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APOSTILA DE DIREITO

CONSTITUCIONAL III
Elaboração: Professora Quésia Ribeiro Alves Rabelo

Este é um material de
auxílio nos estudos do
discente, não o
dispensando da pesquisa
doutrinária mais
aprofundada.

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1- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1.1 Conceito

É a verificação da compatibilidade vertical que necessariamente deve


existir entre as normas infraconstitucionais (atos jurídicos) e a Constituição.
Portanto, é a verificação de que as normas infraconstitucionais estão de acordo
com a Constituição.

Constituição
Normas
infraconstitucionais

Para os professores Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino,

“inconstitucional é, pois, a ação ou omissão que


ofende, no todo ou em parte, a Constituição. Se a
lei ordinária, a lei complementar, o estatuto
privado, o contrato, o ato administrativo etc. não
se conformarem com a Constituição, não devem
produzir efeitos. Ao contrário, devem ser
fulminados, por inconstitucionais, com base no
princípio da supremacia da Constituição.”

O controle judicial da constitucionalidade das leis surgiu nos Estados


Unidos muito tempo antes de surgir na Europa continental, já no século XX. O
controle judicial da constitucionalidade é praticamente simultâneo à
independência dos Estados Unidos, embora não esteja previsto em sua
Constituição, tendo sido delineado por Hamilton nos Federalist Papers e
sedimentado por ocasião do caso Madison v. Marbury.*

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* Caso Marbury x Madison (1803)

A necessidade de controlar os atos do governo e do parlamento, tendo


em vista a lei maior, a “higher law”, pode ser dectada no mundo moderno a
partir de um conflito entre o “common law”, direito aplicado
consuetudinariamente pelos juizes e aquele produzido pelo parlamento, na
Inglaterra no século XVII. A origem do controle da constitucionalidade das leis,
tal como definido por Marshall em 1803, pode ser encontrado há dois séculos,
em diversos casos em que Lorde Coke defendeu a supremacia do common law
frente ao direito produzido pelo parlamento inglês. Em 1607, no que ficou
conhecido como caso Bonham, Coke e os juizes de Warburton e Daniel
deixaram de aplicar um ato do parlamento que dava ao presidente e aos
censores do College of Physicians poderes de punição, o que os autorizava a
julgar em causa própria (1). Em célebre passagem, Coke irá fundamentar a sua
doutrina do controle dos atos do parlamento em função do common law:
“aparece em nossos livros, que em muitos casos, a common law controla os
atos do parlamento, e que algumas vezes determina que estes sejam
posteriormente cancelados: quando, um ato do parlamento seja contrário ao
direito comum e à razão, ou repugnante ou impossível de ser realizado, a
common law irá controlá-lo e determinar que este não seja cancelado”.
A doutrina de Coke, no caso Bonnham, ganhou adeptos nos
tribunais coloniais americanos, como forma de se contrapor ao poder da
metrópole, prevalecendo mais do que na própria Inglaterra, onde o poder do
parlamento cresceu após a revolução gloriosa.
Com a revolução americana a prática do “judicial review” ficou
adormecida.
A Constituição de 1787 vai recriar a idéia de uma lei superior que
deve vincular todos os poderes do estado, inclusive o legislativo, ao
estabelecer no seu artigo VI: “Supreme Law of the Land, and the judges in
every state shall be bound thereby...”. A partir dessa concepção de supremacia
da Constituição a doutrina do “judicial review” se consolidou. Estabeleceu-se a

1- - O Real Colégio de Médicos (College of Physicians) tinha poderes, segundo um estatuto do


Parlamento, de multar os membros que desrespeitassem suas regras. O Dr. Bonham foi
multado em dez libras, não pagou e foi preso, em 1610. A multa era dividida entre o Colégio
e a Coroa. Interpôs ação por detenção injusta perante o Tribunal do Rei, presidido pelo
grande jurista Coke, do qual participaram os juízes Warburton e Daniel. O tribunal deu-lhe
ganho de causa, firmando um princípio fundamental: o estatuto que dava poderes desta
natureza ao Real Colégio era nulo, porque ninguém pode ser juiz e parte na mesma causa, o
que era contrário ao direito comum e à razão natural. O Real Colégio não podia ser o juiz,
proferir o julgamento, fazer prender o réu e ter parte na multa. "Assim sendo, se qualquer
ato do Parlamento der a alguém o direito de julgar de quaisquer questões que lhe forem
apresentadas dentro dos seus domínios, não poderá julgar ação alguma em que seja parte,
porque, conforme ficou dito acima, iniquum est aliquem suae rei esse judicem" (trecho da
decisão). - Rocoe Pound, Desenvolvimento das garantias constitucionais da liberdade. Ibrasa
ed. São Paulo, 1965.

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idéia de uma constituição rígida, acima dos poderes do Estado e mesmo das
leis produzidas pelo parlamento.
Foi a partir da decisão expressa no caso Marbury vs. Madison, em
1803, pelo Chief Justice Marshall, que a Suprema corte e os juizes passaram
a se auto atribuir o poder do judicial review. A importância do caso Marbury vs.
Madison está em lei inválida, impondo ao poder legislativo um limite fundado na
superioridade dos preceitos constitucionais.
Derrotado pelo Presidente Thomas Jefferson, o então presidente
John Adams nomeou diversos de seus correligionários do partido federalista
como juizes federais, entre os quais se encontrava Willian Marbury. O próprio
Marshall, secretário de Estado de Adams, havia sido nomeado com a
aprovação do senado, Chief Justice da Suprema Corte, algum tempo antes. O
título de nomeação de Marbury não lhe foi entregue a tempo, sendo sua
nomeação suspensa por determinação do novo presidente (Jefferson) ao seu
secretário de Estado James Madison. Marbury acionou Madison exigindo
informações, num primeiro momento. Não sendo fornecida nenhuma
explicação, impetrou uma nova ação, “writ mandamus”, com o objetivo de
alcançar a nomeação. O tribunal adiou por dois anos a decisão o que gerou
uma forte reação contra os juizes. Finalmente, ao anunciar a decisão da
Suprema Corte, Marshall destacou duas questões Jefferson não tinha direito
de negar posse a Marbury. Porém a Suprema Corte não poderia conceder o
writ mandamus, porque esta competência lhe havia sido atribuída pela seção
13 do Judcial act de 1789 era contrária à Constituição, na medida que alargava
as competências originais da Suprema Corte. A corte não poderia utilizar-se de
uma atribuição ainda que conferida pelo parlamento, incompatível com a
Constituição. De acordo com a CF de 1787 as competências originárias da
suprema corte são restritas e poderiam ser aumentadas somente por emenda
à CF.
Esta decisão abriu um importante precedente seguido pelas demais
instâncias do poder judiciário americano, que passaram a também exercer o
poder de não aplicar uma lei que esteja em desacordo com a CF, sendo a
Suprema Corte a última instância para resolução desse conflito.
Na argumentação de Marshall: “existindo um conflito entre leis
hierarquicamente distintas, deve prevalecer a superior, assim, se uma lei
estiver em contraposição com a CF; se ambas, lei e CF se aplicam a um caso
particular, então a corte deve resolver o caso em conformidade com a lei, não
levando em conta a CF; ou em conformidade com a CF não levando em conta
a lei; a corte deve dizer qual dessas regras em conflito “governs the case”.
Essa é a essência judicial. Se, portanto, as cortes devem respeito à CF, e a CF
é superior a qualquer ato ordinário do legislativo, a CF e não esse ato ordinário
deve “governs the case” para o qual se aplicam”.
Surge assim o que hoje se chama de sistema difuso de controle da
constitucionalidade das leis. Difuso por poder ser realizado por todo e qualquer
juiz no momento de julgar a questão concreta.

(Oscar Vilhena Vieira - "STF, Jurisprudência política", ps. 42/45)

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1.2 Distinção: inconstitucionalidade formal e inconstitucionalidade
material

Inconstitucionalidade material: ocorre quando o conteúdo da lei contraria a


Constituição. O processo legislativo (procedimento constitucionalmente exigido
para a elaboração da lei) pode ter sido fielmente obedecido, mas a matéria
tratada é incompatível com a Carta Política. Seria o caso, por exemplo, de uma
lei que introduzisse no Brasil a pena de morte em tempos de paz, que
padeceria de inconstitucionalidade material, por afrontar o art. 5°, XLVII, da Lei
Maior.
Há inconstitucionalidade material quando a lei não está em consonância
com a disciplina, valores e propósitos da Constituição.
A liberdade do legislador para conformar a lei deve ser exercida dentro
dos limites constitucionais. Dentro desses limites, a lei qualquer que seja o seu
conteúdo, é absolutamente legítima.
Inconstitucionalidade formal: ocorre quando há um desrespeito à Constituição
no tocante ao processo de elaboração da norma, podendo alcançar tanto o
requisito competência, quanto o procedimento legislativo em si. O conteúdo da
norma pode ser plenamente compatível com a Carta Magna, mas alguma
formalidade exigida pela Constituição, no tocante ao trâmite legislativo ou à
regras de competência, foi desobedecida.
A inconstitucionalidade formal deriva de defeito na formação do ato
normativo, o qual pode estar na violação de regra de competência ou na
desconsideração de requisito procedimental. Exemplo: o procedimento para a
produção de lei ordinária e de lei ordinária compreende iniciativa, deliberação,
votação, sanção ou veto, promulgação e publicação.
Ainda, o art. 22 outorga competência privativa para a União legislar
sobre determinados assuntos, arrolados em seus incisos. Há vício de
competência quando a Assembleia Legislativa Estadual edita norma em
matéria da competência da União, legislando, por exemplo, sobre direito
processual.

1.3 Espécies de controle de constitucionalidade

Inconstitucionalidade por ação: ocorre quando o desrespeito à Constituição


resulta de uma conduta comissiva, positiva, praticada por algum órgão estatal.
É o caso, por exemplo, da elaboração pelo legislador ordinário de uma lei em
desacordo com a Constituição.
Inconstitucionalidade por omissão: ocorre quando a afronta à Constituição
resulta de uma omissão do legislador, em face de um preceito constitucional

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que determine seja elaborada norma regulamentando suas disposições.
Constitui, portanto, uma conduta omissiva frente a uma obrigação de legislar,
imposta ao Poder Público pela própria Constituição.
A inconstitucionalidade pode atingir todo o ato normativo (total) ou
apenas parte dele (parcial).
A regra é o reconhecimento da inconstitucionalidade de apenas parte da
lei ou ato normativo.

Inconstitucionalidade total: são situações que impõem ao Poder Judiciário a


declaração da inconstitucionalidade total da norma impugnada. Seria o caso,
por exemplo, da impugnação de uma lei resultante de iniciativa viciada (toda a
matéria disciplinada na norma era de iniciativa privativa do Presidente da
República, mas o projeto de lei foi apresentado por parlamentar) ou, ainda, de
uma lei de conteúdo materialmente complementar que tenha sido aprovada por
maioria simples de votos.
Inconstitucionalidade parcial: a declaração de inconstitucionalidade parcial pelo
Poder Judiciário pode recair sobre fração de artigo, parágrafo, inciso ou alínea,
até mesmo sobre uma única palavra de um desses dispositivos da lei ou ato
normativo.
Atenção: A regra constitucional que restringe o exame da constitucionalidade
do projeto de lei ao texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea (art. 66,
§ 2°) diz respeito ao chamado “veto jurídico” do chefe do Executivo, não
alcançando a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo Poder
Judiciário.

Inconstitucionalidade direta ou imediata: ocorre quando a desconformidade


verificada dá-se entre leis ou outros atos normativos primários e a Constituição.
O caso típico de inconstitucionalidade direta é a elaboração de uma espécie
normativa primária, integrante no nosso processo legislativo (art. 59), em
desrespeito à Constituição Federal.
Inconstitucionalidade derivada: ocorre quando a declaração de
inconstitucionalidade da norma regulamentada (primária) leva ao automático e
inevitável reconhecimento da invalidade das normas regulamentadoras
(secundárias) que haviam sido expedidas em função dela. Assim, se o decreto
“Y” regulamentava a lei “X”, a declaração da inconstitucionalidade desta atinge,
por derivação, a validade daquele, que deixa de produzir efeitos.

Inconstitucionalidade originária: é aquela que macula o ato no momento da sua


produção, em razão de desrespeito aos princípios e regras da Constituição
então vigente.

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Inconstitucionalidade superveniente: acontece quando a invalidade da norma
resulta da sua incompatibilidade com o texto constitucional futuro, seja ele
originário ou derivado (emenda constitucional).
OBS: a jurisprudência do STF não admite a existência da inconstitucionalidade
superveniente. Para a Corte, a superveniência de texto constitucional opera a
simples revogação do direito pretérito com ele materialmente incompatível, não
havendo razões para se falar em inconstitucionalidade superveniente.

1.4 Controle preventivo: Comissões de Constituição e Justiça e Veto


jurídico
Ocorrerá o controle de constitucionalidade preventivo (a priori) quando a
fiscalização da validade da norma incidir sobre o projeto, antes de a norma
estar pronta e acabada. Logo, é o controle realizado durante o processo
legislativo de formação do ato normativo.
O Poder Legislativo dispõe de certas competências que,
irrefutavelmente, consubstanciam juízo sobre a constitucionalidade das leis.
A primeira manifestação do Poder Legislativo apontada como
fiscalização da constitucionalidade ocorre nos trabalhos da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), no âmbito das Casas do Congresso Nacional.
Essa Comissão, presente na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal, manifesta-se sobre as proposições submetidas à apreciação do Poder
Legislativo (projetos de lei, propostas de emenda à Constituição etc.), podendo
concluir, por meio de parecer, pela constitucionalidade ou pela
inconstitucionalidade da matéria examinada.
A fiscalização da CCJ consubstancia controle político preventivo de
constitucionalidade, tendo por objeto evitar que ingresse no ordenamento
jurídico espécie normativa com algum vício de inconstitucionalidade.
Como vimos ao estudar processo legislativo, o Chefe do Executivo,
aprovado o projeto de lei, poderá sancioná-lo (caso concorde) ou vetá-lo.
O veto dar-se-á quando o Chefe do Executivo considerar o projeto de lei
inconstitucional ou contrário ao interesse público. O primeiro é o veto jurídico,
sendo o segundo conhecido como veto político.
Assim, caso o Chefe do Executivo entenda ser o projeto de lei
inconstitucional poderá vetá-lo, exercendo, desta feita, o controle de
constitucionalidade prévio ou preventivo, antes de o projeto de lei transformar-
se em lei.

