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2011
Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo
983
ARTIGO ARTICLE
na atenção primária
Romeu Gomes 1
Martha Cristina Nunes Moreira 1
Elaine Ferreira do Nascimento 1
Lucia Emília Figueiredo de Sousa Rebello 1
Márcia Thereza Couto 2
Lilia Blima Schraiber 3
Abstract This article deals with the masculine Resumo O artigo se debruça na discussão da au-
absence and/or invisibility in primary health- sência e/ou invisibilidade masculina nos serviços
care services and the consequent exclusion of men de atenção primária, com consequente ausência
of the preventive care. The analytical frame is da inclusão dos homens nos cuidados preventi-
based on the literature that discusses care related vos. A grade analítica está fundamentada na lite-
to health and masculinity. Methodologically the ratura que discute cuidados em saúde e masculi-
study uses qualitative analysis of the empirical nidade. O método deste estudo se baseia em uma
data (reports) gathered by semi-structured indi- análise qualitativa do material empírico advindo
vidual interviews of 20 professionals and by two dos depoimentos, na forma de entrevistas indivi-
focus groups with 12 workers of the nursing assis- duais semi-estruturadas, de vinte profissionais, e
tants staff of two primary healthcare services of do material de dois grupos focais com doze traba-
the city of Rio de Janeiro (RJ). Results point out lhadoras de nível médio de enfermagem de dois
two significant dimensions: the structural and serviços de saúde em atenção primária do muni-
the symbolic one. The structural dimension re- cípio do Rio de Janeiro (RJ). Os dados da pesquisa
veals low investment in the services’ organiza- apontam para duas dimensões dignas de atenção:
tion related to gender perspective approach, rein- a estrutural e a simbólica. A estrutural revela pou-
forcing the common sense that men are not pri- co investimento na organização do serviço numa
mary healthcare users. The symbolic dimension perspectiva de gênero, reforçando o senso comum
shows the non consideration of the masculine de que os homens não são usuários da atenção
universe themes as the difficulty men have in re- primária. A simbólica diz respeito à não conside-
vealing themselves to the professional, demand- ração de temas do universo masculino, como a
1
Fundação Oswaldo Cruz, ing a special privacy for attendance. Dealing with dificuldade que homens têm em se desnudar para
Instituto Fernandes these questions enhance the possibility of chang- o profissional, demandando uma privacidade no
Figueira, Departamento de
Ensino. Av. Rui Barbosa ing practices that are making men invisible to atendimento. Trabalhar nessas questões pode pos-
716/4º andar, Flamengo. the primary healthcare programs and taking them sibilitar a transformação das práticas que tor-
20550-011 Rio de Janeiro apart of the self care condition as well as the con- nam os homens invisíveis nos programas de saú-
RJ. romeu@iff.fiocruz.br
2
Universidade de São dition of carriers of others. de de atenção primária, afastando-os da condição
Paulo. Key words Men, Primary health care, Absence, de cuidadores de si e dos outros.
3
Departamento de Medicina Invisibility Palavras-chave Homens, Serviços de saúde, Au-
Preventiva, Faculdade de
Medicina, Universidade de sência, Invisibilidade
São Paulo.
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Gomes R et al.
Sexo Categoria
Medicina Serviço Enfermagem Psicologia Odontologia Nutrição Fisioterapia Engenharia
Social
Feminino 2 2 7 2 1 1 1 -
Masculino 1 - 1 - 1 - - 1
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Gomes R et al.
