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ESPAÇO AUTORAIS

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS AMBIENTES DE APRENDIZAGEM

Pedro Henrique Fernandes Dutra


Pontifícia Universidade Católica de Campinas –CLC Faculdade de Artes Visuais
<pedroutra@gmail.com>

RESUMO – Observando instituições de ensino durante a graduação recolhi registros que


compõe o presente artigo. Apresento uma nota dos lugares onde a aprendizagem acontece e
sugiro percebê-los optando por uma perspectiva onde o sujeito é o construtor do espaço.
Sustentado com leituras, o texto é dividido em cinco questões pertinentes as considerações
daquilo que acredito ser verdade na construção de um ambiente propício a aprendizagem.

PALAVRAS CHAVE: memória do corpo; ambientes de aprendizagem; escola.

ABSTRACT - By observing educational institutions during graduation, I collected records


that compose this article. Here I present notes from these places of learning and then I
suggest perceiving them through a perspective where the subject is who shapes these
spaces. Based on studies, the text is divided into five questions that matter to the
considerations and thoughts of what I believe to be correct in the construction of an
learning conducive environment.

KEYWORDS: body memory; learning environment; school.


______________________________________________________________________________________________
PRIMEIRA QUESTÃO expandir e ocupar espaços porque está no sujeito a
como poderia ser tão imenso [1] potência em construí-lo.
Existe no homem a capacidade de ser imenso.
Convém estar de forma ativa num espaço
determinado, seja essa ocupação física ou imaginada SEGUNDA QUESTÃO
com estímulos quaisquer. Em posição, o corpo reage e um enunciado busca construir o sentido
percorre um espaço que se forma também a partir deste
percurso. Antes, esclareceremos as definições “Não passaram muitas crianças por esse colchão, como
dominantes em duas palavras; posição é compreender eram muito pequenos continua nesta energia de falta de
uma situação do corpo em determinado lugar; corpo se proteção. Não tem um histórico para falar assim ‘aqui
performa no sujeito ou objeto se encontra neste lugar. dá para perceber que a criança remontou, teve
Parece-me que significar essas duas recordações, pensamentos, emanou isto’. Só tem a
consciências do sujeito (corpo e posição) é fundamental energia do abandono, energia de alguém que pariu e
para construir um pensamento sobre aprendizagem e largou lá. E que a criança chorou e pediu atenção e não
especificamente, a formação dos espaços voltados à teve, mesmo no momento em que esteve neste lar, neste
educação. Quando se exercita tal consciência é oportuno lugar, é como se a criança estivesse chorando por dor
recorrer à imaginação, à poesia e, talvez, elaborar apesar de tudo. Eles têm tantas crianças que não
conteúdos próximos ao que se entende por arte e suas conseguem dar atenção a todas, então tem a energia do
práticas criativas. sofrimento pela dor. Passou uma criança com alguma
Em um jogo lógico, busca-se identificar a doença, sinto energia de uma doença aqui, mas não tem,
mudança da posição e orientação dos corpos em para falar que nem aquele outro (colchão) que teve um
situações de ensino, entretanto, essas situações vêm histórico tão forte. Como eu te disse, aqui também fala,
articuladas com outra série de formações identificadas na há uma energia do desprezo, são crianças que foram
comunidade; a comunhão e sua oscilação de abandonadas quando havia a mãe sozinha para
permanência e trânsito. assumir, não houve pai. Então o histórico destas
Espaços são construções em trânsito, são mulheres que engravidam e não tem condições. (...) é um
autorais a um coletivo ou indivíduo específico, uma colchão que tem pouca história não passaram tantas
comunidade instável. Pensar o espaço voltado a crianças para ter tanta história nele. Vidente Paula
educação exige, em primeiro instante, compreendê-lo no [3].”
campo da fenomenologia. Para Barchelar o espaço não No ambiente das imagens a palavra surge de
existe em parte algum e completa que o espaço esta em maneira arbitrária a figura, por vezes não há
