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Invasão da Itália

Desmorona-se a resistência alemã em Salerno

Invasão aliada da península italiana:


Desembarque em Salerno

No mesmo dia em que as tropas de Montgomery se lançavam ao assalto contra o extremo sul da península
italiana, através do Estreito de Messina, as unidades de vanguarda do 5 o Exército aliado se faziam ao mar nos
portos da Argélia, da Tunísia e da Líbia. A operação Avalanche estava em marcha. Cerca de 16 comboios,
integrados por mais de 600 naves de todos os tipos, formavam uma frota de invasão e conduziam 125.000
soldados.

Nas primeiras horas de 6 de setembro de 1943 zarparam dos portos da Sicília os 70 barcos de transporte,
escoltados por três cruzadores e 14 destróieres, levando o último escalão de assalto. Nessa frota viajava o
chefe da expedição, General americano Clark, junto com seu Estado-Maior.

Poucas horas depois de iniciada a navegação, Clark reuniu os seus assessores e os informou da capitulação
da Itália, acrescentando que, de acordo com o estipulado, os italianos não ofereceriam resistência. Contudo,
era de se esperar que os alemães conseguissem reunir forças suficientes para enfrentar a invasão. Clark
terminou as suas observações dizendo: “No melhor dos casos podemos entrar em Nápoles sem encontrar
oposição; na pior circunstância, teremos uma luta de morte”. As forças do 5 o Exército, depois de se
concentrarem ao norte do porto de Palermo, na Sicília, se dividiram em dois grupos de ataque: o do norte,
integrado pelo 10o Corpo de Exército britânico, comandado pelo General McCreery, se lançaria sobre as
praias, numa primeira leva, conjuntamente com a 46 a e a 56a Divisões de Infantaria e os batalhões de apoio
de rangers americanos e “comandos” britânicos; esta força teria por missão assegurar a conquista da
localidade de Salerno e do aeródromo de Monte Corvino; o grupo de ataque sul, integrado pelo 6 o Corpo de
Exército americano, sob o comando do General Dawley, iniciaria o desembarque com duas divisões de
vanguarda, a 36a e a 45a de Infantaria; sua missão era capturar a localidade de Paestum, na costa, e depois
avançar rumo às colinas do interior, que dominavam as praias. Uma vez efetuado a ocupação do objetivo
citado, as tropas britânicas e americanas, reforçadas por levas sucessivas, lançadas imediatamente depois,
iniciariam o avanço para Nápoles e, pelo sul, estabeleceriam contato com as forças de Montgomery que se
deslocavam da Calábria.

Em marcha para Salerno

No dia 7 de setembro, as primeiras esquadrilhas da Luftwaffe começaram a sobrevoar os comboios aliados e


desfecharam os seus primeiros ataques. As incursões, contudo, foram facilmente rechaçadas pela artilharia
antiaérea e pelos caças da escolta. Na jornada seguinte, os aviões alemães reativaram os seus ataques. A força
de invasão norte foi objeto de repetidas incursões, e a sul, por sua vez, repeliu dois violentos bombardeios
dos aparelhos inimigos. Apesar do êxito da defesa, os alemães conseguiram afundar um LST (Landing Ship
Tank), nave de desembarque de tanque, e avariaram seriamente outro; danos menores foram causados a
numerosas embarcações. Assim sem maiores baixas, a frota aliada se aproximou do seu objetivo. A
devastadora ofensiva aérea realizada no mês anterior rendera os seus frutos; a força aérea alemã havia sido
praticamente destruída e o caminho do céu se oferecia aberto e sem obstáculo. Com o fator surpresa, no
entanto, não se poderia mais contar. As incursões da aviação alemã assinalavam que o Alto-Comando
inimigo já estava a par da situação. De fato, o marechal Kesselring, no dia 7 de setembro, ordenou à 16 a
Divisão Panzer, integrada por dois regimentos de tanques, dois de Panzergrenadier e um de artilharia
blindada, tomar posição nas praias do Golfo de Salerno, para conter o ataque aliado, enquanto o resto de suas
forças completava a sua concentração nessa zona; estas unidades compreendiam a 29 a Divisão de
Panzergrenadier, a Divisão Blindada Panzer Hermann Goering e a 1 a Divisão de Pára-Quedistas.

A manobra de distração aliada, efetuada por Montgomery no sul, não conseguira, portanto, o seu objetivo.
Retirando-se aceleradamente e dinamitando, após a sua passagem, as estradas e as pontes, as tropas alemães
conseguiram alcançar, oportunamente, o setor de Salerno. Não obstante, o desembarque inglês no extremo da
“bota” não seria totalmente inútil. No caso das forças de Clark serem lançadas ao mar, a posição britânica, no
sul, continuaria constituindo uma cabeça-de-ponte imprescindível para iniciar novas operações.

Na tarde de 8 de setembro, véspera do desembarque, o General Clark se reuniu com o Almirante Hewitt,
chefe da força naval, a bordo do cruzador Ancon e escutou as transmissões radiofônicas que comunicavam
oficialmente a rendição do governo italiano. Posteriormente, os dois chefes se transferiram para a ponte-de-
comando. Era já ao redor da meia-noite. Os rastreadores, nas vizinhanças da costa, completavam a limpeza
dos campos de minas; as naves da frota, em três filas sucessivas, detiveram suas máquinas. A bordo, os
oficiais começaram a reunir os homens de suas unidades. Os capelões, agrupando os soldados à sua volta,
lhes proporcionavam uma última benção. Centenas de homens, ajoelhados e descobertos, ouviam em
silêncio. As conversas haviam cessado; cederam lugar à reflexão, à tensão da espera, à lembrança dos entes
queridos. A morte estava próxima e todos sabiam disso. Um após outro, os grupos de assalto marcharam para
as bordas, cingindo seus capacetes e agarrando suas armas. A uma ordem, começaram a descer para as
lanchas de desembarque. Ao longe, a costa parecia apenas uma linha escura e fina. Aqui e acolá, como
relâmpagos que surgissem das profundezas da terra, as bengalas vermelhas, verdes e azuis, explodiam no
alto. Eram as unidades alemães que davam o alarma. Subitamente, 10, 100, 200 motores rugiram, quebrando
o silêncio da noite. As lanchas de desembarque, carregadas de homens, começavam a sua marcha para a
costa inimiga. Havia chegado a Hora H: 3h30 da madrugada.