1.5 Controle repressivo de constitucionalidade

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Ocorre o controle de constitucionalidade repressivo (a posteriori) quando
a fiscalização da validade incide sobre norma pronta e acabada, já inserida no
ordenamento jurídico.
O controle posterior ou repressivo será realizado sobre a lei e não mais
sobre o projeto de lei, como ocorre no controle preventivo.

1.5.1 Controle repressivo realizado pelo Poder Legislativo

Outro juízo de constitucionalidade manifestado pelo Poder Legislativo


está prescrito no art. 49, V, da Constituição Federal, que atribui ao Congresso
Nacional competência para sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa.
Ainda, a apreciação das medidas provisórias adotadas pelo Chefe do
Executivo (art. 62, CF) também constitui manifestação do Legislativo na
fiscalização da constitucionalidade, uma vez que da apreciação legislativa
poderá resultar a rejeição total da medida provisória, seja pelo desatendimento
dos pressupostos constitucionais para sua adoção (relevância e urgência), seja
por entender o Congresso que a medida provisória contraria materialmente a
Constituição.

1.5.2 Controle repressivo realizado pelo Poder Judiciário

No Brasil, o controle de constitucionalidade repressivo judiciário é misto,


ou seja, é exercido tanto da forma concentrada, quanto da forma difusa.

• Art. 97, CF: controle difuso

1.5.2.1 Controle difuso ou aberto

Também conhecido como controle por via de exceção ou defesa,


caracteriza-se pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal realizar no
caso concreto a análise sobre a compatibilidade do ordenamento jurídico com a
Constituição Federal.
O controle difuso caracteriza-se, principalmente, pelo fato de ser
exercitável somente perante um caso concreto a ser decidido pelo Poder
Judiciário. Assim, posto um litígio em juízo, o Poder Judiciário deverá
solucioná-lo e para tanto, incidentalmente deverá analisar a constitucionalidade
ou não da lei ou do ato normativo. A declaração de inconstitucionalidade é

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necessária para o deslinde do caso concreto, não sendo pois objeto principal
da ação.
Por outras palavras, na discussão de uma relação jurídica qualquer,
submetida à apreciação do Poder Judiciário, suscita-se a dúvida sobre a
constitucionalidade de um ato normativo relacionado com a lide. Surge, então,
a necessidade de o Poder Judiciário apreciar a constitucionalidade de tal ato
normativo para proferir a sua decisão no processo. Ao apreciar a questão
constitucional, como antecedente necessário e indispensável ao julgamento do
mérito do caso em exame, o juiz ou tribunal estará realizando o denominado
controle difuso.

1.5.2.1.1 Cláusula de reserva de plenário

A inconstitucionalidade de qualquer ato normativo estatal só pode ser


declarada pelo voto da maioria absoluta da totalidade dos membros do tribunal
ou, onde houver, dos integrantes do respectivo órgão especial, sob pena de
absoluta nulidade da decisão emanada do órgão fracionário (turma, câmara ou
seção), em respeito à previsão do art. 97 da Constituição Federal.
Esta verdadeira cláusula de reserva de plenário atua como verdadeira
condição de eficácia jurídica da própria declaração jurisdicional de
inconstitucionalidade dos atos do Poder Público, aplicando-se para todos os
tribunais, via difusa, e para o Supremo Tribunal Federal, também no controle
concentrado.
Conforme entendimento da Corte Suprema, “versando a controvérsia
sobre ato normativo já declarado inconstitucional pelo guardião maior da Carta
Política da República- o Supremo Tribunal Federal- descabe o deslocamento
previsto no art. 97 do referido Diploma maior. O julgamento de plano pelo órgão
fracionado homenageia não só a racionalidade, como também implica
interpretação teleológica do art. 97 em comento, evitando a burocratização dos
atos judiciais no que nefasta ao princípio da economia e da celeridade. A razão
de ser do preceito está na necessidade de evitar-se que órgãos fracionados
apreciem, pela primeira vez, a inconstitucionalidade argüida em relação a um
certo ato normativo.”

1.5.2.1.2 Controle difuso e Senado Federal

Ao Senado Federal não só cumpre examinar o aspecto formal da


decisão declaratória da inconstitucionalidade, verificando se ela foi tomada por
quorum suficiente e é definitiva, mas também indagar da conveniência dessa
suspensão.

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A declaração de inconstitucionalidade é do Supremo, mas a suspensão
é função do Senado. Sem a declaração, o Senado não se movimenta, pois não
lhe é dado suspender a execução de lei ou decreto não declarado
inconstitucional, porém a tarefa constitucional de ampliação desses efeitos é
sua, no exercício de sua atividade legiferante.
Ressalte-se por fim, que essa competência do Senado Federal aplica-se
à suspensão no todo ou em parte, tanto de lei federal, quanto de leis estaduais,
distritais ou municipais, declaradas, incidentalmente, inconstitucionais pelo
Supremo Tribunal Federal.

Controle concentrado

A Emenda 16, de 6 de dezembro de 1965, foi responsável pela


instituição desse modelo de controle em nosso sistema constitucional. Ficou
então, instituído que o Supremo Tribunal Federal tem competência para
processar e julgar originariamente a representação de inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo federal ou estadual.
Por meio desse controle, procura-se obter a declaração de
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em tese, independentemente da
existência de um caso concreto, visando-se à obtenção da invalidação da lei, a
fim de garantir a segurança das relações jurídicas, que não podem ser
baseadas em normas inconstitucionais.
O autor da ação pede ao Supremo Tribunal Federal que examine a lei ou
ato normativo federal ou estadual em tese (não existe caso concreto a ser
solucionado).
Assim, o controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato
normativo recebe tal denominação pelo fato de “concentrar-se” em um único
tribunal. Pode ser verificado em cinco situações:

1- ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) genérica


2- ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental)
3- ADO (Ação Direta de inconstitucionalidade por omissão)
4- ADI interventiva
5- ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade)

1.5.2.2 Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (ADI)

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O que se busca com a ADI genérica é o controle de constitucionalidade
de ato normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade,
impessoalidade e abstração.

1.5.2.2.1 Competência
O art. 102, I, “a”, da CF de 88 estabelece que compete ao STF,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar,
originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) de lei ou ato
normativo federal ou estadual.
Assim:

• Lei ou ato normativo federal-estadual que contrariar a CF→STF

• Lei ou ato normativo estadual ou municipal que contrariar a CE→ TJ


local.

• Lei ou ato normativo municipal que contrariar a CF→ não há controle


concentrado através de ADI, só difuso. Há, contudo, a possibilidade do
ajuizamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental
tendo por objeto lei municipal confrontada perante a CF.

1.5.2.2.2 Objeto
O objeto do comentado instrumento processual é a lei ou ato normativo
que se mostrarem incompatíveis com o sistema.

1.5.2.2.3 Finalidade
A finalidade da ação direta de inconstitucionalidade é retirar do
ordenamento jurídico, lei ou ato normativo incompatível com a ordem
constitucional. Assim, não poderá a ação ultrapassar seus fins de exclusão, do
ordenamento jurídico, dos atos incompatíveis com o texto da Constituição.

1.5.2.2.4 Legitimação
Os autores legitimados para a propositura da ADI encontram-se no art.
103 da CF, a saber:
a) Presidente da República;
b) Mesa do Senado Federal;
c) Mesa da Câmara dos Deputados;
d) Mesa da Assembléia Legislativa;

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e) Governadores de Estado;
f) Procurador Geral da República
g) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
h) Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional;
i) Entidade de classe ou associação de âmbito nacional.

1.5.2.2.5 Pedido de cautelar


O art. 102, I, “p” da CF estabelece que cabe ao STF processar e julgar,
originariamente, o pedido de cautelar nas ações diretas de
inconstitucionalidade. De acordo com o caput do art. 10 da Lei 9868 de 99,
salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida
por decisão da maioria absoluta (6 ministros) dos membros do Tribunal,
observado o disposto no art. 22 (quorum de instalação da sessão de
julgamento com pelo menos 8 ministros dos 11), após a audiência dos órgãos
ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 dias, dispensada esta audiência em caso
de excepcional urgência, hipótese em que o Tribunal poderá deferir a medida
cautelar.
Desde que presentes os requisitos do periculum in mora e do fumus boni
iuris, poderá ser concedida a liminar, suspendendo a eficácia do ato normativo.
A concessão da medida cautelar terá eficácia contra todos e efeito ex
nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa
(ex tunc).

1.5.2.2.6 Papel do Procurador Geral da República


Cabe ao Procurador Geral da República realizar o exame de
admissibilidade de cada ADI proposta, a fim de verificar se os requisitos
exigidos processual e materialmente estão nela presentes. Esse exame tem
como escopo evitar o excesso de ações com o mesmo objeto e fundamento
jurídico e evitar que ações de cunho meramente político ingressem no
Supremo Tribunal Federal.

1.5.2.2.7 Papel do Advogado Geral da União

O art. 103, § 3º, CF determina a citação do Advogado-Geral da União


nos processos de ADI, a fim de que defenda o ato, ou melhor, a
constitucionalidade do ato normativo questionado, tendo o STF fixado o
entendimento segundo o qual o Advogado-Geral da União não atua em sua
função comum, ordinária, conforme previsto no art. 131 , CF (representante
judicial da União), eis que nas ações de controle de constitucionalidade, realiza

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a defesa da constitucionalidade da norma, sendo considerado como curador da
lei.

É correto dizer que o Advogado-Geral da União é o defensor da


presunção de constitucionalidade da norma, independentemente da espécie e
origem, podendo sê-la estadual ou federal.

Percebe-se, assim, que o contraditório, mesmo que diminuído, é


garantido ou desenvolvido por meio da atuação dessa autoridade, sendo
obrigatória a defesa da manutenção da norma em todos os processos de ADI,
mesmo que a inconstitucionalidade seja flagrante e mesmo quando o autor da
norma for o próprio Presidente da República, autoridade a que está obrigado a
defender.

Observe-se que a sua atuação só é obrigatória em processos de ADI,


não o sendo nas ADCs, e ADI por Omissão, eis que nessas não há qualquer
contraditório instaurado.

A despeito de todas essas características da atuação do Advogado-


Geral da União em processos de ADI, há uma única hipótese em que a sua
atuação não é obrigatória, que responde, assim, à pergunta inicial, ocorrendo
quando já há decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a
inconstitucionalidade da norma, conforme ADIN 1616 -4/PE, rel. Min. Maurício
Correa.

Portanto, diante da questão sobre a obrigatoriedade da atuação do


Advogado-Geral da União, a resposta há de ser positiva, exceto em uma única
hipótese, qual seja, a de preexistência de decisão do Supremo sobre a
inconstitucionalidade da norma.

1.5.2.2.8 Procedimento

O procedimento vem delimitado nos §§ 1º e 3º do art. 103 da CF/88,


bem como nas regras trazidas pela Lei 9869/99 que assim dispõe:

Art. 3o A petição indicará:

I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos


jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações;

II - o pedido, com suas especificações.

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração,


quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo
conter cópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos
necessários para comprovar a impugnação.

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Art. 4o A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente
improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

Art. 5o Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o O relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das quais


emanou a lei ou o ato normativo impugnado.

Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo de trinta dias


contado do recebimento do pedido.

Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de


inconstitucionalidade.

Art. 15. A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente


improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial. [27]

1.5.2.2.9 Efeitos da Ação Direta de Inconstitucionalidade


De modo geral, a decisão no controle concentrado produzirá efeitos
contra todos, ou seja, erga omnes, e também terá efeito retroativo, ex tunc,
retirando do ordenamento jurídico o ato normativo ou lei incompatível com a
Constituição. Trata-se, portanto de ato nulo.
Conforme art. 27 da Lei 9868/99, ao declarar a inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria qualificada de 2/3 de
seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado. Ou seja, diante de tais requisitos, o STF poderá dar efeito
ex tunc.
Além da eficácia contra todos (erga omnes), o parágrafo único do art. 28
da Lei 9868/99 dispõe que a decisão terá efeito vinculante.
Os efeitos gerais da declaração de inconstitucionalidade no controle
concentrado, por meio de ADI, podem assim ser resumidos:

• Erga omnes
• Ex tnc
• Vinculante em relação aos órgãos do PJ e da Administração Pública
Federal, Estadual, Municipal e Distrital.

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Excepcionalmente, poderá o STF, por maioria qualificada de 2/3 de seus
Ministros, restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir do seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a
ser fixado, ou seja:

• Erga omnes
• Ex nunc; ou outro momento a ser fixado pelos ministros do STF,
podendo a modulação ser em algum momento do passado, no momento
do julgamento, ou para o futuro (efeito prospectivo);
• Vinculante em ralação aos órgãos do PJ e da Administração Pública
Federal, Estadual, Municipal e Distrital.

Obs: Não há necessidade de suspensão da execução da lei ou ato normativo


declarado inconstitucional, por decisão definitiva do STF, por meio de
resolução do Senado Federal no controle concentrado. O art. 52, X, só se
aplica ao controle difuso!

