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Convencimento e Persuasão: um estudo de auditórios

João Paulo Freire Wayhs∗


Universidade Federal de Santa Maria

Índice dessa relação. Todos esses elementos apare-


cem nos discursos através de marcas lingüís-
1 Os gregos 2 ticas: segundo Koch (1997), quando intera-
2 Estudando o auditório 3 gimos com alguém procuramos dotar nossos
3 Razão ou emoção? 6 enunciados de determinada força argumenta-
Referências Bibliográficas 8 tiva, ou seja, na relação com o interlocutor, o
autor produz seu enunciado de forma que o
outro dirija-se a determinadas conclusões.
acordo com Koch (2002), em cada
D E
texto, de acordo com a intencionali-
dade do locutor, estabelece-se um novo tipo
Essa interação social, que se realiza na e
pela linguagem, caracteriza-se fundamental-
mente pela argumentatividade. E é essa po-
de relações, chamado de relações argumen- tencialidade argumentativa de interação so-
tativas, que envolvem, por exemplo, a a- cial que se revela através das marcas lingüís-
presentação de explicações, justificativas e ticas, que fazem parte da própria gramática
razões, com relação aos atos de enunciação. da língua. Essa orienta a construção do dis-
Todo texto tem relação com um evento, curso assim como facilita o momento de re-
e essa relação estabelecida entre eles cons- cepção, já que o receptor percebe o texto
titui a sua enunciação. As pressuposições, como uma construção argumentativa.
as marcas das intenções que o texto vei- Em análise de autores como Ducrot,
cula; os modalizadores que revelam sua at- Anscombre e Vogt, a autora defende que a
itude perante o enunciado que produz; os o- argumentatividade não constitui apenas algo
peradores argumentativos, responsáveis pelo acrescentado ao uso lingüístico, mas, pelo
encadeamento dos enunciados e as imagens contrário, está inscrita no próprio meca-
recíprocas que se estabelecem entre os in- nismo de linguagem.
terlocutores e as máscaras por eles assumi-
das no jogo de representações são exemplos o uso da linguagem é inerente-
mente argumentativo dentro dessa

Artigo desenvolvido a partir do trabalho de Con- concepção, entende-se como sig-
clusão de Curso em Comunicação Social – Habili-
tação em Publicidade e Propaganda, da Universidade
nificação de uma frase o conjunto
Federal de Santa Maria, intitulado “De logos a pathos, de instruções concernentes às es-
da razão à emoção: a argumentação e a redação pub- tratégias a serem usadas na decodi-
licitária”. ficação dos enunciados pelos quais
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a frase se atualiza, permitindo rência ao emprego ornamental ou eloqüente


percorrer-lhe as leituras possíveis. da linguagem. Por definição, pode ainda
Trata-se de instruções codificadas, ser considerada a arte de convencer pelo uso
de natureza gramatical, o que da razão, com o emprego de diferentes re-
leva, portanto, ao reconhecimento cursos da linguagem, para provocar determi-
de um valor retórico (ou argu- nado efeito no receptor.
mentativo) da própria gramática. O nome de Aristóteles (384-322 a.C.) é
(KOCH, 2002, p. 102) habitualmente evocado quando se fala da re-
flexão sobre a argumentação. A arte da
É através da decodificação dos códigos retórica foi sistematizada por ele no tratado
dos enunciados que as leituras são reali- Tekne rhetorike (Arte retórica), em que re-
zadas, e as instruções impostas ao texto no comenda, como qualidades máximas para o
momento de sua construção é que o dotam estilo, a clareza e a adequação dos meios
de um valor argumentativo, inscrito em seu de expressão ao assunto e ao momento do
próprio mecanismo de linguagem. discurso. É com a Retórica de Aristóteles
que surge uma sistematização da teoria da
1 Os gregos argumentação, tradicionalmente considerada
como o núcleo do sistema retórico (PEREL-
Surgida a partir da preocupação dos gregos MAN, 1993).
com a expressão verbal, a retórica pode ser Nessa reflexão, os conceitos "argumen-
considerada a primeira reflexão sobre a lin- tação"e "retórica"parecem recobrir-se em al-
guagem, tendo como objetivo analítico veri- gumas teorias; em outras, o conceito de
ficar quais os mecanismos utilizados para retórica afasta-se do de argumentação, no
fazer algo ganhar a dimensão de verdade intuito de evitar que a argumentação seja
(CITELLI, 1988). entendida como um mero conjunto de re-
Tem origem do grego rhetor, orador numa cursos de expressão. Depois de Aristóte-
assembléia, como a arte de bem falar, me- les, a retórica passa a ser assumida como
diante o uso de todos os recursos da lin- a arte de bem falar ou “ars bene dicendi”,
guagem, para atrair e manter a atenção e o in- já que os estóicos destacarão a componente
teresse do auditório, para informá-lo, instruí- formal da retórica em detrimento da com-
lo e, principalmente, persuadi-lo das teses ponente argumentativa: "O que os primeiros
ou dos pontos de vista que o orador pre- retóricos clássicos entendiam como uma das
tende transmitir. Em sentido amplo, desig- suas partes – a elocutio – veio com o tempo
nava a teoria ou ciência da arte de usar a lin- a assumir-se como a essência da própria
guagem com objetivo de persuadir ou influ- retórica"(JÚNIOR, 1998, p. 20). O termo
enciar, podendo significar a própria técnica "retórica"inclusive adquiriu, com o passar do
de persuasão1 . Em sentido restrito, faz refe- tempo, também um sentido pejorativo, com
1
Observação não generalizada, como devidamente Retórica, e como um de seus fundamentos, a Per-
expresso por Citelli, em Linguagem e Persuasão suasão.
(1993), onde o autor propõe que de um lado está a
Retórica e de outro Persuasão, ou, ainda, acima a