Assalto às praias

Enquanto no setor norte a costa se convertia num vulcão, sob o canhoneio dos barcos britânicos que
estendiam uma barragem de fogo diante da primeira leva de desembarque do 10 o Corpo de McCreery, no sul,
centenas de barcaças se movimentavam silenciosamente, rumo à costa, sem bombardeio naval prévio, com a
intenção de surpreender as forças alemães.

Exatamente às 3h30, as embarcações que conduziam a bordo dois regimentos reforçados da 36 a Divisão de
Infantaria americana tocaram as areias da praia. Uma ordem se repetiu em todas as embarcações: “Abram as
rampas!”. Imediatamente, centenas de homens saltaram na praia e avançaram correndo em meio da
obscuridade. Paralelamente, ocorreu um episódio insólito, que por breves instantes paralisou os homens; do
interior da costa, uma voz, ampliada por uma rede de alto-falantes, ordenou imperiosamente, em inglês:
“Venham e entreguem-se. Estão todos cobertos!”. Simultaneamente, dezenas de bengalas surgiram das linhas
alemães. Era o sinal requerendo o apoio da artilharia. Rapidamente, um troar gigantesco e ininterrupto cobriu
a região. Os canhões alemães haviam começado a disparar sobre a praia. Longe, no interior, línguas de fogo
assinalavam a localização da artilharia alemã. Os projéteis começaram a cair sobre as praias e as
embarcações, levantando enormes massas de areia e colunas de água. A cortina de fogo alcançou uma
intensidade tal que muitas das embarcações da primeira leva tiveram que girar incontinenti e afastar-se em
busca de zonas mais propícias para poder tentar o desembarque.

Enquanto isso as tropas que haviam conseguido chegar às praias avançavam para o interior, penetrando
através dos alambrados de arame farpado e dos campos minados sob o fogo das metralhadoras alemães. As
lanchas da segunda leva caíram também sob o canhoneio dos alemães, cuja pontaria era dirigida
certeiramente por observadores situados nas primeiras linhas. Muitas embarcações foram avariadas e outras
foram a pique. A confusão se alastrou na operação de desembarque. Os soldados americanos em pequenos
grupos, seguidamente, se infiltraram para o primeiro ponto de reunião, uma fia férrea que corria paralela à
costa, a uns três quilômetros das praias.

Enquanto isso, ao norte, no extremo flanco esquerdo da cabeça-de-ponte, os rangers americanos e os


“comandos” britânicos haviam conseguido, num golpe audacioso, surpreender o inimigo e capturar as
colinas que dominavam a baía de Salerno. Esta vitória tática era de suma importância para os Aliados, pois
lhes proporcionava uma posição extremamente vantajosa para localizar suas peças de artilharia e postos de
observação. Por sua vez, a 46a e a 56a Divisões de Infantaria britânicas, protegidas pelo fogo da esquadra,
alcançaram as praias de se internaram em direção ao aeródromo de Monte Corvino, mantendo duros
combates com os soldados do 64o Regimento de Panzergrenadier.

Avanço para o interior

Ao amanhecer do dia 9 de setembro se iniciou, com grande dificuldade em virtude da oposição inimiga, o
desembarque da artilharia aliada e do restante material pesado. Em um incessante ir e vir, os Ducks,
caminhões anfíbios, transportaram para a terra as baterias de 105 mm de dois batalhões de artilharia de
campanha. Esse canhões chegaram oportunamente, sendo utilizados no rechaço de um violento ataque
tentado pelos tanques alemães contra os grupos de desembarque. Disparando quase a queima-roupa, os
poderosos obuses deixaram fora de ação numerosos tanques inimigos, obrigando os restantes a se retirar.
Paralelamente ao desenvolvimento desses combates, os tratores do corpo de engenharia americana trataram
de abrir amplas brechas nas dunas das praias, para permitir o acesso para o interior dos tanques e veículos
motorizados. Os Aliados atravessaram, nesse momento, a etapa crítica do desembarque. A confusão era
enorme. Homens e veículos chegavam às praias em desordem e ali ficavam detidos, sob o fogo incessante
das baterias alemães. Foi nessa fase crítica que o “chefe de praia”do setor americano, General O’Daniel,
desenvolvendo uma atividade febril e atuando com extrema energia, conseguiu canalizar o tráfego de
reforços, que chegavam incessantemente, e aos poucos descongestionar as praias.

Também, estabeleceu-se definitivamente um contato radiofônico efetivo com as naves da esquadra, o que
permitiu dirigir certeiramente o fogo naval contra as posições alemães, fato que teria decisiva importância
nas operações que se desenvolviam. Simultaneamente, os aparelhos embarcados nos porta-aviões de apoio,
aos quais se somaram bombardeiros bimotores, caças Spitfire, providos de tanques auxiliares e caça-
bombardeiros P-38, realizaram contínuos ataques de apoio contra as posições inimigas e repeliram as
incursões de aviões alemães. Ao todo, no primeiro dia da invasão, os aviões aliados efetuaram mais de 900
ataques.

Enquanto a situação nas praias se definia, as tropas da primeira leva de assalto espalhavam-se em leque para
o interior, a fim de fazer calar o fogo dos redutos alemães. As forças inglesas atingiram nessa noite as
proximidade do aeródromo de Monte Corvino, situado a 5 km para o interior, e deslocaram colunas
avançadas rumo à cidade de Salerno. Esta cidade também foi atacada, pelo norte, pelos “comandos”
britânicos.

Apesar das primeiras operações terem sido satisfatórias, não se havia conseguido consolidar uma frente
unida. No seu avanço, realizado em direções divergentes, os dois corpos de exército, o 10 o britânico e o 6o
americano, haviam ficado separados por uma brecha de 15 km de largura, no meio do qual corria para a baía
de Salerno o rio Sele.