1.5.2.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão

1.5.2.3.1 Finalidade

Na ADI por omissão o que se busca é tornar efetiva norma constitucional


destituída de efetividade, ou seja, somente as normas constitucionais de
eficácia limitada.
A inconstitucionalidade por omissão é constatada quando o responsável
pela iniciativa da norma de complementação não toma as medidas necessárias
para sua edição, ou as toma de forma meramente parcial. A ação visa afastar,
com eficácia erga omnes, omissão quanto à medida normativa necessária para
tornar efetiva norma constitucional que não é de eficácia plena.
Afirma o Professor Pedro Lenza que: devendo o poder público ou órgão
administrativo regulamentar norma constitucional de eficácia limitada e não o
fazendo, surge a “doença”, a omissão, que poderá ser “combatida” através de
um “remédio” chamado ADI por omissão, de forma concentrada no STF.
O fundamento da ADO é o art. 103, § 2°, CF.
O órgão competente para apreciar a representação de
inconstitucionalidade por omissão é o STF.
Os legitimados são os do art. 103, CF (mesmos da ADI)

14
Espécies de omissão: a omissão pode ser total, quando não houver o
cumprimento constitucional do dever de legislar e parcial, quando houver lei
integrativa infraconstitucional, porém de forma insuficiente.
Ex. omissão total: art. 37, VII (direito de greve para os servidores públicos) que
ainda não está regulamentado por lei.
Ex. omissão parcial: Pode ser propriamente dita, quando a lei existe, mas
regula de forma deficiente o texto (art. 7°, IV- direito ao salário mínimo) ou,
omissão parcial relativa (a lei existe e outorga determinado benefício a certa
categoria, mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria ter sido contemplada-
súmula 339 STF).

Diferença de ADI por omissão e mandado de injunção:

O Mandado de Injunção é um remédio constitucional que possui


semelhança com a Ação de Inconstitucionalidade por Omissão, contudo, não
se pode dizer que essa semelhança é plena. Isso porque, apesar de ambos
visarem suprir norma regulamentadora que torna inviável o exercício de direitos
e garantias, divergem quanto à legitimação e quanto ao objeto.

Pode-se dizer, inclusive, que o Mandado de Injunção tem o campo de


atuação muito mais restrito que a "Adin" por Omissão. Enquanto esta pode ser
impetrada em face de qualquer omissão ante a não edição de norma
infraconstitucional regulamentadora, cujo efeito será "erga omnes", aquele só é
cabível nos casos de omissão que envolver: Direitos e Liberdades
Constitucionais (art. 5º); Prerrogativas inerentes à Nacionalidade (art.12º e
13º); Prerrogativas inerentes à Soberania (art. 2º) e Prerrogativas inerentes à
Cidadania (art. 14º e 15º).

Ademais, no Mandado de Injunção, há que se ressaltar que existem


requisitos básicos de que a injunção necessita, ou seja, que o direito previsto
na Constituição não esteja regulamentado e que o impetrante esteja sendo
tolhido do usufruto do seu direito subjetivo. A injunção deve sempre surgir "no
caso concreto", depois de verificada a ausência normativa, pois o prejudicado
deve se achar impedido de exercer o direito pleiteado, pela omissão do
Legislativo ou Executivo, sendo, por conseguinte, o único beneficiário da
decisão.

Por fim, analisando a legitimidade ativa de ambos, extrai-se que o


Mandado de Injunção pode ser impetrado por qualquer cidadão, que será,
como dito, o único beneficiário da decisão, enquanto a Adin por Omissão, nos
termos do previsto no art. 103, da CF, delimita a capacidade postulatória aos
agentes públicos nele discriminados, razão pela qual, ao atuarem em nome da
coletividade, a decisão aproveita todos os cidadãos.

15
MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO
Natureza e finalidade Natureza e finalidade.
Trata-se de processo no qual é A finalidade é declarar que há uma
discutido um direito subjetivo. A omissão, já que não existe
finalidade é viabilizar o exercício de determinada medida necessária para
um direito. Há, portanto, controle tornar efetiva uma norma
concreto de constitucionalidade. constitucional.
Estamos diante, portanto, de
processo objetivo, em que há controle
abstrato de constitucionalidade.
Cabimento Cabimento
Cabível quando faltar norma Cabível quando faltar norma
regulamentadora de direitos e regulamentadora relacionada com
liberdades constitucionais e das qualquer norma constitucional de
prerrogativas inerentes à eficácia limitada.
nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

Legitimados ativos Legitimados ativos


MI individual: pessoas naturais ou Os legitimados da ADI por omissão
jurídicas que se afirmam titulares dos estão descritos no art. 103 da CF/88.
direitos, das liberdades ou das
prerrogativas.
MI coletivo: estão previstos no art. 12
da Lei nº 13.300/2016.
Competência Competência
A competência para julgar a ação Se relacionada com norma da CF/88:
dependerá da autoridade que figura STF.
no polo passivo e que possui Se relacionada com norma da CE: TJ.
atribuição para editar a norma.

Efeitos da decisão Efeitos da decisão


Reconhecido o estado de mora Declarada a inconstitucionalidade por
legislativa, será deferida a injunção omissão, o Judiciário dará ciência ao
para: Poder competente para que este
I - determinar prazo razoável para que adote as providências necessárias.
o impetrado promova a edição da Se for órgão administrativo, este terá
norma regulamentadora; um prazo de 30 dias para adotar a
II - estabelecer as condições em que medida necessária.
se dará o exercício dos direitos, das Se for o Poder Legislativo, não há
liberdades ou das prerrogativas prazo.
reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o
interessado promover ação própria
visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo
determinado.
Obs: será dispensada a determinação
a que se refere o inciso I quando
comprovado que o impetrado deixou

16
de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a
edição da norma.

1.5.2.3.2 Objeto:

Para Luís Roberto Barroso “...são impugnáveis, no controle abstrato da


omissão, a inércia legislativa em editar quaisquer dos atos normativos
primários suscetíveis de impugnação em ação direta de inconstitucionalidade...
O objeto aqui, porém, é mais amplo; também caberá a fiscalização da omissão
inconstitucional em se tratando de atos normativos secundários, como
regulamentos ou instruções, de competência do Executivo, e até mesmo,
eventualmente, de atos próprios dos órgãos judiciários.”

1.5.2.3.3 Efeitos da decisão:

“Erga omnes”

• Efeitos para o poder competente (Legislativo)

• Efeitos para o órgão administrativo (Executivo): deve-se verificar a


execução da ordem judicial no prazo de 30 dias.

1.5.2.3.4 Medida cautelar:

A Lei 12063/2009 passou a admitir medida cautelar em ADO.


Segundo o art. 12-F da Lei 9868/99, em caso de excepcional urgência e
relevância da matéria, o STF, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, observado o art.22, poderá conceder medida cautelar, após a
audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão
inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 dias.
A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou
do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na
suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou
ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.

17
1.5.2.4 Ação Declaratória de Constitucionalidade

1.5.2.4.1 Previsão normativa: Prevista no art. 102, I, “a” e § 2º da CF/88.

1.5.2.4.2 Finalidade

Busca-se afastar o quadro de insegurança jurídica ou incerteza sobre a


validade ou aplicação de lei ou ato normativo federal, preservando a ordem
jurídica constitucional.
O objetivo da ADC é transformar uma presunção relativa de
constitucionalidade em absoluta, não mais se admitindo prova em contrário. Ou
seja, julgada procedente a ADC, tal decisão vinculará os órgãos do Poder
Judiciário e a administração pública, que não mais poderão declarar a
inconstitucionalidade da aludida lei, ou agir em desconformidade com a decisão
do STF.

1.5.2.4.3 Legitimidade: art. 103, CF.

1.5.2.4.4 Objeto: lei ou ato normativo federal (art. 102, § 2°, CF)

1.5.2.4.5 Procedimento

Para impetração da Adc, faz-se necessária a comprovação de


controvérsia jurídica relevante acerca da Constitucionalidade ou não de
determinada lei ou ato normativo federal. Assim, caracterizada tal situação,
poderá um dos legitimados do art.103 da CF interpor Ação Declaratória de
Constitucionalidade com o escopo de afastar a dúvida acerca da presunção de
validade do dispositivo impugnada.
O art. 14 da Lei da Adin e Adc trata dos
p r e s s u p o s t o s n e c e s s á r i o s à composição da petição inicial da
Ação Declaratória de Constitucionalidade. Deste modo, por oportunidade
da interposição da ação, deve o autor, além de comprovar sua legitimidade
genérica, deve apresentar o dispositivo de lei ou ato normativo
impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido, que deve ser feito
com suas especificações e de maneira clara, bem como deve comprovar a
existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição
objeto da ação declaratória.
Cabe destacar aqui que esta comprovação de controvérsia judicial sobre
o tema é quesito indispensável para a aceitação da ação objetiva, não sendo

18
admissível a s i m p l e s e n u m e r a ç ã o d e a l g u n s c a s o s j u r í d i c o s
isolados, dev endo ser tal situação relev ante ao ponto de por
em dúvida a presunção de constitucionalidade dos atos
normativos.
A controvérsia há de ser séria, a ponto de gerar
i n s e g u r a n ç a j u r í d i c a , abalando a presunção de legitimidade de que goza
todo ato normativo. Não se admite a mera controvérsia doutrinária, vez que ela,
conquanto importante para o desenvolvimento cientifico, não tem o condão de
obstar a aplicação do ato normativo.
Sendo protocolada, a ação será distribuída para algum dos
Ministros que c o m p õ e m o S u p r e m o , q u e f a r á a s v e z e s d e
R e l a t o r , s e n d o - l h e a s s i m a t r i b u í d a a competência para diligenciar na
organização do processo para seu julgamento.
Como visto acima, a petição inepta, não-fundamentada ou
manifestamente improcedente será indeferida pelo Ministro–relator de maneira
monocrática (Art. 15 da Lei n. 9.868/99), cabendo desta decisão agravo
(p. único, do art. 15 da mesma lei) no prazo de cinco dias com o intuito de
levar a questão à apreciação do plenário do STF.
De observar que, nessa ação, o Advogado-Geral da União não se
manifesta, u m a v e z q u e e l a j á o b j e t i v a a d e f e s a d o a t o e ,
c o n s e q u e n t e m e n t e , a declaração da sua constitucionalidade. Logo,
nada há para o AGU defender.
Demais disso, não há pedido de informações.
Observe-se que, uma vez proposta a ação declaratória em estudo, a
exemplo do que ocorre com a Adin, não se admitirá desistência (art. 16 da Lei
n. 9.868/99) nem se deferirá intervenção de terceiro de qualquer modalidade
(art. 18 da mesma lei). Tais circunstâncias servem para evidenciar de forma
ainda mais lídima o caráter objetivo que as ações declaratórias de controle
concentrado de constitucionalidade apresentam.

1.5.2.4.6 Efeitos da decisão: (art. 102, § 2°, CF)

• Erga omnes (eficácia contra todos)

• Ex tunc

• Vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à administração


pública federal, estadual, municipal e distrital.

Medida cautelar: o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros,


poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os
tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da
lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.
Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias, prazo esse definido
pela Lei para que o Tribunal julgue a ação declaratória. Findo tal prazo, sem
julgamento, cessar-se-á a eficácia da medida cautelar.

19
LEI No 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999.

Dispõe sobre o processo e


julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade e da ação
declaratória de constitucionalidade
perante o Supremo Tribunal Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E DA
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de


inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal.

CAPÍTULO II
DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Seção I
Da Admissibilidade e do Procedimento da
Ação Direta de Inconstitucionalidade

Art. 2o Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: (Vide artigo 103 da


Constituição Federal)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito


Federal;

V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 3o A petição indicará:

I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do


pedido em relação a cada uma das impugnações;

II - o pedido, com suas especificações.

20
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, quando
subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias da lei ou do
ato normativo impugnado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação.

Art. 4o A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente


serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

Art. 5o Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o O relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a
lei ou o ato normativo impugnado.

Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo de trinta dias contado do


recebimento do pedido.

Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de


inconstitucionalidade.

§ 1o (VETADO)

§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos


postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo
anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

Art. 8o Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-


Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no
prazo de quinze dias.

Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a
todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.

§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou


de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar
informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a
questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com
experiência e autoridade na matéria.

§ 2o O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos


Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no
âmbito de sua jurisdição.

§ 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores


serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator.

Seção II
Da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade

Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida
por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22,
após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo
impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias.

21
§ 1o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o
Procurador-Geral da República, no prazo de três dias.

§ 2o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos


representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela
expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal.

§ 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem


a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo
impugnado.

Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em
seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da
decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver
emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste
Capítulo.

§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex
nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.

§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso


existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria
e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a
prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da
União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter
o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.

Capítulo II-A
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Seção I
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Art. 12-A. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade por omissão os


legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de
constitucionalidade. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Art. 12-B. A petição indicará: (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever


constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa; (Incluído
pela Lei nº 12.063, de 2009).

II - o pedido, com suas especificações. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, se for o


caso, será apresentada em 2 (duas) vias, devendo conter cópias dos documentos necessários
para comprovar a alegação de omissão. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Art. 12-C. A petição inicial inepta, não fundamentada, e a manifestamente improcedente


serão liminarmente indeferidas pelo relator. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

22
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial. (Incluído pela
Lei nº 12.063, de 2009).

Art. 12-D. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, não se admitirá
desistência. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ação direta de inconstitucionalidade por


omissão, no que couber, as disposições constantes da Seção I do Capítulo II desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 1o Os demais titulares referidos no art. 2 o desta Lei poderão manifestar-se, por escrito,
sobre o objeto da ação e pedir a juntada de documentos reputados úteis para o exame da
matéria, no prazo das informações, bem como apresentar memoriais. (Incluído pela Lei nº
12.063, de 2009).

§ 2o O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá


ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 3o O Procurador-Geral da República, nas ações em que não for autor, terá vista do
processo, por 15 (quinze) dias, após o decurso do prazo para informações. (Incluído pela Lei nº
12.063, de 2009).

Seção II
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por


decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o disposto no art. 22, poderá
conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela
omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela
Lei nº 12.063, de 2009).

§ 1o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato


normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos
judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo
Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 2o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da República, no prazo


de 3 (três) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 3o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos


representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão
inconstitucional, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063,
de 2009).

