Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Sociologia
Sociologia jurídica
jurídica
w w w. u n i s u l . b r
Universidade do Sul de Santa Catarina
Sociologia
Jurídica
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Maria Terezinha da Silva do Sacramento
Sociologia
Jurídica
Livro didático
Designer instrucional
Luiz Henrique Queriquelli
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2013 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
ISBN Revisor(a)
978-85-7817-607-5 Amaline Boulos Issa Mussi
340.2
S12 Sacramento, Maria Terezinha da Silva do
Sociologia jurídica : livro didático / Maria Terezinha da Silva
do Sacramento ; design instrucional Luiz Henrique Queriquelli. –
Palhoça : UnisulVirtual, 2013.
112 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-607-5
Introdução | 7
Capítulo 1
Abordagem sociológica do sistema jurídico | 9
Capítulo 2
Definições sociológicas do Direito | 23
Capítulo 3
Estado, poder e controle social e segurança | 57
Capítulo 4
Criminologia e antropologia | 85
Considerações Finais | 103
Referências | 105
Boa leitura!
7
Capítulo 1
Abordagem sociológica
do sistema jurídico
9
Capítulo 1
Seção 1
A origem histórica do Direito
Quando se tenta reproduzir a história do Direito a partir da modernidade até
os dias atuais, há um risco iminente de se reter a lógica do Direito na política.
Esse risco decorre de uma relação com o poder, dentro da qual o efeito
coercitivo da norma acaba diluindo a função e o efeito da razão humana na
busca incessante da ordem. A abordagem sociológica não se satisfaz com a
explicação positivista e evolucionista do Direito. (FREUND, 1987, p. 78). Esta é
uma afirmação de Max Weber, considerado um dos mais importantes clássicos,
juntamente com Hans Kelsen, na discussão da temática jurídica moderna.
Na história do Direito escrito, foi na região situada entre os rios Tigres e Eufrates
que se encontraram os primeiros documentos em escritas cuneiformes. Nestes
documentos, o Direito estava também ligado à noção de sagrado: o Código de
Ur‑Nammu, as Leis de Eshnunna, as leis Lipti‑Ishtar e o Código de Hamurábi.
(PALMA, 2011, p. 31‑35).
10
Sociologia Jurídica
Seção 2
As principais escolas do Direito
Se examinarmos, no percurso das ideias, a discussão em torno do Direito,
é possível perceber que o pensamento jurídico traduz o modelo de racionalidade
em cada época, assim como as condições sociais existentes. Quanto mais nos
aproximamos da modernidade, mais centrais as preocupações com as fontes
da ordem. Impõe‑se, neste tópico, desviar dos paradigmas dogmáticos para
alcançar uma linguagem metajurídica que permanece subjacente ao esquema
dialógico das escolas.
Platão afirmou que a justiça ideal seria reservada aos deuses e que os homens
deveriam imitá‑los incessantemente. Já, no livro As Leis, ao deslocar seu eixo
temático para a cidade, a ordem nas relações políticas ganha outra preocupação,
agora com o equilíbrio, ou seja, a justa medida. Contudo, tanto Platão quanto
Aristóteles não veem oposição entre os dois conceitos, e sim complementaridade.
Tanto é que, imbuídos dessa convicção, orientam a filosofia a buscar um código
moral ditado pela natureza. (MORRAL, 2000, p. 30).
11
Capítulo 1
Figura 1.1 – Trilogia do pensamento Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino segue
político antigo
preconizando a ordem como originária de Deus,
Deus
em sua Summa Theologiae (Suma Teológica).
Seguindo o mesmo paradigma evolutivo, definiu
a lei eterna, à qual tudo estaria subordinado.
A lei natural diz respeito a todos os seres que,
ao abrigo da natureza, realizam sua função vital:
Natureza Lei
proteger‑se e reproduzir‑se. Nesta inclui‑se
Fonte: Elaboração do autor (2013).
o homem, para quem não basta o instinto
da sobrevivência e da procriação. Na lei da
natureza, inscrevem‑se padrões de conduta racionalmente desejáveis para todos
os seres humanos. Por exemplo, fazer o bem e recusar o mal.
A lei humana ou lei positiva segue o imperativo da razão prática, mas sem
modificar os imperativos da lei natural. A lei positiva faz a adaptação do homem
ao seu tempo histórico ou circunstâncias, mas não pode desobedecer às
premissas da lei natural, caso contrário estas seriam consideradas injustas.
Em resumo, as leis naturais não são aquelas que encontramos nos códigos, mas,
os valores determinantes dos princípios e das obrigações, os quais criam a ordem
social e estabelecem padrões de conduta em sociedade.
12
Sociologia Jurídica
Figura 1.2 ‑ Hans Kelsen Hans Kelsen, de acordo com Norberto Bobbio
(1881‑1973)
(2004, p. 340), é um dos maiores teóricos do
Estado moderno e, no meio jurídico internacional,
é considerado o principal representante do
positivismo ou dogmatismo jurídico.
13
Capítulo 1
Direito Público. Embora tivesse que interromper suas atividades durante a Primeira
Guerra Mundial, prestou serviços militares. Para alguns dos seus intérpretes,
isso teria contribuído para ampliar os conhecimentos e experiência que viriam
consolidar a sua concepção do Direito e a convergência deste com o Estado.
Numa interpretação das teorias positivistas, Sabadell (2002. p. 37) comenta que,
no pensamento jurídico, as teorias do Direito positivo estão centradas na sua
aplicação. Equivale dizer que a interpretação do Direito fica restrita aos tribunais.
14
Sociologia Jurídica
Figura 1.3 ‑ Friedrich Carl von Savigny veio de uma família cuja tradição estava
Savigny (1779‑1861)
ligada ao nome do castelo Savigny, localizado
nas proximidades de Charmes, no vale do rio
Mosela. Entrou para a Universidade de Marburg
em 1795, onde se formou em Direito, e, na mesma
universidade, foi admitido como Privatdozent,
ensinando Direito Penal e Direito Romano.
O que tornou Savigny uma figura notável no meio jurídico alemão e em toda a
Europa foi o seu projeto, considerado um empreendimento filosófico‑jurídico.
Opôs‑se ao racionalismo iluminista e se destacou no combate:
15
Capítulo 1
Cavalieri Filho (2010, p. 22) lembra que, pela primeira vez, ao combater a
concepção prevalecente da existência de um Direito natural, permanente e
imutável, o movimento antirracionalista, impulsionado pela Escola Histórica
do Direito, desloca o eixo da preocupação do que deveria ser o Direito, para
a preocupação de saber como o Direito se forma na sociedade.
Por sua vez, o evolucionismo se volta para a sociedade ao negar que o Direito
seja produto exclusivo da história, de Deus ou da razão. Mais adiante, veremos
que, à semelhança do que Durkheim havia proferido em seu livro As Regras do
Método Sociológico, a norma moral assim como o Direito formam a consciência
coletiva dos povos (Volks geist).
As posições favoráveis a essa escola são muitas, mas o ponto favorável mais
destacado é o mérito do movimento antirracionalista de recuperar o caráter social
dos fenômenos jurídicos. Em vez de ser na letra da lei, é na vida social que o
operador do Direito vai buscar os fundamentos do Direito.
