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LITERATURA COMPARADA: ESTUDO TÉORICO ACERCA DA TRADUÇÃO

INTERSEMIÓTICA DE LIVROS PARA ROTEIROS ADAPTADOS

Clarissa Mazon Miranda1

RESUMO: O conceito de tradução intersemiótica mostra-se hoje em ampliação no âmbito dos estudos literários
e uma das vias observadas desse avanço seria a consideração dos estudos das transtextualidades. O roteiro
adaptado é, assim, ponto importante de conexão entre o romance e o filme em si. Entre ele e o romance, serão
observados diversos pontos de aproximação ou afastamento. Enquanto o livro será escrito para estabelecer
uma relação com o leitor, o argumento cinematográfico será lido por interlocutores como a equipe técnica, os
atores, os realizadores, os produtores, os agentes do filme, entre outros. Esse aspecto fará com que o argumento
apresente determinadas decisões técnicas e dramatúrgicas para o texto. Como elementos chave na criação de
um roteiro, podem ser elencados: caracterização, enredo, ação, diálogo e ambientação. Vê-se, portanto, que
apesar dos muitos aspectos em comum que permitem, inclusive, uma tradução intersemiótica de uma obra em
outra, o romance e o roteiro mantêm seus pontos de afastamento, os quais, sem dúvida, contribuem para o
espaço bem delimitado de cada uma dessas artes na sociedade atual. Este projeto visa refletir acerca do tema
da tradução intersemiótica por meio dos principais autores que dele tratam, entre eles DINIZ, T. F. N. (2005);
PEREIRA, M. V. (2007); SANFILIPPO, M. V. (2013); VIEIRA, A. S. (2014); ZILBERMAN, R. (2007); STAM, R.
(2008); HUTCHEON, L. (2011). O objetivo desta pesquisa é a reunião de arcabouço teórico que demonstre os
caminhos e as prerrogativas do roteiro adaptado na realidade e a evolução dos estudos acerca da tradução
intersemiótica como tema emergente em literatura comparada.

PALAVRAS-CHAVE: Roteiro Adaptado. Tradução Intersemiótica. Transtextualidade.

1. Introdução

O conceito de tradução intersemiótica mostra-se hoje em ampliação no âmbito dos


estudos literários e uma das vias observadas desse avanço seria a consideração dos estudos das
transtextualidades. O roteiro adaptado é, assim, ponto importante de conexão entre o romance e
o filme em si. Entre ele e o romance, serão observados diversos pontos de aproximação ou
afastamento. Enquanto o livro será escrito para estabelecer uma relação com o leitor, o argumento
cinematográfico será lido por interlocutores como a equipe técnica, os atores, os realizadores, os
produtores, os agentes do filme, entre outros. Esse aspecto fará com que o argumento apresente
determinadas decisões técnicas e dramatúrgicas para o texto. O trabalho aqui apresentado trata
do tema por meio da análise de uma obra específica adaptada para o cinema, O Quatrilho de
autoria de José Clemente Pozenato.
Na 12 edição do romance O Quatrilho, publicado em comemoração ao lançamento do
filme homônimo, o autor registra: “Ao escrever o romance eu elaborei algumas seqüências
imaginando as cenas de um ponto de vista cinematográfico, com um ângulo cinematográfico, uma
tomada de câmera por trás, enfim, todos esses movimentos de câmera estão latentes na maneira
de estruturar a narrativa” (POZENATO, 1996, p. 6). É possível perceber, deste modo, a influência
da linguagem cinematográfica na própria formação do escritor aqui citado como referência.


Texto completo de trabalho apresentado no 4. Encontro da Rede Sul Letras, promovido pelo Programa de
Pós-graduação em Ciências da Linguagem no Campus da Grande Florianópolis da Universidade do Sul de
Santa Catarina (UNISUL) em Palhoça (SC).
1 Doutoranda Letras UFSM

