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OPINIÃO

ECONOMIA

Uma sociedade
decente
Antonio Delfim Netto
Marcelo Correa

Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração


e Contabilidade (FEA-USP). Ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do
Planejamento.

O
desenvolvimento econômico é apenas condi- e políticas sociais que, pouco e pouco, diminuam os efeitos
ção necessária (aumento dos recursos) para a das circunstâncias que cercaram o instante de geração de
construção dos objetivos essenciais de uma cada futuro cidadão.
sociedade decente: eliminar a pobreza absolu- O papel do economista é entender que precisa usar sua
ta; melhorar a qualidade do capital humano arte e engenho para mostrar à sociedade que existe uma
pelo acesso à educação; e reduzir as desigualdades e univer- limitação clara entre as velocidades com que se pode aten-
salizar o acesso aos serviços de preservação da saúde. Isso der, simultaneamente, os objetivos de crescer e reduzir as
exige uma inteligente e determinada política redistributiva desigualdades, exatamente porque no curto prazo elas são
capaz de calibrar, adequadamente, a necessidade do cresci- constrangidas pela disponibilidade física de recursos. Se
mento produtivo eficiente com a obrigação da inclusão sis- cresço bastante hoje, tenho mais recursos para distribuir
temática dos menos favorecidos. amanhã; se distribuo mais hoje, cresço menos amanhã. No
Ainda bastante incompreendida – e mesmo desconhe- prazo um pouco maior, por sua vez, o crescimento e a
cida – por uma parcela de nossos patrícios, a Constituição redução das desigualdades são mais do que compatíveis:
de 1988 “revelou a preferência” da sociedade brasileira num regime republicano e democrático se não reduzirmos
por uma organização social baseada em três pilares: 1) as desigualdades, logo abortaremos o crescimento! A His-
uma estrutura republicana sintetizada no desejo de que tória mostra que a tentação de distribuir o que ainda não foi
todos os cidadãos (inclusive o eventual e passageiro poder produzido sempre termina mal: na aceleração da taxa de
incumbente) sejam submetidos à mesma lei e disponham inflação e no déficit em conta corrente não financiável.
dos mesmos direitos, sob a vigilância de um Supremo Qual deve ser, então, o papel do poder incumbente?
Tribunal que foi blindado com todas as garantias para Primeiro, organizar políticas sociais e econômicas que
fazer Justiça e resistir à miopia que frequentemente domi- não se desviem da “preferência revelada” pela Constitui-
na o ruído das ruas que pede vingança; 2) uma escolha ção de 1988. Isso implica um nível de carga tributária mais
democrática do poder incumbente pelo sufrágio universal elevada do que outros países socialmente menos ambicio-
e direto, em eleições absolutamente desimpedidas, que se sos, mas não significa que tenhamos que aceitar o iníquo
realizam periodicamente em prazos bem estabelecidos e sistema tributário atual; segundo, compensar esse fato
que admite apenas uma reeleição; e 3) uma política social e com a melhor qualidade da gestão pública que permita
econômica que atenda aos objetivos descritos acima e dê aumentar o nível de seus investimentos em projetos de
ênfase à continuada inclusão social pela construção de retorno social, inferior ao do setor privado; terceiro, asse-
instituições que levem à igualdade, independentemente da gurar a boa regulação concorrencial do mercado e coor-
natureza, da etnia e da riqueza do espaço em que tenham denar com ele o papel do Estado-Indutor com uso de
sido gerados. estímulos adequados.
Numa organização tão competitiva, cuja maior virtude A regra de ouro para dar emprego de boa qualidade aos
é combinar liberdade individual com eficiência produtiva, 150 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 65 anos em
como é a economia de mercado, a “justiça social” deve 2030 é assegurar a maior concorrência possível interna-
fazer-se no ponto de “partida” (igualdade de oportunida- mente, com uma adequada proteção compensatória exter-
des para todo cidadão) e não na “chegada”, que depende da na. E o quarto papel, também fundamental: resistir à per-
sorte e do acaso, o DNA. A ênfase da Constituição não manente sedução (que costuma cegar o poder), de tentar
exige igualdade absoluta, mas a construção de instituições violar as identidades da Contabilidade Nacional. n

RUMOS - 20 – Março/Abril 2012

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