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CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI 7.

492/86);

Crimes mais mencionados nos julgados do TRF3:


Art. 5º – apropriação indébita ou desvio.
art. 22 – evasão de divisas
art. 4º – gestão fraudulenta
art. 16 – operação de IF sem autorização
art. 19 – fraude na obtenção de financiamento
art. 17 – empréstimo ou adiantamento vedados

Noções Gerais
O SFN é composto pelo conjunto de órgãos, entidades e pessoas jurídicas que lidam com
as finanças em geral, através de dinheiro, títulos, depósitos, e todas as atividades que
envolvam circulação de valores, o que inclui o mercado de capitais, seguro, câmbio,
consórcios, capitalização, poupança.
Integrantes do SFN: bancos, bolsas de valores, casas de câmbio, financeiras, e corretoras
de valores mobiliários, de consórcios, e de seguros. Destaca-se que as referidas instituições
devem ser ou nacionais, ou oficiais (controladas pelo Poder Público), ou equiparadas pela
lei, como é o caso do BIRD – Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento-,
que foi reconhecido como instituição oficial pelo STF do julgamento do INQ. 20271.
Não sendo instituição financeira nacional, ou oficial, ou equiparada, não poderá ser
considerado como tipificado como crime contra o SFN.
CF: Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em
todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por
leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro
nas instituições que o integram.
A Lei n. 7.492/1986 contém crimes relativos a:
 Mercado Financeiro em Geral.
 Mercado de Capitais (ações, títulos e valores mobiliários).
 Mercado de Câmbio.

Valores mobiliários (títulos de bolsa): títulos negociáveis, representam direitos de sócios


ou direitos de empréstimos a longo prazo.
 Emissão em massa, mesmo valor.

1 “PENAL. INQUÉRITO. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. FINANCIAMENTO OBTIDO


JUNTO AO BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E O DESENVOLVIMENTO - BIRD. APLICAÇÃO
PELO ESTADO DE RONDÔNIA EM FINALIDADE DIVERSA DA ESTABELECIDA NO CONTRATO DE
FINANCIAMENTO. PROVA DE MATERIALIDADE. INDÍCIOS DE AUTORIA. CLASSIFICAÇÃO TÍPICA CORRETA.
DENÚNCIA RECEBIDA.
1. Os fatos narrados pela denúncia se subsumem ao tipo do art. 20 da Lei n° 7.492/86. O BIRD é instituição
financeira oficial, tendo fornecido as verbas do financiamento ao ente federativo em questão, através da União,
para aplicação em Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia – PLANAFLORO -, mas os recursos foram
retirados da conta vinculada do Convênio e utilizados em finalidades desconhecidas” (STF, INQ 2027/RO, Min.
Joaquim Barbosa, Plenário, julg. em 12/08/2010)
 Circulação em bolsa de valores
 Longo prazo.

Bem jurídico: Sistema Financeiro Nacional (SFN)- supraindividual.


 Organização e higidez do mercado, do meio circulante.
 Credibilidade; confiança.
 Segurança dos negócios.
 Execução de políticas públicas cambiais e monetárias.
 Entendimento minoritário: deve haver lesão sistêmica (BALTAZAR discorda).

Instituição Financeira
Nos crimes contra o SFN, a instituição financeira pode figurar como:
 Agente do crime, lesando terceiros.
 Vítima.
 Autor (funcionários) e vítima (patrimônio).
 Instrumento para a prática (ex: lavagem de dinheiro).

Art .1º da Lei 7.492/86:


Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito
público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou
não, a captação, intermediação ou aplicação² de recursos financeiros (Vetado) de
terceiros¹, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição,
negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
¹ Não inclui recursos próprios: estão excluídos o investidor individual e o agiota.
² Captação: depósito bancário.
Intermediação: empréstimo, com recursos de terceiros.
Aplicação: compra de títulos.
A forma societária é irrelevante, não descaracterizando a condição de instituição
financeira o fato de a empresa não estar constituída como sociedade anônima.

Órgãos normativos (regulamentação):


 Conselho Monetário Nacional (CMN).
 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
 Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC).

Entidades supervisoras (fiscalização):


 Banco Central (Bacen).
 Comissão de Valores Mobiliários (CVM):
o Autarquia especial vinculada ao MF, com autonomia financeira e
orçamentária
o Presidentes e diretores nomeados pelo PR e aprovados pelo Senado.
o Pode determinar a suspensão de negociação de um valor mobiliário, o
recesso da bolsa de valores, suspensão e cancelamento de registros e
credenciamento e o stop order.
 Superintendência de Seguros Privados (Susep).
 Superintendência de Previdência Complementar (PREVIC).
- Operadores (execução):
 Instituições financeiras.
 Bolsas de mercadorias e futuros.
 Bolsas de valores :BM&FBOVESPA.
 Sociedades seguradoras.
 Sociedades de capitalização.
 Entidades abertas de previdência complementar.
 Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão).

O parágrafo único trata das instituições financeiras por equiparação:


Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou
qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que
de forma eventual.
Instituições financeiras – exemplos:
 Agentes autônomos de investimento (equiparação).
 Sociedades corretoras de valores e câmbio.
 Bolsas de valores (hoje, somente BM&FBOVESPA).
 Administradoras de consórcios.
 Pessoa física que exerce consórcio informal, sem autorização do Bacen
(equiparação).
 Pessoa física que capta recursos de terceiros a pretexto de investi-los no mercado
financeiro.
 Agência de turismo que realiza operações de câmbio.
 Empresa que age como intermediária ou captadora de metais preciosos.
 Empresa que realiza venda a prestação para entrega futura.
 Empresa que intermediava depósitos, cobrando taxas.
A companhia aberta não adquire a natureza de instituição financeira pelo mero fato de
emitir valores mobiliários para, mas o seu gestor pode ser sujeito ativo de crime contra
mercado de capitais.
São equiparados:
 Doleiros (cambistas).
 Empresas de Cartão de Crédito: há discussão, pois não lidam com recursos de
terceiros.
 Fundos de pensão (previdência privada): recursos dos associados.
 Empresa funerária (há controvérsia): cobrança antecipada pela prestação dos
serviços.
 Operadoras de Planos de Saúde (precedentes mais recentes).
Não podem ser equiparadas:
 Factoring (faturamento mercantil): compra de créditos de pessoas jurídicas.
 Agiota não pode ser equiparado, pois utiliza recursos próprios, contudo, caso capte
recurso de terceiros, poderia ser equiparado. Possível: crime de usura
(competência da JE).
 Estados-membros: emissão de títulos da dívida pública – STF entendeu que não se
equiparam (BALTAZAR discorda).
 Correspondentes bancários (lotéricas, banco postal).
 Instituição financeira estrangeira (o BIRD é internacional, não estrangeiro).

Em geral, são crimes próprios: (art. 25)


Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os
administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes
(Vetado).
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o
liqüidante ou o síndico [administrador judicial].
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou
partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda
a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 9.080,
de 19.7.1995)
 Controlador: detentor da maioria das quotas ou ações da sociedade.
 Administrador: até mesmo administrador de fato.
 Diretor: nomeação homologada pelo órgão fiscalizador.
 Liquidante: liquidação é modalidade de dissolução das instituições financeiras, em
regra.
 Síndico (da massa falida): hoje se chama administrador judicial (Lei n.
11.101/2005).

Crimes próprios por expressa disposição:


 Art. 5º - apropriação indébita e desvio;
 Art. 17 - empréstimo ou adiantamento vedados.

Crimes próprios em decorrência lógica da estrutura do tipo:


 Art. 4º - gestão fraudulenta;
 Art. 4º, parágrafo único- gestão temerária;
 Art. 6º - sonegação de informações ou informações falsas;
 Art. 9º - falsidade em título;
 Art. 11 - contabilidade paralela.

Para o STJ, o gerente de agência está abrangido pelo art. 25 (não é pacífico).
Membro de Conselho de Administração, também está.
Pessoa física também pode ser Instituição Financeira por equiparação (doleiro).
O art. 25 não determina a responsabilidade objetiva.
Coautoria: a qualidade de gestor, quando elementar do tipo, comunica-se (desde que o
partícipe tenha ciência).
Participação: possível. A Lei Contra o Sistema Financeiro Nacional não traz crime de mão
própria.
O artigo 25, § 2º, admite a participação ao autorizar a redução da pena de um a dois
terços para o agente que confessar e revelar toda a trama delituosa. Porém, para BALTAZAR,
o dispositivo foi revogado pelo art. 13 da Lei 9.807/1999 (colaboração premiada), que deu
nova disciplina ao tema, de forma geral e mais abrangente.
Denúncia pode conter a narração genérica dos fatos, mas deve indicar o liame do fato ao
acusado.
O parágrafo único do artigo 26 autoriza ao BACEN e à CVM a atuação como assistentes de
acusação.
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar
ao Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
Isso não impede que seja proposta a ação penal subsidiária da pública (art. 5º, LIX, da CF
e art. 29 do CPP).
Sigilo bancário/financeiro:
Autos com dados cobertos por sigilo bancário, fiscal ou com transcrições de
interceptações telefônicas: acesso somente às partes e seus advogados.
Somente outorga de procuração autoriza o acesso do advogado aos dados sigilosos nos
autos.
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá
requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos
crimes previstos nesta lei.
Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como
óbice ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.