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A adaptação em estudo

Segundo Vieira (2010), a dialética entre a literatura e as demais artes é a tradução


intersemiótica, ou seja, “procedimento de trocas entre sistemas sígnicos distintos” (p. 144). O
estudo desse conteúdo permite, portanto, compreender com clareza os parâmetros estabelecidos
pelo convívio entre a arte literária e a cinematográfica. De acordo com Sanfilippo (2013), os filmes
que se substanciam de referências literárias oferecem ao espectador uma variedade de
experiências: “consentindo-lhe percorrer novamente o texto literário em uma nova visitação livre
e fértil de histórias prospectivas e colocar em foco a dialética intercorrente entre cinema e
literatura” (p. 198, tradução nossa2). Para Diniz (2005), o estudo da adaptação do romance para o
cinema deve ser feito como um estudo de inter/transtextualidade. “A relação entre literatura e
cinema é evidente desde o início do cinema, seja na interdependência entre os dois sistemas, seja
na influência de um sobre o outro” (p. 19). A autora identifica que, nos filmes, por serem
constituídos por narrativas, vê-se a adaptação como tradução ou processo de “procura de um
signo em outro sistema semiótico, o cinema, que tenha a mesma função que o signo no sistema da
literatura” (p. 19). São, no entanto, linguagens que irão se influenciar mutuamente ao longo da
criação de ambas as obras de arte.
Para Jakobson (1969), uma tradução intersemiótica dá-se quando se recorre a “um signo
não-lingüístico, por exemplo a um signo pictórico. Mas em todos esses casos substituímos signos
por signos. O que resta, então, de uma relação direta entre a palavra e a coisa?” (p. 21). O autor
defende que a base de todos os sistemas semióticos é a linguagem. Essa é o fundamento da própria
cultura, é o instrumento principal da comunicação interativa. A linguagem seria o ponto de
contato, portanto, entre a semiótica da literatura e a do cinema. Os pontos em comum localizados
entre essas diferentes linguagens perpassariam e tornariam possíveis as traduções
intersemióticas.
Vieira (2010) lembra que o cinema desde seu início recorre à literatura. “A partir dos anos
1920, existe um entusiasmo crescente entre os escritores em estabelecer trocas entre o trabalho
literário e o trabalho cinematográfico” (p. 145). Enquanto o cinema procura a escrita romanesca
– arte essa já sólida – para estabelecer-se também ele como arte respeitada; a escrita romanesca,
em diferentes momentos históricos, aproxima-se ou afasta-se do cinema para continuar sua
evolução. A troca entre esses dois campos, no entanto, permanece inegável desde a invenção do
cinema até os dias de hoje. Conforme Vieira (2010), a literatura vai ao encontro do cinema, no
século XX, sobretudo a partir do foco dado ao processo de montagem cinematográfica por
Eisenstein. Segundo Barnwell (2013), Eisenstein fez parte de um grupo de cineastas soviéticos
que fizeram experimentos com a técnica de montagem nos anos de 1920. Eisentein combinou
planos que aparentemente não tinham conexão para criar “associações”.
Sendo assim, um ator não explícito na ação é frequentemente sugerido pela montagem –
“a montagem perturba o fluxo da narrativa ao fazer imagens distintas se justaporem; é o contrário
da edição de continuidade, cujo objetivo é transmitir um fluxo contínuo do espaço e do tempo”
(BARNWELL, 2013, p. 180). A partir do argumento da montagem pode observar-se, por exemplo,
o modo como o roteiro deverá diferenciar-se da literatura, pois tendo ele o recurso das imagens,
explica menos em texto e mais em visualidade.

2 “...consentindogli quindi di ripercorrere Il testo letterario in una rivisitazione libera e fertile di novelle
prospecttive e di mettere a fuoco la dialettica intercorrente tra cinema e letteratura.” (SANFILIPPO, 2013, p. 198).

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Duas linguagens, alguns pontos em comum

