Sunteți pe pagina 1din 12

ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA

Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

INDICAÇÕES PARA O ENSINO DO FREVO A PARTIR DE SUAS EXIGÊNCIAS


FÍSICAS

Ana Valéria Ramos Vicente (UFPB), Giorrdani Gorki Queiroz de Souza (Espaço Criança Esperança de
Jaboatão dos Guararapes – PE.

Ana Valéria Vicente, Formada em Comunicação Social pela UFPE e mestre em dança no Programa de
Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, é professora de danças populares e preparação corporal do
Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Desenvolve pesquisas
criativas, práticas e teóricas que discutem elementos das culturas populares na Sociedade contemporânea,
tendo publicado o DVD Trançados Musculares:saúde corporal e ensino do frevo (2011),e os livros Entre a
Ponta de é e o Calcanhar: Reflexões sobre como o frevo encena o povo, a nação e a dança no Recife
(2009); Brincando Maracatu(2008) e Maracatu Rural: O espetáculo como Espaço Social (2005).

Giorrdani Gorki Queiroz de Souza, Pós graduando em fisiologia do exercício aplicada a reabilitação
cardíaca; bacharel em Fisioterapia; coreógrafo; professor de dançateatro e dança contemporânea;
Anatomia, Cinesiologia, Comportamento Motor e Fisiologia do Exercício para bailarinos, tendo publicado o
DVD Trançados Musculares:saúde corporal e ensino do frevo (2011),; Atualmente Trabalha como professor
de dança do Espaço Criança Esperança de Jaboatão dos Guararapes – PE.

Resumo
Como parte da metodologia do projeto de pesquisa Trançados Musculares: saúde corporal
e ensino do frevo foram realizadas análises cinesiológicas de nove movimentos da dança
frevo com o intuito de identificar as cargas a que os músculos das extremidades inferiores
estavam expostas durante a realização deste estilo de dança. No presente artigo, baseado
nos resultados desta pesquisa, apresentamos uma proposta de progressão para a aula de
frevo que dialoga com os princípios elaborados a partir do Método tradicional de ensino do
frevo, o Método Nascimento do Passo, das análises cinesiológicas e da revisão
bibliográfica na área de fisiologia do exercício sobre a elaboração de programas de ensino
de dança.
Palavras-chave: Frevo, Progressão da Aula, Princípios Metodológicos.

INDICATIONS FOR TEACHING FREVO DANCE BASED ON ITS PHYSICAL DEMANDS

Abstract
As part of the metodology used in the research “Twisted muscles, body health and the
teaching of the Frevo dance”, and aiming to identify the load put on the muscles of the
lower extremities, kinesiologic analysis of nine movements of the Frevo dance were done.
In the present paper, based on the results of this previous research, we present a proposal
of a Frevo dance class progression which dialogs with the tradicional Frevo dance teaching
method of Nascimento do Passo, with the kinesiology analysis, as well with a literature
review about exercise physiology principles used to develop dance teaching classes.
Keywords: Frevo, Class Progression, Methodological Principles.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 1
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

Acreditamos que arte e ciência podem e devem se tornar aliadas, principalmente


quando o enfoque é o corpo humano. E, sem desconsiderar os aspectos pedagógicos,
didáticos e culturais que devem estar envolvidos no processo de construção de uma aula
de dança, acreditamos que a saúde corporal também deve ser um elemento norteador do
trabalho do professor de dança.

A pesquisa “Trançados musculares: saúde corporal e ensino do frevo” foi iniciada


no ano de 2010 com o incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura –
FUNCULTURA, como um desdobramento do trabalho de ensino de danças populares
desenvolvido pela profa. Valéria Vicente, no curso de teatro da Universidade Federal da
Paraíba- UFPB. A pesquisa apoiada teve o objetivo de contribuir com o desenvolvimento
de uma visão baseada em evidências sobre as exigências mioarticulares da prática do
frevo e, consequentemente, com indicações de práticas que auxiliem o professor e o
praticante do frevo a desenvolver suas atividades com o máximo de qualidade e
prevenindo a ocorrência de lesões.