LC 105/2001
Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e
serviços prestados.
O Ministério Público pode obter informações bancárias diretamente das
instituições financeiras?
NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).
Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de
contas de titularidade de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o
patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª
Turma. HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015; STF, RHC 133118/CE , Rel. Min. Dias Toffoli,
2ª Turma, 09/03/2018).
O repasse de informações acobertadas pelo sigilo bancário da SRFB e do COAF ao
Ministério Público é controvertido na jurisprudência. Há decisões do STJ e do STF admitindo
a transferência do sigilo dos bancos para o Fisco, estendendo o entendimento também para
a esfera penal.
 O STF admitiu a repercussão geral do tema (RE 1055941 RG, 30/04/2018 –
pendente de julgamento)
BALTAZAR entende que o MP pode obter diretamente informações financeiras sem
autorização judicial, pois à autoridade fiscal é conferida essa prerrogativa. Além disso, o art.
9º da LC 105/2001 determina que o BACEN e a CVM devem representar ao MP, juntando
documentos necessários à instrução, quando constatarem a ocorrência de crime de ação
pública.
Prisão preventiva
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado
pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática
de crime previsto nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada
(Vetado).
Apenas mitiga a exigência dos requisitos da prisão preventiva do art. 312 do CPP.
Não se trata de hipótese autônoma de prisão preventiva.
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá
prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons
antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
Em caso de prisão em flagrante, pode ser concedida liberdade provisória sem fiança, se
não for caso de prisão preventiva.
Deve-se observar o art. 387, § 1º, do CPP: o recolhimento à prisão não é condição para o
conhecimento da apelação.
Crimes contra o SFN estão elencados dentre os crimes em que é possível a decretação de
Prisão Temporária (Lei n. 7.960/1989)

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se
refere o § 1º do art. 49 do Código Penal, pode ser estendido até o décuplo, se verificada a
situação nele cogitada.
Regra especial em relação ao art. 60, § 1º, do CP.
Competência
Para os crimes desta lei, a competência é sempre da Justiça Federal mesmo que não
haja prejuízo a bens ou interesses da União, autarquia ou empresa pública federal, pois a
competência é em razão da matéria.
 Se houver crime contra a ordem econômico-financeira prevista em outra lei, a
competência será da Justiça Estadual, salvo previsão expressa.
 A competência da JF prevalece sobre a do Juízo de Falências, excepcionando o
princípio da universalidade.
 Competência territorial: local de realização da operação.
Conexão
Súmula 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a” [pena
mais grave], do Código de Processo Penal.”
Conexão entre juízos federais: local da infração à qual for cominada pena mais grave (art.
78, II, a, do CPP).
Não há nenhuma tipificação por crime culposo.
O crime de atribuir-se falsa identidade para câmbio é o único punido com detenção.
Não se aplicam aos crimes contra o SFN as regras de suspensão e extinção da punibilidade
próprias dos crimes contra a ordem tributária.
 Há previsão específica de extinção de punibilidade pra o crime do art. 22 (evasão
de divisas) na Lei n. 13.254/2016 - Regime Especial de Regularização Cambial e
Tributária (RERCT).
O Banco Central do Brasil e a CVM:
 Devem representar ao MPF quando verificarem fatos que podem configurar crimes
previstos na LCSFN (art. 28).
o A denúncia pode ser oferecida com base nos indícios apurados pelo BACEN.
 Podem atuar como assistentes de acusação.

FABRICAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE PAPEL REPRESENTATIVO DE VALOR


MOBILIÁRIO (ART. 2º)
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem
autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento
representativo de título ou valor mobiliário:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz
distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo.
Bem jurídico: fé pública.
Crime comum.
Forma específica de falsidade.
“Cautela”: certificado provisório de certo número de ações ou debêntures.
Admite-se a tentativa: imprimir, reproduzir e fabricar (plurissubsistentes).

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA OU PREJUDICIALMENTE INCOMPLETA


(ART. 3º)
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição
financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Confiança no sistema financeiro.
Informação falsa pode gerar uma corrida dos correntistas.
Não impede divulgação de informação negativa, porém verdadeira.
Crime comum.
Prejudicialmente incompleta: omitir dado essencial, causando prejuízo.
O mercado é sensível a boatos ou notícias infundadas. Fake news.
Tipo subjetivo: dolo e intuito de causar prejuízo (elemento subjetivo; especial fim de
agir).
Crime de mera conduta.

GESTÃO FRAUDULENTA (ART. 4º) - IMPORTANTE


Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Apesar de o tipo ser aberto, prevalece que é constitucional, não fere o princípio da
taxatividade.
“Fraudulentamente”: elemento normativo.
Gestão fraudulenta não se confunde com a gestão TEMERÁRIA, que é aquela
excessivamente ousada, impetuosa.
Se há ardil, artifício, estratagema, engodo, fraude, enganação, para induzir ou manter
alguém em erro, o crime é o de gestão fraudulenta.
Crime próprio: pessoas elencadas no art. 25 – controlador e administradores (diretores,
gerentes).
Coautoria: possível. A qualidade de administrador é elementar e, por isso, comunica-se.
Forma omissiva: possível, em tese, se houver dever de vigilância.
Não há forma culposa.
Crime formal e de perigo concreto, sendo desnecessária a efetiva ocorrência de dano ou
outro resultado material externo à conduta do agente.
 Por consequência, não cabe arrependimento eficaz ou posterior (somente em
crimes materiais).
Não se exige que se trate de instituição financeira regular, podendo haver concurso formal
com o crime do art. 16 se a instituição financeira não é autorizada.
Jurisprudência do STJ, STF e do TRF3: crime habitual impróprio (acidentalmente
habitual) – um único ato pode configurar o crime, mas a reiteração não implica concurso
(para BALTAZAR o crime exige habitualidade).
 Por consequência, não cabe a exasperação pelo crime continuado.
STF - O fato de a conduta do paciente ser, em tese, atípica - avalização de empréstimo - é
irrelevante para efeitos de participação no crime. (HC 89364, 2ª T., 18/04/2008).
 Garantia intuitu personae: confiança.
 Reconheceu-se a possibilidade de um único ato configurar o crime.
 Obs. pessoal: a relevância de uma ação supostamente neutra deve ser analisada à
luz da teoria da imputação objetiva: criação de um risco proibido; ocorrência do
risco no resultado; previsibilidade do risco dentro da esfera da norma de proibição
(nexo de risco).
Somente pode correr em instituição financeira localizada no Brasil.
Vontade livre e consciente de praticar os atos fraudulentos, sendo desnecessário qualquer
outro elemento subjetivo do tipo.
Não requer, ao contrário do estelionato, obtenção de vantagem ilícita, nem o prejuízo de
terceiros (crime formal).
Princípio da insignificância: não é aplicado pela jurisprudência (STJ, TRF3).
As dificuldades financeiras são irrelevantes.
Operações de “esquenta-esfria”: simuladas, sem real movimentação de recursos.
 Compra e venda simulada, combinada para um mesmo ativo, por parte de clientes
de uma mesma corretora.
 Dois interessados: pessoa jurídica quer pagar menos tributos (esfria), declarando
prejuízo; pessoa física quer lavar dinheiro (esquenta).
Casos reais:
TRF3:
1. “A fraude consistiu na contabilização, no ativo, de créditos de difícil ou impossível
recebimento e lançamentos de pagamentos diversos - como fornecedores, honorários,
remunerações de prestadores de serviços, auditores, atuários, consultores,
mensalidade de leasing, adiantamentos a empresas do grupo - em conta de caráter
genérico (intitulada "adiantamento a fornecedores"), sem a apresentação das notas
fiscais correspondentes e sem os respectivos lançamentos na Conta Resultados, de
modo a aumentar indevidamente o ativo, induzindo a erro não só a SUSEP como
também o mercado financeiro.”
2. Aplicação financeira simulada em nome de entidade filantrópica, com recursos
desviados para empresa de que era sócio o administrador da instituição financeira.
3. Utilização indevida de recursos de clientes de administradora de consórcio de veículos
para gerar fluxo de caixa à empresa coligada, vendedora de veículos usados, enquanto
não eram vendidos os automóveis recebidos como parte do pagamento pelos
consorciados.
Pagamento em duplicidade: quando um consorciado era contemplado, emitia-se um
cheque para a compra do bem do cliente e outro, que era depositado na vendedora de
veículos. O valor depois retornava para a conta do consórcio sem qualquer
remuneração.
4. Diretores de banco utilizaram recursos ociosos em conta de clientes, sem autorização,
em aplicação simulada a fim de burlar a regra de depósitos compulsórios perante o
BACEN.