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o destaque para o caráter superficial ou ma- pela adesão de um auditório faz-se por meios
nipulador de um discurso. retóricos, que Perelman classifica como as-
Segundo Perelman (1993), em sua con- sociação e dissociação de noções: nesse
cepção moderna, uma teoria da argumen- sentido, argumentar é comparar, aproximar-
tação vem retomar e renovar a retórica clás- se ou afastar-se de determinados valores ou
sica, concebida como a arte de bem falar, pressupostos.
falar de modo a persuadir e a convencer, Com efeito, Perelman sustenta que é fun-
retomando a dialética e a tópica, artes do damental conhecer as referências de um au-
diálogo e da controvérsia. Por oposição à ditório, pois serão as bases da argumentação:
demonstração, toda a argumentação é pes- para além dos fatos e das verdades (que o lo-
soal e necessariamente situada. A argumen- cutor supõe como aceitos pelo seu auditório),
tação constitui um local de intersubjetivi- também o conhecimento das presunções de-
dades Persuadir é procurar a adesão intelec- sempenha um papel importante em qualquer
tual de um auditório, estruturando o discurso ato de argumentar. Por presunção, entende-
em função desse mesmo auditório, com vista se aquilo que é aceito como normal pelo au-
à eficácia. ditório.
Conhecer o auditório, conhecer as suas
crenças e valores é, pois, fundamental
2 Estudando o auditório
para o orador: assim, o segundo livro da
Retórica de Aristóteles propõe uma análise Se conduzido pelas vossas promes-
das paixões e emoções do auditório. É tam- sas e aterrorizado pelas vossas
bém o auditório que condiciona a classifi- ameaças, se rejeita o que condenais
cação dos discursos nos três gêneros (de- e abraça o que recomendais; se ele
liberativo, judicial e epidítico). O conheci- se lamenta diante do que apresen-
mento desses valores evitará a petição de tais como lamentável e se rejubila
princípio (falácia que supõe admitida uma com o que apresentais como reju-
tese que se deseja fazer aceita pelo au- bilante; se se apieda diante daque-
ditório): para evitar basear a sua argumen- les que apresentais como dignos de
tação numa petição de princípio, o orador piedade e se afasta daqueles que
terá que conhecer as teses admitidas pelo au- apresentais como homens a temer
ditório. e a evitar (SANTO AGOSTINHO
A retórica está situada no quadro da ar- apud PERELMAN, 1993, p. 32)
gumentação, que se distingue da demons-
tração. A argumentação joga com o É a partir desse discurso, em que Santo
equívoco das línguas naturais (MEYER, Agostinho conseguiu que seus fiéis mu-
1982), permitindo ao auditório a descoberta dassem de atitude, que se pode começar
dos conceitos utilizados e dando-lhe margem (partindo de Perelman) o estudo de uma
de decisão em favor desta ou daquela tese. análise da adesão de idéias por auditórios.
Para Perelman (1993), todo o discurso supõe O “auditório” em questão deve ser enten-
um auditório, já que todo o discurso en- dido simplesmente como o conjunto daque-
volve argumentação e retórica. A procura les a quem um discurso se dirige, aqueles