François Gény estudou Direito em Nancy, França, de 1878 a 1887. Logo que concluiu
seus estudos, tornou‑se professor de Direito Romano em Algier, de 1888‑1889.
Ensinou Direito Civil e Direito Internacional na Universidade de Dijon (1890‑1900).
16
Sociologia Jurídica
Para muitos dos intérpretes, o Direito foi desdobrado em duas fontes: dados e
construído. O Direito dado corresponde às fontes originárias da convivência entre os
homens. Essas fontes guardam semelhanças com as da Escola Histórica do Direito.
São as tradições, os valores de um povo e os fatores econômicos que representam
as condições históricas de cada sociedade. Já o Direito construído corresponderia
às normas construídas pelo jurista na sua concepção metodológica. Portanto a Livre
Pesquisa Científica é o âmbito do Direito construído. Nele, o operador do Direito
deve buscar o material real, ou seja, aquela dimensão da vida social que independe
da vontade do legislador, mas que, na lide do jurista, se interpõe entre a lei e as
motivações e conduta das pessoas na sua convivência em sociedade.
O que se pode notar nesta leitura do Direito proposta por Géni é que, embora
não negando o Direito positivo, ele interpõe à concepção racionalista do Direito,
uma outra concepção de racionalidade com base na realidade concreta da
convivência humana. Assim, a realidade – e não o dever ser somente – ganha
um status normativo de Direito, independente da vontade do legislador. Muito
próximo das preocupações de Montesquieu, Saint Simon e de Comte, Gény toma
a moral e os fatores econômicos como elementos das regras do Direito, o que
denota uma identidade com o raciocínio positivista, na tradição francesa.
17
Capítulo 1
18
Sociologia Jurídica
A razão disso é que, como se pode notar, o Direito surge como uma ciência
autônoma mas incapaz de se desvencilhar do seu objeto de estudo: o homem
e sua vida em sociedade. Até mesmo Hans Kelsen, em Teoria Pura do Direito
(KELSEN, 2009, p. 68), para quem o fenômeno jurídico é um sistema de normas
válidas, reconheceu que as “normas morais prescrevem uma conduta do homem
em face de si mesmo” e que “o Direito e a moral constituem diferentes espécies
de sistema de normas”. Esta questão ocupa grande parte do livro Economia e
Sociedade, de Weber. (WEBER, 1999, p. 3‑85).
19
Capítulo 1
A ideia do Direito Vivo é, para o autor, o que alimenta a sociedade. São fontes do
Direito que motivam e definem a vida em sociedade. Portanto, de acordo com o
que postula a Sociologia de Eugen Ehrlich, o Direito não se funda nas proposições
jurídicas, mas na lógica da vida social. Esta lógica aparece nos códigos de conduta,
nos costumes, no comércio, nos contratos de casamento, nos contratos de crédito,
nos testamentos, nos direitos sucessórios, nos estatutos de associações, e não
apenas no parágrafo do código. A norma consuetudinária constitui para o autor a
fonte originária do Direito como regra do agir humano.
20
Sociologia Jurídica
21
Capítulo 1
22
Capítulo 2
Definições sociológicas
do Direito
23
Capítulo 2
Seção 1
O contexto histórico do surgimento da Sociologia
O surgimento da Sociologia como ciência da sociedade está associado à
conjunção de diversos fatores: o declínio da estrutura feudal, o surgimento da
classe burguesa, a mudança do modo de produção feudal para o modo de
produção capitalista. Tudo isso relacionado às Revoluções Industrial e Científica
do Século XVII. Dentro desse contexto, nasce o Estado moderno, amparado
sobre duas forças: política e jurídica.
24
Sociologia Jurídica
Com a evolução das relações capitalistas de produção, não demorou muito para
que os problemas sociais se avolumassem: prostituição, homicídios, suicídios,
alcoolismo entre tantos outros problemas que culminariam com as revoltas da
população e os protestos dos trabalhadores nas fábricas. Em tese, os ideais de
uma sociedade livre eram identificados com o racionalismo progressista de uma
ordem social fortemente amarrada aos interesses econômicos da burguesia.
25
Capítulo 2
A questão aqui me parece convergir para a análise de Raymond Aron (1982, p. 21‑34)
quando introduz a obra de Montesquieu, L’Esprit des Lois (O Espírito das leis), como
a primeira etapa do pensamento sociológico. O autor contra‑argumenta os que
classificam a obra de Montesquieu como política quando afirma que a relação entre
regime político e sociedade é estabelecida, em primeiro lugar e de modo explícito,
na tomada de consciência da dimensão da sociedade. Segundo Montesquieu, cada
um dos três tipos de governo corresponde a certa dimensão da sociedade.
26
Sociologia Jurídica
Seção 2
Os fundadores da Sociologia
Comte conduz seus estudos para a sociedade, buscando um modelo teórico que
ele definiu como uma nova consciência da realidade social. Essa consciência seria
a científica. Comte queria tornar a realidade inteligível, anulando a subjetividade
na explicação dos fatos. Ele desenvolveu um método explicativo da realidade
social, rigoroso, que exigia a produção do conhecimento somente nas condições
em que os fenômenos podem ser observáveis, postulando que o método
positivista da Sociologia deveria ser amparado na observação, na comparação e
na experimentação. A intenção de Comte era fornecer um método que viesse a ter
aplicação nos diversos estudos do comportamento humano e da sociedade. A Lei
dos Três Estágios tornou‑se a obra de referência da Sociologia. Nesta obra, Comte
mostra que, para responder aos impulsos mais elementares de compreender os
fenômenos da natureza e do seu papel no mundo, a humanidade teria passado
por três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo. No primeiro estágio,
o teológico, a humanidade explicava os fenômenos como ato e vontade dos seres
espirituais. Deus estava no centro do mundo e tudo a ele era atribuído. No segundo
27
Capítulo 2
estágio, o metafísico, a sociedade passa a ser vista como algo natural e já não
confia plenamente nas explicações de que a sociedade teria resultado de causas
sobrenaturais. No estágio positivo, Comte associa as descobertas e as conquistas
que o homem europeu havia alcançado no século XVIII com os avanços da Física e
da Química, que ele denominou de as primeiras ciências positivas, tentando incluir
a Sociologia, que ele denominou, num primeiro momento, de Física Social. Comte
seguiu explicando o progresso da humanidade a partir das leis invariáveis dos
três estágios.
28
Sociologia Jurídica
Para muitos dos seus intérpretes, o ambiente político da França na III República
teve influência na seleção dos temas que ele elegeu para seus estudos.
Esse tempo foi marcado por vários acontecimentos: além das disputas
franco‑alemãs e da derrota francesa, como foi o caso de Lorraine, sua cidade
natal, outros temas tornaram‑se preocupações mais imediatas: o endividamento
do país pela guerra e as medidas deliberadas pelo poder público, uma delas, a lei
Naquet, que instituiu o divórcio na França em meio a um acirrado debate entre
parlamentares que perdurou de 1882 até 84, e a instituição da educação laica
pelo Ministro da Instrução Pública, Jules Ferry, em 1882.