Concurso com outros Crimes


BALTAZAR: absorve os delitos do 6º, 7º, 9º, 10, 11 e 17 da LCSFN, bem como a falsidade
ideológica, sempre que as fraudes se exaurirem na gestão fraudulenta.
 Art. 6º: Sonegação de Informação ou Prestação de Informação Falsa.
 Art. 7º: Emissão, Oferecimento ou Negociação Irregular de Títulos ou Valores
Mobiliários.
 Art. 9º: Falsidade Ideológica de Título.
 Art. 10: Falsidade em Demonstrativos Contábeis.
 Art. 11: Contabilidade paralela.
 Art. 17: Empréstimo ou Adiantamento Vedados.
Gestão temerária: pode ser absorvida pelo crime de gestão fraudulenta, caso os fatos
sejam os mesmos.
Concurso Formal de gestão fraudulenta com:
Apropriação indébita (controverso). Para BALTAZAR é possível concurso formal, pois
pode ocorrer apropriação indébita sem fraude e gestão fraudulenta sem apropriação
indébita.
Funcionamento não autorizado (art. 16): caso contrário, aquele que gere
fraudulentamente e sequer estava autorizado a funcionar seria privilegiado.
Evasão de divisas.
Estelionato: possível, em tese, na concessão de empréstimos fraudulentos (bens jurídicos
distintos).
Concurso Material:
Associação criminosa (art. 288 do CP).
Aplicação da Pena
O abuso de confiança (fraude) é circunstância inerente ao tipo, de modo que não pode ser
valorada negativamente.
A culpabilidade foi considerada exacerbada em caso de entidade filantrópica.
Circunstâncias judiciais desfavoráveis:
A complexidade do esquema de gestão fraudulenta;
De modo bastante premeditado, revelando dolo intenso.
Consequências do crime: montantes dos prejuízos (crime formal).
Local do crime: sede onde praticados atos de gestão, e não no local da efetiva transação.
Perícia contábil não é essencial.

GESTÃO TEMERÁRIA (ART. 4º, PARÁGRAFO ÚNICO)


Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único. Se a gestão é temerária:


Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Bem jurídico: credibilidade, higidez do SFN, não o risco da própria instituição financeira.
Gestão temerária (elemento normativo): excessivamente arriscada, ousada; vai além do
risco permitido (imputação objetiva).
Considera-se temerária a gestão que viole atos normativos do BACEN e do CMN. Porém,
não é norma penal em branco – eventual alteração não descriminaliza.
Ex: empréstimos seguidos a maus pagadores ou empresas deficitárias; pagamento de
juros exorbitantes; doações.
Crime próprio: art. 25 (controlador, administradores – diretores, gerentes).
Não pode ser omissivo.
Crime formal: não exige a ocorrência de prejuízo. Independe do resultado financeiro
obtido. Mesmo havendo um lucro elevado, permanece a gestão temerária.
Admite-se o dolo eventual (STJ), mas é duvidosa a sua compatibilidade com o crime que
não exige resultado naturalístico.
Não admite tentativa.
Participação: possível. A qualidade de administrador é elementar e comunica-se.
Princípio da insignificância: jurisprudência não tem aplicado. Mesmo porque o crime
independe de resultado.
Crime de perigo. Controvérsia se é perigo concreto ou abstrato (BALTAZAR).
Há controvérsia no âmbito do STJ e do STF sobre a habitualidade. Decisões mais recentes
afirmam que é crime habitual impróprio: uma única conduta é relevante, mas a reiteração
não implica concurso de crimes.
Concurso de Crimes
Absorção: empréstimo vedado (art. 17).
Concurso formal: crime falimentar e funcionamento não autorizado (art. 16).
Crime continuado: não é admissível.
Concurso material: possível com apropriação indébita (BALTAZAR).
Local do crime: da sede da instituição.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA E DESVIO (ART. 5º) - IMPORTANTE


Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor
ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Forma especial de apropriação indébita do art. 168 do CP.


Bem jurídico: segurança dos negócios praticados no SFN e patrimônio dos investidores.
Crime próprio: art. 25 (controladores, administradores – gerente, diretor)
 Se for alguém do art. 25: art. 5º da Lei 7.492/1986 (princípio da especialidade).
 Se não for alguém do art. 25:
o Funcionário particular: apropriação indébita (art. 168 do CP)
o Funcionário público: peculato (art. 312 do CP - reclusão, de 2 a 12
anos).
Pressupõe a posse lícita da coisa: fora da esfera de vigilância; posse desvigiada.
Apropriar-se: tomar para si, agir como dono.
Desviar: dar destino diverso do devido (não é necessário demonstrar qual foi o destino
diverso, mas apenas que não foi o devido).
Objeto material: dinheiro, em moeda nacional ou estrangeira, títulos ou valores, ou ainda
qualquer outro bem móvel, desde que esteja na posse da instituição financeira.
Tipo subjetivo: dolo, aliado ao ânimo de apropriação, animus rem sibi habendi
(elemento subjetivo).
Crime instantâneo, consumando-se no momento da apropriação, ou seja, com a inversão
da posse. Deslocamentos físicos, de contas, bem como a recusa de devolver ou entregar o
bem objeto do contrato.
Contrectacio Apprehensio (amotio) Ablatio Ilatio
Tocar Inversão da posse Transportar (posse Lugar seguro
mansa e pacífica)

Na modalidade desvio, não se exige que o agente fique durante certo lapso temporal
mínimo, na posse do bem desviado, bastando que, de algum modo, exista o ilícito
locupletamento seu ou de outrem.
A reparação do dano não afasta o crime, mas pode servir de prova de ausência de ânimo
de apropriação.
Dificuldades financeiras não afastam o crime (inexigibilidade de conduta diversa).
Crime continuado: admite-se (é crime instantâneo).
Cabe concurso formal com gestão fraudulenta, pois pode ocorrer apropriação indébita
sem fraude e gestão fraudulenta sem apropriação indébita (BALTAZAR).

NEGOCIAÇÃO NÃO AUTORIZADA (ART. 5º, PARÁGRAFO ÚNICO)


Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor
ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta
lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse,
sem autorização de quem de direito.
Crime próprio.
Falsificação de procurações para negociação, se praticado por alguém que não está no art.
25: estelionato (art. 171, CP).
Pressupõe a posse da coisa.
Não pode ter por objeto o dinheiro (escritural), pois a intermediação de recursos de
terceiros é da essência da atividade bancária.
 Pode configurar gestão fraudulenta, quando há burla ao depósito compulsório
(contenção da multiplicação de moeda escritural).
Crime material.
SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA (ART.
6º)
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente,
relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a
falsamente:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Crime próprio: art. 25.
Somente no âmbito de uma instituição financeira.
Tipo subjetivo: dolo, sem especial fim de agir.
Crime de mera conduta.
Possível tentativa: embora prestada informação falsa, a vítima não foi induzida ou
mantida em erro.
Pelo princípio da especialidade, aplica-se o art. 21, parágrafo único, se for operação de
câmbio.
É absorvido pelo crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único).

