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Introdução à História da

Filosofia Medieval
Prof. Juliano Paccos Caram

Introdução
A relação entre cristianismo e filosofia (obviamente, grega) foi vista há
muito como uma interação mais ampla entre cristianismo e cultura
greco-romana.

A formação de uma “filosofia cristã” foi explicada no passado como


uma helenização, mais ou menos forte, da nova religião, por obra da
cultura com a qual estava entrando em contato.

Com a progressiva evangelização da sociedade greco-romana, verifica-


se, em paralelo, uma acentuada helenização da religião cristã; deu-se
a apropriação por parte do cristianismo não só das formas literárias
pagãs, mas também dos instrumentos culturais próprios da filosofia
grega.
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Introdução
Logo a seguir aos primeiros contatos mais profundos entre as duas
formas de cultura e de civilização, a judaica e a cristã, de uma parte,
e a greco-romana, de outra, observamos o surgimento da filosofia
cristã, primeiro em formas mais superficiais, depois cada vez mais
elaboradas.

Observa-se que não era possível falar de helenização sem levar em


conta a peculiaridade da mensagem cristã.

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Introdução
“A assunção de termos filosóficos não significa uma ilimitada aceitação
do conteúdo deles. O protocristianismo retoma categoriais mentais e
meios expressivos próprios da filosofia somente na medida em que
podem contribuir para a apresentação, esclarecimento e salvaguarda
do evangelho. O motivo central da mensagem neotestamentária, o
anúncio do agir escatológico de Deus, que leva a história de Israel e
dos povos do mundo à meta estabelecida pelo próprio Deus, não está
conexo com a filosofia nem dela depende. Isso põe radicalmente em
questão o fim da filosofia, que com os instrumentos do pensamento
se propõe ajudar o homem a resolver os problemas do ser e do si
mesmo, e mediante as formas de pensamento semíticas, até certo
ponto indispensáveis à mensagem, se contrapõe às fundamentais
concepções filosóficas” (MICHEL, 1988).

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Introdução
O primeiro encontro entre filosofia grega e cristianismo apresenta-se no
bem conhecido discurso de Paulo no Areópago, diante dos
atenienses (At 17, 17ss). Na cidade símbolo da paideia greco-
romana, Paulo profere um discurso sobre Deus, a providência do
mundo e, sobretudo (símbolo, porém, da fé cristã), a ressurreição
dos corpos. Segundo a narrativa bíblica, foi precisamente esse
último ponto que fez naufragar toda ulterior troca entre as duas
culturas.

A partir do século II, há de se lidar com uma adaptação da mensagem


cristã às novas exigências de uma sociedade fortemente aculturada e
especificamente caracterizada e, portanto, com uma transformação
da mensagem.
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Introdução
Um exemplo estupendo dessa helenização do cristianismo primitivo foi
o emprego e a transformação do Logos joanino e do seu significado.

O problema permanece: até que ponto se pode falar de helenização e,


ao contrário, de conservação das peculiaridades de uma religião
provinda do judaísmo? Mas também a resposta é a mesma: a
adaptação ao helenismo se dá de modo mais profundo mediante os
instrumentos fornecidos pela sociedade na qual o cristianismo estava
se tornando um componente cada vez mais exclusivo, mas nenhum
pensador cristão, sequer o mais aberto ao que “vinha de fora” (como
se costumava dizer), pensou alguma vez em renunciar às próprias
prerrogativas de cristão e às próprias convicções de fé; temos que ter
sempre presente que o mundo grego era (e não sem motivo) sempre
sinal de mundo pagão.
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Introdução
“… o fato da helenização está perfeitamente em harmonia com a índole
do cristianismo, religião da Encarnação e religião universal, ou seja,
religião que, por natureza, é capaz de se encarnar em qualquer
cultura autenticamente humana. […] Coerentemente, seria
necessário julgar do mesmo modo a romanização do cristianismo
[…], mas igualmente a germanização, a africalização dele. Nessa
linha, não restaria senão voltar à fase do judeo-cristianismo, ou seja,
às teses daqueles que condenavam toda tentativa de transplante da
mensagem evangélica para fora do universo espiritual da
Bíblia” (CANTALAMESSA, 1971).