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dos quais o autor deseja o efeito de adesão. efeito, como a argumentação visa
Perelman & Olbrechts-Tyteca (1958) de- obter a adesão daqueles a quem se
finem o auditório como aquele grupo ou indi- dirige, ela é, por inteiro, relativa ao
víduo que o orador quer influenciar com sua auditório que procura influenciar
argumentação. O auditório não é, então, o (PERELMAN & OLBRECHTS-
conjunto de pessoas que aderiram á idéia a- TYTECA, 1999, p. 24)
presentada, e sim àqueles que simplesmente
tiveram “contato” com o discurso realizado. É o orador quem deve adaptar-se ao dis-
curso, e é por isso que a análise de uma
Quem são aqueles que, no sen- argumentação deve ser vista em função de
tido técnico da teoria da argumen- sua aceitação pelo auditório, a quem a men-
tação, constituem o auditório de sagem é direcionada.. Ainda que o auditório
um orador? Serão todos aque- seja uma criação do orador, uma vez criado,
les que entendem [escutam] o seu é o orador quem depende dele2 .
discurso ou todos aqueles que A tarefa do orador é persuadir ou con-
poderão lê-lo quando ele for publi- vencer o auditório. O bom orador não
cado? Evidentemente que não. (...) seria então nem aquele totalmente apaixo-
Será aquele que é interpelado no nado nem tampouco aquele simples demons-
início do discurso? Nem sempre. trador, inclusive por ser tarefa quase impos-
(...) De fato, o auditório, tecnica- sível delimitar quando começa um e quando
mente, é o conjunto de todos aque- termina o outro, mas sim aquele que se
les que o orador quer influenciar adapta de fato ao tipo de auditório para o
mediante o seu discurso (PEREL- qual se dirige. Por esse motivo é que na pu-
MAN, 1977, p. 237). blicidade é necessário que o texto de adapte
ao tipo de auditório que receberá a men-
Não existe discurso sem auditório, nem sagem, procurando, sempre, uma linha de
que esse seja formado pelo próprio autor construção dos argumentos, seguindo ou a
do discurso. Em outras palavras, o au- persuasão ou o convencimento, o que não
ditório nada mais é que uma construção do quer dizer que uma deva eliminar a outra,
orador/autor àqueles a quem ele visa ganhar e sim, devem se complementar, apenas com
a adesão através de seus argumentos, sem enfoque maior para aquele que se propõe
qualquer definição empírica, sem limitações a atender os objetivos preestabelecidos pelo
específicas, apenas idealizado. É a partir do 2
Como visto, a figura do orador, dependendo do
discurso produzido que se define o tipo de
meio utilizado na expressão, recebe nomes variados:
auditório a quem o orador se dirige. falante, emissor, locutor, autor, etc, assim como a do
auditório recebe o nome de ouvinte, auditor, público,
Esse contato entre o orador e seu etc. Não se levará em conta aqui os termos utiliza-
auditório não concerne unicamente dos e suas variações, e sim seus conceitos no sentido
às condições prévias da argumen- mais amplo, tendo como discurso a própria argumen-
tação, orador/emissor como aquele que emite o dis-
tação: é essencial também para curso (seja qual for o meio) e receptor/interlocutor
todo o desenvolvimento dela. Com aquele à quem o discurso é dirigido.