Art.12-G. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em


seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União, a parte dispositiva da
decisão no prazo de 10 (dez) dias, devendo solicitar as informações à autoridade ou ao órgão
responsável pela omissão inconstitucional, observando-se, no que couber, o procedimento
estabelecido na Seção I do Capítulo II desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Seção III
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Decisão na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

23
Art. 12-H. Declarada a inconstitucionalidade por omissão, com observância do disposto
no art. 22, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências
necessárias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 1o Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser


adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente
pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público
envolvido. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 2o Aplica-se à decisão da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, no que


couber, o disposto no Capítulo IV desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

CAPÍTULO III
DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Seção I
Da Admissibilidade e do Procedimento da
Ação Declaratória de Constitucionalidade

Art. 13. Podem propor a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal: (Vide artigo 103 da Constituição Federal)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa da Câmara dos Deputados;

III - a Mesa do Senado Federal;

IV - o Procurador-Geral da República.

Art. 14. A petição inicial indicará:

I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do


pedido;

II - o pedido, com suas especificações;

III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto


da ação declaratória.

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, quando


subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato
normativo questionado e dos documentos necessários para comprovar a procedência do
pedido de declaração de constitucionalidade.

Art. 15. A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente


serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

Art. 16. Proposta a ação declaratória, não se admitirá desistência.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação declaratória de


constitucionalidade.

24
§ 1o (VETADO)

§ 2o (VETADO)

Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será aberta vista ao Procurador-Geral da
República, que deverá pronunciar-se no prazo de quinze dias.

Art. 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a
todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.

§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou


de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar
informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a
questão ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com
experiência e autoridade na matéria.

§ 2o O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais Superiores, aos


Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no
âmbito de sua jurisdição.

§ 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores


serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator.

Seção II
Da Medida Cautelar em Ação Declaratória
de Constitucionalidade

Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros,
poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade,
consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos
processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu
julgamento definitivo.

Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar
em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez
dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob
pena de perda de sua eficácia.

CAPÍTULO IV
DA DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
E NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato


normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros.

Art. 23. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro sentido se
tiverem manifestado pelo menos seis Ministros, quer se trate de ação direta de
inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade.

Parágrafo único. Se não for alcançada a maioria necessária à declaração de


constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, estando ausentes Ministros em número que
possa influir no julgamento, este será suspenso a fim de aguardar-se o comparecimento dos
Ministros ausentes, até que se atinja o número necessário para prolação da decisão num ou
noutro sentido.

25
Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou
procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á
procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.

Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou ao órgão responsável


pela expedição do ato.

Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou


do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a
interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação
rescisória.

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista


razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração
ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento
que venha a ser fixado.

Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o Supremo
Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da
União a parte dispositiva do acórdão.

Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,


inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de
inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em
relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS

Art. 29. O art. 482 do Código de Processo Civil fica acrescido dos seguintes parágrafos:

"Art. 482. ...........................................................................

§ 1o O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do


ato questionado, se assim o requererem, poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade, observados os prazos e condições fixados no Regimento Interno do
Tribunal.

§ 2o Os titulares do direito de propositura referidos no art. 103 da Constituição poderão


manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação pelo órgão
especial ou pelo Pleno do Tribunal, no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes assegurado o
direito de apresentar memoriais ou de pedir a juntada de documentos.

§ 3o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,


poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades."

Art. 30. O art. 8o da Lei no 8.185, de 14 de maio de 1991, passa a vigorar acrescido dos
seguintes dispositivos:

"Art.8o .............................................................................

I - .....................................................................................

........................................................................................

26
n) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face da
sua Lei Orgânica;

.......................................................................................

§ 3o São partes legítimas para propor a ação direta de inconstitucionalidade:

I- o Governador do Distrito Federal;

II - a Mesa da Câmara Legislativa;

III - o Procurador-Geral de Justiça;

IV - a Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Distrito Federal;

V - as entidades sindicais ou de classe, de atuação no Distrito Federal, demonstrando que a


pretensão por elas deduzida guarda relação de pertinência direta com os seus objetivos
institucionais;

VI - os partidos políticos com representação na Câmara Legislativa.

§ 4o Aplicam-se ao processo e julgamento da ação direta de Inconstitucionalidade perante o


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios as seguintes disposições:

I - o Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de constitucionalidade


ou de inconstitucionalidade;

II - declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma da Lei
Orgânica do Distrito Federal, a decisão será comunicada ao Poder competente para adoção
das providências necessárias, e, tratando-se de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta
dias;

III - somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou de seu órgão especial, poderá
o Tribunal de Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Distrito
Federal ou suspender a sua vigência em decisão de medida cautelar.

§ 5o Aplicam-se, no que couber, ao processo de julgamento da ação direta de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face da sua Lei Orgânica
as normas sobre o processo e o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade perante o
Supremo Tribunal Federal."

Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de novembro de 1999; 178 o da Independência e 111o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


José Carlos Dias

27
1.5.2.5 Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva

1.5.2.5.1 Previsão

O art. 18, caput, da CF afirma que


A organização política administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
Acontece que em situações de anormalidade esta autonomia será
suprimida, havendo intervenção.
Sendo assim, a Constituição brasileira admite o excepcional afastamento
da autonomia política, por meio da intervenção de uma entidade política sobre
outra, diante do interesse maior de preservação da própria unidade da
Federação.
No Brasil, somente podem ser sujeitos ativos da intervenção a União e
os estados-membros. Não existe intervenção praticada por município ou pelo
Distrito Federal.
A União tem competência para intervir nos estados e no Distrito Federal
(art. 34, CF). Em hipótese nenhuma a União intervirá em municípios
localizados em estado-membro. A União só dispõe de competência para
intervir diretamente em município se estiver localizado em Território Federal
(art.35, CF).
Os Estados tem competência para intervir em seus Municípios (art.35,
CF).
A decretação da intervenção é um ato político, executado sempre,
exclusivamente, pelo Chefe do Poder Executivo (Presidente da República ou
Governador do Estado).

1.5.2.5.2 Finalidade: A ADI interventiva apresenta-se como um dos


pressupostos para a decretação da intervenção federal, ou estadual, pelos
Chefes do Executivo, nas hipóteses previstas na CF de 88. Quem decreta a
intervenção não é o Judiciário, mas o chefe do Poder Executivo.

28
Representação interventiva federal (ADI interventiva federal)

O art. 36 da CF, primeira parte, estabelece que a decretação da


intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação do PGR, na
hipótese do art. 34, VII , quais sejam, os princípios constitucionais sensíveis da
Constituição.

1.5.2.5.3 Objeto: lei ou ato normativo, omissão ou incapacidade das


autoridades locais, ou ato governamental estadual que desrespeitem os
princípios sensíveis da CF.

Princípios sensíveis: situações previstas no art. 34, VII, ou seja:

• Forma republicana, sistema representativo e regime democrático;


• Direitos da pessoa humana
• Autonomia municipal
• Prestação de contas da Administração Pública, direta e indireta;
• Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e no desenvolvimento do ensino e nas ações e nos
serviços públicos de saúde.

Competência: STF (art.36,III).

1.5.2.5.4 Legitimidade ativa: Procurador- Geral da República (único e


exclusivo legitimado).

1.5.2.5.5 Procedimento: proposta a ação pelo Procurador- Geral da


República, no STF, quando a lei ou ato normativo de natureza estadual (ou
distrital de natureza estadual), ou omissão, ou ato governamental contrariem os
princípios sensíveis da CF, previstos no art. 34, VII, julgada procedente a ação,
o STF requisitará ao Presidente da República que decrete a intervenção. O
Presidente da República, nos termos do art. 36 § 3°, através de decreto, limitar-
se-á a suspender a execução do ato impugnado. Caso essa medida não seja
suficiente para o restabelecimento da normalidade, aí, sim, o Presidente da
República decretará a intervenção federal, executando-a através da nomeação
de interventor e afastando as autoridades responsáveis de seu cargo (art. 84,
X, da CF).
Representação interventiva estadual (ADI interventiva estadual)
O art. 35, IV, da CF, por sua vez, dispõe que a intervenção estadual, a ser
decretada pelo Governador de Estado, dependerá de provimento pelo TJ local

29
de representação para assegurar a observância de princípios indicados na CE,
ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. As regras
vêm previstas nas Constituições estaduais e nos regimentos internos dos
tribunais locais, devendo, em essência, por simetria, seguir o modelo federal.

LEI Nº 12.562, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011.

Regulamenta o inciso III do art. 36 da


Constituição Federal, para dispor sobre o
processo e julgamento da representação
interventiva perante o Supremo Tribunal
Federal.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da representação


interventiva prevista no inciso III do art. 36 da Constituição Federal.

Art. 2o A representação será proposta pelo Procurador-Geral da República, em


caso de violação aos princípios referidos no inciso VII do art. 34 da Constituição Federal,
ou de recusa, por parte de Estado-Membro, à execução de lei federal.

Art. 3o A petição inicial deverá conter:

I - a indicação do princípio constitucional que se considera violado ou, se for o


caso de recusa à aplicação de lei federal, das disposições questionadas;

II - a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato concreto ou da


omissão questionados;

III - a prova da violação do princípio constitucional ou da recusa de execução de lei


federal;

IV - o pedido, com suas especificações.

Parágrafo único. A petição inicial será apresentada em 2 (duas) vias, devendo


conter, se for o caso, cópia do ato questionado e dos documentos necessários para
comprovar a impugnação.

Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, quando não for o
caso de representação interventiva, faltar algum dos requisitos estabelecidos nesta Lei
ou for inepta.

Parágrafo único. Da decisão de indeferimento da petição inicial caberá agravo, no


prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus


membros, poderá deferir pedido de medida liminar na representação interventiva.

30
§ 1o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato
questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da
República, no prazo comum de 5 (cinco) dias.

§ 2o A liminar poderá consistir na determinação de que se suspenda o andamento


de processo ou os efeitos de decisões judiciais ou administrativas ou de qualquer outra
medida que apresente relação com a matéria objeto da representação interventiva.

Art. 6o Apreciado o pedido de liminar ou, logo após recebida a petição inicial, se
não houver pedido de liminar, o relator solicitará as informações às autoridades
responsáveis pela prática do ato questionado, que as prestarão em até 10 (dez) dias.

§ 1o Decorrido o prazo para prestação das informações, serão ouvidos,


sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que
deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de 10 (dez) dias.

§ 2o Recebida a inicial, o relator deverá tentar dirimir o conflito que dá causa ao


pedido, utilizando-se dos meios que julgar necessários, na forma do regimento interno.

Art. 7o Se entender necessário, poderá o relator requisitar informações adicionais,


designar perito ou comissão de peritos para que elabore laudo sobre a questão ou,
ainda, fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.

Parágrafo único. Poderão ser autorizadas, a critério do relator, a manifestação e a


juntada de documentos por parte de interessados no processo.

Art. 8o Vencidos os prazos previstos no art. 6o ou, se for o caso, realizadas as


diligências de que trata o art. 7 o, o relator lançará o relatório, com cópia para todos os
Ministros, e pedirá dia para julgamento.

Art. 9o A decisão sobre a representação interventiva somente será tomada se


presentes na sessão pelo menos 8 (oito) Ministros.

Art. 10. Realizado o julgamento, proclamar-se-á a procedência ou improcedência


do pedido formulado na representação interventiva se num ou noutro sentido se tiverem
manifestado pelo menos 6 (seis) Ministros.

Parágrafo único. Estando ausentes Ministros em número que possa influir na


decisão sobre a representação interventiva, o julgamento será suspenso, a fim de se
aguardar o comparecimento dos Ministros ausentes, até que se atinja o número
necessário para a prolação da decisão.

Art. 11. Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou aos órgãos


responsáveis pela prática dos atos questionados, e, se a decisão final for pela
procedência do pedido formulado na representação interventiva, o Presidente do
Supremo Tribunal Federal, publicado o acórdão, levá-lo-á ao conhecimento do
Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar
cumprimento aos §§ 1o e 3o do art. 36 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado a partir do trânsito em


julgado da decisão, a parte dispositiva será publicada em seção especial do Diário da
Justiça e do Diário Oficial da União.

Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido da


representação interventiva é irrecorrível, sendo insuscetível de impugnação por ação
rescisória.

31
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de dezembro de 2011; 190o da Independência e 123o da República.

1.5.2.6 Arguição de descumprimento de preceitos fundamentais

1.5.2.6.1 Objeto: evitar (ADPF preventiva) ou reparar (ADPF repressiva) lesão


a preceito fundamental decorrente da CF, resultante de ato (comissivo ou
omissivo) do Poder Público. Não há exigência de que seja ato normativo.

Preceito fundamental: devem ser entendidos os princípios constitucionais


(inclusive os princípios constitucionais sensíveis arrolados no inciso VII do art.
34 da CF), os objetivos, direitos e garantias fundamentais previstos nos arts. 1°
a 5° da CF, as cláusulas pétreas, os princípios da Administração Pública e
outras disposições constitucionais que se mostrem fundamentais para a
preservação de valores mais relevantes protegidos pela CF.
Para Bulos, “qualificam-se de fundamentais os grandes preceitos que informam
o sistema constitucional, que estabelecem comandos basilares e
imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária”.

1.5.2.6.2 ADPF por equiparação: a arguição pode ter por objeto relevante
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição vigente à época de sua
propositura (direito pré-constitucional).

Legimitidade: Os legitimados para a propositura da referida ação são os


mesmo da ADI genérica.
O art. 2º, II da Lei 9882/99 permitia a legitimação para qualquer pessoa
lesada ou ameaçada por ato do poder público, mas foi vetado.
Ver art. 2º, §1º da referida Lei.

Exemplo de ADPF:

ADPF 186 ajuizada pelo Partido Democratas (DEM) para impugnar a política
de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília
(UnB).

32
Em resumo, a instituição universitária fixou, pelo prazo de 10 anos, a reserva
de 20% de suas vagas para estudantes negros e pardos e vinte vagas para
índios de todos os estados brasileiros.