A nova decisão tornava a escola obrigatória e gratuita dos 6 aos 13 anos e proibia o
ensino de religião nas escolas. No lugar da religião, era ensinado o dever patriótico.
Este fato, segundo comentário de José Albertino Rodrigues (1984, p. 8‑9), levaria
à declaração de Alfred Fouilé, escritor francês, em uma publicação de 1900: uma
das grandes preocupações de Durkheim é “a dissolução das crenças morais”.
O próprio Durkheim diagnosticou na vida social da época uma crise ou vazio moral
da III República.
29
Capítulo 2
portanto, não esteve alheio a essa questão. Numa de suas obras mais antigas,
Da Divisão Social do Trabalho, Durkheim diverge da base contratualista do
utilitarismo inglês, argumentando que a vida em sociedade – tomando a ordem
como inerente a ela – não poderia ser explicada em termos de interesses
individuais. As fontes da ordem seriam externas à vontade dos indivíduos, e sua
função seria criar e manter a solidariedade.
30
Sociologia Jurídica
Algumas dessas máximas têm uma força de tal modo obrigatória que a sociedade
impede, por meio de medidas precisas, que elas sejam infringidas. Não deixa por
conta da opinião pública a responsabilidade de zelar pelo respeito a elas, mas
atribui essa responsabilidade aos representantes especialmente autorizados,
mediante a aplicação de fórmulas jurídicas.
31
Capítulo 2
Concluiu, das pesquisas que realizou, haver tendência para o suicídio altruístico
nas sociedades organizadas pelo tipo de solidariedade mecânica e, nas
sociedades onde o tipo de solidariedade é orgânico, o suicídio tenderia a ser
egoístico. Durkheim aplicou o mesmo método estatístico, como pode ser
conferido em a Divisão Social do Trabalho (DURKHEIM, 1999, p. 127‑150),
a diversos outros fenômenos sociais, como o divórcio, a delinquência e
32
Sociologia Jurídica
Conclui, ainda, (1999, p. 34) que, “onde existir a solidariedade social”, ela orienta
“fortemente” a conduta do homem para viver em permanente contato uns com os
outros: “coloca‑os frequentemente em contato, multiplica as ocasiões de se relacionar”.
33
Capítulo 2
Mas essa função da educação que ele considerou desejável, nos países
desenvolvidos tendeu a se diversificar e a se especializar. Durkheim alertou para a
necessidade de a Sociologia atentar para as tendências sociais. Essa preocupação
ele demonstra empiricamente quando compara o significado dos crimes nas
sociedades arcaicas e modernas. Mostra que há variações na forma de cada grupo
étnico, ou sociedade, atribuir significados a determinadas práticas, o que, para ele,
demonstra o maior ou menor valor do qual dependeria a gravidade da pena. Mostra
que, na Grécia antiga, o homicídio somente era punido mediante solicitação da
família, e esta punição podia se limitar a uma indenização pecuniária. Já, em Roma,
na Judeia, o homicídio era considerado um crime público, o que não acontecia para
casos em que a vítima não chegasse a óbito. Da mesma forma, o roubo. Mesmo
assim, cabia às vítimas buscar a reparação, se quisessem, podendo permitir que o
culpado se redimisse mediante uma indenização.
34
Sociologia Jurídica
Se, na Grécia antiga, a vítima somente era punida se a família solicitasse, ficando
muitas vezes sujeita a reparação parcial pela indenização pecuniária, era porque
o dever de punir era da família. Tanto quanto o grupo religioso, a família é
um emblema da vida coletiva. Não é o indivíduo o objeto do respeito, mas a
instituição família. Neste caso, diz Durkheim, na solidariedade mecânica “a dor
do indivíduo comove pouco”. Já, nas sociedades orgânicas, “o grupo já não nos
parece ter valor por si mesmo e para si.” (DURKHEIM, 2002, p. 156).
35
Capítulo 2
solidariedade. Mas não se pode esquecer que Durkheim observou que nas áreas
onde uma ordem findava nem sempre surgia outra imediatamente. Foi neste vácuo
que ele identificou o suicídio anômico.
Geertz (1978, p. 225‑228), na pesquisa que fez sobre o Estado em Bali, chamou
atenção para o risco de se considerarem os agentes e as práticas fora do
contexto histórico e cultural. Criticando a unilateralidade do conhecimento em
culturas diferentes, desmistificou o racionalismo pela interpretação unilateral,
classificando‑a como ato de desprezo às crenças e à história local. Esclareceu,
ainda, que as interpretações leigas não conseguiam alcançar a alta complexidade
simbólica da disputa do poder naquele país, o que não poderia ser reduzido à
questão religiosa do islamismo.
36
Sociologia Jurídica
Essa hipótese não vai muito além do que Durkheim já havia demonstrado quando
comparou o homicídio nas sociedades mecânicas com as sociedades modernas.
No caso do pai hindu na Inglaterra, a anomia está no vácuo entre a cultura
hindu – onde o valor da solidariedade está na família, e é esta que autoriza a
decisão do pai na escolha do cônjuge para a filha, mantendo a obediência da filha
sob forte ameaça de punição; e a cultura Inglesa, que é o ambiente onde a filha
está sendo educada e socializada, e onde o tipo de solidariedade não está mais
na família, mas no Direito do indivíduo, que é o primeiro a ser reconhecido. Neste
caso, a intensidade da força se desloca da família para a imposição das normas.
37
Capítulo 2
38
Sociologia Jurídica
Em 1895, Weber proferiu sua aula inaugural na Universidade com o tema o Estado
Nacional e a Política Econômica. Em 1896, sucedeu seus mestres nas cadeiras
que haviam ocupado, tornando‑se respeitado pelo brilhante desempenho do
trabalho intelectual.
É consenso entre seus biógrafos e intérpretes que Weber foi um homem sensível
aos problemas filosóficos, metodológicos e teóricos da Sociologia. Mas, na
leitura de suas obras, fica evidenciado que todas essas preocupações estiveram
associadas aos problemas políticos de seu país e de seu tempo. Um de seus
primeiros estudos científicos foi a investigação das condições dos trabalhadores
rurais na Alemanha Oriental. Mas, a par desse problema, Weber, também em
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, ocupou‑se da interpretação da
mentalidade humana do Ocidente.
39
Capítulo 2
da ciência moral como cultura. Não se pode esquecer que Weber perseguiu
o problema da teoria do conhecimento em toda sua teoria da ação, ao opor o
conceito à realidade e a relação entre lei e história.
A ação para Weber é toda conduta humana. O indivíduo que age, o faz segundo
uma motivação interna ou externa. Esta motivação indica o sentido que o sujeito
dá a ela. A partir deste critério, Weber vai construir um conceito de grupo, tomando
esse ator como aquele que age levando em consideração a conduta dos outros.
Na proposta teórica de Weber, estão os tipos de ação que ele deduziu, como
vimos antes, dos elementos de dada estrutura social. Então todo indivíduo age de
acordo com as seguintes motivações:
A partir desses tipos de motivações, Weber vai concluir que existem critérios que
podem ser deduzidos como externos, porque orientam com certa regularidade a
conduta dos indivíduos e dão sentido às suas ações em certas condições, pela
manifestação simbólica e pelos tipos de relações sociais.
