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http://www.slideshare.net/durgarrai/empresrios-portugueses-incapazes-inteis-nocivos-e-batoteiros
A publicação do INE “Península Ibérica em Números” publicava dados comparativos das qualificações
entre empregados e patrões… e deixou de o fazer. Em 2008, o perfil das qualificações é elucidativo
Primário e Secundário Secundário
% Superior
inferior superior
UE 27 28 45 27
Empregadores España 50 22 28
Portugal 81 10 9
UE 27 21 50 29
Empregados España 40 24 37
Portugal 65 16 18
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outro lado, a Grã-Bretanha ao entrar no comboio comunitário, já sem pretensões de
grande potência global (Harold Wilson, decretara em 1971 o fim da presença inglesa a
leste do Suez), perdia também o seu interesse geopolítico em manter um Portugal
como forma de conter o engrandecimento da Espanha.
O primeiro governo do PS não consegue criar soluções para fazer face à situação e,
menos ainda, para uma mudança; e, em 1977, perante a degradação da situação,
recorre à intervenção do FMI, associando-se ao CDS. Depois de afastado o PS do
governo surgem, em 1979, três curtos governos de iniciativa presidencial (Eanes) até
o poder cair na AD (PSD/CDS/PPM), numa primeira fase chefiada por Sá Carneiro; e
que não irá conseguir resolver a crise financeira. De facto, Cavaco como super-
ministro das finanças da AD, tenta aproveitar os danos provocados pelos planos de
austeridade dos governos anteriores, produz um aumento real dos salários e uma
valorização do escudo, esquecendo que a subida do preço do petróleo em 1979 e a
má conjuntura internacional dali decorrente, não iriam consolidar essa política; e, pelo
contrário, degradou ainda mais a balança de transações, como reduziu o investimento
e voltou a fazer subir a inflação no ano seguinte.
Daí resulta uma nova intervenção do FMI em 1983/85, sob a forma de extended
facility, imposta a um governo PS/PSD que teve ainda de gerir a integração na CEE,
no âmbito de uma frustrada e saloia competição para que Portugal entrasse antes de
Espanha; após a entrada viria a ser adoptada a postura do “bom aluno” que sela
apenas a subalternidade, a subserviência, no seio de uma UE que discrimina mais
daquilo que une2.
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Sobre este tema estrutural, publicámos recentemente:
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/11/o-futuro-precario-do-estado-nacao-1.html
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/12/o-futuro-precario-do-estado-nacao-2.html
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2018/01/o-futuro-precario-do-estado-nacao-3.html
https://grazia-tanta.blogspot.pt/2018/01/o-futuro-precario-do-estado-nacao-4.html
Europa
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/04/para-uma-breve-historia-de-uma.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/05/para-uma-breve-historia-de-uma.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2017/05/europa-periferias-e-desastres.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/08/o-projeto-ue-desvalorizacao-interna-o.html
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/09/uniao-dos-povos-da-europa-ou-o.html
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Essa intervenção aponta claramente para uma redução do mercado interno (leia-se,
redução da capacidade aquisitiva de bens e serviços, por parte da população) com a
aposta na produção de bens e serviços exportáveis, para o que se exige
competitividade e encolhimento dos custos (isto é, mão-de-obra barata); e ainda
aumento de impostos, menos preços subsidiados, redução do investimento público,
subida das taxas de juro e desvalorização da moeda, surgindo daí grande degradação
do nível de vida, grande desemprego, fecho de empresas e salários em atraso. Tudo
isso, capeado por uma inflação gigantesca (28.7% em 1984).
