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Catequese 5
O significado da solidão original do homem
em que deve discernir e escolher conscientemente entre o bem e o mal, entre a vida e a
morte. As palavras do primeiro mandamento de Deus-Javé , que falam diretamente sobre
a submissão e a dependência do homem-criatura ao seu Criador, revelam de modo
indireto precisamente tal nível de humanidade, como sujeito da Aliança e “companheiro
do Absoluto”. O homem está “só”: isto quer dizer que ele, através da própria humanidade,
através daquilo que ele é, está ao mesmo tempo constituído numa única, exclusiva e
irrepetível relação com o próprio Deus. A definição antropológica contida no texto javista
aproxima-se, a seu modo próprio, daquilo que exprime a definição teológica do homem,
que encontramos na primeira narrativa da criação (“Façamos o homem à Nossa imagem,
à Nossa semelhança”). Commented [FA6]: Assim, o homem não faz paridade
com o próprio Deus, mas por uma iniciativa de Deus é
3. O homem, assim formado, pertence ao mundo visível, é corpo entre corpos. [...] O convidado a formar uma aliança com Ele. É preciso ter claro,
corpo, mediante o qual o homem participa do mundo criado visível, torna-o ao mesmo que Aliança é um ato de bondade do próprio Deus e não um
ato de justiça, pois a justiça pressupõe paridade entre os
tempo consciente de estar “só”. De outro modo não teria sido capaz de chegar a essa iguais, o que não é verdade entre Deus e o homem.
convicção a que, efetivamente, como lemos, chegou, se o seu corpo não o tivesse ajudado Contudo, por misericórdia de Deus, o homem é convidado a
a compreendê-lo, tornando o fato evidente. A consciência da solidão poderia ter ser um colaborador da graça de Deus.
enfraquecido, precisamente por causa do próprio corpo. Baseando-se na experiência de Commented [FA7]: O texto bíblico, então, deixa claro que
seu próprio corpo, o homem, ‘adam, poderia ter chegado à conclusão de ser o corpo é constituinte da identidade do homem, faz parte
da estrutura da pessoa e não é somente pura exterioridade.
substancialmente semelhante aos outros seres vivos (animalia). Ao contrário, como
lemos, ele não chegou a esta conclusão, pelo contrário chegou à convicção de que estava
“só”. O texto javista nunca fala diretamente sobre o corpo; até mesmo quando diz que “o
Senhor Deus formou o homem do pó da terra”, fala do homem e não do corpo. Apesar
disso, a narração tomada no seu conjunto oferece-nos bases suficientes para perceber este
homem, criado no mundo visível, exatamente como corpo entre corpos.
A análise do texto javista permite-nos também relacionar a solidão original do homem
com a consciência do corpo, mediante a qual o homem se distingue de todos os animalia e
“se separa” deles, e também mediante a qual ele é pessoa. Pode-se afirmar com certeza
que o homem assim formado tem, ao mesmo tempo, o conhecimento e a consciência do Commented [FA8]: Através da solidão original, o homem
sentido do próprio corpo. Além disso, ele o tem baseado na experiência da solidão compreende que, tendo um corpo, não se confunde com
original. todos as coisas que tem um corpo: ele descobre-se como
pessoa precisamente por ter um corpo, e ser “algo mais que
um corpo”. A isso, podemos chamar de auto consciência,
4. [...] O homem pode dominar a terra porque só ele — e nenhum outro ser vivo — é
gerada na situação da Solidão Original, pelo fato do homem
capaz de “cultivá-la” e transformá-la segundo as próprias necessidades (“fazia jorrar da ser um corpo.
terra a água dos canais para regar o solo”). E então, este primeiro esboço de uma atividade Commented [FA9]: Ainda que esse não seja o objetivo da
especificamente humana parece fazer parte da definição do homem, tal como emerge da Teologia do Corpo, podemos ver aqui certa Teologia do
análise do texto javista. Por conseguinte, pode-se afirmar que tal esboço é intrínseco ao Trabalho. Ao contrário do que muitos acusaram a Igreja,
especialmente os historiadores da época medieval, a Igreja
significado da solidão original e pertence àquela dimensão da solidão através da qual o não via o trabalho como um castigo de Deus. Desde de o
homem tem sido desde o princípio, no mundo visível, um corpo entre corpos, e descobre princípio o trabalho é uma maneira do homem de colaborar
o significado de sua própria corporeidade. com Deus, na sua obra de criação. Ou seja, desde de antes
do pecado, o homem trabalha. Com a diferença que o
pecado trouxe a fadiga ao trabalho, por isso “com o suor do
teu rosto, comerás o teu pão” (cf. Genesis 3, 19).