40
Sociologia Jurídica
Weber extraiu tal conclusão dos elementos da cultura que teriam influenciado o tipo
de escolha do indivíduo. Disso se pode deduzir que ele distinguiu as motivações
externas, as essencialmente culturais, das internas, aquelas presentes nos tipos
de ação afetiva que ele denominou de irracionais. Estas ele deduziu dos impulsos
mais primários. Mas, até mesmo os tipos de ação deduzidos das experiências mais
subjetivas e das reações mais profundas como as que expressam os sentimentos
entre pais e filhos por exemplo, Weber pôde objetivá‑los pela linguagem e pelos
símbolos que unem uma pessoa a outra.
Não é uma resposta fácil. Diversas foram as contribuições de Weber, e muitos dos
seus fundamentos teóricos e metodológicos se propagaram por diversas áreas do
conhecimento.
Raymond Aron destaca quatro entre os temas que Weber tratou em suas obras:
•• Estudo do método
•• O Estudo da História
•• A Sociologia da Religião
•• Economia e Sociedade: temas gerais da sociedade
No estudo do método, Weber não apenas focou diversos países, mas concentrou
grande esforço na compreensão da cultura ocidental. Nela, apontou a racionalização
e a intelectualização como um processo que implicaria um modelo de dominação
41
Capítulo 2
amparado na ideia de progresso que teria destituído o homem das suas certezas
acerca do mundo e de si mesmo.
É importante levar em conta que Weber insistiu que a primeira tarefa da Sociologia
deveria ser o estudo da sociedade e da cultura. Nesta tarefa, caberia esclarecer os
“elementos unidos” numa estrutura para formar com esses elementos, um “tipo ideal”.
Se considerarmos a sua trajetória intelectual, não será difícil concluir que Weber
havia acumulado mais informações que seus contemporâneos juristas acerca da
vida em sociedade. Este diálogo talvez seja o que motivou o seu trabalho teórico
e a preocupação de desmistificar a simplicidade atribuída à tradição, à religião,
aos costumes. Com esta sensibilidade para uma sociologia compreensiva, Weber
deu provas que, ao tratar a Sociologia, dever‑se‑ia tratar a mentalidade humana.
Como tal, não poderia privar‑se do rigor científico, dando provas de que é nos
cânones da ciência que deveria pautar‑se a Sociologia. Isto se pode deduzir pelo
esforço de Weber em construir o “tipo ideal”. Esta noção, numa forma mais simples,
equivale à ideia de protótipo: que vai permitir a observação e a medida. Weber
duvidava dos modelos generalizantes. Um dos seus importantes empreendimento
metodológicos foi construir, nas duas estruturas sociais da Alemanha, a feudal e a
capitalista, os elementos que vieram a constituir esse “tipo ideal”.
42
Sociologia Jurídica
ordem feudal sob o domínio dos grandes proprietários; na outra, uma ascendente
economia de mercado.
A estrutura de classes, nos países onde estudou a religião, constitui uma das
suas mais importantes contribuições. Weber concluiu que cada um dos tipos
estudados possui uma lógica e dinâmica própria. Com relação ao poder, um
dos pontos centrais de onde ele extrai teoricamente a lógica da ordem social,
os sistemas de autoridade evoluem segundo a relação lógica entre autoridade
e a obrigação de obediência. Estudou a influência da religião sobre a ética e
a economia e acabou chegando a conclusões importantes sobre a educação
e a política. Mostra que a conduta do homem não tem sentido por si mesma.
A religião é que dá significado à vida em torno dela, a toda uma estrutura:
econômica, política, moral, psicológica e sociológica, que é o que ele designa
de sociedade. Na Europa, Weber se volta à compreensão da administração e
estratificação da cultura ocidental.
43
Capítulo 2
Entre seus discípulos, Talcot Parsons vai buscar nas convergências entre Durkheim
e Weber uma proposta teórico‑metodológica de maior alcance, que resultou em
fundamentos importantes para a Sociologia do Direito Contemporâneo. Uma teoria
do sistema que revitaliza a ideia dos papéis de Durkheim e da ação social de Weber,
e que Luhmann vai reinterpretar na teoria dos sistemas.
44
Sociologia Jurídica
Quando Freund (1987, p. 129) examina a importância que teve nas obras de
Weber o estudo da racionalidade cientifica na cultura ocidental, ele observa a
ênfase que Weber dá à desumanização: “a racionalização ocidental exprime um
desencanto do mundo, traduz também uma espécie de confiança por assim
dizer desarrazoada do homem em suas obras e suas criações”. Esta confiança
se refere à parcialidade, ou julgamento de valor que Weber tanto condenou no
processo de conhecimento.
45
Capítulo 2
46
Sociologia Jurídica
Figura 2.5 ‑ Karl Marx Marx nasceu em Tréveris, Alemanha, em 1818, numa
(1818‑1883)
família de origem judia. Para fugir à perseguição
antissemita, que se espalhava por toda a Alemanha
dessa época, a família converteu‑se ao luteranismo.
Para alguns dos seus intérpretes, esse fato pode
ter contribuído para a hostilidade que Marx nutriu
pela religião. Aos dezessete anos, ingressa na
Universidade de Bonn para estudar Direito.
47
Capítulo 2
Em 1867, Marx publicou o primeiro volume que se tornaria a sua mais conhecida
obra: Das Kapital (O Capital). Antes disso, Marx produziu diversas obras, em
cooperação com Engels, em que criticou a filosofia alemã. Segundo seus
intérpretes (VANDENBERGHE, 2012, p. 100‑102), o tema da alienação, que Marx
havia herdado da preocupação filosófica de Hegel, estava na aceitação da teoria
hegeliana da transformação histórica, reinterpretando esse movimento da história
não como o desenvolvimento da mentalidade humana, mas como a realidade
econômica e social. O tema da alienação, segundo Vandenberghe (2012, p. 105),
na evolução dos fatos, foi deixado de lado, enveredando por um caminho mais
curto para atingir o cerne da sua questão: a luta de classes. Neste processo,
ele busca uma compreensão na história, para o antagonismo entre lucro e salário.
Embora Marx tenha sido reconhecido por sua influência no pensamento sociológico
até os dias atuais, não há consenso sobre ser ou não um sociólogo. Foi pioneiro,
sim, segundo seus intérpretes, da História Econômica. Para Spagnol (2013,
p. 133‑134), Marx foi um dos mais importantes humanistas. Sua participação
como matriz teórico‑metodológica do pensamento social se deve à reputação
do materialismo dialético como método do conhecimento. Sua importância no
pensamento sociológico está na forma como pensou a sociedade. A base dos seus
pressupostos metodológicos pode ser assim resumida:
48
Sociologia Jurídica
49
Capítulo 2
50
Sociologia Jurídica
Esta crítica atravessa toda a concepção marxista de sociedade civil. Por exemplo,
em O 18 Brumário e Cartas a Kugelmann (MARX, 1977, p. 30‑31), quando em
comentário sobre a elaboração da Constituição republicana de 24 de junho a 10
de dezembro de 1848, Marx afirma que a burguesia manipulou os seus interesses
quando instituiu o estado maior das liberdades de 1848: a liberdade individual,
a liberdade de imprensa, de palavras, de associação, de reunião, de educação,
de religião, etc. É justamente nesta manipulação que vai situar a dominação
burguesa por meio da relação entre Estado e Direito.
