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LIÇÕES DA CRISE DE SEGURANÇA

Presença de homens das forças armadas e da força nacional no


patrulhamento das ruas no espirito santo produziu um efeito menor
do que o esperado e desejado

O Estado de S.Paulo
09 Fevereiro 2017 | 03h00

Enquanto a situação continua a se deteriorar no Espírito Santo, em razão


da greve da Polícia Militar (PM) – que acaba de receber a adesão da
Polícia Civil – já estão claros dois pontos importantes. A ajuda que as
Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança pode dar, nesses casos,
é limitada, estando longe das expectativas nelas depositadas. E deve-se
evitar também, daqui para a frente, que a insatisfação dos policiais com
seus salários, em geral reconhecidamente baixos, leve à repetição de tais
crises.
A presença de 1 mil homens das Forças Armadas e 200 da Força Nacional
no patrulhamento das ruas em várias cidades, especialmente na capital,
Vitória, produziu um efeito menor do que o esperado e desejado. Houve
uma pequena redução do número de homicídios, desde a chegada desse
efetivo, mas o total continua muito elevado: 95 até quarta-feira, o quinto
dia da greve. A tensão ainda é grande nas principais cidades.
Em Vitória, o transporte público continua precário, o mesmo acontecendo
com outros serviços, como os de saúde e educação. A maioria dos
comerciantes resiste a abrir suas lojas, pois em apenas quatro dias de
greve da PM 270 lojas foram saqueadas e a Federação do Comércio avalia
o prejuízo do setor, até agora, em R$ 110 milhões. Mensagens
compartilhadas nas rede sociais, mostrando assaltos à luz do dia, fazem a
maior parte da população ficar em casa. Uma parcela, mais revoltada, saiu
às ruas para protestar contra a greve e quase entrou em conflito com os
familiares dos policiais que cercam o quartel central da PM para
“impedir” sua saída.
E a adesão de grande parte dos policiais civis à greve da PM tende a
agravar ainda mais a situação, como teme a população, caso as
negociações do governo com os policiais militares demorem a produzir
resultado.
A simples comparação dos números dos policiais militares parados – a
maioria dos 9.382 que constituem o total do efetivo – e o dos militares e
agentes enviados pelo governo federal (1.200) mostra que não se poderia
mesmo esperar outra coisa. Nesse e em outros casos – cada vez mais
frequentes – em que essas forças intervêm, elas cumprem um papel
complementar, ficando o principal para os polícias locais. Essa é a sua
função. Além disso, deve-se considerar que os efetivos das Forças
Armadas empregados nessas missões de natureza policial não estão
adequadamente preparados para elas, porque essa não é sua missão
precípua.
É uma situação excepcional e como tal tem de ser encarada. Não se deve
criar expectativas indevidas com relação aos militares, como vem
ocorrendo com a população que, em desespero com a crise da segurança
pública, vê nas Forças Armadas uma tábua de salvação. Com relação à
Força Nacional, seus homens são de fato apropriados para tais missões,
porque recrutados dos quadros das policiais estaduais, mas sabidamente
em número muito abaixo do que a situação exige.
O papel principal na manutenção da segurança pública, mesmo em
situação de crise, será sempre, como é natural, das Polícias Militar e Civil
locais. Por isso, e para evitar que episódios graves como esse do Espírito
Santo se repitam, é imperioso que os governos estaduais cuidem melhor
do problema salarial dessas corporações. Embora nada justifique a greve
da PM capixaba – movimento ilegal e irresponsável, que deixa a
população à mercê dos bandidos –, é inegável que sua queixa sobre os
baixos salários procede. Depois que os policiais militares voltarem ao
trabalho, essa questão precisa ser resolvida.
O mesmo devem fazer os governos da maioria dos outros Estados, onde o
problema não é diferente, antes que a crise se espalhe, com os riscos
facilmente imagináveis.
Esse caso chama a atenção para um problema da maior importância, que
cedo ou tarde terá de ser enfrentado: a distribuição flagrantemente
desigual dos recursos destinados ao pagamento do funcionalismo público,
que sobram para a elite dos servidores dos três Poderes e falta para os de
setores vitais como segurança pública, saúde e educação, notoriamente
mal pagos.

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