A Argüição de Descumprimento de Preceito fundamental, ajuizada em


2009 pelo DEM, questionou os atos administrativos do Conselho de Ensino,
Pesquisa e Extensão da Universidade de Brasília (Cepe/UnB) que
determinaram a reserva de vagas oferecidas pela universidade. Na petição
inicial alegou-se, em resumo, que as cotas violariam os seguintes fundamentos
constitucionais:

a) princípio da dignidade da pessoa humana;

b) repúdio ao racismo;

c) princípio da igualdade;

d) direito universal à educação;

e) meritocracia.

O STF, por unanimidade de votos, julgou improcedente o pedido veiculado na


ADPF 186.

LEI No 9.882, DE 3 DE DEZEMBRO DE 1999.

Dispõe sobre o processo e julgamento da arguição


de descumprimento de preceito fundamental, nos
termos do § 1o do art. 102 da Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta


perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito
fundamental, resultante de ato do Poder Público.

Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental:

I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato


normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; (Vide ADIN
2.231-8, de 2000)

II – (VETADO)

Art. 2o Podem propor argüição de descumprimento de preceito fundamental:

I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade;

II - (VETADO)

33
§ 1o Na hipótese do inciso II, faculta-se ao interessado, mediante representação, solicitar
a propositura de argüição de descumprimento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da
República, que, examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidirá do cabimento do seu
ingresso em juízo.

§ 2o (VETADO)

Art. 3o A petição inicial deverá conter:

I - a indicação do preceito fundamental que se considera violado;

II - a indicação do ato questionado;

III - a prova da violação do preceito fundamental;

IV - o pedido, com suas especificações;

V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a


aplicação do preceito fundamental que se considera violado.

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o


caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos
documentos necessários para comprovar a impugnação.

Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso
de argüição de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos
nesta Lei ou for inepta.

§ 1o Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando


houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.

§ 2o Da decisão de indeferimento da petição inicial caberá agravo, no prazo de cinco dias.

Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros,
poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito
fundamental.

§ 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de


recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.

§ 2o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado,


bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum
de cinco dias.

§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o


andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que
apresente relação com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito
fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. (Vide ADIN 2.231-8, de 2000)

§ 4o (VETADO)

Art. 6o Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as informações às autoridades


responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de dez dias.

§ 1o Se entender necessário, poderá o relator ouvir as partes nos processos que


ensejaram a argüição, requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos

34
para que emita parecer sobre a questão, ou ainda, fixar data para declarações, em audiência
pública, de pessoas com experiência e autoridade na matéria.

§ 2o Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e juntada de


memoriais, por requerimento dos interessados no processo.

Art. 7o Decorrido o prazo das informações, o relator lançará o relatório, com cópia a todos
os ministros, e pedirá dia para julgamento.

Parágrafo único. O Ministério Público, nas argüições que não houver formulado, terá vista
do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para informações.

Art. 8o A decisão sobre a argüição de descumprimento de preceito fundamental somente


será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços dos Ministros.

§ 1o (VETADO)

§ 2o (VETADO)

Art. 9o (VETADO)

Art. 10. Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos responsáveis


pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o modo de interpretação e
aplicação do preceito fundamental.

§ 1o O presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-


se o acórdão posteriormente.

§ 2o Dentro do prazo de dez dias contado a partir do trânsito em julgado da decisão, sua
parte dispositiva será publicada em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da
União.

§ 3o A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais
órgãos do Poder Público.

Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de


argüição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de
dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em argüição de


descumprimento de preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação
rescisória.

Art. 13. Caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma do seu Regimento Interno.

Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 3 de dezembro de 1999; 178o da Independência e 1 11o da República.

35
2 DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

DEFINIÇÃO

A Constituição de 1988, nos arts. 136 a 141 prescreve as regras


relativas ao Estado de Defesa e ao Estado Sítio.
São normas que visam à estabilização e à defesa da Constituição contra
processos violentos de mudança ou perturbação da ordem constitucional, mas
também à defesa do Estado quando a situação crítica derive de guerra externa,
momento em que a legalidade normal é substituída por uma legalidade
extraordinária.

PRINCÍPIOS REGENTES DO SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES

O Estado de Defesa e o Estado de Sítio, juntamente com as demais


regras previstas no Título V da CF/88, formam o sistema constitucional de
crises, que é regido por três princípios.

Princípio fundante da necessidade: os estados de defesa e de sítio só


podem ser decretados à luz de fatos que os justifiquem e nas situações
previstas taxativamente na constituição.

Princípio da temporariedade: os estados de defesa e de sítio são medidas


temporárias, mesmo que, em alguns casos, se admita a prorrogação dos
prazos previstos na Constituição;

Princípio da proporcionalidade: as medidas a serem empreendidas nos


estados de defesa e de sítio devem guardar relação de proporcionalidade com
os fatos que justificaram sua adoção.

ESTADO DE DEFESA

A Constituição Federal de 1988 contempla os dois institutos: o Estado de


Defesa e o Estado de Sítio.

Em seu artigo 136 instituiu a possibilidade de o Presidente da República


decretar estado de defesa, em substituição a outros dois mecanismos da
Constituição anterior, que são as medidas de emergência, e o estado de
emergência que fora instituído pela Emenda Constitucional nº. 11, de 13 de
outubro de1978.

O Estado de Defesa, previsto no art. 136 da atual Constituição Federal,


tem características mais amplas e precisas do que as medidas de emergência,
quanto ao poder de iniciativa, aos órgãos de consulta, finalidade, alcance,
duração e controle.

36
Assim o artigo 136 da CF disciplina e delineia os contornos do Estado de
Defesa:

Art. 136 - O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da


República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais
restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o


tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a
vigorarem, dentre as seguintes:

I - restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na


hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos
danos e custos decorrentes.

§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a


trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

§ 3º - Na vigência do estado de defesa:

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor


da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso
requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela


autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de
sua autuação;

III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser


superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder
Judiciário;

IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o


Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas,
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso
Nacional, que decidirá por maioria absoluta.

§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será


convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.

37
§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez
dias contados de seu recebimento, devendo continuar
funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.

§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de


defesa.

Conforme José Afonso da Silva, o estado de defesa é uma


situação em que se organizam medidas destinadas a debelar
ameaças à ordem pública ou a paz social, ou ainda:

O estado de defesa consiste na instauração de uma legalidade


extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e determinados, mediante
decreto do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
calamidades de grandes proporções na natureza.

Os fundamentos para o estado de defesa podem ser de fundo e de


forma.

Os pressupostos de fundo do estado de defesa são: a existência de


grave e eminente instabilidade institucional que ameace a ordem pública ou a
paz social, a manifestação de calamidade na natureza que ameace a ordem
pública e a paz social.

A calamidade deverá ser de grandes proporções, nos termos


constitucionais, e gerar séria perturbação à ordem pública ou a paz social para
servir de base para decretação do estado de defesa.

A decretação do estado de defesa importa na adoção de legalidade


especial, cujo conteúdo depende do decreto que o instaurar, respeitando os
termos e limites da lei.

O decreto indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a


vigorarem durante o estado de defesa, dentre as relacionadas no dispositivo,
que são: restrições ao direito de reunião, sigilo de correspondência e sigilo de
comunicação telegráfica e telefônica, ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União
pelos custos e danos decorrentes, e prisão por crime contra o Estado, pelo
executor da medida, que deverá comunicá-la, com declaração de estado físico
ou mental, do detido, ou juiz competente, ou por outros motivos, nunca superior
a dez dias, salvo autorização do Poder Judiciário.

Os pressupostos formais do estado de defesa são: prévia manifestação


dos Conselhos da República e de Defesa Nacional, decretação pelo Presidente
da República, que deverá ouvir previamente esses dois Conselhos,
determinação no decreto, do tempo de sua duração, que não pode ser superior
a trinta dias, podendo ser prorrogado apenas uma vez por igual período, ou de
menor período se persistirem as razões que justificaram sua decretação, com a

38
devida especificação da área por ele abrangida, e indicação das medidas
coercitivas indicadas no artigo 136, § 1º.

A audiência dos Conselhos da República e Defesa Nacional, é


obrigatória, pois sem elas a medida se tornará inconstitucional, mas são de
cunho consultivo do Presidente da República, pois não torna o ato vinculado.
Mesmo assim, o Presidente não decretando, pode incorrer em crime de
responsabilidade do Presidente da República.

É uma modalidade mais branda de estado de sítio, e tem por objetivo


preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por
fatores de crise.

EFEITOS E EXECUÇÃO DO ESTADO DE DEFESA

A decretação do estado de defesa importa na adoção de legalidade


especial, cujo conteúdo depende do decreto que o instaurar, respeitando os
termos e limites da lei.

O decreto indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a


vigorarem durante o estado de defesa, dentre as relacionadas no dispositivo,
que são: restrições ao direito de reunião, sigilo de correspondência e sigilo de
comunicação telegráfica e telefônica, ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União
pelos custos e danos decorrentes, e prisão por crime contra o Estado, pelo
executor da medida, que deverá comunicá-la, com declaração de estado físico
ou mental do detido, ou juiz competente, ou por outros motivos, nunca superior
a dez dias, salvo autorização do Poder Judiciário.

CONTROLES

O Estado de defesa fica sujeito a controles político e jurisdicional, pois


não pode ser situação de arbítrio, mas situação constitucionalmente regrada.

O controle político acontece em dois momentos no Congresso Nacional:


o primeiro é a apreciação do decreto de instauração e de prorrogação do
estado de defesa, que o Presidente da República deverá submeter-se, dentro
de vinte e quatro horas de sua edição, acompanhado de justificação.

O Congresso deverá apreciar dentro de dez dias, contados de seu


recebimento; se estiver em recesso será convocado extraordinariamente no
prazo de cinco dias, e deverá continuar em funcionamento enquanto vigorar o
estado de defesa.

A apreciação da medida será concluída com sua aprovação ou rejeição;


se aprovado, segue sua execução com seus efeitos, e se rejeitado, seus
efeitos cessarão imediatamente.

O segundo momento de apreciação no Congresso Nacional será após o


término do estado de defesa, com suas medidas relatadas pelo Presidente da

39
República, em mensagem ao Congresso Nacional, constando relação e
providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das
restrições aplicadas.

Se o Congresso não aceitar a justificação dada pelo Presidente da


República, ficará caracterizado algum crime de responsabilidade,
especialmente o atentado a direitos individuais.

O artigo 140 da CF prevê um controle político, composto de cinco


membros da Mesa do Congresso Nacional, para acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas do estado de defesa e estado de sítio.

O controle jurisdicional consta no artigo 136, § 3º, onde está previsto


prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, a qual
será por este comunicada imediatamente ao juiz competente que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à
autoridade policial, declaração acompanhada de declaração de estado físico e
mental do detido.

A prisão, ou detenção não poderá ser inferior a dez dias, salvo


autorização do Poder Judiciário, se não existir essa autorização, o
constrangimento é ilegal e passível de habeas corpus.

Depois de cessado o estado de defesa, ainda pode haver controle


jurisdicional sobre a conduta dos executores ou agentes da medida.

ESTADO DE SÍTIO

O termo Estado de Sítio remete à figura das cidades sitiadas, método


comum nas guerras antigas. O Estado de Sítio somente é passível de ser
decretado em caso de guerra, seja ela estrangeira ou interna. Em situações
dessa natureza, não somente o funcionamento das instituições democráticas
está ameaçado, mas também a própria existência do Estado.

Estado de Sítio é a situação de comoção interna ou externa sofrida pelo


Estado, que enseja a suspensão temporária de garantias individuais, a fim de
preservar a ordem constituída.

O professor José Afonso da Silva assim define o estado de sítio:

Instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado


tempo e em certa área (que poderá ser o território nacional
inteiro), objetivando preservar ou restaurar a normalidade
constitucional, perturbada por motivo de comoção grave de
repercussão nacional ou por situação de beligerância com Estado
estrangeiro (Curso de Direito Constitucional Positivo, São Paulo,
Revista dos Tribunais, 5ª ed., 1989, p. 640).

40
O estado de sítio implica a suspensão temporária e localizada das
garantias individuais.

Assinala Manoel Gonçalves Ferreira Filho que o estado de sítio


suspende as garantias dos direitos fundamentais, e nunca os próprios direitos
(Comentários à Constituição Brasileira, São Paulo, Saraiva, 3ª ed., 1983, p.
641).

O estado de sítio é previsto pela Constituição Federal nos artigos 137 e


seguintes.

O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas


necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão
suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o
executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.

O estado de sítio, no caso do artigo 137, I, não poderá ser decretado por
mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do
inciso II do Art. 137, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a
guerra ou a agressão armada estrangeira.

Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso


parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará
extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias,
a fim de apreciar o ato. O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento
até o término das medidas coercitivas.

Se o estado de sítio for decretado com fundamento no inciso I do Art.


137, somente poderão ser tomadas estas medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados


por crimes comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao


sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens.

O item I deste elenco de medidas consagra a mensagem, ou seja, a


obrigação de permanecer em lugar determinado sem detenção. A expressão
"localidade determinada" denomina cidade, vila ou aldeia, salubre e,
evidentemente, povoada, pois a obrigação de permanência em campo especial
para pessoas consideradas perigosas não é mensagem, mas detenção.

41
O item V, que impõe a busca e apreensão em domicílio, constitui
exceção ao princípio da inviolabilidade do domicílio (Art. 5º, XI).

Na restrição do item III não se inclui a difusão de pronunciamentos de


parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberadas
pela respectiva Mesa.

Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também


seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por
seus executores ou agentes. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e
justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
indicação das restrições aplicadas.

FORÇAS ARMADAS

O Direito, enquanto instrumento de controle social tendente à imposição


e restrição de determinadas condutas previamente definidas, não pode, muitas
vezes, ser compreendido fora de um contexto de coerção. Essa circunstância
remete-nos a duas questões fundamentais: a uma, a quem cabe o uso da força
e quais as razões para o acionamento do aparato coator; a outra, quais os
limites para o emprego dessa força.

SEGURANÇA PÚBLICA

A expressão ‘Segurança’ assume o sentido geral de garantia, proteção,


estabilidade de situação ou pessoa em vários campos, dependendo do adjetivo
que a qualifica.