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emissor da mensagem com relação ao seu posição, e sim uma adesão que leve, conse-
público.. Todo o desenvolvimento da argu- qüentemente, a uma ação.
mentação, desde o ponto de partida, supõe A nova retórica também dá importância
o acordo, o entendimento e o conhecimento para esse duplo efeito da adesão, já que
do auditório. Assim, o estudo dos diversos
auditórios particulares tem grande importân- a argumentação não tem unica-
cia ao orador que pretende ser eficaz em sua mente como finalidade a adesão
argumentação. puramente intelectual. Ela visa,
Na intenção de oferecer um quadro mais muito freqüentemente, incitar à
geral da teoria da argumentação, Perel- ação ou, pelo menos, criar uma
man distingue tipos de auditório que per- disposição para a ação. É essencial
mitem classificar as diferentes argumen- que a disposição assim criada seja
tações, inspirando-se no mecanismo usado suficientemente forte para superar
por Aristóteles na distinção entre os dife- os eventuais obstáculos (PEREL-
rentes gêneros oratórios. MAN, 1993, p. 31)
A variedade de auditórios é infinita e, à
medida que eles determinam a qualidade e São dois os objetivos possíveis que servem
o desenvolvimento da argumentação, temos de base para se verificar se um discurso ar-
também infinitas formas e tipos de argumen- gumentativo será eficaz: ou conseguir do au-
tos. Perelman procura, com base nisso, esta- ditório um efeito puramente intelectual, ou
belecer distinções que permitam discernir os seja, uma disposição para admitir uma tese
auditórios visados por argumentações mais (segundo a intenção do orador) ou provo-
qualificadas – que se propõem ao convenci- car uma ação a realizar imediata ou poste-
mento de seus ouvintes – daquelas menos riormente o objetivo proposto no discurso.
qualificadas – que se limitam à mera per- Logo, com base no critério da tendência para
suasão. Este estudo dos argumentos com re- a ação, pode-se configurar o primeiro como
lação aos auditórios deve ser levado em con- "adesão passiva"e o segundo, como "adesão
sideração no momento da construção de uma ativa” (PERELMAN, 1993). Num e noutro
mensagem publicitária, quando é delimitado caso, porém, sempre está em causa a com-
o enfoque que será dado e ela (ou para o con- petência argumentativa do orador, os méto-
vencimento ou para a persuasão) para que se dos e as técnicas retóricas a que este recorre
possa, então, escolher argumentos mais ou e, de suma importância, o auditório ao qual
menos qualificados que atendam aos obje- ele se refere.
tivos da mensagem. Depois de conhecido o público a quem o
Acima disso, no entanto, Perelman tem discurso vai se dirigir, e da delimitação do
preocupação por aquilo que pode ser tipo de argumento, que poderá se propor en-
chamado de "adesão ativa", ou seja, a idéia tão tanto à uma adesão passiva quando à uma
de que em muitos casos não basta ao orador adesão ativa, é preciso discorrer então so-
levar o auditório a concordar com a sua bre como esse argumento será desenvolvido,
tese (“adesão passiva”), que seria uma dis- se fundamentado em princípios racionais ou
emocionais, aqueles em que a subjetividade

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possa levar o auditório à simples aceitação se idealize um receptor, e que se construa um


da idéia ou aqueles em que recursos lógicos discurso que, julga-se, será apropriado e en-
e formais levem o auditório à ação. tendido por ele, todo discurso de massa é di-
rigido a diferentes auditórios, o que leva o
emissor da mensagem ter de levar em con-
3 Razão ou emoção?
sideração que, apesar de todo o público ser
Vem de Platão a tradicional distinção entre atingido, nem todo ele será capaz de seguir
persuasão e convencimento. Crítico feroz, o raciocínio proposto na construção da men-
Platão despreza a retórica, traduzida para ele sagem, para entendê-la e aceitá-la.
como a simples técnica de escrever e falar Immanuel Kant, herdando de Platão total
bem, preocupando-se simplesmente em per- desprezo pela retórica (considerada simples-
suadir, em seduzir o auditório, contentando- mente a arte do bem falar), mantém a dua-
se com o que é aceito como sendo ver- lidade entre a racionalidade e emotividade.
dadeiro, sem considerar a verdade (ALVES, Para ele, a persuasão é meramente uma arte
2005). de sugestão:
Para Platão, então, não basta estar na ver-
dade, como uma construção discursiva (ou Devo confessar que uma bela poe-
no que é considerado como tal), mas, sim, sia sempre me proporcionou um
é preciso conduzir o interlocutor para a ver- grande prazer, enquanto a leitura
dade. Essa retórica é chamada de dialética. do melhor discurso de um orador
A persuasão ocorre no nível sensível, da romano, de um parlamentar mo-
opinião humana (doxa), que está ligado às derno, ou de um pregador, sem-
paixões e emoções, enquanto o convenci- pre veio acompanhada para mim
mento racional ocorre no nível inteligível, de um desagradável sentimento de
do conhecimento verdadeiro (episteme), que desaprovação desta arte insidiosa
se acessa pelo uso da razão, que realiza um que sabe como, a cada momento,
exercício dialético. No convencimento, o mover os homens como máquinas
interlocutor é consciente, passando de um para um julgamento que perde-
estado de ignorância ao conhecimento de ria todo o seu peso se sobre ele
algo, enquanto na persuasão ele é apenas le- se refletisse calmamente. Força e
vado, manipulado, conduzido numa direção elegância do discurso (que juntas
através de sugestões e recursos emotivos. constituem a retórica) pertencem
O dualismo platônico, baseado na alma hu- às belas artes, mas a arte oratória
mana, fica bem claro: a persuasão se dirige à (ars oratoria), enquanto arte de
emoção, e o convencimento, à razão. servir-se da fraqueza humana para
É interessante refletir sobre a ligação deste seus próprios fins (...), não merece
dualismo platônico com a capacidade de en- estima alguma (KANT, 1790, apud
tendimento de um receptor crítico idealizado ALVES, 2005, p.116 )
pelo emissor da mensagem. Considerando-
se a publicidade como comunicação de Para o autor, a persuasão não deve ser só
massa, não se pode ignorar que, por mais que emotiva, subjetiva, sugestionável, mas deve