si mesmo [2], consideramos então que espaço é um correspondências eficientes. Para tanto a palavra
verbo, um arquétipo da consciência. O sujeito é capaz de
planifica a imagem descodificando-a em sinais e QUARTA QUESTÃO
anunciando sua forma. não seria, esta casa, o triângulo que conservaria o
O trecho citado é a transcrição de uma conversa, corpo
em parte, do conjunto da obra urine readings com
autoria do artista venezuelano Eduardo Gil, é o áudio da Interessa esclarecer o que é habitado o que é
leitura clarividente de colchões de berço recolhidos em percorrido apenas em trânsito e quando estes adjetivos
orfanatos. A vidente não descreve. Em um outro podem ser colocados.
nível de leitura, atribuído a mediunidade, ela percebe os Podemos chamar o primeiro de ambiente
registros fixados pela vivência de crianças que usavam o transitório, onde o sujeito define um percurso e usa o
colchão. espaço como ponte para acessar outros lugares.
A referência colabora com duas idéias de Uma segunda idéia seria os ambientes de percepção,
posição; o corpo que está no espaço utilizando-o como onde o espaço é compreendido com atenção por algum
habitação e permanecendo fisicamente nele, e em motivo ou exercício. Neste o sujeito elabora uma
segunda instância, o corpo que registra e marca o espaço transição paciente onde cada extensão do espaço é
com sua memória afetiva sendo, este último, percebido estudada, desenhada e percebida com os diferentes
de duas maneiras: pelas marcas físicas no colchão (as sentidos e de forma consciente.
manchas de urina e os sinais de uso do material) e pela Estas nomeações são fluidas, como elaborado na
energia afetiva planificada com a ajuda de médiuns. primeira questão.
Portanto o espaço habitado e o registro se Tornar um espaço transitório sem precedente -
estendem também para uma situação invisível, pouco história do lugar ou recordação afetiva – em um
compreendida como imagem e a matéria, recebe isto e ambiente apto a construção é um recurso para a
registra. aprendizagem e qualquer sujeito poderia participar deste
A poesia, por exemplo, permeia em registros exercício.
invisíveis mas os anuncia, em parte, com palavras. O Entretanto existe nos ambientes de percepção,
texto poético aparece como um tecido perfurado de figurados em Bachelard como casa, uma potência
espaços em branco, não é completo, exige que o leitor o privilegiada para a imaginação [6]. Quando o sujeito
preencha, integrando aquilo que lhe é próprio. O sujeito participa um espaço e faz dele um universo íntimo
opta pelo sentido transitório, migra e espalha registros mencionamos uma construção idealizada ou, para a
que constituem os espaços de liberdade [4]. fenomenologia, uma reação da consciência na formação
um ambiente confortável, seguro e feliz.
TERCEIRA QUESTÃO Estes valores, reconhecendo seus benefícios e
um jogo é proposto pelo grupo com intenção de sua complexidade, parecem ser ideais para a construção
encontrar o movimento comum a todos de espaços voltados ao ensino. Não se pode firmar as
mesmas caracteristicas em ambientes de passagem, onde
O sujeito pode ser reconhecido num conjunto ou o indivíduo é um visitante ocasional.
como indivíduo; nesta ordem, indica uma posição que Quando o sujeito não reconhece sua autoria do
forma o território. espaço é inviável elaborar instrumentos que garantam a
Guilles Deleuze, em sua entrevista á Claire aprendizagem
Parnet, descreve território como primeiramente, a * * *
distância crítica entre dois seres da mesma espécie;
marcar suas distâncias, uma propriedade do animal e “São os acontecimentos que tornam a linguagem
afirma que sair do território é se aventurar [5]. possível. Mas tornar possível não significa fazer
Quando se espelha tal definição na educação começar. Começamos sempre na ordem da palavra, mas
refletimos sobre a maneira com que estes espaços estão não na da linguagem, em que tudo deve ser dado
atentos a escuta para receber os mapas que cada sujeito simultaneamente, em um golpe único. Há sempre alguém
constrói instintivamente. Ambientes estes onde a que começa a falar; aquele que fala é o manifestante;