Segurança jurídica consiste na garantia de estabilidade e de certeza dos


negócios jurídicos, de sorte que as pessoas saibam de antemão que, uma vez
envolvida em determinada relação jurídica, esta se mantém estável, mesmo se
modificar a base legal sobre a qual se estabeleceu.

Segurança Social significa a previsão de vários meios que garantem aos


indivíduos e suas famílias condições sociais dignas; tais meios se revelam
como um conjunto de direitos sociais.

Segurança nacional refere-se às condições básicas de defesa de Estado.

A segurança pública tem por objetivo a manutenção da ordem pública interna.

Consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa


convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam

42
suas atividades sem perturbação de outrem, salvo nos limites de gozo e
reivindicação de seus próprios direitos e defesa de seus legítimos interesses.

Tem em vista, a convivência pacifica e harmoniosa da população, fundando-se


em valores jurídicos e éticos, imprescindíveis à existência de uma comunidade,
distinguindo-se, neste passo, da segurança nacional, que se refere mais à
segurança do Estado.

Ordem pública é uma situação de pacifica convivência social, isenta de


ameaça, violência ou de sublevação que tenha produzido ou que supostamente
possa produzir em curto prazo, a prática de crimes.

A polícia passa a significar a atividade administrativa tendente a assegurar a


ordem, a paz interna e a harmonia.

A sua dinâmica é uma atividade de vigilância, prevenção e repressão de


condutas delituosas.

A polícia passa a significar a atividade administrativa tendente a assegurar a


ordem, a paz interna e a harmonia

A atividade de policia realiza-se de vários modos através dos quais, a polícia se


distingue em administração e de segurança, esta compreendendo a polícia
ostensiva e a policia judiciária. A polícia passa a significar a atividade
administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz interna e a harmonia.

A polícia administrativa tem por objetivo as limitações impostas a bens jurídicos


individuais.

A polícia de segurança que é a segurança ostensiva e tem por objetivo a


preservação da ordem pública e assim, as medidas preventivas que em sua
prudência julga necessárias para evitar o dano ou perigo para as pessoas.

A policia judiciária que tem seu objetivo atividades de investigação, de


apuração das infrações penais e de indicação de sua autoria, a fim de fornecer
os elementos necessários ao Ministério Público em sua função repressiva das
condutas criminosas, por via de ação penal pública.

Diogo de Figueiredo Moreira Neto elucida que, na segurança pública, o que se


garante é o inefável valor da convivência pacifica e harmoniosa, que exclui a
violência nas relações sociais.

Quem deve garantir é o Estado, já que tomou para si o monopólio do uso da


força na sociedade e é assim, o responsável pela ordem pública, devendo
assim, garanti-la contra a ação de perturbadores por meio de exercício, pela
Administração e pelo Poder de Policia.

A Constituição de 1988 declara que ‘a segurança pública, dever do Estado,


direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem

43
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio’, (art.144), indicando
em seguida os órgãos encarregados de exercê-las:

a) Política Federal;

b) Política Rodoviária Federal;

c) Política Ferroviária Federal;

d) Policias Civis;

e) Políticas Militares e Corpos de Bombeiro Militares.

Menciona-se, ainda, a previsão no texto constitucional de guardas municipais,


cuja instituição é facultativa aos Municípios, destinando-se à proteção de bens,
serviços e instalações municipais, conforme dispuser a lei.

Vê-se, assim, que os Municípios não dispõem de órgão policial de segurança,


mas de guardas próprios para a proteção de seu patrimônio.

POLÍCIA E SEGURANÇA PÚBLICA

Segurança assume o sentido geral de garantia, proteção, estabilidade de


situação ou pessoa em vários campos, dependendo do adjetivo que a qualifica.

Segurança jurídica consiste na garantia de estabilidade e de certeza dos


negócios jurídicos, de sorte que as pessoas saibam de antemão que, uma vez
envolvida em determinada relação jurídica, esta se mantém estável, mesmo se
modificar a base legal sobre qual se estabeleceu. Segurança Social significa a
previsão de vários meios que garantem aos indivíduos e suas famílias
condições sociais dignas; tais meios se revelam como conjunto de direitos
sociais.

Segurança nacional refere-se as condições básicas de defesa de estado.

Segurança Publica é manutenção da ordem publica interna. Ordem publica é


uma situação de pacifica convivência social, isenta de ameaça de violência ou
de sublevação que tenha produzido ou que supostamente possa produzir, a
curto prazo, a pratica de crimes.

A segurança publica consiste numa situação de preservação ou


restabelecimento dessa convivência social que permite que todos gozem de
seus direitos e exerçam suas atividades sem perturbação de outrem, salvo nos
limites de gozo e reivindicação de seus próprios direitos e defesa de seus
legítimos interesses. Na sua dinâmica, é uma atividade de vigilância,
prevenção e repressão de condutas delituosas.

A policia passa a significar a atividade administrativa tendente a assegurar a


ordem, a paz interna, a harmonia.

44
A atividade de policia realiza-se de vários modos, pelo que a policia se
distingue em administração e de segurança, esta compreende a policia
ostensiva e a policia judiciária. A policia administrativa tem por objetivo as
limitações impostas a bens jurídicos individuais. A policia de segurança que é
a segurança ostensiva que tem por objetivo a preservação da ordem publica e,
pois, as medidas preventivas que em sua prudência julga necessário para
evitar o dano ou perigo para as pessoas. A policia judiciária que tem seu
objetivo atividades de investigação, de apuração das infrações penais e de
indicação de sua autoria, a fim de fornecer os elementos necessários ao
Ministério Publico em sua função repressiva das condutas criminosas, por via
de ação penal publica.

ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA

A segurança publica é exercida pelos seguintes órgãos: policia federal, policia


rodoviária federal, policia ferroviária federal, policias civis, policias militares e
corpos de bombeiros militares. Há, contudo, uma repartição de componentes
nessa matéria de que o problema das segurança publica é de competência e
responsabilidade de cada unidade da Federação, tendo em vista as
peculiaridades regionais e o fortalecimento do principio federativo, como alias é
de tradição do sistema brasileiro.

POLÍCIA FEDERAIS

São três as policias federais art. 144, I, II CF: a policia federal propriamente
dita, a policia rodoviária federal e a política ferroviária federal. Todas são
organizadas e mantidas pelo União.

A policia federal destina-se:

a) a apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento


de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas publicas, assim como outras infrações cuja pratica tenha
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo
se dispuser em lei;

b) a prevenir e reprimir o trafico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o


contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

c) a exercer as funções de políticas marítima, aéreas e de fronteiras;

d) a exercer, as funções de política judiciária da União.

POLÍCIA ESTADUAL

São policias estaduais, responsáveis pelo exercício das funções de segurança


publica e de policia judiciária: a policia civil, a policia militar, e o corpo de
bombeiro militar.

45
Á policia civil, dirigida por delegado de carreira, em cada Estado, incumbem as
funções de policia judiciária, nos termos já definidos antes, e a apuração de
infrações penais, exceto: a) as de competência da policia federal no âmbito
restrito já assinalado; b) as militares.

Á policia militar, em cada Estado, cabe a policia ostensiva e a preservação da


ordem publica, enquanto o corpo de bombeiro militar de cada Estado compete,
alem de outras definidas em lei, com a de prevenção e debelação de
incêndios, a execução de atividades de defesa civil. Essas políticas
militarizadas dos Estados são consideradas forcas auxiliares do Exercito e se
subordinam, juntamente com as policias civis, aos Governadores dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios.

As policias civis e militares do Distrito Federal e dos Territórios são, porem,


organizados e mantidas pela União, mas as do Estado são por estes
organizadas e mantidas, obedecidas, no entanto, normas gerais federais
previstas nos art. 22 XXI, e 24, XIV, sobre a organização, efetivo, material
bélico, garantias, convocação e mobilização das policias militares e dos corpos
de bombeiros, e sobre organização, garantias, direitos e deveres das policias
civis. Estas últimas, pela primeira vez, ficam subordinadas a normas gerais
federais, sem qualquer justificativa, para tanto, a não ser meros interesses
corporativos que fizeram introduzir tal dispositivo na Constituição.

GUARDAS MUNICIPAIS

Os constituintes recusaram várias propostas no sentido de instituir alguma


forma de polícia municipal. Com isso, os Municípios não ficaram com
nenhuma responsabilidade específica pela segurança publica. Ficaram com a
responsabilidade por ela, na medida em que sendo entidade estadual não
podem eximir-se de ajudar os Estados no cumprimento dessa função.

Contudo, não se lhes autorizou a instituição de órgão policial de segurança e


menos ainda de polícia judiciária.

A Constituição apenas lhes reconhece a faculdade de constituir guardas


municipais destinados à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.

Aí certamente está uma área que é de segurança: assegurar a incolumidade


do patrimônio municipal, que envolve bens de uso comum do povo, bens de
uso especial e bens patrimoniais, mas não é a polícia ostensiva, cuja função
exclusiva é da Policia Militar.

CONCLUSÃO

Ao analisar, ainda que não da forma tão profunda e abrangente como merece
o tema, vê-se que o Constituinte de 1988, procurou fechar de todas as formas
possíveis o campo para aventuras de ruptura ao Estado Democrático de
Direito que buscou assegurar aos cidadãos da República Federativa do Brasil.

46
Entende-se como legítimo e oportuno, para não dizer, indispensável, visto que
se saía de um regime que muito deixou a desejar ao povo brasileiro.

As liberdades e garantias de que se cercou o constituinte, para uma


Constituição que tivesse vida longa, e a garantia de uma paz social duradoura,
não foram mero acaso ou capricho do legislador.

Os instrumentos aí colocados à disposição dos cidadãos se justificam.


Fecharam-se as portas para os aventureiros de plantão.

Talvez ainda não com a magnitude plena, porque sempre a criatividade


humana encontra brechas, no intuito de atropelar a lei maior, mas ficaram bem
mais nítidos os contornos dentro dos quais os governantes vão ter que atuar e
até onde podem ir, sem transgredir princípios fundamentais e sem que haja
algum freio que obstaculize seus planos.

Há que se admitir que os instrumentos ainda não têm sido utilizados de forma
plena, perfeita, segura, até porque a democracia é isto.Não é uma receita
pronta.

Há campo para seu aperfeiçoamento a cada dia.

Ela existe em função das pessoas, e quando se fala em pessoas, o processo é


sempre dinâmico.

O povo exige mais, o Estado deve estar preparado para atender aos anseios
de seu povo, pois é para isto que existe.

Mas é possível e até correto dizer, que embora nem sempre


satisfaça plenamente a segurança que se busca, já se vive um grande avanço.
Nem por isto pode o povo se acomodar.

Ordem Econômica e financeira


O fato do constituinte originário haver agrupado normas constitucionais
em um título que nominou “Da Ordem Econômica e Financeira”, só pode
significar a pretensão de, juridicamente, conformar a realidade econômica sob
a perspectiva da dignidade humana, por outras palavras, o ordenamento
jurídico somente considerará legítima a atividade econômica que tenha como
fundamento e objetivo assegurar a todos condições materiais assecuratórias de
uma existência digna.
O Estado deve atuar efetivamente, mediante o desenvolvimento de
políticas públicas ativas e prestações positivas, no intuito de se obter uma
sociedade em que prevaleça a igualdade material, assegurando a todos, no
mínimo, o necessário a uma existência digna.

47
Princípios gerais da atividade econômica

O art. 170, em seu caput, estatui que a nossa ordem econômica é


“fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa”, e sua
finalidade é “assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social”.
O texto constitucional procura transmitir uma idéia de integração, de
harmonia, de sorte que assegura a livre iniciativa (portanto a apropriação
privada dos meios de produção, a liberdade de empresa), mas determina que o
resultado dos empreendimentos privados deve ser a concretização da justiça
social, o que exige, entre outras coisas, a valorização do trabalho humano.
O art. 170 da CF traz os princípios básicos da ordem econômica:

• Soberania nacional: deve-se extrair daí a noção de não-


subordinação, de independência perante os Estados estrangeiros
economicamente mais fortes.
• Propriedade privada e sua função social: é admitida a apropriação
privada dos meios de produção, mas deve-se atender a sua função
social.
• Livre concorrência: impõe ao Estado não apenas a prevenção e a
repressão ao abuso de poder econômico, mas também obsta que o
Poder Público crie distinções ou estabeleça benefícios arbitrários
para determinadas empresas, setores ou grupos econômicos.
• Defesa do consumidor: o consumidor é hipossuficiente quando
comparado economicamente com os seus fornecedores de bens e
serviços. Em tais casos o direito “compensa” essa desigualdade
material ou fática instituindo uma desigualdade jurídica em favor dos
hipossuficientes, mediante regras protetivas, isto é, não passíveis de
derrogação por meio de um pretenso “acordo de vontades”.
• Defesa do meio ambiente: a atividade econômica de que resulte
produção de riqueza, mesmo que esta seja bem distribuída, só se
legitima se for compatível com a proteção do meio ambiente,
consubstanciando o denominado “desenvolvimento sustentável”.
• Redução das desigualdades regionais e sociais e busca do pleno
emprego: as atividades econômicas, como um todo, devem propiciar
não só a eliminação da pobreza, mas também uma distribuição
equitativa da riqueza produzida.

Política Urbana

O art. 182 da CF dá ao Poder Público municipal a competência para


executar a política de desenvolvimento urbano. Essa política de
desenvolvimento urbano é estabelecida pela União, no uso de sua
competência para editar normas gerais sobre a matéria. Assim, as “diretrizes
gerais fixadas em lei”, a que se refere o caput do art. 182, são fixadas em lei

48
federal, obrigatória para todos os municípios. O diploma que o faz é o
denominado “Estatuto da Cidade”, Lei 10257 de 2001.
O instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana é o plano diretor, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes (art. 182, §1°). Trata-se de uma lei municipal, portanto, aprovada
pela Câmara Municipal, na qual devem ser definidos o zoneamento, as
condições e requisitos para a autorização de edificações, o sistema viário, as
atividades passíveis de serem desenvolvidas em cada zona etc.
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor
(art. 182, §2°).
As desapropriações necessárias para dar execução ao plano diretor
devem ser feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. Trata-se de regra
geral uma vez que o art. 182, § 4° traz uma das hipóteses constitucionais em
que a indenização pode ser feita em títulos da dívida pública, não em dinheiro.
Nos termos do § 4° do art. 182, o Poder Público municipal pode,
mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos
da lei federal (o Estatuto da Cidade), do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento.
Por fim, o art. 183 estabelece uma hipótese especial de aquisição de
propriedade urbana mediante usucapião, comumente denominada “usucapião
urbana constitucional”.