Ao cair a noite de 9, o General Clark assim julgou a situação: “Cheguei à conclusão de que podíamos
considerar capturadas as praias e estávamos em condições de fechar a brecha entre os corpos 10 e 6 e dar
começo à investida contra as colinas das quais deveríamos nos apoderar, para depois chegar a Nápoles”. A
opinião do chefe americano era, contudo, muito otimista, pois não considerava o contra-golpe que os
alemães estavam a ponto de descarregar.

O contra-ataque alemão

Kesselring, entrementes, havia completado a concentração, na zona de desembarque, de poderosas unidades:


a 16a Divisão Panzer, a Panzer Hermann Goering e parte da 1 a Divisão de Pára-Quedistas. Estas divisões,
integradas por soldados veteranos, receberam ordem de pressionar os Aliados e “lança-los ao mar”.
Deveriam realizar um esforço máximo e um sacrifício supremo. Delas dependia o futuro das operações.
Clark, por sua vez, resolvera redobrar os ataques, valendo-se dos reforços que chagavam às praias; entre eles,
a 45a Divisão de Infantaria. A esta unidade foi designada a missão de internar-se em direção ao rio Sele,
conhecida como Ponte Sele e a localidade de Altavilla, situada a alguns quilômetros mais ao sul. Esta ação se
iniciou a 10 de setembro. Os alemães, porém, repeliram o avanço da 45 a Divisão, desalojando-a da Ponte
Sele e de Altavilla. Ao mesmo tempo golpearam duramente as tropas britânicas que avançavam na zona de
Monte Corvino. A batalha se encaminhava para o seu momento culminante.

A 11 de setembro, no momento em que o General Clark se dispunha a descer para a terra do navio-capitânia
Ancon, deteve-se a observar o cruzador Savannah, que se deslocava a pouca distância do Ancon.
Repentinamente, ouviu-se um som que Clark qualificou posteriormente de “guinchante, aterrorizante”. Era
uma bomba teleguiada, arrojada de grande distância por uma avião alemão. O projétil atingiu, num impacto
direto, o Savannah, explodindo com um estrondo aterrador na proa, debaixo da coberta do cruzador. A
belonave, avariada e envolta em chamas, teve que abandonar a zona de luta. Várias centenas de oficiais e
marinheiros pereceram nessa explosão.
Um pouco mais tarde, já em terra, Clark tomou conhecimento da situação crítica imperante no rio Sele, em
vista do fracasso do ataque aliado. Compreendeu imediatamente que ali estava aberto um ponto
extremamente vulnerável, pelo qual Kesselring podia lançar suas forças em linha reta até o mar, dividindo
em duas as formações aliadas. Para enfrentar esta séria ameaça, deu instruções ao General britânico
McCreery no sentido de reduzir a frente defendida pelas suas tropas, a fim de concentrá-las. Paralelamente,
ordenou ao General Dawley que retirasse apressadamente o máximo possível de tropas do flanco sul e as
transladasse ao setor norte, para enfrentar o iminente ataque alemão.

Tomadas estas disposições, Clark regressou ao Ancon, onde recebeu com satisfação a notícia de que a 82 a
Divisão Aerotransportada não seria empregada no assalto a Roma e ficaria à sua disposição para ser utilizada
em Salerno.

Chegou assim ao dia 12 de setembro. Kesselring havia já congregado as suas forças, distribuindo-as para o
golpe decisivo. As 16a e 26a Divisões Panzer e a 29a Panzergrenadier atacariam as unidades americanas no rio
Sele. A Divisão Panzer Hermann Goering e unidades da 3 a e 15a Panzergrenadier desalojariam os britânicos
da zona de Monte Corvino. A operação se iniciou com um avanço alemão sobre a localidade de Persano,
situada na margem sul do Sele. Ali teve lugar um violento combate entre os Panzer e sete tanques
americanos, cinco dos quais foram destruídos em poucos minutos. Estava assim introduzida uma ponta-de-
lança no próprio centro da cabeça-de-praia. Se os alemães conseguissem infiltrar essa lança até o mar,
separariam os britânicos dos americanos, colocando-os na alternativa de serem aniquilados ou reembarcados.
Kesselring decidiu aproveitar a fundo a extraordinária oportunidade que se lhe oferecia, e redobrou os seus
ataques na zona de Persano. Os elementos avançados da 45 a Divisão americana, que se encontravam mais ao
norte, na Ponte Sele, corriam o risco de ficar cercados. Clark, que instalara, nesse dia, o seu posto de
comando em terra, comprovou, com preocupação crescente, o desenvolvimento desfavorável dos
acontecimentos. Evidentemente, o chefe do 6 o Corpo, General Dawley, não estivera à altura da situação
(posteriormente seria substituído no comando). Com efeito, à medida que se intensificava o ataque alemão,
Dawley havia empenhado no cordão defensivo a totalidade de seus efetivos, sem manter reserva alguma para
fazer frente a um possível rompimento inimigo.

Os americanos resistem

A 13 de setembro, a situação dos Aliados se tornou crítica. O General Clark viu-se diante da possibilidade de
ter que suportar um forte ataque alemão que poderia chegar a obrigá-lo a reembarcar as tropas. Nesse caso, o
chefe americano deveria, caso se produzisse o recuo, destruir os imensos depósitos de abastecimentos
acumulados nas praias. Clark, profundamente preocupado com o destino futuro dos abastecimentos,
percorreu as praias. A poucos quilômetros dali, troavam os canhões alemães. Por um instante, o chefe
americano se viu tentado a efetuar a destruição dos depósitos, tal como o senso comum indicava. Depois,
refletindo, compreendeu que essa medida produziria um catastrófico efeito sobre o moral das tropas.