51
Capítulo 2
52
Sociologia Jurídica
53
Capítulo 2
54
Sociologia Jurídica
55
Capítulo 2
56
Capítulo 3
57
Capítulo 3
Seção 1
O poder
Sempre que se procura definir o poder, a dificuldade é situar dentro das diversas
formas de concepção e representação social do poder, um ângulo que atenda às
demandas explicativas, específicas do Direito. Neste particular, a abordagem do
poder aparece no pensamento sociológico intimamente associada aos conceitos
de política, Estado e às formas de controle social.
Entre os estudos do poder, o de Max Weber tem sido referenciado como o mais
completo. (WEBER, 1982, p. 184‑201). Neste estudo, vamos nos ater à explicação
do autor sobre as formas como o poder se encontra infiltrado nas classes, nos
estamentos, nos partidos, e como ele se liga à dominação. Partindo da definição
“Por poder entendemos, genericamente, a probabilidade de uma pessoa ou
várias impor, numa ação social, a vontade própria, mesmo contra a oposição
de outros participantes desta” (WEBER, 1999, p. 175‑176), Weber vai chegar à
dominação legítima como uma estrutura formal. Essa estrutura constitui a fonte
que autoriza o exercício do poder e exige a obediência dos atores. De acordo
58
Sociologia Jurídica
Com esses três elementos, pode‑se compreender uma conexão lógica entre ação
e poder. Esta explicação toma a estrutura como um fator determinante da ordem
e a ação como a variabilidade com que a cultura processa essa lógica segundo
as motivações tipológicas da sua teoria da ação.
O poder é o elemento definidor do controle social. Este tipo de poder ele chama
de “heterocefalia”. O que significa isso? Que o poder não fica concentrado, mas
se expande, servindo‑se do aparato dos recursos técnicos e científicos existentes,
59
Capítulo 3
60
Sociologia Jurídica
61
Capítulo 3
Seção 2
A origem e a concepção histórica do poder
62
Sociologia Jurídica
63
Capítulo 3
Talvez seja nos clássicos do pensamento político, desde Aristóteles aos pensadores
iluministas, que se vá perceber uma linha tênue separando o social do político.
A convergência entre ambos, Jellinek elucidou, quando se refere à busca da ordem
na dimensão política do sistema social. Dependendo do ângulo em que se analisa,
na história do pensamento político, a trajetória do poder, ele se revela como uma
condição dialética em que, em determinado momento, o Estado ressurge não
identificado como uma fonte da ordem, mas se deixa constituir num meio de
dominação. Por exemplo, Karl Marx desenvolveu uma concepção do Estado como
a expressão do antagonismo irreconciliável das classes. Neste sentido, o Estado
64
Sociologia Jurídica
enquanto ideologia burguesa seria uma estratégia para “ocultação” dos conflitos
das relações sociais de produção.
Observa Melo (2013, p. 25), numa passagem de O Capital, que Marx teria
afirmado: “o poder do Estado foi adquirindo cada vez mais o caráter de poder
nacional do capital sobre o trabalho, de força pública organizada para a
escravidão social, de máquina do despotismo de classe.
Fica evidenciado que a definição do Estado não se identifica apenas como ente
jurídico ou político. Outros elementos integram esta concepção: a econômica
como aparece na concepção marxista, onde foi possível apreender as
implicações das classes e a ideologia como forma de conter as tensões e os
conflitos imanentes da luta de classes.
65
Capítulo 3
valores que definem essa consciência coletiva deve ser punida. Em Durkheim,
portanto, o ordenamento jurídico – como um sistema de representações
coletivas – não constitui nenhuma propriedade autoritativa para se desprender
do corpo social. Nessa concepção de solidariedade, destaca‑se o papel do
Estado na preservação da unidade do corpo coletivo, não podendo confundir‑se
com uma função difusa do poder, mas se impor por seu papel institucional e
orgânico. Essa imposição, contudo, não tem uma conotação negativa do poder,
mas, por analogia aos mecanismos cerebrais no comando do corpo – Durkheim
toma os valores, as crenças os costumes para a forma orgânica de solidariedade,
a mesma função que deveriam ter as normas jurídicas –, para garantir a ordem e
o funcionamento do corpo social.
66
Sociologia Jurídica
Consiste em:
67
Capítulo 3
Desse fundamento, Carno e Gonzaga (2010, p. 92‑93) extraem que, para Kelsen,
uma proposição jurídica não precisa ser basicamente da ordem do ser. Segundo
esse entendimento, um juiz que, ao tratar o objeto jurídico, dispensa a realidade
social pelo texto legal emanado do poder legislativo como única fonte válida,
porque externo e despojado de qualquer sentimento ou valor humano, encontra
resistência entre as correntes pluralistas.
Seja qual for a interpretação que se queira dar às tentativas de Kelsen de buscar
na sociedade o nexo entre moral e Direito, o positivismo, da forma como se
sustenta no monismo, se resume ao procedimento formal e à autossuficiência
do ordenamento jurídico. A interpretação de Carvalho (2010, p. 15) em torno da
constituição do formalismo remete ao argumento weberiano da racionalidade
burocrática: é preciso a neutralidade ou externalidade para justificar o aparato
do poder. Este racionalismo ou formalismo, na visão de Carvalho, não satisfaz
às demandas no âmbito do Direito Penal, ao reduzir a preocupação de saber
se “determinado crime é formal ou material ou ainda se admite tentativa ou se
pode ou não ser consumado por uma conduta omissiva”. Outros elementos
não entram, segundo o autor, na composição dessa preocupação, como, por
exemplo, o caráter seletivo do sistema penal ou o fato de que a defensoria
pública não possui estrutura para oferecer serviços adequados aos assistidos.
Nos últimos anos, essas Escolas e vertentes pluralistas vêm agregando à agenda
do Direito, novas questões que desafiam o monismo jurídico não somente pelas
demandas de novos conhecimentos, mas, sobretudo, pelas transformações
sociais que, no final do século XX, já desafiavam as mesmas instituições que
fundaram o positivismo jurídico, à busca de novos paradigmas, e à ciência do
Direito, uma exigência velada de chamar para si a competência de responder às
demandas sociais do século XXI.
68
Sociologia Jurídica
69
Capítulo 3
70
Sociologia Jurídica
Seção 3
Controle social
•• religião;
•• costumes;
•• leis;
•• instituições sociais; e
•• sanções.
O controle social tem, portanto, uma função social tão importante, que, para
preservar a estrutura da sociedade, cria uma diversidade de técnicas culturais
voltadas à garantia da socialização do homem no seu convívio social. Essas técnicas
compreendem pressões visíveis e invisíveis que se interligam aos costumes, às leis
e às instituições de vários tipos. Como as instituições estão interligadas, segundo foi
abordado na sociologia de Durkheim, Weber e Gurvitch, o seu reconhecimento dá‑se
pelas identidades sociais. Estas exercem, de maneira inconsciente, pressões através
dos papéis que exercemos na sociedade. Para que o desempenho desses papéis
possa garantir o funcionamento das instituições, é fundamental o controle social para
guiar o processo de aprendizagem e o desempenho das atividades humanas diárias.