1. Preâmbulo

Nos séculos que antecederam ao século XX, mais precisamente entre os


séculos XVIII e XIX os ideais da sociedade, principalmente da França, estavam
passando de um conceito de sociedade baseada na figura central do Rei para
uma sociedade centrada na figura do homem, com pensamentos baseados na
razão, estes vindos da doutrina iluminista.

Com a concretização do pensamento iluminista eclode a Revolução Francesa,


trazendo, em seu bojo, os chamados direitos de primeira dimensão, ou direitos
de primeira geração.

Esses direitos privilegiavam as manifestações individuais do homem,


garantindo o direito à vida, a liberdade e a propriedade. Sendo que a principal
preocupação da primeira dimensão era o desenvolvimento econômico como
pano de fundo para o desenvolvimento social.

E importante salientar que é nesta época que o Estado começa a interferir na


ordem social.

49
A preocupação com o desenvolvimento social é característica marcante já nas
primeiras constituições do século XX, que apesar da busca pelo
desenvolvimento econômico, e integro aqui o científico e o tecnológico,
privilegia, em seus dispositivos, a implementação de uma ordem social com
maior equidade.

A ordem social preocupa-se com o estudo dos integrantes da sociedade de


determinado país.

Nossa Carta Maior trata do assunto entre os artigos 193 a 232.Os assuntos
assegurados pelo tema são: seguridade social (saúde, previdência social);
educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia; comunicação social; meio
ambiente; família, criança, adolescente e idosos; e índios.

2. Da Seguridade Social

A precípua demonstração de que a ordem social havia se estabelecido de vez


na sociedade foi com a criação de empregos, para que o próprio indivíduo
pudesse alcançar seu sustento e garantir a realização de suas necessidades.

Contudo, se o trabalhador cair no infortúnio de tornar-se incapaz para o


trabalho precisará de amparo para sobreviver. Daí o que o art. 194 da nossa
Carta Magna preceitua: assegurar os direitos correspondentes á saúde,
previdência e assistência social.

Esse é o escopo da seguridade social, entendendo-se que cabe ao Estado a


prestação dessas atividades.

O parágrafo primeiro do art. 194 discorre sobre alguns dos objetivos a garantir:
universalidade de cobertura e atendimento, uniformidade dos benefícios
concedidos ás populações urbanas e rurais, seletividade e distributividade na
prestação dos benefícios e serviços, equidade na forma de participação do
custeio, diversidade da base de financiamento, caráter democrático e
descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados.

O art. 195 trata da forma de arrecadação para garantir o financiamento da


seguridade social, sendo que há a participação dos entes federados, das
empresas e empregadores (percentuais incidentes na folha de salários, sobre a
receita e o lucro), dos trabalhadores e demais segurados, das receitas dos
concursos de prognósticos, e conforme o parágrafo 4º do referido artigo o
Estado pode criar outras formas para garantir a manutenção da seguridade
social.

Saúde

Conforme dicção in verbis do art. 196: “a saúde é direito de todos e dever do


Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal

50
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”,
fica evidente a responsabilidade do Estado em garantir o acesso à saúde a
todos.

Contudo, nós brasileiros sabemos que a saúde, como outras garantias que
deveriam partir exclusivamente do Estado acabam resvalando nos particulares,
gerando um encargo extra, já que buscam a prestação do serviço da saúde em
organismos particulares (art. 199).

Para a prestação do serviço da saúde o Estado criou o Sistema Único de


Saúde- o SUS.

O art. 200 traz as atribuições conferidas ao SUS: controle e fiscalização de


procedimentos, produtos e substâncias, execução de ações de vigilância
sanitária, epidemiológica e saúde do trabalhador, ordenar a formação de
recursos humanos na área de saúde, participar da formulação da política de
saneamento básico, estimular desenvolvimento científico e tecnológico,
fiscalizar e inspecionar alimentos, fiscalizar produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos, colaborar na proteção do meio ambiente.

Ponto importante encontra-se no parágrafo 4º do artigo 199, que trata da


extração de órgãos para fins de transplante, pesquisa e tratamento, tratando-se
de norma de eficácia limitada contou com a Lei Federal nº 9434 e com o
Decreto nº 2268 para regular seus efeitos.

2.2. Previdência social

Segundo lições de Maria Sylvia Zanella Di Pietro “o regime de previdência


social deve ser entendido como um contrato de seguro, no qual o segurado
paga determinada contribuição com intenção de cobrir riscos futuros,
contribuindo compulsoriamente, mas nem sempre usufruindo do referido
benefício no futuro”.

O art. 201 traz em seu conteúdo as previsões de cobertura desse sistema:


cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada, proteção
à maternidade, proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário, salário família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda, pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no parágrafo
2º.

1. Aposentadoria e pensão

A aposentadoria figura como a forma de garantir ao trabalhador o ócio


remunerado, em virtude de ter alcançado e idade mínima e correspondido ao
tempo de contribuição.

O art. 201 em seu parágrafo 7º redige: “é assegurada aposentadoria no regime


geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições”, e em seguida institui as condições para referida aposentadoria:

51
 35 anos de contribuição, se homem, 30 anos de contribuição, se
mulher;

 65 anos de idade, se homem, 60 anos de idade se mulher, reduzindo


em 5 anos esses limites para trabalhadores rurais, para os que exercem
atividades de economia familiar, incluídos o produtor rural, o garimpeiro e
pescador artesanal;

 Redução em 5 anos sobre o requisito da idade para professores que


comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério Na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

3. Previdência privada

A emenda constitucional nº 20 de 15 de dezembro de 1998, traz entre outras


modificações a caracterização do regime de previdência privada, insculpido no
art. 202, corroborando a idéia da autonomia deste regime em relação ao
regime geral de previdência social.

2.3. Assistência social

Segundo o art. 203 a assistência social será exercida para todos que dela
necessitarem, sem necessidade de prévia contribuição à seguridade social. Eis
os objetivos da assistência social, referidos nos incisos do art. 203: proteção à
família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às
crianças e adolescentes carentes, a promoção da integração ao mercado de
trabalho, a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência, a
garantia de um salário mínimo aos portadores de deficiência e ao idoso sem
condições de manter-se.

O art. 204 vincula as realizações da área de assistência social com os recursos


da seguridade social, dentre outras definições.

3. Educação, Cultura e Desporto

3.1. Educação

Segundo os ensinamentos de Celso Ribeiro Bastos, a educação “consiste num


processo de desenvolvimento do indivíduo que implica a boa formação moral,
física, espiritual e intelectual visando ao seu crescimento integral para um
melhor exercício da cidadania e aptidão para o trabalho”, compreendendo para
esta formação a vida em família, a convivência em sociedade, a vida
acadêmica e as manifestações culturais.

Para Paulo Freire, a educação consiste “em capacitar as pessoas a lidarem


crítica e criativamente com sua realidade social, e não simplesmente adaptá-
las a elas... um exercício de libertação... uma conscientização”.

O art. 205 traz a observância ao conceito de educação: “a educação, direito de


todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a

52
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

É explícita, neste artigo, a co-responsabilidade pela educação, que será


dividida entre o Poder Público e a sociedade, configurada na família.

O art. 206 corrobora em seus incisos os princípios da educação, quais forem:


igualdade de condições para acesso e permanência na escola, liberdade para
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber,
pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino, gratuidade de ensino público em
estabelecimentos oficiais, valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas, gestão
democrática do ensino público, na forma da lei, garantia de padrão de
qualidade, piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal.

O art. 207 prescreve que as universidades gozam de autonomia didático-


científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Importante salientar que o ensino é livre á iniciativa privada, sendo que para
isso o estabelecimento obtenha junto ao Poder Público uma autorização para
funcionamento, desde que atendidos os requisitos estabelecidos, tratando-se,
com isso, de acordo com a doutrina majoritária de ato com caráter vinculado.
De acordo com o inciso I do art, 109, deverão ser atendidas as normas gerais
da educação nacional, veste-se referido inciso de caráter discricionário,
contudo já combatido no parágrafo anterior.

3.2. Cultura

Segundo o Almanaque Abril cultura:

“É o conjunto formado por todas as formas de expressão de um povo: fala,


gestos, festas, literatura, música, dança, lendas, crenças, manifestações
religiosas e artesanato, entre”.

outras. Apesar de estar em constante transformação, essa cultura conserva


tradições que são passadas de geração em geração e que funcionam como
uma memória coletiva,

revelando o imaginário das diferentes comunidades. No caso do Brasil, a


cultura popular reflete a própria miscigenação racial do país, incorporando
influências de diversos povos,

principalmente europeus, africanos e indígenas. Entre as principais formas de


expressão artística do cotidiano brasileiro, as festas populares podem ser
consideradas um dos

53
núcleos centrais, já que nelas encontramos danças, folguedos, ritmos e
instrumentos musicais característicos. Além das festas, as lendas, os mitos e o
artesanato também

revelam aspectos típicos de cada região ““.

E pela redação do art. 215 o Estado garantirá, a todos, o pleno exercício dos
direitos culturais, apoiando e incentivando as várias formas de manifestações
culturais.

De acordo com o parágrafo 3º fica estabelecido, na forma da lei, a criação do


Plano Nacional de Cultura, buscando a valorização do patrimônio cultural
brasileiro, a produção, promoção e difusão de bens culturais, formação de
pessoal qualificado para a área, democratização de acesso aos bens de
cultura, valorização da diversidade étnica e cultural.

Interessante ressaltar também o que preceitua o parágrafo 1º do art. 216,


dispondo que o Estado, com colaboração da sociedade promoverá a proteção
do patrimônio cultural brasileiro, mediante inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação.

3.3. Desporto

Corroborado pelo art. 217, que se refere como dever do Estado o fomento a
práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um,
observados: a autonomia das entidades desportivas, a destinação de recursos
para a promoção do desporto, tratar diferenciadamente o desporto profissional
do não-profissional, incentivo e proteção a manifestações desportivas de
natureza nacional.

Ponto importante quando o assunto é ingresso de ações perante o Poder


Judiciário, que como preceitua o parágrafo primeiro do referido artigo, a matéria
desportiva só será admitida pelo poder acima mencionado se esgotada as
instâncias da justiça desportiva, isso constitui uma exceção á regra de ingresso
no Judiciário.

4. Ciência e Tecnologia

Tratando-se de assunto muito atual, ciência e tecnologia estão no centro das


atenções, pois é com elas que o mundo avança a passos largos, e referido
assunto mereceu destaque na Carta Magna de 1988, no art. 218.

Com isso o art. 218, traz, em seu bojo, formas de proteção e incentivo a
pesquisa e a ciência, com enfoque no mercado brasileiro.

5. Comunicação Social

Segundo o art. 5º em seu inciso IX: “é livre a expressão da atividade intelectual,


artística, cientifica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença”, contudo o art. 220 vem para fortalecer referido inciso do art. 5º.

54
Preceitua o art. 220: “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão, e
a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta constituição”.Veja que a liberdade de
comunicação é livre da censura, conforme respeito ao inciso IX do art. 5º.

O art. 221 dispõe sobre os princípios almejados pela programação das


emissoras de radio e televisão, sendo: preferência a finalidades educativas,
artísticas, culturais e informativas, promoção da cultura nacional e regional e
estímulo à produção independentemente que objetive sua divulgação,
regionalização da produção cultural, artística e jornalística, respeito aos valores
éticos e sociais.

Com isso se o art. 220 traz em seus incisos formas e meios legais sobre os
quais o Poder Público regulamentará a matéria da comunicação social,
respeitando os princípios acentuados pelo art. 221.

6. Meio Ambiente

Chegamos a um assunto que merece grande atenção, haja vista que o mundo
sem água, sem florestas, com o ecossistema abalado será de difícil
sobrevivência.

E o art. 225 traz a magnitude deste tema, garantindo a todos o acesso ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, como sendo um bem de uso comum do
povo.

Conceitualmente meio ambiente é o conjunto de condições, de formas, de leis,


ou seja, tudo o que cerca o indivíduo, e infere de alguma maneira no modo de
viver da sociedade, criando, alterando o ambiente em que vivemos.

Assim, por tratar-se de um interesse difuso da sociedade, cabe a interposição


de ação popular visando deter ato lesivo ao meio ambiente.

Não poderíamos deixar de mencionar o belo trabalho realizado a frente do


Ministério do Meio Ambiente pela Ministra Marina Silva, uma referência no
assunto.

7. Família, Criança, Adolescente e Idoso.

7.1. Família

Seguindo o mencionado pelo caput do artigo 226 entendemos que a família é à


base da sociedade e conta com especial proteção do Estado.

Continuando o estudo deste instituto, qual seja a família, temos nos parágrafos
do referido artigo outros conceitos importantes: pela dicção dos parágrafos 1º e
2º consta à primeira forma de entidade familiar, ao longo do estudo
perceberemos que são três tal seja: o casamento civil e o casamento religioso,
com efeito, civil; de acordo como parágrafo 3º a lei elege a união estável entre
homem e mulher como a segunda forma de manifestação do instituto da

55
família; e finalizando a terceira forma de manifestação do instituto da família
seria a mencionada no parágrafo 4º: a comunidade formada por qualquer dos
país e seus descendentes.

O parágrafo 5º corrobora a idéia da igualdade de direitos e deveres durante a


relação conjugal para homens e mulheres.