Em conseqüência, enquanto retornava ao seu posto-de-comando, decidiu arriscar tudo ou nada, e não destruir
os abastecimentos. Expressava-se então: “A única maneira de nos fazer sair da praia, será empurrar-nos
passo a passo, até a água”. Uma vez tomada essa resolução extrema, enviou uma mensagem ao General
Ridgway, comandante da 82a Divisão Aerotransportada americana, comunicando-lhe a crise que se estava
produzindo nas operações em Salerno e pedindo-lhe que reforçasse imediatamente com suas tropas a cabeça-
de-praia. O lançamento dos pára-quedistas deveria ser efetuado naquela mesma noite.

Após tomar essas medidas, Clark se manteve em seu posto-de-comando à espera dos acontecimentos. Uma
chamada telefônica o alertou pouco depois. Era o General Dwaley, chefe do 6 o Corpo americano. Com voz
agitada, comunicou a Clark: “Os alemães romperam em Persano e avançam na zona de nossa retaguarda!”.
Clark, perturbado, respondeu: “Que pensa fazer?”. Dawley, depois de uma pausa que parecia interminável,
disse: “Nada... Não tenho reservas... Tudo o que posso fazer é rezar...”. As palavras do seu subordinado
deram a Clark uma clara imagem do desastre iminente. De fato, nesse momento, os tanques alemães
acabavam de superar as tropas americanas entrincheiradas em Persano e, apoiados por unidades de
Panzergrenadier e canhões autopropulsados, cruzaram o rio Sele, continuando o avanço. Uma coluna se
deslocou para o norte e cercou um batalhão do 143 o Regimento de Infantaria americana. Outra coluna,
integrada pelo grosso das forças, se dirigiu diretamente para o sul, contra o próprio centro do perímetro
defensivo da cabeça de praia aliada. Seu objetivo imediato era a chamada Ponte Quemado, sobre o rio
Calore. Se esta passagem fosse capturada, os alemães poderiam avançar diretamente para o mar, dividindo as
forças americanas e britânicas.
Luta na Ponte Quemado

Ao cair da tarde de 13 de setembro, os blindados alemães deslocaram-se velozmente pelas poeirentas


estradas da região. Somente 3 km os separavam da Ponte Quemado. A artilharia, sediada em Persano,
apoiava com um violento fogo de barragem o avanço dos tanques. Os Panzergrenadier, deslocando-se pelos
flancos, consolidavam a brecha, eliminando os grupos isolados de soldados americanos que ainda ofereciam
resistência.

Pouco depois das seis da tarde, uma formação de vanguarda, integrada por 15 tanques alemães, se aproximou
da Ponte Quemado. Clark assim analisava a grave situação: “A esta altura da batalha estávamos
indubitavelmente à mercê de Kesselring, caso eles agrupasse todo o seu potencial e o lançasse
inexoravelmente contra as nossas tropas”. De fato, no setor da Ponte Quemado, os americanos contavam,
como unidades de contenção, só com dois batalhões de artilharia de campanha da 45 a Divisão de Infantaria.
Os dois batalhões haviam colocado os seu canhões numa colina, do outro lado do rio Calore, de onde
dominavam a Ponte Quemado. Os chefes de ambas as unidades, Coronel Muldrow e Tenente-Coronel Funk,
compreenderam imediatamente a decisiva importância do choque que estavam a ponto de travar. Em
conseqüência, tomaram medidas extremas para deter o avanço alemão. Reduziram as guarnições ao mínimo
e enviaram os soldados restantes até às margens do rio, armados com fuzis e metralhadoras, entrincheirando-
se ali, e localizando seus canhões de 37 mm para apoiá-los. Em seguida, os dois chefes formaram uma
reserva improvisada, reunindo os condutores de caminhões, mecânicos e tropas de diversos serviços. Essas
medidas foram logo comunicadas ao QG do General Clark. Este, enquanto recebia informes, estudava sobre
os mapas as vantagens e debilidades do dispositivo. Foi assim que localizou, sobre um dos flancos
americanos, uma colina que podia oferecer aos alemães um estratégico ponto de apoio ao seu avanço. Não
havia, portanto, tropas para defendê-la. Os minutos corriam inexoravelmente e era necessário assegurar a
posse daquele ponto. Clark, numa desesperada tentativa para reforçar suas unidades, apelou para um último
recurso. Ordenou que se entregassem armas para os músicos da banda da divisão e que fossem enviadas para
defender a citada colina. Com um toque de humor nesse momento dramático, Clark batizou o ponto elevado
como o nome de “Pico Piccolo” (Pico do Flautista). Todas estas medidas foram tomadas oportunamente;
após a localização dos soldados na colina, os alemães começaram o ataque. Os Panzer desataram um fogo
cerrado e tentaram vadear o rio, junto à Ponte Quemado. Simultaneamente, os americanos replicaram,
abrindo um violento fogo com todas as suas armas. Os canhões, exigidos ao máximo pelos artilheiros,
disparavam com um ritmo de oito projéteis por minuto e por peça, estendendo uma barragem praticamente
inexpugnável. As explosões ininterruptas cobriam a ponte, a estrada e os bosques vizinhos nos quais
tentavam se refugiar os tanques alemães. Estes efetuaram várias investidas, sem alcançar resultados
favoráveis. Perderam, ao contrário, numerosos veículos.

Ao chegar a noite, o ataque havia fracassado. Os alemães, em conseqüência, empreenderam a retirada. A


irremovível resistência dos dois batalhões americanos de artilharia, que efetuaram cerca de 4.000 disparos no
transcurso de poucas horas, havia frustrado os planos de penetração das unidades blindadas alemães.

Nessa mesma noite sobrevoaram a cabeça de praias os aviões da 82 a Divisão Aerotransportada americana e
lançaram, na obscuridade, um regimento de pára-quedistas que se incorporou imediatamente à linha de
defesa.

Kesselring derrotado

Na jornada seguinte, 14 de setembro, decidiu-se a batalha. Os alemães continuaram atacando violentamente a


cabeça-de-praia. Pressionados, os britânicos se viram obrigados a resistir encarniçadamente, a fim de evitar
serem exterminados. Os americanos, por sua vez enfrentaram vigorosos assaltos. A frente aliada, porém,
reorganizada durante a noite, tinha agora mais solidez. Concentrando as tropas e encurtando as linhas, se
conseguira fechar a brecha que separava os britânicos dos americanos. Kesselring, portanto, perdera a sua
melhor oportunidade. Clark assim classificou a atuação errada do seu rival: “Ainda hoje não posso
compreender como um general tão capaz como Kesselring não aproveitou essa ocasião para lançar um
ataque mais potente, nem porque utilizou sua numerosa frota blindada em grupos isolados, em etapas críticas
da luta... Esse erro do General Kesselring foi que nos salvou do desastre”.