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também convencer o intelecto do auditório. Nada posso afirmar, isto é, declarar


Para isso, propõe uma distinção entre o que como um juízo necessariamente
é válido para o sujeito (subjetivo) e para to- válido para qualquer pessoa, senão
dos os seres racionais (objetivo), conceitos aquilo que tem como efeito uma
que Perelman se utiliza para delimitar seu convicção. Posso guardar uma per-
auditório universal e particular. suasão para mim no caso de me
Já nas palavras de Kant, sentir bem assim, mas não posso
nem devo pretender torná-la válida
O assentimento é um evento em fora de mim (KANT, 1787, apud
nosso entendimento que, embora ALVES, 2005, p. 117)
possa repousar sobre fundamen-
tos objetivos, também exige causas Para Kant (1800, apud ALVES, 2005), já
subjetivas na mente daquele que no que diz respeito à lógica, considera que
julga. Se este juízo é válido a convicção pode ser tanto uma certeza ló-
para qualquer pessoa, desde que gica como quando nos convencemos através
seja dotada de razão, o seu funda- de provas objetivas, ou quando já possuí-
mento é objetivamente suficiente mos uma convicção “prática”, baseada em
e assentir a ele chama-se então crenças morais. Já a persuasão seria um
convicção. Se ele possui o seu convencimento não suficiente, construindo-
fundamento tão somente na na- se assim apenas uma opinião. A persuasão
tureza particular do sujeito, en- forma-se a partir de opiniões, enquanto o
tão o assentir a ele denomina- convencimento pode ser tanto baseado em
se persuasão (KANT, 1787, apud um saber – convicção lógica – quanto em
ALVES, 2005, p.116) uma crença – convicção prática. Kant (1787,
apud ALVES, 2005) inclusive afirma que
Aí está a principal diferença entre con- não se pode opinar sobre juízos derivados de
vicção/convencimento e persuasão, para o razão pura ou de moralidade, já que deles são
autor: enquanto a persuasão funciona como exigidos o princípio da universalidade.
uma verdade interna, para um único sujeito, Kant introduz uma idéia interessante ao
a convicção se dá quando o mesmo assenti- associar a convicção ou convencimento à
mento, que serviu para um sujeito em par- validade universal, mas mantém o dualismo
ticular, é comunicado e considerado válido platônico entre emoção e razão, como duas
para a razão de quaisquer seres humanos. A faculdades inscritas na alma humana, rela-
concordância de todos os juízos teria funda- cionando o primeiro termo a algo pura-
mento no objeto, daí ser considerado o con- mente privado e incomunicável, fruto de um
ceito de objetividade, em contraponto à sub- sentimento meramente subjetivo – determi-
jetividade (fundamento no sujeito). Segundo nado por inclinações sensíveis – e ligando
o autor, ainda, é só aí que se dá uma comuni- o segundo à razão objetiva, válida univer-
cação, quando o assentimento pode ser cre- salmente e conhecida a priori – independen-
ditado por todo um conjunto racional, e não temente de qualquer elemento empírico.
subjetivo.

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Referências Bibliográficas
ALVES, M. A. A argumentação filosófica:
Chaïm Perelman e o auditório universal.
Belo Horizonte, MG: [s.n], 2005

CITELLI, A. Linguagem e Persuasão. 7 ed.


São Paulo: Ática, 1993.

JÚNIOR, M. A. Introdução a ARISTÓTE-


LES, Retórica, 1998.

KOCH, I. V. Argumentação e linguagem. 7


ed. São Paulo: Cortez, 2002.

Lisboa, I.N.C.M.

_____. O texto e a criação dos sentidos.


São Paulo: Contexto, 1997.

MEYER, M. Questões de retórica: lin-


guagem, razão e sedução, Lisboa:
Edições 70, Lda., 1998, p. 31

PERELMAN, C. O império retórico, Porto:


Edições ASA, 1993

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