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Sobre virada ontológica

HORTON, Joana. The Ontological Turn. In:


https://www.academia.edu/6292081/The_Ontological_Turn

Joanna Horton faz um resumo sobre a “virada ontológica” na antropologia. Ela situa esse
movimento como uma resposta aos “estudos culturais” e marcados pela centralidade do tema
da representação e do discurso, que seria melhor representado pela obra Writing Culture: the
Poetics and Politics of Ethnography, organizador por James Clifford e George Marcus. Esta obra
enfatizava o caráter construído dos temas culturais. Nessa visão, os antropólogos estudam
representações culturais da realidade, notadamente os seus aspectos discursivos. A
pressuposição básica é que as culturas seriam diferentes visões ou representações da
“realidade”, esta entendida enquanto objetiva e universal.

Para a autora, este seria o ponto com que a virada ontológica irá romper. Mas do que
reconhecer que há um mundo e muitos pontos de vista, essa nova abordagem reconhece que
há na verdade muitos mundos. Rejeita-se assim as análises que buscam explicar a diferença
pelo caminho da representação, para afirmar que se essa diferença se deve à existência
enquanto participação em realidades alternativas (mundos).

Conforme a autora, a principal referência nesse debate é Viveiros de Castro, e especialmente a


sua discussão sobre o perspectivismo. “As Viveiros de Castro succinctly explains, “there are no
points of view onto things, things and beings are the points of view themselves” (2004: 11).”
(p.3). Além disso, esse novo marco teórico redimensiona o papel do corpo na análise
etnológica. A divisão entre sentido e materialidade é deslocada pela virada ontológica: “.
According to the same principle dictating the collapse of an object’s symbolic meaning and the
material object itself, the body and its actions in a given environment are part of thinking and
ontological experience” (p.3).

Como Viveiros de Castro coloca, a representação seria uma propriedade do espírito, enquanto
o ponto de vista está no corpo. As afecções não são algo simplesmente dado, nem se reduz a
uma característica puramente física, mas são “forças”, “energias”, que são adquiridas,
aprendidas e refinadas com o tempo. “The body is thus a social entity, with the capacity to
engage with other bodies, affects, and the environment. Relationality between multiple bodies
and the environment is seen as the tool by which multiple realities are ‘unlocked’” (p.4). Essa
dimensão, que Viveiros chama de “multinaturalismo” (o que é criticado pela autora), tem no
entanto a importância central de apresentar um caminho alternativo e crítico aos conceitos
baseados na “representação” da realidade e da diferença. (Exemplo do parentesco).

“The existence of, for instance, a son (or a jaguar, or a cricket, or mud) relies on
the relation of that object or being to another object or being. This, Viveiros de
Castro argues, is how we know that an object’s existence is more than a ‘point
of view’ onto reality, but a reality in itself. Following from this is the ontological
conception of culture as populations of beings connected through a dense
network of relationships, where different kinds of objects are produced through
networks of human interaction” (p.4).

A autora passa a apresentar uma espécie de mapa mental de alguns conceitos chaves da
virada ontológica em sua relação com a diferença. Ela busca assim traçar algumas implicações
e possibilidades dessa abordagem para a antropologia

A primeira diz respeito à questão da interpretação etnográfica. Antropólogos-ontológos não


centralizam a sua análise nessa dimensão. “In dismissing interpretation, ontological
anthropologists do not propose to simply observe what is found in the field and record it as
‘difference’. Rather, they suggest using that difference to inform a reversal of the conventional
relationship between analytical concepts and ethnographic data, allowing the latter to
transform the former where necessary” (p.5). A fórmula de Fowles seria marcar a diferença
entre “pensar diferentemente sobre as coisas” e “ter diferentes coisas para pensar”. O
resultado seria então uma nova reflexão sobre problemas clássicos da etnografia. “Ultimately,
allowing data to act in this way requires returning to the existence of multiple ontologies, by
accepting that the theoretical and analytical concepts of our particular ontology are perhaps
insufficient to understand certain data where radical alterity reveals itself” (p.5).