Outro elemento foi fator decisivo no rechaço do contra-ataque alemão. A aviação aliada, realizando um
supremo esforço, concentrou todos os seus efetivos e atacou incessantemente as formações alemães,
bombardeando e metralhando em vôo rasante as concentrações de tropas, linhas de abastecimentos e
depósitos da retaguarda. Sob essa chuva de fogo, os ataques alemães perderam o ímpeto e terminaram
paralisando-se completamente. Também, os grandes encouraçados britânicos Warspite e Valiant se
aproximaram da costa e dispararam as suas enormes peças contra as posições inimigas, com efeito
devastador.

Além disso, na noite de 14 de setembro, chegaram por mar reforços britânicos e americanos, e um batalhão
de pára-quedistas da 82a Divisão Aerotransportada foi lançado sobre a retaguarda alemã.

No dia seguinte, 15 de setembro, Kesselring compreendendo que era impossível empurrar os Aliados para o
mar, determinou às suas unidades que cessassem o ataque e iniciassem a retirada. Cobrindo a retaguarda com
destacamentos de infantaria motorizada, os alemães se retiraram para o norte, em direção ao rio Volturno,
fazendo saltar as pontes e semeando minas ao longo das estradas. Estas ações, somadas à intensa chuva que
converteu as rodovias em lodaçais, dificultaram enormemente as manobras de perseguição que as tropas
aliadas do 5o Exército empreenderam.

A 16 de setembro, as unidades de vanguarda de Montgomery, que avançavam pelo sul, estabeleceram


contato com as tropas de Clark, com o que ficou concretizado uma frente unida através do território da
“bota”. A batalha de Salerno chegou então ao fim. Essa operação, que Clark definiu como “quase um
desastre”, custou aos Aliados mais de 11.000 baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos.

Apesar das perdas sofridas, as unidades anglo-americanas conseguiram converter numa brilhante vitória o
que poderia ter sido uma derrota humilhante. Avançando rumo ao norte, na costa do Adriático, as tropas do 8 o
Exército ocuparam, a 27 de setembro, a grande base aérea de Foggia, que logo seria transformada num dos
principais centros de bombardeiros aliados. Por sua vez, o 5 o Exército de Clark continuou o deslocamento em
direção a Nápoles, cidade em que a população já tomada armas contra as unidades de retaguarda alemães,
forçando-as a retirar-se. Às 9h30 da manhã de 1 o de outubro, uma unidade do Regimento de Dragões da
Guarda Real inglesa fez sua entrada na cidade. Pouco depois, o General Clark percorria de jipe as ruas do
grande porto italiano.

O chefe americano havia cumprido com êxito a primeira etapa da marcha sobre Roma. Duras jornadas o
esperavam antes de alcançar a meta. Uma vez senhores de Nápoles, os Aliados descobriram que os alemães,
antes da retirada, haviam destruído sistematicamente todas as instalações portuárias e ferroviárias da cidade.
Além de dinamitarem os túneis das estradas, as centrais de água e energia elétrica e os serviços de água
corrente, no intento de impedir que os Aliados utilizassem Nápoles como via de entrada de abastecimentos e
como base de operações futuras. Porém, as unidades de engenharia aliada demonstrariam, pela primeira vez,
a extraordinária eficácia dos métodos de reconstrução, em grande escala e a curto prazo. Numerosos
batalhões especiais de construções, providos de caminhões, tratores, guindastes, pás-mecânicas,
escavadeiras, etc., foram imediatamente aplicadas ao trabalho. Dia e noite, os engenheiros se mantiveram na
extenuante tarefa. O resultado foi quase imediato: ao fim de uma semana, o porto de Nápoles estava
trabalhando com mais de 20.000 toneladas diárias, assegurando assim, o abastecimento dos Aliados. Os
engenheiros aliados, também, reconstruíram rapidamente os serviços de água corrente, energia elétrica e
esgotos. Nas semanas seguintes, a vida de Nápoles foi retomando, paulatinamente, seu ritmo normal. Um
grave perigo, porém, ameaçada seus habitantes e as tropas aliadas: as bombas de tempo colocadas pelos
alemães para destruir os edifícios mais importantes do centro da cidade, e as doenças e epidemias que
ceifaram numerosas vidas.

A primeira bomba de tempo explodiu no domingo seguinte à entrada dos Aliados. Provocou a morte de 14
soldados e centenas de homens ficaram feridos entre os escombros. Nápoles fôra libertada, porém, a guerra
continuava cobrando o seu tributo.

Anexo
Forças de invasão
5o Exército Aliado (General Clark)
6o Corpo americano (Dawley): 3a, 34a, 36a, 45a Divisões de Infantaria e 82a Divisão Aerotransportada
10o Corpo britânico (McCreery): 7a Divisão Blindada; 23a Brigada Blindada; 46a e 56a Divisões de Infantaria; 1o, 3o e 4o
batalhões de Rangers e 2a e 4a unidades de “Comandos”.
Força Naval (Almirante Hewitt).
Intervieram mais de 600 embarcações de todos os tipos. A escolta dos comboios foi realizada pelos porta-aviões
Illustrious e Formidable e pelos encouraçados Nelson, Rodney, Warspite e Valiant. Para reforçar o apoio aéreo, aturam
os porta-aviões leves Unicorn, Battler, Attacker, Hunter e Stalker.