EMISSÃO, OFERECIMENTO OU NEGOCIAÇÃO IRREGULAR DE TÍTULOS OU


VALORES MOBILIÁRIOS (ART. 7º)
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados;
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições
divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados;
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Crime próprio.
Crimes de falsificação de procurações, de reconhecimento de firmas e de documento do
BCB, quando apenas serviram para a negociação de título falso, são absorvidos pelo delito
do art. 7º.
Títulos ou Valores Mobiliários:
 Falsos: sem autorização, imitando o verdadeiro.
 Falsificados: verdadeiro, mas adulterado.
 Sem registro prévio: na CVM.
 Sem lastro ou garantia suficiente: norma penal em branco – depende de definição
do quantitativo e forma do lastro.
 Sem autorização prévia - por exemplo, necessária autorização quando constituem
reserva técnica de seguradora ou entidade de previdência.
Neste tipo, o título é preexistente. Imprimir ou fabricar configura crime do art. 2º.
Distinção comparável com a dos seguintes delitos:
 Crime de falsificação: art. 2º
 Uso de documento falso: art. 7º, I.
Crime de mera conduta.
BALTAZAR discorda de que o art. 27-E da Lei n. 6.385/1976 seja especial em relação a
este delito (art. 7º, IV). Isso porque, neste, a operação é que não é autorizada, enquanto no
dispositivo anterior a própria atividade é praticada sem autorização. Para o autor, o art. 27-
E da Lei n. 6.385/1976 é especial em relação ao crime do art. 16 (operação de IF sem
autorização) e não ao do art. 7º

EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO (ART. 8º )


Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de
remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou
fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores
mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Sujeito ativo: qualquer pessoa atuando em instituição financeira (crime comum).
Não exige ameaça.
Norma penal em branco.
“Fundo mútuo” = fundo de investimentos
Crime de mera conduta: não depende do efetivo pagamento pela vítima.

FALSIDADE IDEOLÓGICA DE TÍTULO (ART. 9º)


Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento
comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou
diversa da que dele deveria constar:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Forma especial de falsidade ideológica.
No âmbito de uma instituição financeira (art. 25).
Sujeito passivo: BACEN, CVM ou SUSEP (fiscalização) ou investidor.
Ex: informes inverídicos de operações com recursos do fundo de pensão.
Consumação: independe de prejuízo. Ao contrário da falsidade ideológica do CP, não
exige especial fim de agir.

FALSIDADE OU OMISSÃO EM DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS (ART. 10)


Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em
demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do
sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
No âmbito de instituição financeira (art. 25).
BALTAZAR: falsidade pode ser material ou ideológica.
- Balanço patrimonial; demonstração do resultado; demonstração de origens e aplicações
de recursos.
Não se exige elemento subjetivo especial.
Consumação: independe de prejuízo.
Não há continuidade delitiva com os crimes dos arts. 11 (contabilidade paralela) e 22
(evasão de divisas).

CONTABILIDADE PARALELA (ART. 11)


Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela
legislação:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Bem jurídico: garantia dos investidores; liquidez, solvência das instituições financeiras.
Crime de “caixa dois”; sem registro contábil regular.
Fins comumente visados: sonegação fiscal, fraude contra acionistas minoritários,
aumento de ganho dos administradores.
Apenas no âmbito de instituições financeiras. Caso contrário, será atípico, se não
configurar crime contra a ordem tributária (Lei n. 8.137/1990).
Crime próprio (art. 25).
Objeto: recursos ou valores (dinheiro, móveis, imóveis). Podem ser próprios ou de
terceiros.
Norma penal em branco: “contabilidade exigida pela legislação” (CMN).
Crime de perigo: não exige lesão ao bem jurídico.
“Manter”: habitual e permanente.
“Movimentar”: instantâneo e de mera conduta.
Casuística: operações cambiais por casa de câmbio sem registro no SISBACEN configura o
crime do art. 11.
Se houver finalidade de suprimir tributo, haverá concurso (formal ou material) com crime
contra a ordem tributária.
Tipo misto alternativo. A realização de um único núcleo basta para configurar o crime,
mas a realização de mais de um não implica concurso de crimes.
OMISSÃO DE INFORMAÇÃO (ART. 12)
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor,
liqüidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações,
declarações ou documentos de sua responsabilidade:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Intervenção: afastamento dos administradores estatutários ou contratuais
Liquidação extrajudicial: procedimento semelhante à falência, mais célere. Evitar corrida
bancária. Obs: Se o Banco Central decreta intervenção ou liquidação extrajudicial, a IF não
poderá mais falir a pedido do credor, mas somente a pedido do interventor ou do liquidante,
devidamente autorizados pelo BACEN.
As instituições financeiras continuam sujeitas à falência.
Administrador judicial (antigo síndico da massa falida) pode ser sujeito ativo de crime
falimentar.
Crime próprio: ex-administrador, que possui o dever de cooperar no processo de
liquidação ou intervenção.
Consumação: término do prazo legal para apresentar informações, declarações ou
documentos.

DESVIO DE BENS (ART. 13, CAPUT)


Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de
intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência de instituição financeira.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 36 da Lei n. 6.024/74: administradores das IFs em intervenção, liquidação
extrajudicial ou falência, ficarão com seus bens indisponíveis.
Objeto: qualquer bem, móvel ou imóvel.
Participação: avalista do negócio que configura desvio; pessoa beneficiada com o desvio.
Não há forma culposa.
Consumação: independe de proveito ou prejuízo, basta o desvio.

APROPRIAÇÃO OU DESVIO DE BENS (ART. 13, PARÁGRAFO ÚNICO)


Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de
intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência de instituição financeira.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liqüidante ou o síndico
que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em proveito
próprio ou alheio.

FALSIDADE EM DECLARAÇÃO DE CRÉDITO OU RECLAMAÇÃO (ART. 14)


Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira,
declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer,
como verdadeiro, crédito que não o seja.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto ex-administrador. Alguém que supostamente tenha
um crédito perante a IF.
Reclamação: bem já pertencente ao reclamante, na posse da IF.
Parágrafo único: exceção dualista à teoria monista do concurso de crimes. A pena, no
caso é a mesma.
 Teoria monista: coautores e partícipes respondem pelo mesmo crime.
 Teoria dualista (pluralística): um crime para os partícipes e outro para os
coautores. Ex: corrupção ativa e passiva.

FALSA MANIFESTAÇÃO (ART. 15)


Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liqüidante ou o síndico, (Vetado) à respeito
de assunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição
financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

Modalidade específica de falsidade ideológica.


Crime de mão própria.

OPERAÇÃO DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA SEM AUTORIZAÇÃO (ART. 16) -


IMPORTANTE
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante
declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores
mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 18 da Lei n. 4.595/64: autorização dada pelo Banco Central do Brasil.
Crime comum. Pessoa física ou jurídica.
Pressupõe a comprovação de uma ou mais operações dentre as previstas no art. 1º
(captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, ou a custódia,
emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários).
 Inclui instituições financeiras por equiparação: seguros, câmbio, consórcios,
capitalização.
Instituição financeira com autorização mas em situação irregular perante a fiscalização
(BACEN ou CVM) também comete o crime.
Elemento normativo: exige-se que o funcionamento se dê sem autorização legal.
Discute-se se é crime habitual. TRF3 e STJ (5ª T., 2003) não exigem habitualidade. Em
geral, não é necessário demonstrar a reiteração da conduta criminosa, mas ao menos o ânimo
de habitualidade (habitual impróprio).
 Posição que exige habitualidade: “fazer operar instituição financeira” é diferente
de realizar operação financeira.
 Posição que não exige habitualidade: o art. 1º, parágrafo único, inc. II, equipara a
instituição financeira a pessoa natural que exerça qualquer daquelas atividades
ainda que de forma eventual.
Já se entendeu que configura o crime:
 Operação sem autorização de grupos de consórcios, ainda que de forma eventual.
 Captação de recursos a pretexto de investi-los no mercado financeiro, com
promessa de rendimentos.
 Operações cambiais após o descredenciamento da instituição pelo BACEN.
 Abertura de filial sem autorização, ainda que a matriz estivesse autorizada a
realizar operações financeiras.
 TRF3 já considerou o esquema de “pirâmide” financeira como crime do art. 16
(MS 0008526-43.2014.4.03.0000 - 350619/SP, Rel. Des. Federal Luiz Stefanini,
1ª Seção, 17/09/2014). BALTAZAR entende que configura crime contra a
economia popular (art. 2º, IX da Lei n. 1.521/1951).
Não configura o crime:
 Agiotagem, pois exige-se que os recursos sejam de terceiros.
 Mera apreensão de moeda estrangeira em estabelecimento comercial ou casa do
acusado.
 Compra e venda de moeda estrangeira entre particulares.
 TRF4 já aplicou o princípio da insignificância ao pequeno doleiro, doleiro de rua
(1999).
Crime de perigo abstrato e de mera conduta.
Concurso de Crimes
 Formal ou material:
o Gestão Fraudulenta (art. 4º).
o Apropriação Indébita (art. 5º).
o Negociação de títulos sem autorização previa (art. 5º, p. ú.).
o Evasão de Divisas (art. 22).
o Associação criminosa (art. 288 do CP).
o Cobrança não autorizada (art. 8º): controvertido.
 Crime continuado: em regra, não é possível a exasperação, pois se considera que
o crime é habitual impróprio (uma conduta basta para configurar, mas a
reiteração não implica concurso).
Distinções:
 Estelionato: quando há mera simulação ou promessa de aplicação de recursos no
mercado financeiro, como meio fraudulento de obter proveito indevido, com
dolo, desde o início, de não devolver os valores.
 Negociação de títulos ou valores sem autorização: a diferença entre o tipo do
artigo 7º, IV, e este crime, é que naquele a autorização diz respeito a operação
determinada, enquanto no segundo é o próprio funcionamento da IF. Obs.
pessoal: estranho que o art. 7º tenha pena mais grave.
Se o crime for de mercado de capitais, afasta-se o art. 16 e aplica-se o artigo 27-E da Lei
6.385/76, pela especialidade:
Art. 27-E. Exercer, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, a
atividade de administrador de carteira, agente autônomo de investimento, auditor
independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou qualquer outro cargo,
profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado na
autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Não houve revogação do art. 16, da Lei nº 7.492/86, pelo art. 27-E, da Lei nº 10.303/01,
eis que, além de a objetividade jurídica dos tipos penais ser distinta, há elementos da
estrutura dos dois tipos que também não se confundem. O primeiro se refere à higidez do
mercado financeiro, enquanto o segundo se refere a integridade dos valores mobiliários.