Por outro lado, Cavaco desviou (1984/95) para cobertura de gastos públicos, 1206,4 M
contos devidos à Segurança Social, no âmbito da sua Lei de Bases – um roubo aos
trabalhadores, equivalente a toda a receita de contribuições da Segurança Social em
19953). A delapidação da Segurança Social tem sido, aliás, uma constante por parte
do partido-estado, PS/PSD e do seu apêndice CDS, perante a displicência da
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ver Livro Verde da Segurança Social, junho/1997
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chamada esquerda; atitude extensiva à enorme dívida4 dos empresários quanto a
contribuições não pagas. Convém referir, a propósito, que há mais de uma década
(2005) o binómio criminoso dito “socialista” - Vieira da Silva/Pedro Marques - introduziu
o factor de sustentabilidade na vida dos trabalhadores; o qual, representa para cada
um, a obrigação de trabalhar mais anos de vida, com os inerentes e acrescidos
descontos, tendo como contrapartida, um menor tempo de vida na reforma. O
capitalismo tanto defende aumentos de produtividade como usa a extensão dos
tempos de trabalho para aumentar a acumulação de capital, num reflexo de que não
abandonou o pendor esclavagista, de esmagamento dos direitos e tempos de vida dos
trabalhadores.
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http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/07/a-divida-seguranca-social-o-longo.html
A dívida à Segurança social era, em 2016 € 11567 M (€ 3332.8 M em 2007)
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aceleração da globalização e da concentração capitalista depois do final da II Guerra
mostrou que o nacionalismo inventado nos séculos anteriores era apenas um
instrumento do capital para dividir os povos, quando e enquanto foi necessário.
Verificou-se que, o modelo capitalista que moldou o regime fascista durante a maior
parte da sua existência não estaria a permitir a acumulação desejada pelo capital luso
e que o capital estrangeiro só entraria com maior liberdade de movimentos e com a
destruição da burocracia corporativa. Essa destruição, passado o período de forte
agitação social em 1974/75, conduziu a níveis de crescimento dos rendimentos de
capital muito mais elevados do que nos últimos anos do fascismo; e, as remunerações
do trabalho voltaram à sua subalternidade típica face aos interesses do capital. E, pior,
essa reconstituição capitalista sucedeu a um regime fascista, aconteceu numa
democracia de mercado, vendida como exemplar e inevitável por toda a classe
política, desde então, como o zénite da democracia.
Foi o princípio de uma ordem nova, esmagada a contestação popular com o golpe
militar de 1975; foi o princípio do actual regime pós-fascista, cuja estagnação resulta
da predominância de períodos de crise, de austeridade e de perda relativa para os
trabalhadores (em rendimentos e direitos), com curtos períodos de alguma folga que
conduzem à euforia quanto a crédito ao consumo, mormente de automóveis e a novos
enchimentos de bolhas imobiliárias; que, invariavelmente acabam em queda, como
está escrito nos astros.
Tomando para este período o ano de 1977 como base, observa-se que até 1995,
para um PIB que cresceu 22 vezes, os rendimentos do capital progrediram 34
vezes e as remunerações do trabalho 17 vezes; precisamente metade do aumento
verificado para os rendimentos do patronato. Sublinha-se que tratando-se de um
período de elevadas taxas de inflação, o importante na comparação efetuada vale
precisamente pelas disparidades, pela distribuição anti-social verificada, importando
menos os valores absolutos.
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Fonte primária: Banco de Portugal - Séries Longas para a Economia Portuguesa
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embora, mais tarde, no estertor do cavaquismo, a feroz política de austeridade
tenha acontecido sem o recurso à desvalorização.
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1990 1991 1992 1993 1994 1995
Remun. do trabalho 19,0 19,2 17,0 6,3 3,1 9,0
Rend. do capital 22,3 23,2 14,1 2,7 -5,5 2,8
Pib 20,1 14,7 12,4 4,6 8,4 8,1
Inflação 13.6 11.8 9.6 6.8 5.4 4.2
Chave de interpretação
Remun. do trabalho > Remun. do Rend. do capital Remun. do trabalho
Rend. do capital trabalho > PIB > PIB > Inflação
graf. 4
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Na sequência do retorno ao esmagamento do poder de compra da população,
num país onde a acumulação produtiva de capital é muito baixa por ausência
de verdadeiros capitalistas, investidores e empenhados em obter a sua
rendabilidade a partir de ganhos de produtividade, acentua-se o modelo do
subdesenvolvimento; isto é, esmagamento do poder de compra da população,
focagem na exportação de bens e serviços, na utilização extensiva e intensiva
do aparelho de estado como forma de obter favores, isenções, subsídios e a
mansidão do trabalho, mantido a baixo preço.
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