Engenheiros
Um dos problemas mais sérios que o Alto-Comando aliado teve que enfrentar ao planejar o assalto contra as praias de
Salerno, foi o da proteção aérea das forças de invasão. A zona de Salerno estava situada quase no limite extremo do raio
de ação dos aviões de caça aliados, estacionados nas bases da Sicília, e os caças tinham que percorrer uma distância
aproximada de 220 milhas. Os aparelhos P-38 podiam chegar à praias do assalto e permanecer sobre elas, mais ou
menos, uma hora, e os Spitfires, uns 20 minutos, se providos de tanques auxiliares. Os caças americano P-39 e P-40, no
entanto, com um raio de ação de 150 milhas, não estavam em condições de atuar em Salerno. Por isso, desde o início,
decidiu-se construir aceleradamente pistas improvisadas nas cabeças-de-ponte, para assegurar às tropas desembarcadas
uma efetiva proteção aérea.
Na própria tarde de 9 de setembro, quando se combatia duramente nas cercanias das praias, desceu à terra o primeiro
contingente de engenheiros do corpo de aviação americano. Imediatamente, iniciaram a construção de uma pista de
aterrissagem, sendo logo, porém, obrigados a suspender os trabalhos, ante a intensidade do fogo inimigo. Escolheu-se,
então, um segundo local, mais protegido e, antes do amanhecer do dia seguinte, terminou-se a construção de um campo
de aterrissagem de emergência. Enquanto isso, no transcorrer da noite, e amparados pela obscuridade, foram
desembarcados equipamentos e maquinaria pesadas, com os quais se iniciou a construção de uma pista no extremo sul
da cabeça-de-praia. Trabalhando febrilmente, os engenheiros taparam as fossas de drenagem, cortaram arvores e
nivelaram o terreno. Nas primeiras horas da manhã de 11 de setembro, haviam conseguido improvisar uma pista de
aterrissagem de 1.200 metros e pátios de estacionamento suficientes para abrigar uma esquadrilha de caças. Antes do
cair do sol, já haviam utilizado a “base” quatro caças P-38, avariados pelo fogo antiaéreo alemão.
Posteriormente, os engenheiros americanos construíram um segundo campo que, no contra-ataque dos alemães foram
forçados a abandonar. Trocando as pás pelos fuzis, intervieram então nos encarniçados combates que culminaram com a
paralisação do avanço alemão. No dia seguinte, os engenheiros voltaram a trabalhar e, 48 horas mais tarde, o novo
aeródromo já estava terminando. Assim, anônima e heroicamente, os engenheiros militares possibilitaram a vitória
aliada em Salerno.

O vôo de Hamilton
As forças do General Mark Clark combatem desesperadamente nas praias de Salerno, ao sul de Nápoles, enfrentando
um inimigo que parece disposto a lança-las ao mar. Clark, caminhando a largas passadas pela praia, atulhada de
abastecimentos, procura achar uma solução para o gravíssimo problema que suas unidades defrontam. Os alemães,
atacando sem descanso, empurram as tropas americanas, passo a passo, para o mar. Se Clark não der uma reviravolta
definitiva na situação, suas forças se verão obrigadas a ceder o terreno conquistado. O golpe, material e moral, será
irreparável.
Clark, bruscamente, gira sobre os calcanhares e regressa à sua tenda de campanha. Já se decidiu. Minutos depois fecha
um envelope e o guarda numa caixa com chave. É uma mensagem para o General Ridgway, comandante da 82 a Divisão
Aerotransportada. Clark diz:
“Quero que aceite esta carta como uma ordem. Sei o tempo que se necessita normalmente para se preparar um
lançamento, porém este caso é uma exceção. Quero que efetue um lançamento dentro de nossas linhas sobre a cabeça-
de-praia e desejo que o efetue nesta mesma noite. É imperativo”. Sem perda de tempo, Clark sai da tenda e chama um
de seus assistentes. Precisa de um piloto, de um bom piloto, capaz de entregar nas mãos de Ridgway a mensagem. O
assistente indica imediatamente o homem: o Capitão Jacob R. Hamilton, que se oferece voluntariamente para
desempenhar a missão. Após uma breve entrevista com Clark, que lhe entrega alguns documentos e vários mapas da
região, Hamilton decola rumo à Sicília.
Licata, Sicília. Um caça americano aterrissa em estilo de combate, aplicando os freios e quase dando uma volta sobre si
mesmo. O piloto, saltando da cabina, corre até a torre de controle. Há ali vários oficiais. Hamilton se perfila e comunica
a sua missão em voz entrecortada. Um dos americanos presentes lança uma exclamação e aponta para o alto. “Lá vai
ele!”, diz, desalentado. Hamilton ainda consegue divisar um pequenino ponto preto que se perde rapidamente na
distância, muito alto. É um C-47. A bordo viaja o General Ridgway.
Hamilton, piloto de caça, acostumado a decisões instantâneas, se precipita ao interior da torre de controle, correndo até
o homem que, com o microfone na mão, está em comunicação com o C-47. A bordo, o rádio-telegrafista se apronta para
cortar a conversação, quando uma voz alterada o coloca em tensão. É de Hamilton, que lhe grita, deixando de lado
regulamentos e códigos, que regresse imediatamente à base. Após rápidas consultas, uma ordem de Ridgway decide a
situação. E o C-47 volta à pista. Duas horas depois, Hamilton decola novamente e, a toda velocidade, voa rumo à
península. Leva a Clark a resposta que este esperava: “Pode ser feito”.
Ao aterrissar na pista improvisada, Hamilton detém o seu avião bem próximo de um jipe que o espera. Salta ao veículo,
que parte velozmente. Contudo, a perigosa missão de Hamilton não terminou. Enquanto o jipe corre pela estrada
poeirenta, oito aviões inimigos voavam paralelamente, o metralham. Hamilton salta do veículo e cai num lado da
estrada; uma dor lancinante lhe arranca um gemido. O piloto deslocou o ombro. Porém a resposta de Ridgway precisa
chegar as mãos de Clark. E Hamilton volta a guiar seu jipe.
Por fim, instantes mais tarde, o piloto entrega a mensagem esperada. Depois, volta ao seu avião e viaja novamente,
rumo à Sicília. A aventura de Jacob Hamilton se concluíra.