aprendizagem valoriza a descoberta, que é comum no aquilo que se fala é o designado; o que se diz são as
ensino formal, mas também favorece a memória e o manifestações. O acontecimento não é nada disto: ele
convívio permitindo que todos tenham seus territórios não fala mais do que dele se fala ou do que se o diz. Mas
ativos e passíveis de novos registros. ele não se confunde com elas, o expresso não se
Em defesa da vivência na construção de um confunde com a expressão. Não lhe preexiste, mas lhe
ambiente propício à aprendizagem pode-se desenhar pré-insiste, assim lhe dá fundamento e condição. Tornar
aquilo que comumente intitulamos espaço urbano – a linguagem possível significa isto: fazer com que os
território setorizado em áreas para organização de uma sons não se confundam com as qualidades sonoras das
comunidade - estrutura coletiva da cidade ou o corpo coisas, com o burburinho dos corpos, com suas ações e
coletivo. paixões .” (Deleuze, A Lógica do Sentido. 1974: pp.
É possível verificar que a comunidade elabora 187)
um território comum que abriga as memórias destes
sujeitos. A cidade é a construção mais potente do
homem, e também é nela que encontramos estruturas QUINTA QUESTÃO
poéticas e estabelecemos percursos que integram a seria justo, eu acredito, dar a esse lugar coisas raras
educação. Encontramos na cidade o fluxo cultural que
movimenta o sujeito.
Não é uma mudança avesso daquilo que já, em teoria, REFERÊNCIAS
se programou para instituições de ensino coletivo como a
Escola. Os sujeitos que formam estes ambientes estão na [1]Notas de observação e atuação no Estágio
posição certa; vivem em comunidade e estabelecem Supervisionado e Projeto de Inicação à Docência
relações nas quais atribuem afeto e intimidade, criam um (PIBID), Faculdade de Artes Visuais, Puc Campinas.
território. Mas a Escola, no modelo que é reproduzida, [2] Gaston Barchelard, A poética do espaço. São Paulo:
sustenta todas estas dinâmicas do sujeito? Martins Fontes, 1993: pp. 206. No Imensidão Intima
Tendemos a desacreditar nas estruturas construídas (cap. VI) o autor cita poesias de Jüe Bousquet
para vigiar a aprendizagem. Entretanto, quando ilustrando pares como a árvore e a flor, o favo e o
compreendemos que o sujeito é autor e que leva consigo, mel para defender sua abordagem poética do espaço.
para dentro da arquitetura, um espaço expandido, Fica claro para o leitor que se trata de uma expansão
condicionamos a Escola a um cenário inicialmente da palavra para além das superfícies pelas quais o
branco e livre de crença onde o sujeito, em coletivo geômetra gostaria de defini-la.
desde a infância, pode vivenciar uma variedade de [3] O trecho foi transcrito livremente, segundo escolha
experiências em que sua mente é colocada em uso, não do áudio disponível em em:<http://www.eduardo-
como um memorizador de um corpo de informações gil.com/urine-readings>
transmitidas, mas como uma pessoa que está em diálogo [4] Paul Zumthor. Performance, Recepção e Leitura. São
primeiramente consigo mesmo, depois com os outros, Paulo: Cosac Naify, 2014: pp. 54.
como se eles fosse aquela pessoa também [7]. [5] Guilles Deleuze. Abecedário. 1998: pp. 04.
Seria um erro da palavra, preposição estéril, colocar a [6] Gaston Barchelard, A poética do espaço. São Paulo:
educação em espaços com definições fixas que apenas Martins Fontes, 1993: pp. 25.
recebessem visitantes, os ambientes de aprendizagem [7] Cf.: Daniela Moura, O aprender o ensinar a arte e o
devem ser vistos como habitações. Encaremos a imponderável nesses processos in Cadernos de
aprendizagem em estados flexíveis e contínuos, onde as Estudo: nº2. Belo Horizonte, mai. 2015: pp. 3. O
estruturas que o compõe - aluno, método, conteúdo, trecho é citado de uma entrevista dada a Robert
objetivo – incluem, como componente didático, a Filliou à John Cage, publicada pela primeira vez em
imaginação, o território intimo e o sonho dando autoria e 1965 e reeditada em: Robert Filliou, Teaching And
suficiência para que o aluno construa um ambiente Learning As Performing Arts. Londres: Occasional
propício a aprendizagem. Papers, mar. 2014.

* * *

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