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‘Srccor Eng’ Francace Ge Ameidae Sova = Propladade: Aveovarie Comerdal do Por _~ —_—_Adminsianio: Astosagao Comer 6 Porto ‘Sede: Palic da Bolsa — Aus Foneva Boges — Twa 2002728 — 4000 PORTO Foloarpoaggee impasse: Tpopaa Ura Grea — Porto Dep. Legal n# 1145786 + aga na DGCS.N* 107649 > CAstibulgto: Nei da Siva Boga, Las, — 8. uve de Tec, 271 — 4000 Pato Trager £000 exe : evita Mena : Prag #80800 : Asiatra foal 4.500800 74 SERIE ANO XI/N2 2 capa: Prof, Parada Leitso tn Momdria Hstrlea de Academie Poitécnica ‘do Port, por Magalhies Bastos. SUMARIO OS GRANDES VULTOS DO PORTO - JOSE PARADA LEITAO — Por Francisco de Almeida e Sousa 34 [AINTERVENCAO DO POVO KO GOVEFINO MUNICIPAL DO PORTO DURANTE O ANTIGO REGIME — Por Francisco Ribeiro da Siva 40 A ENTRADA REGIA DE D. MARIA II NO PORTO EM 1852 — Por Joaquim Jaime B. Ferreira Alves 8 ‘A iltima @ mais sangrente revolugae no Porto ~ 3 de FEVEREIRO DE 1927 — Por Allredo Ribeiro dos Santos 58 CARTAS DOS LEITORES 62 MEMORIA DOS ANOS 40 — Por Ercilio de Azevedo 63 © TRIPELRO 40 A INTERVENGAO DO POVO NO GOVERNO MUNICIPAL DO PORTO DURANTE O ANTIGO REGIME Por FRANCISCO INTRODUGAO Contrariamente aquilo que frequentemente se pensa @ se afirma, a gestéo municipal dos Concelhos princi- pais, durante 0 séculos da época moderna, nao esteve exclusivamente confiada a uns tantos individuos, sis- tematicamente recrutados nos grupos sociais privilegia~ dos. E verdade que as aristocracias locals detiveram as suas mos a supremacia e a direcgéio das C&- maras, E nao é facil encontrar nobres no desempenho de cargos concelhios menos prestigiados. Mas ao Povo laborioso das cidades @ vilas impor- tanies, organizado em corporagées de oficies, foi reser- vada alguma participagao cujo peso ¢ alcance variaram conforme as conjunturas de tempo e lugar, mas que foram sempre considerdveis, ao menos no que tocava ‘a matérias ligadas ao abastecimento e & organizagao da vida quotidiana em geral A\ patticipagéio popular nAo foi, pois, apenas a das manifestagdes e tumultos de rua (que nao podem deixar de ser analisados, entre outros aspectos, como uma forma extrema de intervencao} mas adquiriu expresso juridico-institucional que, no caso do Porto, remonta pelo ‘menos ao 1.® quartel do século XVI. Em Lisboa, a forga politica dos mesteirais fe2-se sentir mais cedo e mais intensamente. Para entendermos o enquadramento institucional da intervengao popular no governo municipal do Porto durante 0 Antigo Regime, deveremos ter em conta duas observagoes prévias, ‘A primeira 6 de cariz sociolégico: a populagao urba- na do Porta (como a dos restantes burgos do Reino ¢ até da Europa) dividia-se em duas grandes «classes» ujos interesses nao raro se mostravam antagénicos, Uma, a dos cidadaos, ou seja daqueles que mercé do RIBEIRO DA SILVA nascimento, do mérito ou da concessae régia gozavam de privilégios proprios da nobreza. Embora minoritrio, este grupo a que podemos acrescentar 0 dos fidalgos & nobres, constitulaa «sanior pars» €, porisso, a ele eram reservados os mals honrosos lugares do poder municipal A seguir (as vezes, do outro lado) colocavam-se os | homens dos oficios mectnicos ou mesteres e a popu- | lagdo em geral. Incomparavelmente mais numeroso (@ mais estratficado que © primeico) no dispunha da infludncia e da capacidade politica dos aristooratas. Mas efam os seus membros quem emprestava vida e colorido a cidade @ quem finha de abrir os cordées a bolsa para pagar fintas e oulras contribuigées direotas. Em linguagem da época, estes eram os do Povo, distintos dos da cidade que eram os cidadios. ‘A segunda observagao & de caréctr institucional: 0 governo municipal des Concelhos portugueses assen- } tava numa estrutura coleglal, trpartida, a saber: Juiz, Vereadores e Procurador. Os Juizes dos concelhos mais modestos ou depen dentes de senhorios eram dois e obtidos por eleigao local, chamando-se-Ines Juizes Ordinérios. Mas nos municipios mais importantes o Rei, desde cedo, (nalgune ‘casos desde © século XIV) logrou impor um juiz de sua nomeagao a que se chamou Juiz de Fora Parte. Os individuos investidos neste cargo eram juristas formados pela Universidade de Coimbra e integravam-se numa carrera que os poderialevar até Desembargadores dos Triounais Superiores. Nao sendo em rigor Presidente da Camara, 0 Juiz de Fora ocupava a primeira cadeira na