EMPRÉSTIMO OU ADIANTAMENTO VEDADOS – ART. 17


Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer das pessoas mencionadas no
art. 25, ou deferir operações de crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei
no 4.595, de 31 de dezembro de 1964: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017)
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade,
conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro
pagamento, nas condições referidas neste artigo;
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição
financeira.
Finalidade: evitar o favorecimento de empresas coligadas, sócios de IF ou seus familiares.
Proíbe as pessoas do art. 25 de tomar ou receber crédito.
Art. 34 da Lei n. 4.595/1964: É vedado às IF realizar operações de crédito com:
 Controladores, diretores, membros de órgãos estatutários (cônjuge, parente 2º
grau).
 Sócios com participação qualificada (acima de 15%; com direito de nomear
membros do CA; ou com poder sobre a gestão);
 PJ com diretores ou membro de conselho de administração em comum.
É crime próprio, admitindo coautoria e participação.
 Respondem tanto o tomador quanto o concedente do crédito (teoria monista,
mesmo crime).
Foi considerado consumado o crime: gerente de agência que defere empréstimo a
empresa controlada por si e seu cônjuge (TRF1, 4ª T, 2010).
Crime de mera conduta e de perigo abstrato. Não se exige que o recurso seja
efetivamente transferido.
 “Tomar”: aceitar, assinar o contrato.
 O dano agrava a pena (consequências do crime).
Tomar e receber: crime progressivo, iter criminis (único crime).
Tipo subjetivo: dolo, não se exigindo elemento subjetivo.
Os recursos podem ser de terceiros ou da própria IF.
A fraude, com exceção da modalidade derivada (inc. II), não é elementar do delito, que
ocorrerá ainda que a operação tenha sido formalmente registrada.
 Operação triangular: por interposta pessoa.
 A fraude deverá ser considerada na aplicação da pena, como circunstância
judicial desfavorável, relativa ao meio empregado.
Na modalidade adiantamento: desativação da PJ e distribuição antecipada dos haveres
dos sócios, antes de qualquer apuração.
Não pode ser reconhecida a agravante da violação do dever inerente ao cargo, 61, II, g do
CP (bis in idem).
Por ser de mera conduta, não cabe arrependimento eficaz ou posterior.
A consumação do delito independe de habitualidade.
STJ (5ª T, 2011): O delito de empréstimo vedado não é absorvido pelo de gestão
temerária (art. 4º), mesmo que originários de uma só operação bancária.

ADIANTAMENTO DE PAGAMENTO – ART. 17 (PARÁGRAFO ÚNICO, INC. I)


Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da
sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário
ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo;

ADIANTAMENTO DE PAGAMENTO – ART. 17 (PARÁGRAFO ÚNICO, INC. II)


Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição
financeira.
Forma especial do delito do art. 177, § 1º, VI, do CP:
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em
comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da
sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra
a economia popular.
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a
economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
(...)
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este,
ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
Crime de perigo e de mera conduta.
Não há crime se a distribuição de lucros foi contabilizada devidamente.
Art. 60 do Decreto-Lei n. 1.598/1977 – casos em que se presume a distribuição disfarçada
de lucros:
Art. 60 - Presume-se distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa
jurídica:
I - aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa
ligada;
II - adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada;
III - perde, em decorrência do não exercício de direito à aquisição de bem e em
benefício de pessoa ligada, sinal, depósito em garantia ou importância paga para
obter opção de aquisição;
IV - a parte das variações monetárias ativas (art.18) que exceder as variações
monetárias passivas (art. 18, parágrafo único).
V - empresta dinheiro a pessoa ligada se, na data do empréstimo, possui lucros
acumulados ou reservas de lucros;
VI - paga a pessoa ligada aluguéis, royalties ou assistência técnica em montante que
excede notoriamente do valor de mercado.
VII - realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento,
assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que
prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros;
(...)
§ 3º Considera-se pessoa ligada à pessoa jurídica: (Redação dada pelo Decreto-lei nº
2.065, de 1983)
a) o sócio desta, mesmo quando outra pessoa jurídica; (Redação dada pelo
Decreto-lei nº 2.065, de 1983)
b) o administrador ou o titutlar da pessoa jurídica; (Redação dada pelo Decreto-lei
nº 2.065, de 1983)
c) o cônjuge e os parentes até terceiros grau, inclusive os afins, do sócio pessoa física
de que trata a letra "a" e das demais pessoas mencionadas na letra "b". (Incluída pelo
Decreto-lei nº 2.065, de 1983)

QUEBRA DE SIGILO – ART. 18


Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou
integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em
razão de ofício:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Crime próprio: “em razão de ofício”.
Com a edição da LC 105/2001, houve apenas derrogação do artigo. Isso porque o conceito
de instituição financeira na LC 105/2001 é menos abrangente, não trazendo as hipóteses de
equiparação, tais como os consórcios.
Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei
Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um
a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo
de outras sanções cabíveis.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem omitir, retardar
injustificadamente ou prestar falsamente as informações requeridas nos termos
desta Lei Complementar.
Tipo da LC 105/2001:
 Na modalidade intrusão é comum: aquele que obtém acesso a dados sigilosos
indevidamente.
 Na modalidade de revelação, é próprio: aquele que, tendo acesso legítimo,
divulga fora das hipóteses permitidas.
 Inclui as factorings, diversamente da Lei n. 7.492/86
 O consentimento do interessado afasta a tipicidade.

Tipos da LC 105/2001 e do art. 18 da LCSFN:


Dolo, não há forma culposa.
Crime formal e de perigo abstrato.
A tentativa será possível, em tese, caso a divulgação se dê por escrito e venha a ser
interceptada.
Concurso de Crimes
 Absorção/consunção:
o Violar e depois divulgar (crime progressivo).
o Se a quebra for para estelionato ou furto mediante fraude.
 Concurso formal: prejuízo a honra da vítima (difamação ou calúnia).
Concurso aparente com o art. 3º da LCSFN, sendo este de informações falsas, e o dos arts.
18 da LCSFN e art. 10 da LC 105/2001, de informações verdadeiras.
STJ (3ª Seção, 2008): competência da Justiça Federal.

FRAUDE NA OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO – ART. 19


Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em
detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de
financiamento.
Bem jurídico: credibilidade do mercado financeiro e patrimônio das IF.
Forma especial de estelionato: princípio da especialidade.
Crime comum.
Sujeito passivo principal: Estado.
Concurso de pessoas:
 Tomador: responde pelo art. 19.
 Concedente (se houver dolo): responde pelo art. 19 ou por gestão fraudulenta
(art. 4º) – se for considerada crime habitual impróprio. Exceção à teoria monista.
 Partícipe: intermediador de contrato de abertura de crédito; aquele que empresta
seu nome e documento para o financiamento fraudulento.
Não exige prejuízo.
Princípio da insignificância: não é aplicado pela jurisprudência.
Forma livre: qualquer fraude é suficiente para caracterizar o crime, ainda que não se
constitua em crime autônomo de falsidade.
O empréstimo não está tutelado por este tipo, pois, nesse caso, o recurso tem destinação
livre. No financiamento há custeio de operação determinada; finalidade certa.
 O empréstimo obtido mediante fraude configura o crime de estelionato, de
competência da Justiça Estadual.