Ordem de não atirar


A 82a Divisão Aerotransportada americana se dispõe a lançar seus efetivos atrás das linhas do General Clark, numa
tentativa suprema de reforçar as suas defesas e deter o ataque alemão. O General Ridgway, numa mensagem dirigida a
Clark, lhe anuncia a decisão e lhe diz, também:
- É de importância vital que se ordene cessar fogo esta noite a todas as forças terrestres e navais da sua zona de do
Golfo de Salerno; um controle absoluto do fogo antiaéreo é essencial para o sucesso.
Clark, cumprindo o pedido de Ridgway, depois de emitir por escrito as ordens correspondentes, decide reiterar
verbalmente a determinação e, reunindo um grupo de oficiais do seu Estado-Maior, explica a missão e os envia a
percorrer bateria por bateria, a fim de assegurar que o fogo será interrompido a partir de meia-noite, momento fixado
para o lançamento.
Clark sabia que durante a invasão da Sicília, os soldados de Ridgway haviam sido alvos de fogo antiaéreo dos
artilheiros aliados. Muitos homens tombaram, então vitimados pelos disparos de seus próprios camaradas. Clark sabia
que o incidente não poderia repetir-se. E todas as medidas que se tomassem para evitá-lo seriam poucas.
Ao chegar a meia-noite, todas as bocas de fogo são silenciadas. A ordem é terminante. Não se deve fazer fogo contra
ninguém, seja quem for.
Em meio à escuridão, em silêncio, as guarnições antiaéreas escutam atentamente os mil rumores que a noite traz. De
súbito, inesperadamente, um surdo rugir de motores começa a aproximar-se. São 10, 12, 15 aviões que se aproximam.
Os vigias, atentos, percebem que a situação altera os planos previstos. Os aparelhos que se aproximam não podem ser
os que conduzem os efetivos da 82a Divisão. O rumor chega, precisamente, do lado oposto... São sem dúvida, os
alemães...
A formação alemã sobrevoa as praias. As primeiras bombas começam a cair. Bengalas de iluminação descem
lentamente, providas de pára-quedas. Balas de cores, disparadas contra as baterias denunciam os alvos. E rapidamente
se desata um verdadeiro inferno. Explosões, pipocar de metralhadoras, rugidos de motores exigidos ao máximo e gritos
dos feridos se misturam numa trágica confusão. Porém as baterias permanecem silenciosas. Os homens das guarnições,
cegamente aferrados à ordem recebida, resistem ao desejo incontido de comprimir os disparadores de suas armas. E o
ataque termina, por fim, quando os aparelhos alemães, sem uma perda, e afastam do local.
Minutos depois, com os motores rugindo, os aviões de transporte da 82 a Aerotransportada, sobrevoam a zona. Por
pequena margem evitou-se uma verdadeira matança.

Gás
O General Mark Clark se encontra na sua tenda de campanha, estudando os seus planos futuros. Porém, o rumor de
motores em marcha desvia a sua atenção dos mapas e das táticas. Soldado prático, acostumado a verificar pessoalmente
os menores detalhes exigidos de seus homens e equipamentos, Clark abandona a tenda e se dispõe a passar em revista,
informalmente, as tropas que cruzam pelo seu comando. Os primeiros caminhões se aproximam e Clark percebe, a
distância algo estranho nos homens, algo que não consegue identificar logo. Quando a caravana chega mais perto, Clark
vê claro. Alarmado, é sacudido por uma corrente elétrica. Os soldados levam máscaras contra gases ajustadas! Mark
Clark faz deter imediatamente a marcha da coluna e interroga os homens. “Gás”, é a resposta. “Onde há gás?” pergunta
Clark profundamente alarmado. “Em alguma parte da frente...” é a resposta. Clark, no entanto, após uma rápida reflexão
percebe que não tem sentido o uso das máscaras, já que ali não há o menor vestígio de gás.
De má vontade, os homens obedecem à ordem e guardam as máscaras. E prosseguem a marcha, inquietos e temerosos.
Inquietude e temor que se justifica amplamente, pois não será a única vez que a palavra gás espalha o terror entre os
homens. Numa oportunidade posterior, por ocasião do bombardeio de um porto onde se achava barcos aliados
carregados de abastecimentos, uma bomba atingiu um transporte carregado de balões de gás de mostarda. O fluido,
arrastado pelo vento que soprava em direção ao mar, perdeu-se sem causar baixas. O risco de um verdadeiro desastre,
contudo, não esteve longe. Uma simples mudança na direção do vento teria causado a morte de centenas de homens. Os
Aliados justificaram a existência do carregamento de gás declarando que era necessário dispor dele enquanto se
ignorasse as intenções dos alemães no tocante ao seu uso. O curso da guerra demonstrou porém que, como arma
ofensiva, o gás de mostarda ou outro similar nunca foi utilizado pelos contendores. A medida aliada, porém, se
justificava, posto que os alemães elaboraram grande quantidades de gás asfixiante e barcos carregados com tambores de
gás foram afundados ao fim da guerra.