Uma primeira crítica surge aqui. Heywoon, por exemplo, afirma que esses antropólogos não
podem entregar o que prometem, pois a sua insistência na “realidade” da multiplicidade dos
mundos o levam a uma “meta-ontologia” na qual tais mundos com efeito existiriam. Autores
como Pedersen contra-argumentam, dizendo que essa tal meta-ontologia seria de fato
benéfica para a análise antropológica, e que autores como Heywoon não reconhecem a sua
própria base teórica para fazer tal crítica.

Para a autora, esse debate seria redundante. Para ela, há outra linha de força mais rica e
interessante, referente à inversão da relação entre conceitos analíticos e dados etnográficos,
isto é, a questão do reconhecimento de “nossa” própria ontologia. “Acknowledgment of the
particular standpoint from which we theorise others’ difference allows us to go beyond them
and arrive at us.” (p.7). Nessa abordagem, podemos reconhecer que “nós” também somos
“nativos”, e que nossa ontologia não é a única maneira de ser, e portanto abre a possibilidade
de pensar que podemos também ser radicalmente diferentes.

Neste ponto, entrar-se-ia no campo da política. Ela daria uma nova base para pensar inclusive
movimentos sociais como os de Seattle, em que seu principal grito era: “Um outro mundo é
possível”. “Importantly, however, this way of proposing alternative ontologies draws not only
on difference, but also on similarity. In engaging with other ways of being, we simultaneously
recognize their difference and feel ‘haunted’ by their familiarity” (p.7). Ao aceitar a diferença
em seus próprios termos, sem buscar enquadrá-los nos nossos, é uma maneira não de
radicalizar a estranheza, mas de buscar formas genuínas de similaridades. “Through this
recognition, we can realize the possibility of shifting between realities, a potential that holds
great implications for the quest of radical politics to find the ever-possible ‘other world’” (p.7).

Uma segunda linha de crítica surge a partir do artigo de Hage. Em linhas gerais, trata-se de
saber se, ao dicotomizar com o “nós” e “eles”, os antropólogos da virada ontológica não seria
o “fundamento escondido” das suas análises sobre a diferença radical. Daí surgem acusações
de essencialismos e de uma dicotomização forçada. Há também a acusão de que essa virada
esconde um certo desejo de retorno a uma “filosofia primitivista” que vigorava na ciência da
era colonial.

Outros dizem que essa abordagem tendem a ignorar formas mais sutis e nuançadas de
diferença. (Exemplo de Strathern em The Gender of the Gift). “Strathern demonstrates how
ideas of difference are used not as literal statements, but rather analytical tools to draw out
certain points within a conceptual structure” (p.8). Dessa maneira, esse uso de diferença não
teria que ver necessariamente com essencialismos. “Some scholars, such as Candea (2010),
suggest using difference in this way in order to conceptualise different ontologies while
avoiding ‘meta-contrasts’ grounded in essentialism” (p.9). Outros, como Hage, ainda advogam
um certo essencialismo, porém à sua maneira.

Essa discussão sobre o essencialismo também leva a outro, relative à comunicação. Assim
como no caso anterior (com Hage), os antropólogos ligados à virada ontological não chegam a
mostrar uma resposta direta ao problema. A autora dá como melhor exemplo deste ponto
Viveiros de Castro e sua discussão sobre o “controlled equivocation”. “Bearing in mind Walter
Benjamin’s assertion that a good translation will always betray the destination language,
equivocation is a way to communicate the difference between ontologies, rather than a way to
distort meanings into forms recognizable for a different ontology” (p.8). Assim, embora não
faça uma resposta direta, o que se propõe aí é uma nova forma de pensar através da
diferença.

“By rethinking heuristic devices in a way that proposes a new way of doing
anthropology, the ontological turn proves its worth as a new school of thought
within the discipline” (p.11).

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