 STJ:
1. O crime do art. 19 da Lei n. 7.492/1986 ficará caracterizado quando envolver
financiamento, "e só há 'financiamento' quando os recursos obtidos junto à
instituição financeira possuem destinação específica, não se confundindo, assim,
com mútuo obtido a título pessoal, conduta que caracteriza o crime de
estelionato" (CC 122.257/SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA
(Desembargadora Convocada do TJ/PE), Terceira Seção, DJE de 12/12/2012).
2. Se a fraude é praticada para a obtenção de qualquer tipo de empréstimo cujos
valores não tenham destinação específica, a conduta caracteriza o delito de
estelionato, de competência da Justiça Estadual. Contudo, se a fraude tem em vista
o objetivo específico de ter acesso a financiamento, está-se diante de crime contra o
Sistema Financeiro Nacional (CC 140.386/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2015, DJe 20/08/2015).
(STJ, AgRg no CC 156185 / MG, 3ª Seção, 27/03/2018)

 TRF3 também diferencia empréstimo de financiamento (tema pacífico na 4ª


Seção).
Considerou-se consumado o crime:
 Na obtenção de financiamento agrícola em duplicidade: mesma área e mesma
cultura.
 Uso de documento ideologicamente falso.
 Bem dado em garantia inexistente ou com título de propriedade falso.
 Falsificação de assinatura de avalista.
 Utilização de CND falsificada.
 Contratação de financiamento para aquisição de bem que já é seu (empréstimo
disfarçado).
Jurisprudência considera leasing (arrendamento mercantil) como financiamento.
Não afastam o crime a reparação do dano ou a quitação do financiamento.
Dolo, assim como a fraude, deve anteceder a obtenção do financiamento.
Admitiu-se dolo eventual:
 Agente que permite a remessa de CND falsificada a fim de possibilitar a liberação
de financiamento em favor de empresa que era procurador.
 Engenheiro credenciado da IF que elabora plano técnico de plantio sem
vistoriar propriedade.
Crime formal: não se exige efetivo prejuízo da IF nem proveito econômico ao agente.
Basta a assinatura do contrato de financiamento.
 A quitação da dívida não afasta o crime.
Não cabe a redução do 16 do CP – arrependimento posterior.
Tentativa: possível. Ex: requerimento de financiamento com uso de documento falso
indeferido.
Concurso de Crimes
 Ficam absorvidos: a fraude é element do crime.
o Duplicata simulada (art. 172 do CP).
o Uso de documento falso (art. 304).
o Falsificação de documento particular ou público (arts. 297 e 298).
o Falsidade ideológica (art. 299).
 Concurso material com o crime do art. 20 (desvio de finalidade de recursos de
financiamento – IF oficial):
o 1ª posição: pós-fato impunível (BALTAZAR).
o 2ª posição: destinação diversa daquela contratada aos recursos – concurso
material com o art. 20.
Majorante do parágrafo único foi reconhecida:
 Crime contra a Caixa Econômica Federal.
 Crime contra o BANESPA (integrava adm. indireta de SP)
 Recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

DESVIO DE FINALIDADE – ART. 20


Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos
provenientes de financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por
instituição credenciada para repassá-lo:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Não ofende a vedação constitucional de prisão por dívida, uma vez que o objetivo da
norma é garantir a correta aplicação do recursos obtidos com o financiamento.
Crime comum. Geralmente cometido pelo administrador da pessoa jurídica beneficiária
(vendedora do bem financiado) ou pelo tomador do financiamento.
 Partícipes: gerente ou outros empregados da instituição financeira – ciência do
desvio.
Pressupõe recursos de origem pública. Não haverá crime no desvio de finalidade de
recursos de origem privada.
Não se exige na denúncia a indicação da destinação dos recursos, sendo suficiente a
demonstração de que os valores não foram aplicados na destinação prevista.
Norma penal em branco, complementada pela lei ou pelo contrato.
O desvio parcial dos recursos caracteriza o crime.
Já se considerou atípico o “mata-mata”: o crédito é concedido para quitar financiamento
anterior que tinha a mesma finalidade (crédito agrícola, v. g.).
Não há crime: cooperativa que recebe recursos do financiamento como pagamento por
haver antecipado os valores aos cooperados a fim de que estes os empregasse na finalidade
prevista para o crédito.
Jurisprudência não aplica o princípio da insignificância: independe de prejuízo.
Tipo subjetivo: dolo – vontade livre e consciente de aplicar os recursos em finalidade
distinta. Cabível dolo eventual. Não há forma culposa.
Crime formal: não depende de prejuízo ou de vantagem. Consuma-se no momento da
aplicação dos recursos em finalidade diversa.
O ressarcimento não impede a persecução penal.
A comunicação posterior de mudança do local de execução da atividade financiada não
afasta o crime.
Concurso de Crimes:
 Aparente: há a absorção do crime de uso de documento falso a fim de fraudar a
aplicação dos recursos.
 Concurso formal: possível com a defraudação de penhor (art. 171, § 2º, inc. III,
do CP). Alienação não consentida da garantia dada no financiamento.
 Concurso material com o art. 19:
o 1ª corrente: pós-fato impunível (BALTAZAR) - desde o início a finalidade
dos recursos é desprezada pelo agente.
o 2ª corrente: há concurso material se obtém mediante fraude e dá
destinação diversa.
Pena: a qualidade de gerente da IF (partícipe) é circunstância judicial (culpabilidade) que
agrava a pena, pois não se trata de crime próprio.

OPERAÇÃO DE CÂMBIO COM FALSA IDENTIDADE E PRESTAÇÃO DE


INFORMAÇÃO FALSA EM OPERAÇÃO DE CÂMBIO (ART. 21).
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação
de câmbio:
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação
que devia prestar ou presta informação falsa.
Único punível com detenção na LCSFN.
Caput: Forma especial da falsa identidade (art. 307 do CP).
Parágrafo único: forma especial de falsidade ideológica (art. 299 do CP).
Obrigatoriedade de prestar informações emana das normas do Conselho Monetário
Nacional (CMN) e do BACEN, fulcradas no art. 21, VIII, da CF:
Art. 21. Compete à União: (...)
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de
seguros e de previdência privada;
Crime comum: ambas modalidades.
O crime ocorria mais quando eram maiores as restrições para compra de moeda
estrangeira. Utilizavam-se nomes falsos de viajantes para adquirir moeda estrangeira e
depois vendê-la a preço maior no mercado paralelo. Hoje, as cotações são mais próximas.
A conduta fraudulenta (sonegação de informação, falsidade desta ou de identidade)
deve ser anterior à operação de câmbio. A omissão do registro de operações já realizadas
configura crime do art. 11 (“caixa dois”).
Parágrafo único:
BALTAZAR passou a entender que é atípica a conduta de ingressar com valores
clandestinamente no País, à margem do sistema bancário oficial, sem registro no SISBACEN.
Caracteriza infração administrativa de omissão na declaração de porte de valores.
Segundo o autor, o dever de manter registro e informar eletronicamente sobre as
operações cambiais recai sobre as instituições financeiras/casas de câmbio, e não sobre o
particular. O crime ocorre quando o cliente (o particular) atribui a si ou a outrem falsa
identidade, sonega ou falseia informação, com o fim de realizar operação de câmbio. Além
disso, a obrigação de informar somente surge para a instituição financeira após a operação,
não configurando crime do art. 21 o seu descumprimento.
 Minoritariamente: ingressar com valores configura evasão de divisas (art. 22).
 Considerou-se configurado o crime:
o Importação simulada de mercadorias: envia a moeda estrangeira, mas não
recebe mercadoria – informação falsa.
o Subfaturamento de exportações: no lugar de moeda estrangeira, envia
mercadoria com preço muito reduzido – prestação de informação falsa.
o Utilização de interpostas pessoas para receber moeda estrangeira em casa
de câmbio (TRF3) – falsa identidade.
Crime formal: não exige sequer a efetivação da operação de câmbio visada. Basta a
fraude com o intuito de.
Concurso de crimes
 Aplicou-se o princípio da especialidade, afastando o crime do art. 6º, na seguinte
conduta: declaração falsa de recebimento de moeda estrangeira a título de
“investimentos a longo prazo em empresas nacionais”, quando na verdade
destinava-se a operação de câmbio, induzindo o Banco Central em erro (TRF3).
 Princípio da especialidade: art. 22 - especial finalidade de remeter as divisas
para o exterior.
 Possibilidade de absorção por crime contra a ordem tributária, a depender do
dolo (art. 1º, Lei 8.137/1990.
OPERAÇÃO DE CÂMBIO COM O FIM DE EVASÃO DE DIVISAS – ART. 22 -
IMPORTANTE
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País¹:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior², ou nele mantiver³ depósitos
não declarados à repartição federal competente.