71
Capítulo 3
Malinowski, em seu texto “A lei primitiva e a ordem”, vai abordar motivos pelos
quais regras de conduta são obedecidas em sociedades primitivas. Até então,
se apresentavam respostas redutivas para esses problemas como, por exemplo,
“submissão instintiva” ou “sentimento de grupo”, mas Malinowski concentra‑se em
uma visão mais abrangente da lei, como maneira de explicar a natureza das forças
que fazem com que se torne obrigatório o cumprimento de regras.
72
Sociologia Jurídica
A ameaça de coerção e o medo da punição não afetam o homem comum, seja ele
selvagem ou civilizado, há que se saber que sociedade alguma poderia funcionar
sem que houvesse uma maneira espontânea de obediência à regra, sem que seja
excluída a necessidade de punição dos crimes. A respeito dos conceitos usados
“submissão instintiva” ou “sentimento de grupo”, Malinowski afirma não concordar
com as expressões, assumindo que sentimentos como solidariedade, orgulho da
comunidade existem e são necessários para a manutenção da ordem social.
No texto, Malinowski rompe a ideia de que a lei primitiva seria uma lei negativa,
assim como a ideia de que tais sociedades apenas desenvolveriam leis penais.
Tais regras, denominadas por analogia como lei civil, são, de maneira geral, o que
rege a vida tribal, não sendo fruto de organização expressa e nem constituindo
um ordenamento jurídico. As leis, para Malinowski, constituem um mecanismo de
garantia de que o nativo não irá descumprir suas responsabilidades sem sofrer
algum tipo de sanção.
Como se manifestam?
Castro (2009, p. 237) define o controle social como fenômeno jurídico a partir
de duas características: a norma e a conduta. A norma teria na sua origem a
conduta social e, por sua função sociológica, a relação entre norma e conduta
seria de causalidade.
73
Capítulo 3
A partir dos critérios que conjugam coerção e legitimidade segundo Johnson, Castro
também caracteriza a norma jurídica como um instrumento institucionalizado. Se a
conduta social, conclui, nasce da sociedade, o poder da instituição depende da
institucionalização para o exercício do controle. Referido nesta lógica, Castro extrai o
Direito como o elemento conectivo que liga indivíduo e sociedade.
Controle jurídico
A partir do século XX, o controle social por meio dos mecanismos judiciais tende
a se constituir cada vez mais como um meio válido para preservar a ordem social.
Nestes termos, o controle jurídico das condutas se impõe por um sistema de poder
74
Sociologia Jurídica
•• o exército;
•• a polícia;
•• as empresas;
•• os sindicatos;
•• as igrejas;
•• a família;
•• os partidos políticos.
O que define os limites de atuação destes subgrupos são as normas sociais válidas,
mas eles só podem agir diante daquilo que estiver fora dos limites, isto é, diante
daquilo que for considerado desvio, e respeitando a autoridade de cada subgrupo.
75
Capítulo 3
Seção 4
Segurança pública
4.1 Conceito
Definir a Segurança Pública não tem sido uma tarefa fácil, dada a polissemia do
termo, na tentativa de abranger as suas múltiplas funções nas sociedades modernas.
Em geral a Segurança Pública tem sido definida como uma atividade pertinente
aos órgão estatais e à comunidade como um todo. Suas ações estão voltadas
para a proteção da cidadania, prevenção e controle das manifestações da
criminalidade, das violência efetivas ou potenciais, propiciando as condições de
segurança para o pleno exercício da cidadania nos limites da lei.
Por volta de 1340, pouco antes das cidades serem dizimadas pela peste negra,
grande parte da população vivia nas cidades, e estas se multiplicavam em
centenas e centenas.
76
Sociologia Jurídica
A transição das hostes (tropas) feudais para as forças mercenárias e destas para
o exército e as marinhas regulares pertencentes ao Estado, surgidas em 1648,
ocorreu com o surgimento da pólvora inventada na China.
77
Capítulo 3
Esta interpretação revela uma forte semelhança com a análise de Creveld. Numa
passagem do seu livro, este historiador conta que o primeiro europeu ocidental
78
Sociologia Jurídica
a usar o termo polícia foi Melchior Von Osse por volta de 1450. Comenta Creveld
que, na opinião de Nicholas de La Maré, que havia publicado um Tratado da polícia
em 1750, este elevava o papel da polícia ao patamar mais alto do significado da
“ordem pública”.
79
Capítulo 3
Segundo Creveld, o maior mérito de ter criado a primeira força policial nacional
responsável por todas as formas de segurança interna foi atribuído a Napoleão
Logo após a criação da polícia, surgiu outro recurso característico do Estado moderno:
as prisões. Observa Creveld (2004, p. 238) que as polícias anteriores à criação do
Estado raramente foram empregadas como método de punição. Com o surgimento
dos Estados modernos, a polícia tornava‑se mais poderosa e mais “feroz”.
80
Sociologia Jurídica
O exemplo que ficou mais conhecido como A teoria das “janelas quebradas” de
Wilson e Kelling (apud GIDDENS, 2005), em 1982, consistiu numa representação
social de janelas quebradas
Figura 3.1 – Janelas quebradas
em bairros, sem um critério
mais rigoroso de diagnóstico
da desordem como força de
induzimento das pessoas a
tomarem este símbolo como
sinal de desordem pela
ausência da polícia.
81
Capítulo 3
•• Polícia federal
•• Polícia rodoviária federal
•• Polícia ferroviária federal
•• Polícias civis
•• Polícias militares e corpo de bombeiros militares
Nos diversos estudos, o modo de atuação da polícia tem sido, não raro, conforme
mostra Caldeira (2000), associado ao racionalismo tardio da política brasileira.
82
Sociologia Jurídica
Esta análise encontra convergência com a História do Brasil onde o governo colonial,
preocupado com a ocupação e exploração, tornou o poder político uma autoridade
obrigatória sobre todos os atos.
83
Capítulo 4
Criminologia e antropologia
85
Capítulo 4
Seção 1
O homem e a repressão
Acerca da sua natureza, o homem tem‑se lançado ao desafio de compreender a
lógica dos valores humanos e, entre as questões, o significado social do crime.
86
Sociologia Jurídica
Seção 2
O conceito de crime e desvio
A definição de desvio, mais que o termo crime, tem sido efetuada pelas Ciências
Sociais como qualquer conduta que viola as normas.
Para Scott (2010, p. 65), o desvio é todo tipo de comportamento que envolve as
maneiras, as atitudes, as crenças e estilos que quebram as regras, as normas,
a ética e as expectativas de uma sociedade.
87
Capítulo 4
Durkheim (1999, p. 40) chama atenção para a o sentimento que o crime causa nas
sociedades: “se quisermos saber em que consiste essencialmente o crime, será
necessário pôr em evidência as características que se revelam idênticas em todas
as variedades criminológicas dos diferentes tipos sociais. Não há uma que possa
ser desprezada.”