Dentre as danças tradicionais brasileiras, podemos destacar o frevo como uma


dança que já possui história na busca de uma forma específica de ensino formal. Essa
busca está conectada à diluição do espaço tradicional de produção e transmissão do frevo
de rua e à necessidade de seus brincadores de manter essa arte viva (VICENTE, 2009). A
partir da década de 1970, Francisco do Nascimento Filho, conhecido como Mestre
Nascimento do Passo, com base na sua experiência como passista, propôs uma estrutura
de aula para transmissão do frevo que foi batizada como Método Nascimento do Passo
(MNP). A partir desse Método, difundido atualmente no Recife pelo Grupo Guerreiros do
Passo (QUEIROZ, 2009), estudamos a organização do frevo, seus saberes específicos,
refletimos sobre sua metodologia e buscamos construir pontes práticas com os resultados
obtidos da pesquisa cinesiológica e na revisão bibliográfica.

No presente artigo apresentamos uma proposta de progressão para a aula de


frevo, composta por princípios elaborados a partir do diálogo entre o Método tradicional de
ensino do frevo, o Método Nascimento do Passo, as análises cinesiológicas e revisão
bibliográfica. O detalhamento de cada etapa da pesquisa e seus resultados, assim como
discussões de cunho pedagógico, pode ser acessado em artigos e vídeo disponibilizados

http://portalanda.org.br/index.php/anais 2
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

no DVD Trançados Musculares: saúde corporal e ensino do Frevo (VICENTE e SOUZA,


2011).

Sugestão de progressão e princípios para a aula de frevo

A primeira etapa da pesquisa Trançados musculares: saúde corporal e ensino do


frevo foi a realização de análises qualitativas (cinesiológicas) de nove passos de frevo com
enfoque nas exigências sobre a musculatura das extremidades inferiores (EEII). As
análises qualitativas mencionadas são o primeiro estudo cinesiológico de movimentos de
frevo e, apesar de serem resultantes de uma pesquisa qualitativa, apresentam
detalhamento e retidão quanto ao cumprimento dos seus objetivos. As análises
demonstram que, durante a prática de movimentos de frevo, as articulações dos quadris,
joelhos e tornozelos são expostas a amplitudes máximas de movimento com sobrecarga
de peso. Evidenciaram também que os músculos das extremidades inferiores, em grande
parte dos movimentos analisados, atuam predominantemente através de contrações
excêntricas, indicando momentos de desaceleração dos movimentos.

Dessa forma, confirmamos nossa hipótese de que a prática do frevo impõe uma
sobrecarga às articulações dos membros inferiores e foi possível especificar diferentes
demandas mioarticulares nos diferentes movimentos analisados. A análise de movimentos
e a discussão sobre a necessidade de exercícios de fortalecimentos complementares 1
para a adequação da aula de frevo às reais necessidades dos passistas nos levam
também à discussão sobre em que momento da aula essa atividade deve ser realizada.
Como forma de sinalizar indicadores para que cada professor elabore seu plano de curso
e oriente suas escolhas para organização da aula, apresentaremos nossa proposta de
progressão para a aula de frevo, apontando para a aplicação prática dos resultados.

Propomos uma progressão para a aula baseada em evidências, coletadas na nossa


revisão bibliográfica sobre fisiologia do exercício, de como direcionar o treinamento para
que esse seja mais funcional e tenha, teoricamente, resultado mais favorável para o
dançarino de frevo. Expomos, a seguir, essa possibilidade de progressão, que é composta

1
Cf. Vicente, AV e Souza, GG. Saúde corporal: considerações acerca do fortalecimento muscular para a
prática do frevo.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 3
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

pelas seguintes etapas: acordar o corpo, aquecimento (geral, específico, alongamento


dinâmico e ativação abdominal), técnica de frevo (aprendizado dos movimentos e roda),
fortalecimento muscular e desaquecimento.

Acordar o corpo

Ao iniciar a aula, nós propomos um momento de introspecção individual o qual


denominamos “acordar o corpo”. Observamos que “frequentemente, o ensino tradicional
de dança ignora as relações existentes entre o intérprete e o seu corpo” (MARQUES,
2010, p. 205), e desejamos estimular a compreensão de que dançar é uma atividade
artística que exige um envolvimento amplo do indivíduo. O aluno deve ser estimulado a se
perceber para se colocar em diálogo.

O objetivo desta fase da aula “é que o aluno saia da agitação cotidiana e possa dar
mais atenção a sua percepção corporal aos seus movimentos internos e a sua estrutura
musculoesquelética. As diversas técnicas de educação somática apresentam grande
variedade de atividades que podem ser propostas nessa fase, que também pode conter
exercícios de propriocepção 2 provindos da área de Fisioterapia. Um dos benefícios de
iniciar a aula com essas atividades é possibilitar que as demais atividades da aula sejam
realizadas com maior consciência corporal e concentração.