Modalidades:
1. Efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de evadir divisas:
desnecessária a efetiva evasão (caput).
2. Promover a efetiva saída não autorizada de divisas ao exterior (parágrafo único,
1ª parte)
3. Manter depósitos não declarados no exterior (parágrafo único, 2ª parte).
Divisas: elemento normativo do tipo.
 O que são divisas?
Disponibilidades que um país possui, em moedas estrangeiras, obtidas
pelas exportações, empréstimos de capitais, vendas de tecnologias, direitos
de patentes etc. (resultado da balança de pagamentos).
Títulos que permitem a um residente do País receber moeda ou
mercadoria de um residente no exterior. Créditos no exterior, titularizados
por nacionais, em moeda estrangeira.
Ex: o próprio papel-moeda estrangeiro, letras de câmbio, ordens de
pagamento, cheques, cartas de crédito, saldos das agências bancárias no
exterior, ouro como instrumento cambial etc.
Nesse conceito se incluem as reservas cambiais ou internacionais de um
país.
Não integra o conceito de divisa: mercadorias, diamantes.
 Por que é importante manter as divisas (reservas cambiais)?
Divisas são necessárias para o pagamento de dívidas contraídas no
exterior, para o equilíbrio das reservas cambiais.
Evitar volatilidade cambial.
Permite boa classificação perante agências de risco, até um limite.
Possibilita manipulação do mercado de câmbio pelo Banco Central.
o Por meios de contratos de swap cambial2 (mercado futuro), é
possível evitar a redução da reserva, embora expondo-a à variação
cambial na quantia negociada.
Proteger o sistema monetário de crises.
Por outro lado, há elevado custo fiscal e cambial para manter as reservas
cambiais.
Crime comum.
Crime formal, consuma-se com a efetiva operação de câmbio não autorizado, sendo
desnecessária a efetiva saída do numerário.
Tipo subjetivo: Dolo. Deve haver o fim específico de promover evasão de divisas
(elemento subjetivo). Não se exige a efetiva evasão de divisas, o que configuraria o crime
do parágrafo único.
Exige-se que a intenção de promover evasão de divisas coexista com o momento da
realização da operação de câmbio desautorizada para configurar a modalidade do caput. No
entanto, se posteriormente houver a efetiva remessa ao exterior, a ausência de dolo inicial
não afasta a figura do parágrafo único do art. 22.
Concurso de pessoas:
 Teoria do domínio do fato é aplicável: responde também o autor intelectual, o
mandante.
 Gerente de banco que simula importação, com guias falsas, possibilitando
evasão;
 Titular da conta que determinou a realização das operações.
Toda operação de câmbio efetuada fora do mercado oficial, no câmbio paralelo, é
considerada irregular e não autorizada.
A falta de autorização pode ocorrer mediante fraude, mas não necessariamente. A
fraude não é indispensável para a adequação típica.
Operação “Dólar-cabo”
1. “Compra de dólares”: cliente paga em reais ao doleiro e recebe em moeda
estrangeira no exterior. Geralmente para lavagem de dinheiro.
 Empresa realiza importação subfaturada, em seguida paga o complemento
em reais ao doleiro, que quita o valor restante em moeda estrangeira perante
a exportadora, no exterior.
 Empresa realiza importação superfaturada, pagando valor superior ao
devido; o valor excedente é transferido pelo exportador para uma conta no
exterior indicada pelo importador brasileiro.
2. “Venda de dólares”: cliente paga ao doleiro em moeda estrangeira no exterior e
recebe, em troca, reais no Brasil. Para o ingresso de recursos sem controle.
Utilizado para o pagamento de propina em espécie.
3. Doleiro intermedeia troca de recursos entre clientes, um no exterior e outro no
Brasil, atuando como “banco de compensações”, sem que nada passe por contas de
sua titularidade. Compra e venda de moeda estrangeira.

2
http://terracoeconomico.com.br/terraco-explica-o-que-raios-e-o-tal-do-swap-cambial
Exemplo: Esquema entre Itaipava, Odebrecht e candidatos políticos.
A pedido de Odebrecht, Itaipava efetuava doações em reais para a
campanha de políticos no Brasil (antes da proibição pelo STF, em
2016).
Odebrecht pagava o equivalente em dólares no exterior à Itaipava.
Pagamento de propina por interposta pessoa.
o Itaipava: compra dólares, recebendo no exterior.
o Odebrecht: vende dólares, gerando recursos no Brasil.
Não é necessária a ocorrência ou o encerramento de procedimento administrativo,
diversamente dos crimes tributários materiais.
Discute-se se a omissão no ingresso de divisas, pela falta de liquidação do contrato de
câmbio, seria albergada pelo tipo (sonegação de cobertura cambial).
 Alguns sustentam que se a moeda deixa de entrar no território nacional,
também haveria evasão. Mas prevalece que é atípico. Isso porque há lei e
resolução do CMN atualmente permitindo que o exportador mantenha a
integralidade dos valores em conta mantida no exterior.
 Pode configurar o crime do art. 21, se houver declaração falsa ou sonegação de
informação.
Contas de não residentes (antigas CC-5)
Criada para que o não residente pudesse ingressar com seus valores no Brasil,
podendo, ao final, depositar nessas contas e remeter os valores de volta. Até 1988, quando
foi regulamentado o câmbio-turismo (mercado de taxas flutuantes).
CC 2.259/92: contas livres de instituição financeira estrangeira – depósitos remetidos
livremente para o exterior – deu margem a remessa de valores indevidos.
A partir de 1996: vedado o depósito acima de R$ 10.000,00 e monitoramento pelo
SISBACEN.
Em 2005, houve a unificação do mercado de taxas flutuantes (câmbio turismo) e o de
taxas livres (câmbio comercial). Atualmente, somente o não residente pode utilizar
essas contas.
Caso da Ciudad Del Este:
Comércio de fronteira gerou grande volume de recursos em reais no Paraguai.
Comerciantes depositavam reais em contas de não residentes mantidas por IF no Brasil.
Bacen autorizou bancos em Foz do Iguaçu/PR a receber valores superiores ao limite,
sem identificação de titular ou remetente.
Os reais eram trazidos em carros-fortes com entrega de Declaração de Porte de Valores
(DPV), sem conferência física.
Doleiros viram uma oportunidade para remeter recursos ilegalmente ao exterior.
Simulava-se a saída de reais para o Paraguai (DPVs falsas), com posterior “retorno” e
depósito nas contas de não residentes. Como se o depósito fosse de recursos originários da
Ciudad Del Este.
Não há crime se o agente, residente no exterior, recebeu os valores em moeda
estrangeira, não tendo realizado qualquer operação de câmbio.
Chileno residente que levava dólares consigo, sem comunicação prévia às autoridades,
ao país de origem. Não houve comprovação do especial fim de agir (STJ).
Se o câmbio foi efetuado para uma operação de comércio internacional, em que houve
falsificação documental, mas com o exclusivo escopo de facilitar o negócio, não há crime de
evasão de divisas, porque não existiu a intenção específica de remessa indevida de dinheiro
ao exterior.
Concurso de Crimes
 Aparente: o delito de descaminho não absorve a evasão de divisas, pois o delito
mais grave não pode ser absorvido por aquele de menor gravidade.
 Consunção:
o A figura do parágrafo único (efetiva evasão de divisas) absorve o crime do
caput – crime progressivo.
o Sonegação ou falsificação de informações sobre operação ou situação
financeira (art. 6º), é absorvido.
o Art. 21: falsa identidade, sonegação ou falsidade de informação para a
realização de operação cambial. Será absorvido se houve especial fim de
evadir divisas.
o Falsificação e uso de documento falso: absorvido.
 Concurso formal: gerente de banco que facilita a abertura de conta bancária em
nome de laranjas com a finalidade de remeter, irregularmente, divisas para o
exterior – gestão fraudulenta e evasão de divisas (não há consunção).
 “Manter” (p. ú., 2ª parte) conta não declarada no exterior não pressupõe o crime
prévio de evasão, tampouco de lavagem de dinheiro.
Evasão de grande quantia de divisas não é consequência inerente ao tipo, e é motivo
legítimo para o agravamento da pena-base.
Princípio da insignificância: não tem sido aplicado, mesmo abaixo do limite de R$ 10 mil.
Por meio de transferências eletrônicas, é possível realizar várias operações “dólar-cabo” de
baixo valor.
Lei n. 13.254/2016 - Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária: Extinção
da punibilidade para o crime do art. 22 (tanto caput quanto p. ú.), desde que o agente declare
os bens, direitos ou valores de origem lícita ou oriundos de crimes mencionados no art. 5º
(ex: tributários, lavagem de dinheiro), recolha o imposto devido e pague a multa antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória.
 Crimes praticados até a data de adesão ao RERCT, cujo prazo se encerrou em
31/07/2017.
 Repatriação de recursos.
Competência territorial: juízo do local onde realizada a operação cambial, independe do
domicílio do favorecido (STJ).