88
Sociologia Jurídica
Disso concluiu que o maior ou menor potencial ofensivo dos crimes podiam
ser deduzidos do grau de domínio que eles exerciam sobre a consciência, pelo
respeito que lhes é conferido. Assim deduziu que os homicídios nas formas de
solidariedade orgânica – as sociedades civilizadas – seriam mais ofensivos pelo
valor da pessoa humana sobre todas as coisas. Por meio do método estatístico,
observou (DURKHEIM, 2002, p. 158) uma variação dos homicídios: na medida
em que o valor da pessoa humana aumentava no tempo e espaço, a redução dos
homicídios chegava a 62% em um período de 55 anos.
Mas também descobriu que outros crimes surgiam com a civilização: os roubos,
os atentados ao pudor contra as crianças e, também, os espancamentos. Sua
explicação está no centro da norma. Quando a sociedade é uma coisa sagrada e
constitui o centro e fonte das normas, tudo a ela se subordina. Então o valor do
homem não pode ser maior do que o de Deus. Quando este valor se desloca para
o Estado, a sua grandeza seria o bem maior por excelência. Assim conclui que
o homicídio diminui em presença do Estado, porque o culto místico do estado
torna‑se um valor menor que o respeito ao homem.
Robert Merton (apud SCOTT, 2010, p. 65) tratou as tensões sociais – a partir
da anomia de Durkheim – como a assimetria entre a cultura e a estrutura
social. Há dificuldades de adaptação, por isso muitos dos estudiosos da
Escola Sociológica de Chicago associaram o crime e a delinquência às zonas
desorganizadas dos centros urbanos. Outros seguidores dessa mesma escola
enfatizaram as subculturas desviantes como soluções aprendidas para problemas
e processos grupais de frustrações e desorientações no quadro do status social.
Este estudo aproxima‑se da pesquisa de Boaventura Santos nas favelas do Rio
de Janeiro e o diagnóstico do autor sobre a noção de “identidade marginal”.
Seção 3
Crime, castigo e punição
Pierre Clastres (1982, p. 52), a propósito da discussão sobre o desconhecimento
do termo etnocídio e a criação em 1949 – no processo de Nuremberg – do conceito
de genocídio, diz que o conceito jurídico de genocídio recuperaria a tomada de
89
Capítulo 4
consciência no plano legal, de um tipo de crime até então desconhecido, mas que,
desde o século XV, vinha sendo praticado pelos europeus.
Lembra o autor que, embora o genocídio antissemita dos nazistas tivesse sido o
primeiro a ser julgado em nome da lei, a expansão colonial europeia do século XIX
esteve a serviço do extermínio de povos nativos, e ressalta que os povos
pré‑hispânicos, a partir da descoberta doa América em 1492, foram subjugados
ao domínio dos europeus, tendo a colonização funcionado como uma máquina de
destruição de contínuos massacres de índios do Brasil, Colômbia e Paraguai.
90
Sociologia Jurídica
Seção 4
Teoria dos grupos sociais
A concepção sociológica de grupos é bastante ampla, compreendendo desde um
dado sistema social onde os membros interagem de maneira regular, até outras
composições mais abrangentes, variando as formas mais superficiais de interação,
como os grupos de interesse, até as mais profundas, como o grupo familiar.
Em The Humann Group, Homans (1950, p. 1‑3) desenvolveu um amplo estudo sobre
grupos e definiu o termo como um número de pessoas que se comunicam entre si
com regularidade entre seus membros e que interagem com grupos secundários por
intermédio de formas diferentes de identidade grupal. Segundo esta definição, o que
caracteriza um grupo é a identidade, ou seja, o sentimento de nós. Por sua natureza
os laços podem ser mais fortes, ou não. Por exemplo, a família é um grupo cujos
membros são unidos por consanguinidade e parentesco; dentro deste grupo, os
membros desempenham papéis em função da reprodução das condições materiais
e morais, segundo regras sociais estabelecidas, constituindo assim os Direitos e
deveres de cada membro em relação à posição que cada membro ocupa no grupo.
Baechler (1995, p. 65), fazendo um exame mais amplo das conceituações, conclui
que, em face da diversidade de conceitos, o “bom senso” seria definir grupo por
três características essenciais:
91
Capítulo 4
Seção 5
Teoria do conflito
O antropólogo Ernest Gellner (1997, p. 38), ao estudar o conflito e a coerção nas
sociedades humanas, chega a três hipóteses causais, sugerindo que a guerra e a
coerção se apresentam como uma lei em três estágios de evolução:
92
Sociologia Jurídica
93
Capítulo 4
Um dos pontos críticos dos conflitos sociais no Brasil tem sido em grande parte
discutido pelo tema da eficácia da lei. Cavalieri Filho (2010, p. 103), por exemplo,
define a eficácia pela “força do ato para produzir os seus efeitos” e conclui
que uma lei só tem força quando está adequada à realidade social, ajustada às
necessidades de grupos.
94
Sociologia Jurídica
95
Capítulo 4
Augusto Comte leva adiante este paradigma, ao deslocar o enfoque dado por
Saint‑Simont às forças da sociedade, para um conceito evolucionista da razão
humana. Para Comte, a sociedade torna‑se caótica quando novas maneiras de
pensar entram em conflito com as existentes. Quanto mais coerentes forem os
valores sociais, maior seria, acreditava ele, a possibilidade de superação dos
conflitos próprios do processo transitório. A religião foi uma referência importante
da sociologia comteana. Os intérpretes de Comte consideram a unidade dos
homens, o foco da tese comteana, ao lembrar que a representação simbólica
era o seu requisito necessário à convicção, pela crença. O respeito à religião no
estágio teocrático e, da mesma forma, o respeito pelo Estado, no estágio positivo,
funcionariam como o culto da própria sociedade em razão de sua vontade e da
predisposição dos homens à unidade.
96
Sociologia Jurídica
A tese de Weber teve uma propulsão no estudo das normas com o sociólogo
americano Talcot Parsons. Este reúne a concepção weberiana às teses de
Durkheim sob outra perspectiva, a da sociedade como sistema e as normas
como estrutura desse sistema.
A cultura é então colocada no centro do estudo da ação onde estas ações são
tidas como sistemas simbólicos que veiculam significados autônomos. Assim,
a partir das premissas metodológicas da teoria do sistema social de Parsons,
o que ganha relevância não é o indivíduo, mas os papéis.. Desta perspectiva,
a lógica social é determinada pela interação dos papéis, que compreende grupos
diferenciados e complementares de expectativas.
Disso deduz‑se que a liberdade de agir não significa o livre arbítrio, uma vez
que a liberdade de opção é dada pelos limites dos papéis. Assim a teoria do
sistema social de Parsons fornece uma nova condição, em que a frustração do
papel pode ser a causa da desordem ou conflito. Bauman e May (2010) indicam
essa possibilidade quando observam que os critérios com que somos julgados
pelas instituições são partes compósitas de um critério de liberdade sob certas
condições em que podemos ser aceitos ou recusados por elas, dependendo
de atendermos, ou não, aos critérios por elas estabelecidos. Sejam critérios
mais amplos ou oficias no caso de uma escola ou universidades, ou mais
restritos como nos casos de clubes, confrarias e associações. Os exemplos
mais ilustrativos dos critérios informais descritos pelos autores são as posturas,
a linguagem, a conduta de certos profissionais, além de outras atitudes esperadas
dos pais em relação aos filhos, maridos em relação às esposas ou estas em
relação aos esposos, os pais em relação aos filhos ou vice‑versa, controladas por
fortes constrangimentos.