Aquecimento

Nós identificamos que muitos professores atuantes na cidade do Recife têm o


hábito de iniciar a aula com alongamentos estáticos, enquanto a musculatura dos alunos
ainda não foi estimulada, para logo em seguida dar continuidade com exercícios
fatigantes. 3 A nossa proposta diverge dessa abordagem. Baseados na literatura sobre

2
Segundo BLATSON (2008), propriocepção é o termo científico para a sensação física do corpo em
movimento. Exercícios de propriocepção são destinados a treinar o sistema neuromuscular a tornar suas
respostas motoras aos receptores proprioceptivos mais rápidas e eficazes e, com isso, atuar na proteção
das articulações, em especial os fusos musculares e o OTG (Órgão Tendinoso de Golgi). Esses
mecanismos-reflexos são treinados quando o indivíduo é submetido a instabilidades que colocam as
articulações em situação de risco favorável à lesão e o sistema neuromuscular procura o equilíbrio.
3
Esse fato foi confirmado pelos professores e passistas que participaram da oficina Trançados musculares,
realizada em janeiro de 2011. O curso abrangeu 46 integrantes.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 4
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

Fisiologia do Exercício e da Educação Física, nós advogamos a necessidade de haver um


aquecimento do corpo antes de expô-lo a exercícios de alongamento dinâmico e aos
movimentos do frevo propriamente ditos, nos quais grandes amplitudes articulares e
potência muscular serão exigidas, principalmente das extremidades inferiores. Esse
aquecimento tem como objetivo aumentar a temperatura do corpo, dos músculos e, com
isso, facilitar a lubrificação e mobilização das articulações, assim como conferir maior
elasticidade à musculatura.

O aquecimento que propomos é composto por três etapas. A primeira etapa é a de


aquecimento geral, que pode ser desenvolvido através de caminhadas, deslocamentos,
variação espacial e articulação dos braços, visando a estimular a ativação cardiovascular
e um aquecimento (elevação da temperatura) propriamente dito do corpo. Após esse
aquecimento, iniciamos o aquecimento específico ao qual nós denominamos de rascunho
de passos. O rascunho é uma atividade que propõe realizar um movimento do frevo com
menores amplitudes articulares e menor intensidade na utilização dos músculos . O que
nós estamos propondo com essa atividade é que o aluno trabalhe a coordenação motora
aplicada ao movimento do frevo sem a exigência muscular que lhe é característica. Com
isso, ele vai aquecer o corpo dentro da especificidade da aula e ajudar o sistema
neuromuscular a criar e estabelecer os programas motores necessários às fases
subsequentes da aula. É importante que o professor planeje os movimentos de frevo que
serão apresentados na aula para que, baseado nesses movimentos, ele possa propor os
“rascunhos” mais apropriados para o aquecimento.

Do ponto de vista didático e criativo, o rascunho também é uma atividade que visa a
estimular a sensibilidade musical e a não automatização da forma convencional de fazer o
passo. Nesse momento, devem-se estudar as diferentes formas de relacionar o
movimento com a música e a conexão entre as diferentes partes do corpo.

A terceira etapa do aquecimento é o alongamento dinâmico que tem a função de


expor as articulações do corpo a amplitudes de movimento maiores que as utilizadas na
vida diária mas ainda não tão grandes como as que serão utilizadas durante os
movimentos de frevo. Por isso, os exercícios devem ser baseados em passos de Frevo
que são alterados em sua forma, dinâmica e velocidade. Como o nome já diz, os

http://portalanda.org.br/index.php/anais 5
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

exercícios são realizados de forma dinâmica, também favorecendo o trabalho


cardiovascular. Propomos que se evitem pausas longas em posições de alongamento.

Esses exercícios consistem em passar pelas amplitudes dos movimentos de forma


coordenada, numa amplitude maior, com velocidades diversificadas, ou seja, um pouco
mais lento, a princípio, e depois mais rápido, fazendo com que o corpo relacione a
amplitude que ele vai precisar realizar com o movimento do frevo, ao mesmo tempo em
que alonga e prepara a musculatura para a carga que irá receber. É importante que o
professor enfatize para o aluno que é a partir desses movimentos que ele vai poder
desenvolver o passo do frevo, o que pode ser feito, por exemplo, citando o passo de frevo
que serviu de inspiração para o exercício.