Encontramos no parágrafo 6º, in verbis: “o casamento civil pode ser dissolvido


pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos
expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos”.

Há a consagração do planejamento familiar, pela dicção do parágrafo 7º, que


deverá ser fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável.

No parágrafo 6º, agora do art. 227, fica assegurada a equidade no tratamento


dos filhos, havidos ou não da relação de casamento ou por adoção.

O parágrafo 5º, também do art. 227, relata que a adoção será assistida pelo
Poder Público, na forma da lei, que deverá estabelecer as regras no caso da
adoção por estrangeiros. Para esse assunto temos a lei nº 8069 de 1990, arts.
39 a 52, arts 1618 e seguintes do código civil de 2002.Existe também o decreto
nº 3.087 de 1999 corroborando uma convenção internacional que menciona a
cooperação nos casos de adoção internacional.

7.2 Criança e adolescente

O legislador foi muito eficiente ao criar o caput do art. 227, assegurando


cuidados plenos a criança e ao adolescente, vejamos: “é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, alem de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Para tanto, visando garantir esses bens assegurados pelo art. 227, o Estado
promoverá programas de assistência integral á saúde da criança e do
adolescente (parágrafo 1º), respeitando os preceitos relacionados nos incisos
do parágrafo 1º: aplicação de recursos em programas destinados a cuidar da
saúde materno-infantil, criação de programas de atendimento e ressocialização
para crianças e adolescentes portadores de deficiência física.

O parágrafo 3º destinou espaço para relacionar os aspectos dos direitos e


proteção especial que os menores, por assim dizer, contam: idade mínima de
14 anos para admissão ao trabalho, contudo essa idade mínima passou para
16 anos de acordo com a EC nº 20 de 1998 que alterou o disposto no art. 7º
inciso, XXXIII; garantia de direitos previdenciários e trabalhistas, garantia de
acesso do trabalhador adolescente á escola, de acordo com a legislação tutelar
especifica garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional

56
habilitado; na aplicação de medida privativa de liberdade observar os princípios
da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição de menor em
desenvolvimento, estimulo a guarda responsável para crianças órfãs ou
abandonadas, atenção especial na prevenção e tratamento de adolescentes
com relação a entorpecentes.

O art. 4º trata da punição que a lei deverá perceber aos causadores de abuso,
violência e exploração sexual da criança e do adolescente, e para isso o art.
218 do Código Penal prescreve a tipicidade e ilicitude da corrupção de
menores.

Não podemos deixar de mencionar a lei 8.069 de 13 de julho de 1990, que


dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, que é
reconhecidamente um dos diplomas mais respeitados sobre o tema, no mundo.

7.3. Idoso

O artigo 229, consagrando o princípio da solidariedade, traz em seu conteúdo:


“os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade”.

Também o art. 230 prescreve que a família, a sociedade, e o Estado têm o


dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito
à vida.

Para isso o Congresso Nacional decretou e o Presidente da República


sancionou a Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, publicada do Diário Oficial
da União em 3 de outubro de 2003, tal seja, o Estatuto do Idoso.

Referido estatuto regula e assegura os direitos que detém as pessoas com


idade igual ou superior a 60 anos.

Uma demonstração de respeito á dignidade da pessoa humana a instituição do


Estatuto do Idoso, que consagra o respeito a aqueles que tanto contribuíram
para a formação da sociedade brasileira, dando uma lição de respeito aos
direitos fundamentais que devem nortear a razão de nossa existência na terra.

Dentre os mais de 100 artigos do referido estatuto, podemos destacar algumas


garantias asseguradas: de acordo com o art. 39 do estatuto é assegurada a
gratuidade aos maiores de 65 anos no serviço de transporte coletivo público
urbanos e semi-urbanos, e isso vem a reforçar o disposto no parágrafo 2º do
art. 230 da CF; segundo o art. 41 é assegurada a reserva de 5% das vagas dos
estacionamentos públicos e privados garantindo, ainda, a comodidade desses
locais reservados; também o art. 20 corrobora a idéia de que o idoso ativo é
mais feliz, prescrevendo: “o idoso tem direito à educação, cultura, esporte,
lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar
condição de idade; interessante também trazer á lume o que preceitua o art.
99, que trata de um dos crimes tipificados contra o idoso:” expor a perigo a

57
integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições
desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos indispensáveis,
quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado
“e em seguida as penas possíveis cominadas ao referido crime”.

8. Índios

O art. 231 prescreve: “são reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens”.

Pela dicção do parágrafo 2º cabe-lhes o usufruto exclusivo sobre as riquezas


do solo, dos rios, e dos lagos existentes em suas terras tradicionalmente
ocupadas.

O parágrafo 3º trata do aproveitamento dos recursos hídricos, a pesquisa e


lavra das riquezas minerais em terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
que só poderão ocorrer com a devida autorização do Congresso Nacional,
após ouvidas as comunidades afetadas e com plena participação nos
resultados, como a lei definir.

Importante trazer á tona o parágrafo 4º que assegura a inalienabilidade, a


indisponibilidade e a imprescritibilidade sobre as terras indígenas e os direitos
referentes a elas.

O Ministério Público tutelará os direitos desses povos, no caso de ações em


juízo pleiteando a defesa de seus interesses.

Por último, mas tal qual os referidos artigos, assunto de relevante importância
destacamos o Estatuto do Índio, LEI Nº 6.001 - DE 19 DE DEZEMBRO DE
1973, instrumento inigualável de proteção jurídica dos índios ou silvícolas,
sobre o assunto o art. 3º, do referido estatuto traz a distinção:

Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana,


que se identifica e é intensificado como pertencente a um grupo étnico cujas
características culturais o distinguem da sociedade nacional;

58
ANEXOS:

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999.

Dispõe sobre o processo e


julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade e da ação
declaratória de
constitucionalidade perante o
Supremo Tribunal Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E DA


AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de


inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o
Supremo Tribunal Federal.

CAPÍTULO II DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Seção I Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de


Inconstitucionalidade

Art. 2o Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: (Vide artigo


103 da Constituição Federal)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

59
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa
do Distrito Federal;

V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 3o A petição indicará:

I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos


jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações;

II - o pedido, com suas especificações.

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de


procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias,
devendo conter cópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos
documentos necessários para comprovar a impugnação.

Art. 4o A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente


improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

Art. 5o Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o O relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das


quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado.

Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo de trinta dias


contado do recebimento do pedido.

Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação


direta de inconstitucionalidade.

§ 1o (VETADO)

§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a


representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir,

60
observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros
órgãos ou entidades.

Art. 8o Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos,


sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da
República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.

Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório,


com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.

§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou


circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos
autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data
para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.

§ 2o O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais


Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da
aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição.

§ 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os


parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da
solicitação do relator.

Seção II Da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade

Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta


será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal,
observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades
dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-
se no prazo de cinco dias.

§ 1o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União


e o Procurador-Geral da República, no prazo de três dias.

§ 2o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada


sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades
ou órgãos responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no
Regimento do Tribunal.

§ 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida


cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a
lei ou o ato normativo impugnado.

Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará


publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da
União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as
informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que
couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo.

61
§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida
com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe
eficácia retroativa.

§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior


acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da


relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a
segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez
dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da
República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo
diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.

Capítulo II-A
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Seção I
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade


por Omissão

Art. 12-A. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade por


omissão os legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade e
da ação declaratória de constitucionalidade. (Incluído pela Lei nº 12.063, de
2009).

Art. 12-B. A petição indicará: (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de


dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole
administrativa; (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

II - o pedido, com suas especificações. (Incluído pela Lei nº 12.063, de


2009).

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de


procuração, se for o caso, será apresentada em 2 (duas) vias, devendo conter
cópias dos documentos necessários para comprovar a alegação de
omissão. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Art. 12-C. A petição inicial inepta, não fundamentada, e a manifestamente


improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator. (Incluído pela Lei nº
12.063, de 2009).

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição


inicial. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

62
Art. 12-D. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por omissão,
não se admitirá desistência. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ação direta de


inconstitucionalidade por omissão, no que couber, as disposições constantes
da Seção I do Capítulo II desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 1o Os demais titulares referidos no art. 2o desta Lei poderão manifestar-


se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada de documentos
reputados úteis para o exame da matéria, no prazo das informações, bem
como apresentar memoriais. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 2o O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da


União, que deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias. (Incluído
pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 3o O Procurador-Geral da República, nas ações em que não for autor,


terá vista do processo, por 15 (quinze) dias, após o decurso do prazo para
informações. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Seção II
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o


Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o
disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos
órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063,
de 2009).

§ 1o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei


ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na
suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou
ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. (Incluído pela Lei nº
12.063, de 2009).

§ 2o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da


República, no prazo de 3 (três) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 3o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada


sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades
ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional, na forma estabelecida
no Regimento do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Art.12-G. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará


publicar, em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da
União, a parte dispositiva da decisão no prazo de 10 (dez) dias, devendo
solicitar as informações à autoridade ou ao órgão responsável pela omissão

63
inconstitucional, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido
na Seção I do Capítulo II desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Seção III
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

Da Decisão na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Art. 12-H. Declarada a inconstitucionalidade por omissão, com


observância do disposto no art. 22, será dada ciência ao Poder competente
para a adoção das providências necessárias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de
2009).

§ 1o Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as


providências deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo
razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as
circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido. (Incluído
pela Lei nº 12.063, de 2009).

§ 2o Aplica-se à decisão da ação direta de inconstitucionalidade por


omissão, no que couber, o disposto no Capítulo IV desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 12.063, de 2009).

CAPÍTULO III DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Seção I Da Admissibilidade e do Procedimento da


Ação Declaratória de Constitucionalidade

Art. 13. Podem propor a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou


ato normativo federal: (Vide artigo 103 da Constituição Federal)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa da Câmara dos Deputados;

III - a Mesa do Senado Federal;

IV - o Procurador-Geral da República.

Art. 14. A petição inicial indicará:

I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos


jurídicos do pedido;

II - o pedido, com suas especificações;

III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da


disposição objeto da ação declaratória.

64
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de
procuração, quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias,
devendo conter cópias do ato normativo questionado e dos documentos
necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de
constitucionalidade.

Art. 15. A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente


improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator.

Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

Art. 16. Proposta a ação declaratória, não se admitirá desistência.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação


declaratória de constitucionalidade.

§ 1o (VETADO)

§ 2o (VETADO)

Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será aberta vista ao


Procurador-Geral da República, que deverá pronunciar-se no prazo de quinze
dias.

Art. 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relator lançará o relatório,


com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.

§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou


circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos
autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data para,
em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.

§ 2o O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais


Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da
aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição.

§ 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os


parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da
solicitação do relator.

Seção II Da Medida Cautelar em Ação Declaratória


de Constitucionalidade

Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de


seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória
de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os

65
Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação
da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.

Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal


Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte
dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao
julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua
eficácia.

CAPÍTULO IV DA DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE
CONSTITUCIONALIDADE

Art. 22. A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade


da lei ou do ato normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo
menos oito Ministros.

Art. 23. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro
sentido se tiverem manifestado pelo menos seis Ministros, quer se trate de
ação direta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de
constitucionalidade.

Parágrafo único. Se não for alcançada a maioria necessária à declaração


de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, estando ausentes Ministros
em número que possa influir no julgamento, este será suspenso a fim de
aguardar-se o comparecimento dos Ministros ausentes, até que se atinja o
número necessário para prolação da decisão num ou noutro sentido.

Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a


ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a
inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente
eventual ação declaratória.

Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou ao órgão


responsável pela expedição do ato.

Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação
declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios,
não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e


tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a
ser fixado.

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Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da
decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário
da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.

Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de


inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia
contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública federal, estadual e municipal.

CAPÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS

Art. 29. O art. 482 do Código de Processo Civil fica acrescido dos
seguintes parágrafos:

"Art. 482. ...........................................................................

§ 1o O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis


pela edição do ato questionado, se assim o requererem, poderão manifestar-se
no incidente de inconstitucionalidade, observados os prazos e condições
fixados no Regimento Interno do Tribunal.

§ 2o Os titulares do direito de propositura referidos no art. 103 da Constituição


poderão manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de
apreciação pelo órgão especial ou pelo Pleno do Tribunal, no prazo fixado em
Regimento, sendo-lhes assegurado o direito de apresentar memoriais ou de
pedir a juntada de documentos.

§ 3o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos


postulantes, poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de
outros órgãos ou entidades."

Art. 30. O art. 8o da Lei no 8.185, de 14 de maio de 1991, passa a vigorar


acrescido dos seguintes dispositivos:

"Art.8o .............................................................................

I - .....................................................................................

........................................................................................

n) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito


Federal em face da sua Lei Orgânica;

.......................................................................................

§ 3o São partes legítimas para propor a ação direta de inconstitucionalidade:

I- o Governador do Distrito Federal;

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II - a Mesa da Câmara Legislativa;

III - o Procurador-Geral de Justiça;

IV - a Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Distrito Federal;

V - as entidades sindicais ou de classe, de atuação no Distrito Federal,


demonstrando que a pretensão por elas deduzida guarda relação de
pertinência direta com os seus objetivos institucionais;

VI - os partidos políticos com representação na Câmara Legislativa.

§ 4o Aplicam-se ao processo e julgamento da ação direta de


Inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios as seguintes disposições:

I - o Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de


constitucionalidade ou de inconstitucionalidade;

II - declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva


norma da Lei Orgânica do Distrito Federal, a decisão será comunicada ao
Poder competente para adoção das providências necessárias, e, tratando-se
de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias;

III - somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou de seu órgão
especial, poderá o Tribunal de Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou
de ato normativo do Distrito Federal ou suspender a sua vigência em decisão
de medida cautelar.

§ 5o Aplicam-se, no que couber, ao processo de julgamento da ação direta de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face da sua
Lei Orgânica as normas sobre o processo e o julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal."

Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de novembro de 1999; 178o da Independência e 111o da


República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


José Carlos Dias

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.11.1999

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