Pára-Quedistas!
Do Diário de um oficial alemão da 16a Divisão Panzer, referindo-se à invasão aliada em Salerno.
“Despertei ao ser violentamente sacudido pelo braço. Um sentinela, inclinando-se sobre mim, apontava o céu e dizia:
“Pára-quedistas, Tenente!”. Eu, meio dormindo ainda, abri os olhos e vi surpreendente espetáculo. A distância ouvia-se
o zumbido de aviões afastando-se, e 50 ou 60 pára-quedistas ainda a uns 150 metros de altura, desciam para a terra. A
noite, de luar brilhante, permitia divisar cada um daqueles pontos brancos no céu, Rapidamente venci o momento de
terror e mandei acordar toda a companhia: “Às armas!”.
“Os artilheiros treparam como gatos nas torres e logo 14 canhões de 20 mm e umas 20 metralhadoras disparavam sobre
o inimigo. Isso continuou até que o ângulo de tiro tornou-se tão pequeno que os nossos próprios homens corriam perigo.
“Suspendam o fogo!”. Tínhamos agora que agir rapidamente. Acampávamos ao pé de uma colina cheia de árvores. Os
pára-quedistas aterrissavam ao nosso redor, porém a maioria mais ao alto da encosta, com a proteção das árvores,
podendo assim, mais facilmente lançar granadas e outros “brinquedos” contra os nossos tanques. Em vista disso,
mandei que os veículos saíssem discretamente para a estrada e se protegessem contra o ataque. Feito isso, me dirigi para
Penta, com alguns homens, para realizar um reconhecimento. Não se via nada. Revistamos algumas casas mas não
encontramos o menor traço dos pára-quedistas. E chegamos, então, ao último edifício de Penta, que me propus também
a revistar. Achei a porta fechada. Dois dos meus homens forçaram-na e ela cedeu, enfim. Nesse momento, três fuzis
automático disparam do interior da casa e meus homens escaparam, por sorte, de ser feridos. Nossa resposta imediata
foram granadas, uma, duas, três... Disparamos, depois, nossos fuzis e invadimos a casa, que estava densamente escura.
Arriscando-me, acendi minha lanterna e gritei: “Mãos para cima!”. No vestíbulo, havia 8 a 10 pára-quedistas,
aparentemente feridos. Pestanejaram ao ver a luz e ergueram os braços, titubeando. Os demais haviam fugido pela porta
traseira, porém era difícil persegui-los. Reunimos os prisioneiros e todo o material que havia, e saímos, pesadamente
carregados.
“Em seguida, com cuidado, examinamos conscienciosamente os prisioneiros e o material apreendido. Eram pára-
quedistas americanos, provenientes da Sicília, que realizavam as primeira ação de combate, que consistia em
interromper o trânsito na estrada entre Avelino e Salerno, na retaguarda da frente alemã. Entre o material achamos um
saco de minas, dois fuzis antitanques, duas metralhadoras leves, dois morteiros leves e rações para 30 homens durante
dois dias. Cada soldado levava um equipamento excelente. Uma pistola metralhadora de 12 mm, um revólver de 12
mm, três granadas de mão, muitas espoletas, faca, bússola, mapas impressos em seda, navalha, cigarros e material de
primeiros socorros”.

Heroísmo
Os homens do 5o Exército desembarcaram nas praias de procuram avançar para o interior, ampliando a cabeça-de-ponte.
Os alemães entretanto, combatendo duramente, enfrentam o ataque com todo o poder de fogo dos seus efetivos. A luta,
que se desenvolve numa frente fragmentada, sem linhas definidas, obriga os homens a decidir sem esperar ordens
superiores. E assim produzem-se episódios isolados, onde a coragem e o heroísmo anônimos escrevem páginas
inesquecíveis. Alguns desses fatos, às vezes, tornam-se conhecidos. Poucos, porém; a maioria permanecerá
desconhecida, alheia à história oficial da grande conflagração. Serão episódios que somente os seus protagonistas
relembrarão tempos depois, quando a guerra não for mais que uma triste lembrança.
Rastejando pela praia, o soldado J.C. Jones empunha fortemente a sua metralhadora. Perdeu todo contato com sua
unidade e procura orientar-se na escuridão que o envolve. Algumas sombras vagueiam aqui e ali. Amigos ou inimigos?
Jones não sabe. Porém decide arriscar. Estendendo-se no solo e engatilhando sua arma, chama em voz alta os homens
que se movimentam a seu redor. Primeiro uma, depois outra, chegam as respostas. São companheiros, perdidos também.
Jones, sem hesitar, os reúne à sua volta e os organiza. E parte à frente de “seus homens”, decidido a continuar
combatendo. Instantes depois, a formação obtém o primeiro sucesso. Um ninho de metralhadoras alemão voa pelos
ares. Depois outro e mais outro. Por fim, a praia fica livre e inimigos. O soldado Jones, agindo por conta própria, com
seus companheiros, varreu os alemães do local.
Uma patrulha americana avança lentamente. Sob um intenso fogo inimigo. Diante dela, disparando ininterruptamente,
um canhão de 88 mm, alemão, varre um setor do terreno. Ninguém passará por ali enquanto o 88 se mantiver em
atividade. E o sargento que comanda a patrulha decide, então agir. Não comunica aos seus superiores que é impossível
avançar nessas condições. Tampouco envia seus homens para suprimir o obstáculo. Vai ele mesmo. É Manuel Gonzáles,
um americano de origem espanhola, que sai do refúgio onde está estendido e rasteja lentamente até o 88. Leva nas mãos
duas granadas. Depois, já a escassa distância do canhão inimigo, Gonzáles, erguendo-se, lança, em rápida sucessão, as
duas granadas. Uma atroadora explosão é a conseqüência. Quando a nuvem de fumaça se dispersou, viu-se o 88
destroçado, fora do suporte. Ao seu redor, os alemães jaziam por terra, mortos ou feridos.
O soldado James M. Logan caminha lentamente por uma rua solitária. Dos lados, os escombros dos edifícios atestam a
violência da luta. Logan empunha nervosamente a sua arma, enquanto fixa o olhar em cada porta, em cada janela, em
cada cornija. Sabe, pressente que há inimigos ali, ocultos, observando-o. De súbito, um leve ruído o põe tenso, em
guarda. Rapidamente, se atira ao solo, e levanta a arma. E ali estão, frente a ele, três soldados alemães, que acabam de
saltar de um muro. Carregam seus fuzis prontos para disparar e os apontam nervosamente. Porém vacilam, apenas uma
fração de segundo, vacilam o suficiente para que Logan reaja uma fração de segundo antes. O soldado americano aperta
o gatilho e uma rajada varre literalmente os soldados alemães. Logan se ergue então e corre, desesperadamente, ate o
final da rua. Dobra a esquina correndo e ali, a poucos passos, vê uma metralhadora alemã em posição. Os dois alemães
que a manejam, surpreendidos pela inesperada aparição do americano, demoram para reagir. E novamente Logan, com
seus reflexos acutilados pela tensão, faz fogo quase às cegas. Os guardiães da metralhadora caem, perfurados pelas
balas.

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