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Introdução
Quando muito, é necessário avaliar “a liberdade soberana com que os
Padres dobraram às exigências da mensagem cristã conceitos e
categorias fundamentais do pensamento grego (como os de pessoa,
de hipóstase, de natureza…)” (CANTALAMESSA, 1971).
Essa liberdade mostra com quanta inteligência eles helenizaram o
cristianismo. “Não é, portanto, sobre o fato da helenização que deve
se concentrar a discussão, mas, quando muito, sobre o modo e a
medida com que ela se verificou” (CANTALAMESSA, 1971). Esse
é o critério metodológico que procuraremos aplicar a esta disciplina.
Se os próprios filósofos gregos da época em que a filosofia patrística já
havia se constituído de modo mais sólido tivessem lido as obras
daqueles primeiros padres filósofos teriam ficado escandalizados por
verem de que modo os ensinamentos de seus mestres (de Platão ou
dos estóicos) tinham sido transformado e até “barbarizado”.
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Introdução
Porfírio e Proclo, por exemplo, manifestaram abertamente sua
divergência em relação a uma filosofia, como a cristã, que queria
“falar de Deus” (theologhein) até com as categorias do pensamento
grego, mas que, na visão deles, parecia irremediavelmente “bárbara”
e estranha à tradição helênica e à sua paideia. Também Plotino teve
um comportamento análogo: polemizou duramente com os gnósticos
e provavelmente conhecia também o cristianismo não gnóstico, mas
não tinha certamente simpatia por ele.

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Encontros e desencontros
entre cristianismo primitivo
e filosofia pagã

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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
Trata-se de uma aculturação de caráter geral,
antes mesmo da chamada “filosofia patrística”.
- A convicção de que a fé não devia ser
“cega” (embora os pagãos exprobassem aos
cristãos tal fé) surgiu logo; as exigências da
evangelização num mundo de vasta e profunda
cultura tornaram cada vez mais urgente a
necessidade de uma adequação por parte dos
cristãos, embora, no plano teórico, se
continuasse a desconfiar dela.
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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
- A língua grega se tornou bem cedo a língua da
Igreja = favoreceu a contribuição da cultura
pagã à definição do dogma e da catequese
cristã.
- Cristo é concebido como Palavra do Pai = o
termo “Logos” foi transferido para um âmbito
de pensamentos e de ideias no qual ele tinha
uma bem precisa função.

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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
- No estoicismo, o Logos representava a suprema
razão divina, imanente no universo e que tudo
regia. No cristianismo, essa razão universal
deixa de ser abstrata e passa a ser concreta na
pessoa do Filho.
- Mas, como vimos na aula passada, a influência
da filosofia grega jamais foi recebida
passivamente, pois é filtrada por uma
experiência e uma problemática já tipicamente
cristãs. Prof. Juliano Paccos Caram (UFFS - 2018) 13

O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
- O mesmo Logos do evangelho de João não é
um conceito abstrato, mas entra de modo
direto em relação aos homens, porque se faz
carne, e é o próprio Cristo que sofreu e morreu
na cruz; a morte de deus é, para os judeus,
escândalo, e para os gregos, loucura, mas é o
essencial da mensagem cristã (1Cor 1,23).

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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega

- Assim, no final do século I, a cultura cristã,


embora com todas as incertezas e oscilações,
está pronta para enfrentar a discussão com a
cultura pagã e também com a filosofia.

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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus primeiro?

-  O problema central da especulação cristã será


certamente o do monoteísmo (séculos I e II).

-  - A afirmação do monoteísmo, nítida no Antigo


Testamento, a partir dos profetas, é retomada e
acentuada no Novo Testamento.
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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus Primeiro?

-  Deus recebe qualidades como sumo,


transcendente e único, além de onisciente e
providente.

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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus Primeiro?
“ Deus é incorpóreo, é único, diz Platão, pai e criador do
universo, beato e beatificante, ótimo, não necessitado de
nada; antes, ele próprio dador de tudo. Platão diz que deus
está no céu, não é anunciado, não tem nome e, para usar
suas próprias palavras, é invisível e invencível. Descobrir
sua natureza é difícil; mas se é encontrada, não se pode
fazê-la saber a muitas pessoas. Estas são as palavras de
Platão…” (Apuleio de Madaura, um dos escritores mais
representativos da cultura latina do séc. II).

