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RESUMO: O conceito de tradução intersemiótica mostra-se hoje em ampliação no âmbito dos estudos literários
e uma das vias observadas desse avanço seria a consideração dos estudos das transtextualidades. O roteiro
adaptado é, assim, ponto importante de conexão entre o romance e o filme em si. Entre ele e o romance, serão
observados diversos pontos de aproximação ou afastamento. Enquanto o livro será escrito para estabelecer
uma relação com o leitor, o argumento cinematográfico será lido por interlocutores como a equipe técnica, os
atores, os realizadores, os produtores, os agentes do filme, entre outros. Esse aspecto fará com que o argumento
apresente determinadas decisões técnicas e dramatúrgicas para o texto. Como elementos chave na criação de
um roteiro, podem ser elencados: caracterização, enredo, ação, diálogo e ambientação. Vê-se, portanto, que
apesar dos muitos aspectos em comum que permitem, inclusive, uma tradução intersemiótica de uma obra em
outra, o romance e o roteiro mantêm seus pontos de afastamento, os quais, sem dúvida, contribuem para o
espaço bem delimitado de cada uma dessas artes na sociedade atual. Este projeto visa refletir acerca do tema
da tradução intersemiótica por meio dos principais autores que dele tratam, entre eles DINIZ, T. F. N. (2005);
PEREIRA, M. V. (2007); SANFILIPPO, M. V. (2013); VIEIRA, A. S. (2014); ZILBERMAN, R. (2007); STAM, R.
(2008); HUTCHEON, L. (2011). O objetivo desta pesquisa é a reunião de arcabouço teórico que demonstre os
caminhos e as prerrogativas do roteiro adaptado na realidade e a evolução dos estudos acerca da tradução
intersemiótica como tema emergente em literatura comparada.
1. Introdução
Texto completo de trabalho apresentado no 4. Encontro da Rede Sul Letras, promovido pelo Programa de
Pós-graduação em Ciências da Linguagem no Campus da Grande Florianópolis da Universidade do Sul de
Santa Catarina (UNISUL) em Palhoça (SC).
1 Doutoranda Letras UFSM
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A adaptação em estudo
2 “...consentindogli quindi di ripercorrere Il testo letterario in una rivisitazione libera e fertile di novelle
prospecttive e di mettere a fuoco la dialettica intercorrente tra cinema e letteratura.” (SANFILIPPO, 2013, p. 198).
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Duas linguagens, alguns pontos em comum
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Para Hutcheon (2013), a preocupação do roteirista deveria ser a de tornar o texto literário
“roteiro” o mais próximo possível da mídia a qual ele se destina. “Se a ideia de fidelidade não
deveria hoje guiar nenhuma teoria da adaptação, o que, então, deveria? De acordo com sua
ocorrência no dicionário, “adaptar” quer dizer ajustar, alterar, tornar adequado” (p. 29). A autora
indica três perspectivas distintas para a adaptação, bem sendo: uma entidade ou produto formal,
um processo de criação, um processo de recepção. Atesta-se, deste modo, que, mesmo que possam
inspirar-se mutuamente, literatura e roteiro são obras de arte distintas e como tais devem ser
analisadas separadamente. Como elementos chave na criação de um roteiro, podem ser
elencados: caracterização, enredo, ação, diálogo e ambientação. Vê-se, portanto, que
apesar dos muitos aspectos em comum que permitem, inclusive, uma tradução
intersemiótica de uma obra em outra, o romance e o roteiro mantêm seus pontos de
afastamento, os quais, sem dúvida, contribuem para o espaço bem delimitado de cada uma
dessas artes na sociedade atual.
Considerações finais
Referências
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PARENT-ALTIER, D. O argumento cinematográfico. Lisboa: Edições Textos & Grafias, Lda., 2009.
p. 15-37.
PEREIRA, M. V. A adaptação do romance O Invasor para o cinema: tensão e impasse na relação
entre as classes sociais. 2007. 139 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada) -
Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2007.
POZENATO, J. C. O Quatrilho. 12 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996.
POZENATO, J. C. José Clemente Pozenato: depoimento. Entrevistador: C. Miranda. Caxias do Sul:
2014. 1 gravação de áudio em gravador digital. Entrevista concedida para projeto de pesquisa.
SANFILIPPO, M. V. Luchino Visconti e Giovanni Verga: fedeltà e autonomia tra cinema e
letteratura. In: MELLO, A. M. L. et al. Literatura e Cinema: Encontros Contemporâneos. Porto
Alegre: Dublinense, 2013. p. 196 – 207.
VIEIRA, A. S. Do filme ao romance: aspectos do processo de adaptação romanceada. In:
Caligrama: Revista de Estudos Românicos. V. 15, n. 1, p. 143-156. Belo Horizonte: 2010.
Disponível em: < http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/caligrama/article/view/156>.
Acesso em: 10 out. 2014.
VIEIRA, A. S. Literatura e roteiro: leitor ou espectador. In: Revista Letras: Literatura, Outras
Artes & Cultura das Mídias. n. 34. Santa Maria: Programa de Pós-Graduação em Letras UFSM,
2007. Disponível em: <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-
2.2.2/index.php/letras/article/view/11940>. Acesso em: 10 out. 2014.
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