Como todo exercício de alongamento, o alongamento dinâmico precisa ser


realizado com atenção e a consciência de como posicionar o corpo. É muito importante
que o aluno e o professor deem atenção à respiração e estejam atentos ao alinhamento
ósseo para evitar torções indevidas e, com isso, expor o corpo ao risco de lesões.

Em seguida, pode ser realizado o trabalho de ativação da musculatura abdominal.


Sugerimos em torno de três exercícios que ativam os diversos músculos abdominais,
responsáveis pela manutenção da postura e estabilização da coluna vertebral. Esses
exercícios são importantes para que o aluno, por estar mais consciente dessa
musculatura, evite sobrecargas na coluna lombar e articulações das extremidades
inferiores durante a realização dos movimentos do frevo. No entanto, não devem ser feitos
em excesso, porque o músculo cansado não poderá, posteriormente, cumprir suas
funções de estabilização com eficiência.

Essa etapa preparatória pode parecer extensa, no entanto, é importante lembrar


que, além de estarmos aquecendo, alongando e ativando o corpo, estamos já estimulando
a propriocepção, a coordenação motora e sensibilidades próprias do frevo, utilizando o
princípio do exercício denominado “especificidade” em todas essas etapas. Também é
recomendável fazer uso de frevos como trilha musical, sempre que possível.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 6
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

Técnica de frevo

A próxima etapa refere-se à técnica do frevo propriamente dita, na qual são


apresentados os movimentos do frevo, seus caminhos, dinâmicas e possibilidades de
conexão. Podem ser propostos exercícios em dupla, exercícios e atividades facilitadoras
para o aprendizado dos passos e conexão entre eles. A parte técnica da aula deve
estimular a investigação do caminho do movimento e a consciência corporal do aluno.
Também é importante buscar semelhança entre os passos e diferentes formas de
conexão. É nessa fase que o professor exercita sua capacidade criativa para desenvolver
dinâmicas e atividades de acordo com as necessidades da turma. O aproveitamento das
famílias dos passos 4 e das modalidades pode ser ferramenta bastante útil.

Essa etapa da aula culmina com uma “roda de frevo”, que é tradição das aulas no
Método Nascimento do Passo (MNP). A roda é o momento em que cada aluno pode
apresentar de que forma ele consegue transformar essa sequência de passos em dança,
que é coletiva e tradicional, numa expressão individual de sua energia criativa. A roda
pode ser totalmente livre, como acontece no MNP, ou conduzida de acordo com os
objetivos da aula. Por exemplo, para estimular a desinibição, pode-se propor que mais de
um aluno improvise ao mesmo tempo, com ou sem diálogo entre seus movimentos. Pode-
se também definir o repertório de movimentos que serão utilizados, com diferentes
objetivos. A roda deve ser um momento de descontração, encarada com naturalidade,
com estímulo também à observação. A roda encerra essa parte técnica, mas a aula não
deve ser finalizada. Propomos ainda mais duas etapas.

Fortalecimento Muscular

São atividades complementares para trabalhar os grupos musculares das


extremidades inferiores que são mais solicitados durante a prática do frevo. O resultado de
nossas análises cinesiológicas evidencia uma grande sobrecarga sobre as articulações e
os músculos das extremidades inferiores (EEII). Nós observamos também que durante as
aulas dos métodos tradicionais de ensino do frevo esta demanda não é levada em
4
A “Família dos passos” é uma ferramenta do Método Nascimento do Passo, cujo objetivo é facilitar a
conexão entre os movimentos de frevo. Esta, busca os pontos de coincidência entre diferentes passos, para
identificar famílias de movimentos, ou seja passos que tenham algum tipo de conexão formal entre si.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 7
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

consideração. Por isto nós advogamos a importância da inserção de exercícios de


fortalecimento muscular para as EEII no intuito de melhor preparar o aprendiz ou passista
de frevo a lidar com esta sobrecarga mioarticular e com isto prevenir lesãos. O ideal é
trabalhar pelo menos um exercício para cada grupo muscular dos membros inferiores
(flexores, extensores, abdutores e adutores do quadril; flexores e extensores do joelho;
dorsiflexores e flexores plantares do tornozelo, assim como inversores e eversores da
articulação subtalar), conforme detalhado no artigo Saúde corporal: considerações acerca
do fortalecimento muscular para a prática do frevo (COUTO; SOUZA; VICENTE, 2011).
Quanto ao abdômen, agora é a hora em que o professor pode aplicar uma quantidade
maior de exercícios para o fortalecimento dessa musculatura, uma vez que ela não
precisará mais atuar como estabilizadora da coluna no restante da aula.

