase, mas que teria deixado “Cecily” magoada, a ponto de ter até
um sonho.

Acesso ao inconsciente

A mancha de vinho no vestido, que teria feito a mãe de “Cecily” tão zangada,
agora fazia parte de mais uma lembrança no inconsciente da moça. –“As palavras de
mamãe e a torre, foi onde eu vi a torre...”
Freud já havia estudado a interpretação de seus próprios sonhos, para ele os
sonhos eram reflexos de lembranças que estavam em nosso inconsciente e reprimíamos
no consciente carregados de simbolismos, que só os que sonham tem consciência de seu
significado, muitas vezes não diretamente. Os sonhos é uma espécie de enigma,
esperando ser decifrado.
A partir do sonho de “Cecily” Freud tem a confirmação de que existia outra
maneira de se chegar ao inconsciente, sem necessitar de um processo tão exaustivo
como no método catártico ou hipnose. Freud chega a considerar o sonho, o meio mais
seguro para se chegar ao inconsciente, sendo a base mais segura da psicanálise.
Para Freud nem todos os sonhos são estranhos, incompreensíveis e confusos
para a pessoa que os sonhou, o difícil está em encarar os desejos por ele representados, -
por isso os reprimimos. O sonho com toda linguagem simbólica reflete sentimentos
verdadeiros.

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O sonho manifesto é a experiência consciente, durante o sono, a pessoa pode
ou não recordar depois de despertar. “Cecily” para Freud: “– Torre. Uma Torre
Vermelha!” depois segue com a pergunta irônica “- Conhece a Rua da Torre
Vermelha?” E ele segue: “-Consegue se lembrar do seu sonho?”
“- Eu andava pela beira-mar, de repente vi uma torre alta, redonda,
vermelha. Havia uma inscrição na entrada e um brasão. Engraçado, um brasão com
uma cobra enroscada. Uma mulher, o corpo estava pintado com belas imagens. Podia
ser uma egípcia. Um homem alto e bonito veio por ela , todo bem-vestido.” Os vários
elementos são designados como conteúdo manifesto do sonho. Os pensamentos e
desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são denominados conteúdo latente
do sonho. “ – Sou a senhora Putiphar. Tentou colocar o anel nele, mas o que ele usava,
de ouro, impedia. O dela caiu e saiu rolando. Assim o homem se virou e correu. Ele
tropeçou e caiu no chão. Corri para ajudá-lo. Quando cheguei lá só encontrei as
roupas. Uma janela na torre se abriu, minha mãe olhou. Ela apontou, ameaçadora,
para a mulher pintada e disse: - O sangue vai denunciá-la. Não pode ser lavado, não
importa o que faça.” Na vasta maioria dos casos o sonho manifesto é uma versão
altamente condensada dos pensamentos, sensações e desejos que compõem o conteúdo
latente do sonho. Várias pessoas ou elementos do conteúdo latente costumam aparecer
no conteúdo manifesto como uma única pessoa, mas com as características condensadas
de cada uma delas.
As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do
sonho se transforma em sonho manifesto, chamamos de elaboração do sonho. A egípcia
pintada seria a própria “Cecily”, o homem seria Dr. Breuer refletindo a imagem do pai
que ela amava. O anel caindo e o corpo do homem desaparecendo dar-se-ia pelo fato
dela ter tido seu amor pelo médico rejeitado. A idéia de inconscientemente odiar Dr.
Breuer faz com que ela conscientemente reprima esse desejo. O Deslocamento é tido
como o processo mais importante da deformação do sonho e consiste na substituição de
uma imagem do conteúdo latente do mundo real por outra no conteúdo manifesto do
sonho. Quando o deslocamento não é de imagem, mas de determinada emoção, chama-
se isto de projeção. O amor que “Cecily” sente pelo pai, seria projetado na figura
masculina, qualquer que ela seja.

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Bibliorafia

FREUD, Sigmund (1909). Cinco lições de psicanálise. In: Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
v.11.

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