Segundo os entrevistados, há uma marca cul- do autocuidado. A doença é algo que vem de fora,
tural, no aprendizado de como se cuidar, que faz é descoberta, acomete, invade e por isso ame-
com que o homem chegue ao serviço de saúde dronta, como reforçam os trechos a seguir: “Ho-
com intercorrências graves. Há no ambiente fa- mem tem muito medo de encarar as coisas, as
miliar uma socialização de ideias que não esti- mulheres são mais corajosas. Até por medo de mor-
mulam um comportamento masculino de auto- rer. Os idosos procuram. É medo de morrer. Co-
cuidado, já que ao longo da trajetória pessoal o vardia do homem ter que deixar o trabalho. Só
cuidado dos homens é geralmente mediado por vem quando está no limite.” (GF 1, 2RJ)
figuras femininas como mãe, companheira e Nos grupos focais, ganha força a associação
filha(s): “O homem não tem essa cultura de se cui- entre o significado do cuidado à saúde e o medo
dar. Você enquanto mãe também não passa isso da morte. Na discussão em grupo, a figura femi-
para os filhos.” (GF 5, 2RJ) nina é destacada como aquela que sustenta afeti-
Esse tipo de comportamento influencia não vamente a casa e os cuidados com os filhos e com
só no estado em que esse usuário chega ao servi- o próprio homem. Seu papel ganha um qualifica-
ço de saúde, mas também na maneira como o tivo estruturante na diferença entre os gêneros, o
utiliza. A explicação para esse comportamento se homem sustenta materialmente a casa e a mu-
liga às exigências dos modelos hegemônicos de lher, afetivamente. É a mulher a referência de cui-
masculinidades: “Preconceito. Não, eu sou forte, dado e nesse contraste o papel feminino é ressal-
eu sou macho, eu não tenho nada, eu tenho que tado. A covardia de buscar um cuidado associa-
mostrar que eu sou forte.” (Penha, enfermeira, 2RJ). do ao medo de ter uma doença e à ideia de que
Os entrevistados recorrem às explicações so- pode vir a contar com a mulher como apoio nas
bre a cultura para tentar dar conta desse com- suas dificuldades também ganham peso nos de-
portamento masculino de não cuidar da saúde, poimentos: “Eu já acho que eles têm muito medo
associando a isso um reforço por parte da au- de encarar a realidade das coisas, entendeu? Ele tem
sência de programas no nível local voltados es- a gente como suporte. Se adoecer, se morrer, tem a
pecificamente para essa população. Esse tipo de gente que cuida. Eu vejo por esse lado: medo e por
comportamento masculino gera uma busca por ter a gente como suporte.” (GF1, 2RJ)
ações de saúde com a doença instalada: “Isso é Relativizando a perspectiva de que os homens
uma questão cultural, o homem não tem muito são signatários da fortaleza que lhes é atribuída
essa preocupação de cuidar da saúde e isso junta socialmente, uma das participantes recorre a uma
com a falta de vontade política que eu digo, porque “natureza feminina forte” que supera a do homem,
não existem programas voltados na Secretaria.” ainda em idades precoces, questionando a leitura
(Paulete, assistente social, 2RJ) social sobre a força masculina e justificando a ca-
“Homens que chegam lá com câncer de prósta- pacidade de superação não só da dor, como da
ta já na fase final. Eles demoram a buscar o atendi- morte, a partir de uma suposta natureza feminina:
mento, eles só vêm no último caso.” (Perpétua, en- “Essa questão de índice de morte eu já observava no
fermeira, 2RJ) neonatal. Nascia uma menina e um menino, era
Há uma exigência, socialmente construída, na mais fácil o menino morrer do que a menina. Parece
ideia de que um homem deve ser forte, desdo- que a menina tinha mais força, mais garra para a
brando-se na figura de um homem que teme sobrevivência e os meninos não”. (GF1, 2RJ)
cuidar de sua saúde, adiando tratamentos pre- Outro aspecto que ganha destaque na fala
ventivos. A doença e suas possíveis associações das entrevistadas e que no contexto do grupo
com a finitude da vida representam um perigo e provoca um debate com descontração é a dife-
uma ameaça à vida. É interessante essa associa- rença entre homens e mulheres na realização dos
ção entre frequência ao serviço de saúde e morte, exames preventivos. O preventivo de câncer de
como se a proximidade com esse lugar remetesse próstata para o homem motiva o aparecimento
muito mais ao eixo do tratamento da doença e de preconceitos, na forma de chistes e brincadei-
de suas sequelas, do que a um lugar de cuidado ras: “Uma questão também é o preconceito: foi le-
com a vida e a saúde. Tal perspectiva parece estar var dedada.” (GF, 2RJ)
sintonizada com a representação histórica e so- “Meu pai não queria fazer [o exame de prós-
cialmente compartilhada de que há uma descon- tata]: ‘Poxa, vai. É só o senhor não gostar. Se o
tinuidade entre saúde e doença, que esta última senhor gostar é perigoso! E ele faz.” (GF, 2RJ)
interrompe o ciclo vital e não a compõe. Essa Gomes10 aponta para o papel que a dimen-
perspectiva dificulta a incorporação da experiên- são simbólica ocupa na constituição de imagens
cia de adoecimento e sua elaboração na direção acerca da sexualidade masculina. Essa dimensão