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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
Lúcio Apuleio de Madaura (114/125 – 180)

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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
Lúcio Apuleio de Madaura
Escritor, filósofo e retor, denominado "príncipe dos oradores africanos",
nasceu na colônia romana de Madaura, em 114/125, no final do reino
de Trajano. Bem afortunado por parte de pai, recebeu a instrução das
escolas públicas de Cartago, "instruidora de todas as províncias".
Percorreu a Itália, a Grécia e o Oriente e se fez iniciar em cerimônias
mágicas e religiosas, por "amor da verdade e por dever para com os
deuses". Praticou numerosos malefícios, encantamentos, operações que
todos qualificariam da mais alta superstição. de Roma, em 136, partiu
para a Alexandria onde o museu e a biblioteca estavam repletos de
tesouros do passado. Com trinta e três anos esposou a mãe de um
amigo, sendo então acusado de sedução e corrupção, se defendeu a si
próprio, o que lhe valeu o renome de orador. Em Cartago veio a se
tornar encarregado de importantes funções sacerdotais.
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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
Lúcio Apuleio de Madaura

Sua obra escrita é imensa, sendo sua curiosidade sobre diversos temas
um estímulo para novas produções literárias. Poucas obras chegaram
a nós, dentre as quais destacam-se: As Metamorfoses, As Floridas, O
Demônio de Sócrates, o Dogma de Platão, O Tratado do Mundo, A
Apologia diante de Claudius Maximus.

De inspiração platônica sua obra não funda um sistema de


pensamento coerente, reproduzindo mais das vezes as ideias de
Sócrates, Platão ou Aristóteles. Os Padres da Igreja foram aqueles
que mais o disseminaram.
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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus Primeiro?
-  Trata-se da fé num deus único (henoteísmo, do grego,
henosis, unicidade).
-  Diferente de Alcinoo, também medioplatônico, que falava
sobre um “primeiro deus”, como Platão, Apuleio escreve
sobre um “deus único”.
-  Mas isto significa dizer que não existam outros deuses?
Vejamos o que diz Apuleio:

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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus Primeiro?
“Platão fala de três espécies de deuses, a primeira das quais
é constituída pelo único e só, para além do mundo,
incorpóreo, que mostramos ser o pai e arquiteto deste
mundo divino; um outro gênero é o que caracteriza as
estrelas e todos os outros deuses, que chamamos de
‘habitantes do céu’; o terceiro gênero é dos que os antigos
romanos chamavam de ‘intermédios’, porque estão por
conta própria e que pelo lugar e poder são inferiores aos
deuses supremos, mas certamente são maiores que a
natureza dos homens.” (Platão a sua doutrina I 11, 204-5)
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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus Primeiro?

-  Ora, essa concepção vê uma gradação de divindades


culminantes num deus supremo (e por esse motivo, único)
= henoteísmo.
-  Em outra referência (Sobre o deus de Sócrates), Apuleio
fala do “pai dos deuses”, o qual é “dominador e criador de
todas as coisas”: existe, pois, uma divindade acima das
outras.

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O cristianismo na sua primeira fase
de difusão e a filosofia grega
Deus Único ou Deus Primeiro?

-  Eis o contraste entre tradição platônica e cristianismo: a


nova religião está disposta a fazer, sim, algumas
concessões em atribuir um certo poder aos outros seres
que não sejam Deus, mas somente identificando-os com
os demônios maus.

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O cristianismo na sua primeira fase


de difusão e a filosofia grega
Deus e a suma racionalidade

-  “Os primeiros bens são o deus supremo e aquela mente


que Platão chama de intelecto” (APULEIO. Platão e a sua
doutrina. II 1,220).
-  O ser divino, portanto, entendido na sua essência geral, é
também mens, ou suma racionalidade.
-  No ambiente cristão, será recorrente os termos ratio ou
verbum: “Em Deus todas as coisas devem ser racionais,
além de naturais…” (TERTULIANO. Contra Marcião. I 23,1).
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