Para Vieira (2010), o diálogo com a técnica da montagem cinematográfica trará


conseqüências sólidas para a literatura. “Trata-se de uma estética que irá valorizar o corte, a
fragmentação da narrativa, bem como a descontinuidade inerente ao corte, forma considerada
eficaz para substituir a narrativa linear realista” (VIEIRA, 2010, p. 147). O surgimento do cinema
falado afastou os autores de romance da sétima arte, visto que, neste caso, o cinema passa a ser
visto como um plágio da literatura. Conforme Vieira (2010), após a Segunda Guerra Mundial, esse
movimento reverte-se com autores como Jean Cocteau e Jean Gino os quais transpõe, eles mesmos,
suas obras para o cinema, sendo autores dos roteiros da adaptação cinematográfica. “Da mesma
forma que o romance, o roteiro alterna em sua estrutura, diálogos e passagens de
narração/descrição, prestando-se, portanto, a uma análise literária” (VIEIRA, 2007, p. 57). Vê-se
a aproximação entre romance e roteiro mostrar que, na tradução para a linguagem
cinematográfica, o romance como que passa por um prisma permitindo ao leitor discernir
diferentes instâncias que na linguagem romanesca parecem imbricadas: como o visual, o verbal,
o sonoro, a encenação. Ainda segundo Vieira (2007), “a relação entre filme e romance baseia-se
principalmente na relação entre a palavra, signo simbólico, e a imagem, signo icônico” (p. 54). O
roteiro adaptado apresenta-se como elo entre romance e filme e a presença da possibilidade do
cinema marca também a formação dos escritores a partir do século XX.
Diniz (2005) expõe que a adaptação do romance para o roteiro cinematográfico pode ser
vista como hipertexto, quando essa hipertextualidade é entendida como uma das formas de
relações transtextuais. Segundo essa autora, o hipertexto está sempre presente na obra literária,
tendo em vista que é possível em uma obra sempre identificar vestígios de outra. O hipertexto
estará também na imagem dos personagens e cenários criada pelo leitor. O maior grau de
hipertextualidade dá-se quando uma obra inteira é derivada de toda uma outra obra: “filmes
adaptados de uma mesma obra (“remakes”) podem ser vistos como leituras variantes
hipertextuais iniciadas a partir de um mesmo hipotexto” (DINIZ, 2005, p. 44). O roteiro adaptado
é ponto importante de conexão entre o romance e o filme em si. Observam-se diversos pontos de
aproximação ou afastamento.
Parent-Altier (2004) diz que deve-se lembrar, por exemplo, para quem um roteiro é
escrito - enquanto o livro será escrito para estabelecer uma relação com o leitor, o argumento
cinematográfico será lido “por várias entidades profissionais, cujas necessidades são
profundamente diferentes” (p. 16). Entre os públicos leitores do roteirista, estão interlocutores
como a equipe técnica, os atores, os realizadores, os produtores, os agentes, entre outros.
Esse aspecto fará com que o roteirista tome determinadas decisões técnicas e
dramatúrgicas para o texto. Conforme Barnwell (2013), uma adaptação será sempre diferente da
obra literária, pois “quando um romance é adaptado para as telas, várias mudanças serão
necessárias; isto ocorre porque alguns aspectos do romance não podem ser alcançados na tela”
(p. 44). Como elementos chave na criação de um roteiro, elenca-se: caracterização, enredo, ação,
diálogo e ambientação.
Pereira (2007), ao estudar a adaptação do romance O Invasor, de Marçal Aquino, para o
cinema, fundamenta-se na pesquisa sobre a tradução de obras literárias para a linguagem
cinematográfica. Percebe que o cinema se associou, desde o início de sua história, à literatura: “as
adaptações fílmicas realizam uma simbiose importante entre essas duas formas de arte tão
distintas, mas que, ao mesmo tempo, guardam pontos em comum e se influenciam” (p. 21).
Segundo o autor, a relação entre cinema e literatura adquire um caráter amplo ao longo do
desenvolvimento de ambas as artes. “Se por um lado a literatura ensinou o cinema a narrar, por
outro, as técnicas específicas do cinema ajudaram a promover uma renovação na narrativa
literária” (p. 24). É o caso que se observa em O Quatrilho, obra na qual o autor mesmo coloca-se
como influenciado pela linguagem cinematográfica, depoimento esse obtido também por meio de
entrevista realizada com ele por essa pesquisadora em 2014.

