Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Reprodução de Madona do
Divino Amor, atribuído a A maioria dos fiéis não ousa imaginar a
Giovanni Flancesco Penni, infância de Cristo como a de um menino
Galeria Nacional de mágico, capaz de fazer pássaros de barro
Capodimonte, Itália voar, andar sobre raios de sol ou puxar
amiguinhos para brincar através de frestas de
janelas. Natural. A Igreja sempre rejeitou
textos como o Livro da Infância do Salvador,
do qual foram extraídas essas histórias, e os
evangelhos apócrifos, que contam em
detalhes a vida do Messias. Por conta disso,
tudo o que se sabe sobre Jesus é o que está
nos evangelhos canônicos. Eles simplesmente
ignoram seus avós, Ana - livre da esterilidade
por intervenção divina - e Joaquim, um
milionário que sempre pagava em dobro suas
oferendas a Deus. Tampouco contam como
Maria foi concebida ou se Jesus teve irmãos.
MÃE E AVÓ O menino São essas as histórias que as editoras
Jesus brinca com o primo começam a revelar, numa profusão nunca
João ao lado de Maria e Ana, vista de livros sobre Jesus e sua família.
mãe da Virgem
A mais recente obra sobre a vida familiar de
Cristo é tão cheia de novidades que parece uma provocação. Tiago, Irmão
de Jesus, lançado com certo atraso no Brasil pela editora Record, contesta o
dogma da virgindade perpétua de Maria e assegura que essa não é afirmada
em nenhuma passagem do Novo Testamento.
O autor, Pierre-Antoine Bernheim, apresenta Reprodução de O
Tiago, chamado o Justo, como irmão uterino de Casamento de Rafael,
Cristo, morto 30 anos após sua crucificação. E vai Museu de Brena, Milão
além: sustenta que Tiago, martirizado, foi até mais
influente que Pedro na Igreja primitiva, justamente
pelo parentesco com o Messias. Pedro e outros
apóstolos defendiam a difusão da mensagem cristã
para uma comunidade unificada de judeus e
gentios. Tiago, não. Temia, segundo o estudioso
Bernheim, que isso pudesse provocar um
movimento de renovação dentro do judaísmo ou
criar uma religião afastada de suas raízes.
Assim como existem dois pais, também existem dois Jesus para os
historiadores. Um seria Cristo. Outro seria o judeu Yeshua, condenado à
morte por desafiar os romanos e o Templo de Jerusalém em plena Páscoa. O
historiador Flávio Josefo escreveu sobre sua morte. Ele também conta que o
sumo sacerdote Anás convocou uma sessão do Sinédrio e obrigou Tiago, 'o
irmão de Jesus, chamado o Cristo', a apresentar-se diante dele. 'Qualquer
leitor sem preconceitos concluiria que Maria e José tiveram outros filhos',
diz o autor do polêmico livro O Outro Jesus, Antonio Piñero, da
Universidade Complutense de Madri. Para o estudioso, Maria teve relações
normais com José depois do nascimento prodigioso de Cristo. Ou seja, não
criou os filhos do viúvo, mas teve os próprios depois de Jesus. Só mesmo
uma mãe cheia de filhos poderia ter perdido um deles numa peregrinação e
só se dar conta quase um dia depois.