EVASÃO DE DIVISAS – ART. 22, PARÁGRAFO ÚNICO


Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver
depósitos não declarados à repartição federal competente.
Ver definições no item anterior.
Difere da figura do caput, pois não depende de operação de câmbio nem de especial fim
de agir, mas deve haver a efetiva saída dos recursos do País.
A ausência de operação de câmbio anterior à evasão de divisas não afasta o crime.
Inclui também a saída de moeda nacional, sem autorização.
Crime comum. Respondem tanto o mandante quanto o executor material.
 Se o titular da conta destinatária for pessoa jurídica, respondem seus
administradores.
Tipo objetivo: promover evasão de divisas (física ou eletronicamente).
A finalidade da saída dos valores é irrelevante. O que importa para a configuração do
crime é que a evasão dos valores seja sem autorização legal, ou seja:
 Clandestina (sem declaração).
 Fraudulenta (doc. falso).
 Mediante prestação de informação falsa.
Configura-se o crime, na saída física do numerário em valor superior ao limite legal, sem
declaração à autoridade competente (“mala preta”, contrabando de dinheiro).
Lei n. 9.069/95, art. 65, § 1º, I: O porte de valores acima de R$ 10 mil, por pessoa,
deve ser declarado à autoridade alfandegária, com apresentação de DPV.
O fato de que as divisas tenham sido apreendidas fora do território nacional não implica
extraterritorialidade, nem afasta o crime, desde que comprovada a sua origem no Brasil.
Exemplo de práticas delituosas:
 Contratos de empréstimo simulados;
 Compra simulada de títulos no exterior;
 Utilização de terceiros ou empresas “fantasmas”.
 Realização de depósitos no exterior superiores a R$ 10 mil, sem a DPV.
 Saída de valor superior a R$ 10 mil, sem DPV, mesmo que a moeda estrangeira
seja regularmente adquirida.
Crime não configurado (condutas atípicas):
 Porte de moeda estrangeira, por estrangeiro, que não foi adquirida no País.
 Pagamento de produtos importados com cartão de crédito internacional:
atualmente permitido pelo BACEN (Resolução n. 3.568/2008 e Circular n.
3691/2013).
 Transferências de uma país estrangeiro a outro.
 Mero transporte de moeda estrangeira, sem indício da intenção de evadir.
 Posse ou porte e moeda estrangeira sem determinação da operação de câmbio
ou compra de moeda no mercado paralelo.
Crime material e instantâneo, dá-se com a efetiva saída do território nacional.
Admite tentativa. Porte de valor em zona de fronteira, ou em ponte internacional.
Tipo subjetivo: dolo, não se exigindo elemento subjetivo.
A conduta de ingressar no Brasil com moeda nacional ou estrangeira, não é penalmente
típica.
Concurso de Crimes
 Consunção/absorção:
o Uso de documento falso para evasão de divisas;
o Sonegação de informação ou informação falsa (art. 6º);
o Crime progressivo: se há a efetiva evasão, o art. 22, caput, é absorvido.
 Concurso formal:
o Gestão fraudulenta: gerente de agência que autoriza abertura de contas
em nome de “laranjas” para viabilizar evasão de divisas
o Crime contra a ordem tributária: sonegação fiscal mediante “caixa dois”.
* STF (HC 87208, 2ª T, 2008): há concurso material, logo a extinção da
punibilidade do crime tributário não afasta a evasão de divisas. Obs: mesmo que
fosse concurso formal, não haveria o afastamento.
o Lavagem de dinheiro: concurso formal impróprio, pela existência de
desígnios autônomos (BALTAZAR) – remessa de dinheiro ao exterior e
posterior ocultação (offshore, paraíso fiscal)
 Controverso: para alguns a evasão é absorvida se há apenas
intenção de lavagem de dinheiro.
 Concurso material: falsidade ideológica – contratos de importação simulados.
Pena:
 Valor elevado pode agravar a pena-base.
 Cabível a substituição por prestação pecuniária, em favor da União (vítima), e
multa.
 Não cabe a fixação de valor mínimo para reparação do dano, nem mesmo para
pagamento da multa administrativa, pois os valores evadidos não pertencem à
União.
Os valores devem permanecer apreendidos, pois há possibilidade de perdimento e
constituem prova do delito. Não podem ser utilizados para quitar tributos enquanto
apreendidos.
Perdimento de valores como efeito da pena (confisco - art. 91, II, do CP):
 1ª posição: não é possível, pois o dinheiro não é instrumento ou produto do crime,
mas sim seu objeto, cabendo apenas o perdimento administrativo sobre o
excedente a R$ 10 mil (art. 65 da Lei n. 9.069).
 2ª posição: cabível, pois o dinheiro pode ser considerado produto ou proveito do
crime.
 Em todo caso, não cabe o perdimento se houver a extinção da punibilidade. Porém,
a quantia só será devolvida se houver comprovação da origem lícita.
MANUTENÇÃO DE DEPÓSITOS NÃO DECLARADOS NO EXTERIOR – ART. 22,
PARÁGRAFO ÚNICO, 2ª FIGURA
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver
depósitos não declarados à repartição federal competente.
Não viola o direito fundamental à propriedade ou à locomoção, quanto à saída do País com
seus bens.
Crime permanente na modalidade manter.
É crime autônomo, a demandar descrição própria na denúncia.
Depósitos em nome próprio ou por pessoa interposta.
Consuma-se com a simples omissão na declaração.
Havendo declaração (elementar), não há crime.
Autoridade competente destinatária da declaração, a partir de 2001, é somente o BACEN
(para alguns, a SRFB também é).
 Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior – DCBE.
A mera abertura de conta no exterior, sem a efetivação de depósitos, é fato atípico.
 A obrigatoriedade é de declaração da posição em 31 de dezembro do ano de
referência. Se houve depósitos durante o ano, mas na data referida o saldo é zero,
não há crime. A menos que evidenciado o saque e depósito logo em seguida a fim
de burlar a regra.
 Deve haver indicação do saldo na peça acusatória.
Não se exige a existência de lançamento definitivo de eventual crédito tributário.
Limite mínimo para consumação:
 1ª posição: não há valor mínimo, pois a declaração também deve ser feita à
autoridade fiscal.
 2ª posição: aplicações abaixo de US$ 100 mil (desde 2003) são isentas de
declaração, que deve ser feita apenas ao BACEN.
 As circulares do BACEN, que estabelecem limites isentos da declaração, não
podem retroagir, uma vez que têm caráter temporário (tempus regit actum,
ultratividade).
 Limites do BACEN: R$ 10 mil (2001), R$ 300 mil (2002); US$ 100 mil (a partir de
2003).
Concurso material:
 Lavagem de dinheiro;
 Sonegação fiscal.
O pagamento dos tributos não extingue a punibilidade.
PREVARICAÇÃO – ART. 23
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei,
ato de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como
a preservação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Crime próprio, de funcionário encarregado da fiscalização.
Tipo objetivo:
Elemento normativo da prática de ato “contra disposição expressa de lei” somente se aplica
na forma comissiva, ou seja quando o agente pratica ato de ofício.
 “Lei” em sentido estrito.
 Ato de ofício: inserido nas atribuições do agente.
Elemento normativo “indevidamente” do art. 319 do CP não está previsto. Já há valoração
quanto ao funcionamento do SFN, bem como interesses e valores da ordem econômico-
financeira.
O ato de ofício deve ser necessário ao regular funcionamento do SFN e valores da OEF,
caracterizando-se como elementos normativos do tipo.
Tipo subjetivo: dolo, ausente o elemento subjetivo da prevaricação (art. 319, CP), que é
a vontade de satisfazer “interesse ou sentimento pessoal”.
A decisão do Conselho de Recursos do SFN no sentido da inexistência da infração
administrativa ou anulação do inquérito administrativo, não impede a ação penal.
Não se exige notificação prévia à denúncia por falta de previsão legal.

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