Desaquecimento

Essa etapa é composta por alongamentos estáticos e respiração profunda, para


que o corpo retome o equilíbrio interno pré-exercício e amplie sua flexibilidade. A volta a
calma ou desaquecimento é a fase da atividade física que consiste em um grupo de
exercícios realizado logo após a atividade a fim de fornecer um período de ajuste entre o
exercício e o repouso. O alongamento deve ser incorporado logo depois da parte principal
da sessão de trabalho e do período de volta a calma, pois nesse momento o tecido terá as
suas temperaturas mais altas. (SAPEGA, 1981 apud ALTER, 2010, p. 242). A fase de
volta à calma inclui exercícios de intensidades decrescentes, como caminhada ou trote
mais lento, exercícios de calistenia e de alongamento (imprescindível nessa fase). Sem a
fase de resfriamento o processo de recuperação é mais lento e incompleto, podendo vir a
prejudicar desempenhos subsequentes.

O objetivo deste procedimento é facilitar o relaxamento e a recuperação muscular;


reduzir progressivamente a atividade orgânica; facilitar a eliminação dos produtos
residuais resultantes da atividade muscular. O desaquecimento contribui com o retorno da
frequência cardíaca e da pressão arterial aos valores próximos ao de repouso, assim
como acelera o retorno venoso, facilita a dissipação de calor corporal, promove a
reposição dos substratos energéticos utilizados durante a prática do exercício, e

http://portalanda.org.br/index.php/anais 8
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

principalmente a remoção mais acelerada do ácido lático, que é um dos principais fatores
para a fadiga muscular local pós-exercício.

Para desenvolver a flexibilidade, deve-se recorrer a exercícios que permitam ao indivíduo


assumir posições em que as articulações alcancem amplitudes maiores do que a que
estão habituadas, numa situação em que os músculos se mantenham em um determinado
grau de extensibilidade, de maneira estática, por algum tempo. Como norma geral, essa
posição deve ser assumida mediante a realização de movimentos suaves e lentos,
mobilizando vagarosamente cada articulação em sua amplitude máxima de movimento.
(DOMINGUES, 1985 apud Carvalho e Borges, 2001.). A prática diária, esse tipo de
alongamento é cumulativo conferindo maior amplitude de movimento às articulações.

Considerações finais

Essa progressão da aula pode ser realizada de diversas maneiras, sendo


importante observar os princípios que embasam essa proposta. Gostaríamos que o
conteúdo apresentado fosse entendido como indicador de etapas que, além de terem o
potencial para evitar as lesões, também propiciam uma progressão no desenvolvimento
criativo, físico e cognitivo, bem como facilitam o entendimento de como a aula de frevo
pode estar a serviço do passista.

É importante pesquisar sobre exercícios de fortalecimento e potência muscular e de


flexibilidade articular, mas sempre seguindo o princípio da especificidade. Ou seja, os
exercícios devem se aproximar o máximo possível da atividade que vai ser executada,
que, no caso, é o frevo. Isso deve acontecer tanto na forma do movimento quanto na
maneira como se utilizam as alavancas e as articulações.

Defendemos também a importância de despertar no professor, no aluno e no


passista de frevo o interesse pela pesquisa e estudo de aspectos relacionados ao corpo, a
sua fisiologia e aos princípios que podem ajudá-los a melhor desenvolver seu potencial
corporal e artístico em uníssono. Com relação aos aspectos da formação do profissional,
pode-se perceber a importância da competência do domínio teórico que envolve o ensino
da Dança. O professor de Dança precisa estar atualizado e ciente das necessidades de
compreensão dos movimentos básicos para que a transmissão e correção dos elementos

http://portalanda.org.br/index.php/anais 9
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

que envolvem a Dança sejam efetuadas com sucesso, tanto em aulas, com seu valor
educacional, como na realização de coreografias de caráter artístico (NANNI, 1995 apud
DA SILVA; SCHWARTZ, 2001).

A Dança, como uma arte que acontece no corpo, deve ser abordada por todos os
ângulos que a compõem: o físico, o técnico e o artístico. Esperamos que esse projeto
possa despertar nas pessoas envolvidas com o frevo o interesse pela pesquisa como
forma de validar essa prática e divulgar esse patrimônio nacional.

Referências

ACSELRAD, M. Viva Pareia! A arte da brincadeira ou a beleza da safadeza: uma


abordagem antropológica da estética do cavalo‐marinho. 2002. Dissertação (Mestrado em
Sociologia e Antropologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2002.