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Para Hutcheon (2013), a preocupação do roteirista deveria ser a de tornar o texto literário
“roteiro” o mais próximo possível da mídia a qual ele se destina. “Se a ideia de fidelidade não
deveria hoje guiar nenhuma teoria da adaptação, o que, então, deveria? De acordo com sua
ocorrência no dicionário, “adaptar” quer dizer ajustar, alterar, tornar adequado” (p. 29). A autora
indica três perspectivas distintas para a adaptação, bem sendo: uma entidade ou produto formal,
um processo de criação, um processo de recepção. Atesta-se, deste modo, que, mesmo que possam
inspirar-se mutuamente, literatura e roteiro são obras de arte distintas e como tais devem ser
analisadas separadamente. Como elementos chave na criação de um roteiro, podem ser
elencados: caracterização, enredo, ação, diálogo e ambientação. Vê-se, portanto, que
apesar dos muitos aspectos em comum que permitem, inclusive, uma tradução
intersemiótica de uma obra em outra, o romance e o roteiro mantêm seus pontos de
afastamento, os quais, sem dúvida, contribuem para o espaço bem delimitado de cada uma
dessas artes na sociedade atual.

Considerações finais

A aproximação entre literatura e cinema molda constantemente o contato que o público


dos dias de hoje tem com a obra literária. Por vezes, está no cinema a primeira interação de um
leitor com a história de um livro. Esse leitor, depois, poderá procurar o livro como uma forma de
ampliar o conhecimento da história.
A interação entre o texto do romance e o roteiro cinematográfico torna-se, portanto,
prevista para muitos autores das obras literárias já adaptadas para o cinema. Tem-se ainda toda
uma sociedade habituada ao contato frequente com a narrativa cinematográfica, seus moldes e
seus ritmos. Tal convivência tem consequências não só para leitores, como também para os
autores de obras literárias que se inserem no público daqueles que hoje convivem com cinema.
Da conversa entre sistemas, decorre a percepção de que algumas obras literárias são mais
adequadas a virarem obra cinematográfica.
Quando comparado à literatura, o roteiro de cinema irá depender não somente da visão
do autor em relação à história que vai contar, mas também de outros fatores que pesam
sobremaneira sobre a indústria cinematográfica, a qual tem suas regras para o que seria uma
história de valor. São pontos como: mercado cinematográfico, público, problemas de custos de
produção, deficiência na possibilidade de representação dos estados psicológicos dos
personagens, dentre outros. Esses são todos pontos que geram dificuldade em ter-se a fidelidade
de uma obra cinematográfica em relação ao seu original literário.

Referências

BARNWELL, J. Fundamentos de Produção Cinematográfica. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 27-


49.
DINIZ, T. F. N. Literatura e Cinema: Tradução, hipertextualidade, reciclagem. Belo Horizonte:
Faculdade de Letra da UFMG, 2005.
EISENSTEIN, S. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda., 2002.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010. p. 25 – 44.
HUTCHEON, L. Uma teoria da adaptação. Florianópolis: Editora UFSC, 2013.
JAKOBSON, R. Lingüística e Comunicação. São Paulo: Editora Cultrix e Universidade de São Paulo,
1969.

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PARENT-ALTIER, D. O argumento cinematográfico. Lisboa: Edições Textos & Grafias, Lda., 2009.
p. 15-37.
PEREIRA, M. V. A adaptação do romance O Invasor para o cinema: tensão e impasse na relação
entre as classes sociais. 2007. 139 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada) -
Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2007.
POZENATO, J. C. O Quatrilho. 12 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996.
POZENATO, J. C. José Clemente Pozenato: depoimento. Entrevistador: C. Miranda. Caxias do Sul:
2014. 1 gravação de áudio em gravador digital. Entrevista concedida para projeto de pesquisa.
SANFILIPPO, M. V. Luchino Visconti e Giovanni Verga: fedeltà e autonomia tra cinema e
letteratura. In: MELLO, A. M. L. et al. Literatura e Cinema: Encontros Contemporâneos. Porto
Alegre: Dublinense, 2013. p. 196 – 207.
VIEIRA, A. S. Do filme ao romance: aspectos do processo de adaptação romanceada. In:
Caligrama: Revista de Estudos Românicos. V. 15, n. 1, p. 143-156. Belo Horizonte: 2010.
Disponível em: < http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/caligrama/article/view/156>.
Acesso em: 10 out. 2014.
VIEIRA, A. S. Literatura e roteiro: leitor ou espectador. In: Revista Letras: Literatura, Outras
Artes & Cultura das Mídias. n. 34. Santa Maria: Programa de Pós-Graduação em Letras UFSM,
2007. Disponível em: <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-
2.2.2/index.php/letras/article/view/11940>. Acesso em: 10 out. 2014.

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