mesa do despacho municipal e, por isso, procurava ser tratado como Presidente. Diga-se, no entanto, que no Porto jamais os Juizes de Fora conseguiram ver- -ines paciticamente reconhecido esse titulo. Sendo agente do Rel, néo admica que 0 Juiz de Fora fosse SRO (© TRIFEIRO 41 também interlocutor pivilegado no dislogo institucional da Corte com o municipic Diga-se, no entanto, cue nunca se perdeu de todo a tradig&io da escolha local dos juizes municipais. De facto, quando o Juiz de Fora se achava ausente ou impedido e nao podia ser substituido pelo Juiz de Fora dos Orléos (outro agente que os Monarcas absolutos conseguiram impor nas citades e vila importantes), as Ordenagdes previam que os dois Vereadores mais velhos exercessem a9 sles fungées, chamando-se-hes, nesse caso, Juizes pela Ordenagso Os vereadores eram dleitos localmente em sufragio trlenal convocado e supersisionado polo Corregedor da Comarca. Todos pertenciam & aristocracia concelhia Cada equipa de vereadores era formada, no Porto, por 4 elementos, hierarquizados de acordo com a dade, & 0 seu mandato, em regra, durava apenas um ano. Ano- meagao era feita pelo Rei que, em principio, os nomeava de entre 08 nomes que haviam sido escolhidos pelos eleitores locals. Mas esta regra conheceu excepcbes A instituigdo dos Vereadores foi aquela que verda- deiramente caracter'z0u ¢ governo municipal das con- calhos portugueses do antigo regime e foi tansplantada para 03 tert ultramerinos de juriscigao lustana, Mas para além d0 Juiz e dos Vereadores, todos os concelhos elegiam um Procurador que, tat como os antecedentes, devia sair Jo conjunto dos cidadéos. Por conseguinte, sendo esta a estrutura basica da organizagéo concelhia, parece que o Povo néo estava ai representado, ‘realidad, porém, nfo era exaclamente assim: primei, porque no sulrégo tienal, aque acima fizemos Teforéncia, alguns elemertos co pave tinham assent. segundo, porque 0 concete de reoresentatividade no Geponcia das circunstncias quantitatvstas que actual mente 0 enformam;tercero, porque, pelo menos, desde © primero quarte! do sécube XVI, o Povo do Porto estove representado na Camara por dois representantes a que se chamou os Procuradores do Povo ou dos Mesteres. ‘sua cleigo competia ao organism representaivo das Corporagées a que se chamava Casa dos Vinte © Quatro, A CASA DOS VINTE E QUATRO Devemos, por isso, artes de mais, dizer uma breve palavra sobre esta instituizao, tanto mais que na nossa cidade, na Rua de S40 Sabastigo, aos restos da velha Casa-Torre da Camara anda associado por alguma raz8o 0 nome da Casa dos Vinte e Quatro, Nao sabemos onde furcionou ou mesmo se chegou ‘a possuir instalages présrias. O facto de anualmente eleger um Escrivéio pode levar-nos a pensar que dispunha de um minimo de organizagae buroeratica & até de um Arquivo prépro. Que emitiv varios documentos, saberno-lo porque ‘ou as conhecemos ou temos notiola da sua existéncia, Nao estamos t40 sequros quanto ao Arquivo. Na verdade, a suposig4o surge prejudicada pelo facto de, om 1795, os Mesieirais terem solicitado & Camara que Ihes facultasse a documentago sobre as suas prerro ativas e competéncias, dacumentagdo essa conservada no Cartério municipal. Parece que se tivessem arquivo organizado néo precisavam de recorrer ao da Camara, Come quer que seja, mais do que um edificio, a Casa dos Vinte e Quatro era inicialmente @ Corporacio das Corporagées, congregando dois representantes de cada um dos principals affcios para coadjuvarem os homens-bons de Lisboa na governanca municipal. Nao se segue daqui que as profissdes organizadas fossem apenas doze. Em 1613, 0s oficios representados na Casa dos Vinte © Quatro do Porto eram treze, @ saber: — sapateiros, sombrelreiros, alfaiates, barbeiros, corteeiros, pedreitos, tanoeiros, cordosiros, carpinteiros, bainheiros, surradores, ferreiros e picheleiros. Os representantes eram eleitos anualmente pelos ficiais das diversas corporagées que também escolhiam um Escrivao. Nao era igual 0 peso de cada um dos mesteres: enquanto os sapateiros enviavam trés repre- sentantes, 0s picheleiros (oficio mais recente e menos numeroso} nao elegiam mais que um. Antigos Pagos do Concelho, na Rua de 8. Sebastio, depois das obras de limpeza até efectuadas recentemente ‘A este eeificio a tradicdo popular chamou ‘Casa dos Vinie @ Quatro.

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