ALTER, M. J. Ciência da flexibilidade. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2010.

ASCENSÃO, A. et al. Fisiologia da fadiga muscular: delimitação conceptual, modelos de


estudo e mecanismos de fadiga de origem central e periférica. Revista Portuguesa de
Ciências do Desporto, [S.l.], v. 3, n. 1, p. 108–123, 2003.

BATSON, G. Proprioception. The International Association for Dance Medicine and


Science. 2008. Disponível em: <www.dancemedicine.org>. Acesso em: 12 mar. 2011.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino


fundamental – Artes. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARVALHO, J. de; BORGES, G. A. Exercícios de alongamento e suas implicações no


treinamento de força. Caderno de Educação Física, Estudos e Reflexões, [S.l.], v. 3, n.
2, p. 67-78, 2001.

COUTO, A.; SOUZA, G. G. Q. de; VICENTE, Ana V. Saúde corporal: considerações


acerca do fortalecimento muscular para a prática do frevo. In: VICENTE, Ana V.; SOUZA,
Giorrdani G. Q. de. Trançados musculares: saúde corporal e ensino do frevo. Recife:
Editora Associação Reviva, 2011. DVD.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 10
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

ENOKA, R.; STUART, D. Neurobiology of muscle fatigue. Journal of Apllied Physiology,


[S.l.], v. 72, n. 5, p. 1631-1648, 1992.

GADELHA, R. C. P. A dança possível: as ligações do corpo numa cena. Fortaleza:


Expressão Gráfica e Editora, 2006.

KAWASHIMA, L. B. Transferência de aprendizagem entre habilidades motoras do


voleibol, handebol e basquetebol. 2002. 82 f. Monografia (Licenciatura em Educação
Física) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2002.

MARTINELLI, S. S.; BARBATO, S.; MITJÁNS, A. M. No ensino da dança, quem dança?


Revista estudos e pesquisa em psicologia, [S.l.], ano 3, n. 2. Disponível em:
<http://www.revispsi.uerj.br/v3n2/artigos/artigo3v3n2.html>. Acesso em: 12 abr. 2011.

OLIVEIRA, M. G. R. de. Danças populares como espetáculo público no Recife, de


1979 a 1988. Recife: O Autor, 1993.

OLIVEIRA, V. de. Frevo, capoeira e passo. Recife: Companhia Editora de Pernambuco,


1985.

POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao


condicionamento e ao desempenho. 6. ed. Barueri: Manole, 2009.

QUEIROZ, L. A. de. Guerreiros do Passo: multiplicar para resistir. 2009. Monografia


(Especialização) – Faculdade Frassinetti do Recife, Recife, 2009.

SILVA, M. G. M. S. da; SCHWARTZ, G. M. Por um ensino significativo da dança.


Movimento, [S.l.], ano 6, n. 12, 2000/1.

SMITH, C. A. The warm-up procedure: to stretch or not to stretch – a brief review. Journal
of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, [S.l.], v. 19, n. 1, p. 12-7, jan. 1994.

TELLES, F. da S. Educação: transmissão de conhecimento. In: CALAZANS, Julieta;


CASTILHO, Jacyan; GOMES, Simone. (orgs.). Dança e educação em movimento. São
Paulo: Editora Cortez, 2003, p. 78-84.

TOSCANO, J. J. de O.; EGYPTO, E. P. A influência do sedentarismo na prevalência de


lombalgia. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 7, n. 4, jul./ago.
2001.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 11
ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Dança em Mediações Educacionais – Julho/2012

VICENTE, A. V. Entre a ponta de pé e o calcanhar: reflexões sobre como o frevo encena


o povo, a nação e a dança no Recife. Recife: Editora Universitária da UFPE; Olinda:
Editora Associação Reviva, 2009.

__________. Entre a técnica e a dança – Refletindo com o frevo sobre o ensino da dança.
Revista do Movimento, Recife, n. 1, set. 2007b.

VICENTE, A.. V. R. et al. Do frevo ao fervo. Relatório independente de pesquisa teórico


e prática apresentado na FUNARTE. Prêmio Klauss Vianna. Recife: 2006.

VICENTE, A. V.; SOUZA, G. G. Q. de. Trançados musculares: saúde corporal e ensino


do frevo. Recife: Editora Associação Reviva, 2011. DVD.

http://portalanda.org.br/index.php/anais 12

S-ar putea să vă placă și