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Os homens de outras faixas etárias parecem dos, procurar, rastreamento de patologia prostáti-
manifestar sentimentos de agressividade, impa- ca.” (Pompeu, médico, 2RJ)
ciência, nervosismo e pressa quando necessitam As expressões timidez, vergonha de pergun-
esperar ou não conseguem atendimento. Associ- tar, reservado, resistente, não se expor são utili-
ado a isso, há as exigências do trabalho e a neces- zadas como recurso para justificar o comporta-
sidade de cumprir os compromissos com o mes- mento masculino de não estar cuidando da saú-
mo servem como justificativa para não se cui- de. Apontam tais expressões para uma certa pers-
dar: “Estão sempre com pressa, nervosos, eles que- pectiva de resistência masculina ao autocuidado,
rem ir embora correndo por causa do trabalho. E inclusive como um sinal de fraqueza, de coisa de
fora desse horário não tem atendimento.” (GF, 2RJ) mulherzinha: “O homem parece ser mais tímido,
“Os homens nos agridem verbalmente porque [tem] vergonha de falar, de expor as coisas para a
acham que estamos enrolando, não entendem que o gente.” (Paola, enfermeira, 1RJ)
médico é que não chegou. Você não vê o homem “As mulheres são mais frequentes, porque elas
que está em atividade profissional esperando.” (GF, se tratam. Você manda a mulher ir no ginecologis-
2RJ) ta, manda a mulher ir no cardiologista, no neuro-
A sedução da diferença geracional e entre os logista, ela vai. O homem não vai.” (Percival, mé-
gêneros demarca para a mulher jovem facilida- dico, 1RJ)
des no acesso ao serviço. Considerando o acesso Esses comportamentos de maior reserva e/ou
difícil para ambos, mulheres e homens, as mu- timidez acabam por influenciar no manejo da
lheres de um modo geral levariam vantagem, em abordagem profissional. Ou seja, conseguir ser
função de ser o homem que as recepciona e na melhor sucedido na conquista dos homens para
relação entre os homens cria-se uma estratifica- o cuidado à sua saúde significa conseguir domi-
ção geracional que positiva os idosos no acesso nar um vocabulário, ou um repertório de interes-
aos serviços: “A mulher nova já começa vigilante. ses, adaptar outras práticas no processo de tra-
E quando é [de] meia-idade, isso continua. O ho- balho em saúde que permitam conquistar o ho-
mem novo passa por preguiçoso, longe do serviço, mem para a adesão às práticas de cuidado. Para
porque quer [o] dia, tá armando. Quando na faixa os adolescentes, é importante ainda reconhecer o
altamente produtiva, os próprios colegas de fila valor atribuído ao circuito da sociabilidade, do
acham que ele devia estar trabalhando.” (Pom- encontro lúdico, onde relações de trocas, não so-
peu, médico, 2RJ) mente simbólicas, mas também materiais, se fa-
Nas entrevistas individuais, aparece ainda a çam presentes. Para os homens adultos, o recebi-
dificuldade dos homens em procurarem o servi- mento do remédio em casa funciona como um
ço de saúde em função da vergonha, associada a estímulo de lembrança da consulta e de vinda ao
um sinal de fraqueza. Nesse sentido, as diferen- serviço, e mais uma vez é assinalada a importân-
ças socialmente construídas e compartilhadas cia do circuito de troca, daquilo que Martins19
entre os gêneros comparecem nos pares de opo- identifica como “circulação de bens de cura”. Esses
sição força/fraqueza, em que homens e mulheres bens de cura seriam referidos como a atenção, a
podem alternar essas posições de acordo com a confiança, as palavras técnicas recebidas e os re-
situação: “O homem é aquela pessoa forte, cheio de médios. As redes informais de confiança e amiza-
força, que nunca sente nada. A mulher que é o sexo de geradas no interior dos serviços e fora deles
frágil, agora aos poucos que está mudando alguma favorecem a adesão ao serviço de saúde21.
coisa, tem homens que já senta, já chega pra você e Neste eixo, destacaram-se de forma mais con-
pergunta sobre exame de próstata.” (Perpétua, en- tundente as colocações das trabalhadoras de en-
fermeira, 2RJ) fermagem de nível médio participantes dos gru-
“Homem não tem que se queixar, é forte, não pos focais. A facilidade com que evocam os re-
pode reclamar, não pode chorar. São uns precon- pertórios pessoais – não somente enquanto pro-
ceitos atrasados, quando na realidade nós sabemos fissionais, mas como mulheres comuns – facilita
que homem é muito mais fraco do que a mulher.” a apreensão dos sentidos associados aos precon-
(Pompeu, médico, 2RJ) ceitos, diluídos no senso comum, sem muitas ela-
Com relação aos sentimentos de vergonha, borações ou críticas que filtrem aquilo que possa
aparecem ainda no contexto da prevenção do ser pouco considerado no meio técnico. Foi com
câncer de próstata, dos exames e da percepção esse segmento que os temas da diferença entre os
dos homens sobre os mesmos: “De uma maneira gêneros, que privilegia mulheres e crianças, e as
geral, [eles] têm vergonha de dizer que foram pro- críticas a um sistema hierárquico e burocrático
curar ou que foram submetidos, até nem submeti- presentificam-se. Nesse último aspecto, a crítica
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Colaboradores
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