97
Capítulo 4
98
Sociologia Jurídica
Seção 6
Os tipos de conflito e as motivações clássicas
Quando se examina, nas teorias sociais, a maneira como o conflito se manifesta na
construção social da desordem, a dimensão moral se revela não apenas no confronto
físico, nas formas de violência ou de tensões nas relações sociais. Outras formas
de tensão também se revelam, mas pelas crenças. Por exemplo, o nascimento
de gêmeos, e de crianças com anomalias, a doença e a morte, por exemplo, são
representadas, em muitas culturas, como castigo por transgressões das regras
sociais. Nesses casos, tocar objetos ou ingerir alimentos tabus para mulheres
grávidas ou doentes constitui causas potenciais de conflito.
Acerca dessa forma velada de conflito, como por exemplo, a AIDS é considerada
em muitas culturas fonte de maldição, Balandier (1997, p. 201), e um mal plural
que difunde o preconceito pelo medo da contaminação. A lógica do conflito
físico, neste caso, explica o autor, emerge da busca do culpado e de uma
vítima expiatória. No caso da AIDS, o preconceito atinge a vítima expiatória e se
expande para a sexualidade minoritária, para a homofobia, assim como o mesmo
preconceito contra os dependentes químicos. A doença nas suas proporções
epidêmicas acarreta reações extremas, levando às vitimas ao isolamento/exclusão.
99
Capítulo 4
de que esta disposição seja imitada pelos demais membros do grupo. Mas, nos
diversos casos estudados, a luta pelo estabelecimento desse acordo convive com
as forças contrárias, ou seja, com a resistência.
A influência do ethos religioso tem sido apontada como a causa mais comum
dos tipos de resistência e conflitos interétnicos. Nesse jogo de forças, as tensões
manifestam‑se em atitudes e ações racistas que explodem na homofobia,
xenofobia e na oposição e ódio aos estrangeiros. Disso resulta o processo
de dominação/subordinação cooptado pelas forças políticas que marcou o
antissemitismo nazista da Europa do início do século XX e nos conflitos mais
recentes entre a cultura islâmica e a ocidental, culminando com o ataque de
11 de setembro de 2001 em Nova York.
A partir daí, poder‑se‑ia dizer que o conflito não significa apenas um confronto
entre indivíduos, mas uma crise que se instalou no momento em que as escolhas
ou comportamento de uma pessoa ou instituição não encontram respaldo na
estrutura social.
100
Sociologia Jurídica
Seção 7
Modos formais e informais de resolução
de conflitos
As formas de resolução de conflitos clássica como o contrato social de Hobbes à
Rousseau, não são suficientes para resolução das múltiplas e complexas formas
de conflito social.
7.1.1 Mediação
A mediação é uma forma de resolução de conflitos empregada por uma terceira
pessoa neutra, chamada de mediador, que auxilia os grupos ou pessoas
envolvidas a recuperarem a sua condição normal, buscando, através do diálogo,
o entendimento ou a reparação dos danos. É um processo voluntário, no qual
as decisões são restritas às partes, sendo o mediador apenas um facilitador.
A mediação pode ser utilizada na solução de diversos conflitos. A mediação visa
devolver às partes a responsabilidade pelos seus conflitos, e o mediador, ouvir as
partes, facilitando o acordo.
101
Capítulo 4
7.1.2 Arbitragem
De acordo com Carmona (apud CARNIO; GONZAGA, 2010. p. 191), a arbitragem
consiste numa técnica para alcançar a resolução de controvérsias mediante a
intervenção de uma ou mais pessoas que recebem poderes de uma convenção
privada, e, com base nesta convenção, sem a intervenção do estado, preparar a
decisão destinada à eficácia da sentença judicial.
A arbitragem está prevista na Lei 9037/96. Observa Carnio que esta técnica, pelo
desconhecimento dela pelos mais desfavorecidos socialmente, acaba sendo
pouco recorrente.
7.1.3 Conciliação
Esta é uma técnica que compreende a presença de uma terceira pessoa alheia à
causa do conflito em questão. Para os autores, trata‑se do meio mais conhecido
na resolução de conflitos, uma vez quem na lei dos juizados especiais, a figura do
conciliador é prevista.
102
Considerações Finais
Os valores sociais assim como suas transformações não mais podem ser tidos
como mito. A evolução deste argumento teve uma influência considerável nas
escolas Histórica do Direito e no Movimento do Direito Livre no século XIX e início
do século XX, na Alemanha.
103
Universidade do Sul de Santa Catarina
104
Referências
105
Universidade do Sul de Santa Catarina
CASTRO, Celso A. Pinheiro de. Sociologia do direito. São Paulo: Atlas, 2009.
CREVELD, Martin van. Ascensão e declínio do estado. São Paulo: Martins Fontes,
2004.
106
Sociologia Jurídica
GEERTZ, Cliford. Interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
GELLNER, Ernest. Antropologia e política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
HOMANS, George. The Group Humann. New York: Harcourt, Brace and
Company, 1950.
107
Universidade do Sul de Santa Catarina
JELLINEK, Georg. Teoria general del estado. Mexico, D.F.: Fondo de Cultura
Econômica, 2000.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
LOCKE, John. Ensaios políticos (Org. Mark Goldie). São Paulo: Martins Fontes,
2007.
LUKE, Steven. Os precursores das ciências sociais. (Org.) Timothi Raison. Rio
de Janeiro: Zahar editores,1977.
MACHADO NETO, A.L. Sociologia jurídica. São Paulo: Ed. Saraiva, 2007.
MAIR, Lucy. Introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
108
Sociologia Jurídica
NAY, Olivier. História das ideias políticas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de sociologia jurídica. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002.
109
Universidade do Sul de Santa Catarina
Sorokin, Pitirin A. Novas Teorias Sociológicas , Porto Alegre: Editora Globo, 1969
pp. 440-442.
TETS. Karl Marx em 1882. Wikimedia Commons, 19 nov. 2006. Disponível em:
<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a2/Marx_old.jpg/425px-
Marx_old.jpg>. Acesso em: 12 set. 2013.
WOLKMER, Antonio Carlos, et al. Pluralismo jurídico. São Paulo: Saraiva, 2010.
p.14.
110
Sobre a Professora Conteudista
111
Sociologia jurídica
Universidade do Sul de Santa Catarina
Este livro apresenta as relações existentes entre
sociedade e Direito, tendo como pressuposto o fato
de que o Direito situa-se dentro da sociedade, e não
acima dela. Nesta perspectiva, os temas tratados
em cada capítulo pretendem reconectar Direito e
sociedade, reproduzindo o percurso histórico da
construção epistemológica da Ciência Jurídica.
Sociologia
Sociologia jurídica
jurídica
w w w. u n i s u l . b r