Sunteți pe pagina 1din 3

HURTADO, J.

Lois naturelles, lois artificielles et l’art du Gouvernement: l’économie


politique de Rousseau comme ‘art des excetions’. Cahiers d'économie Politique, n. 53, p.
91-114, 2007.

● Hurtado busca entender o lugar que a economia ocupa no pensamento de Rousseau


(92). Dentro da teoria política do contrato social, do ordenamento social legítimo,
como se estrutura a dimensão econômica? Ela deve funcionar “espontaneamente”, por
meio de leis naturais que orientam o comportamento dos indivíduos, que buscam o
próprio interesse? Ou tal ordem natural nem mesmo existe, e deve estar submetida às
leis positivas que expressam a vontade do corpo político? (ou melhor, deve ser
estruturada pelas positivas).
● Hurtado argumenta que, para Rousseau, a esfera econômica deve estar submetida à
esfera política. Isto quer dizer, em primeiro, que a administração da riqueza e dos bens Commented [1]: inclui produção, distribuição e
circulação?
deve estar submetida à vontade do corpo político, de modo a garantir a subsistência e a
satisfação das necessidades dos cidadãos. Em segundo, que não há uma ordem natural
e uma regularidade próprias da dimensão econômica; ambas devem ser criadas e, mais
importante, mantidas pela lei positiva (92).
● Hurtado lembra que, para Rousseau, diferentemente da família, a sociedade não é
natural, mas sim convencional, artificial. Isso implica, entre outras coisas, que os
termos do contrato que dá origem ao corpo político inclui também as condições
relativas à organização e administração do sistema econômico de cada sociedade. O
contrato estabelece também a regulação da ação humana no interior da sociedade (94).
● “Sociedade comercial”: é ilegítima porque se funda em um pacto ilegítimo (95-6); por
isso, caracteriza-se por uma contradição fundamental: os indivíduos se reúnem em Commented [2]: Rousseau usa esse termo em uma
de suas cartas, dps cf. derathé...
sociedade tendo como objetivo a preservação mútua e o bem comum, mas, ao mesmo
tempo, se percebem como rivais, cujos interesses são conflitantes na medida em que
buscam satisfazer seus desejos (96). Na sociedade legítima, do contrário: “[...] os
indivíduos organizam a produção de sua vida material através de leis, com a única
condição de que cada um possa satisfazer as suas necessidades através de seu
trabalho” (96, trad. livre).
● Leis da natureza e leis artificiais. Hurtado remonta um velho e longo debate acerca
do significado e importância das “leis naturais” no pensamento de Rousseau, em
especial do papel que desempenham no CS em relação às leis artificiais. Essa
discussão é, contudo, muito importante para sabermos se a economia, em uma
sociedade legítima, deve funcionar com base em leis naturais ou somente tendo como
fundamento leis civis e positivas. O que está em jogo é o seguinte: se Rousseau refuta
as leis naturais como fundamento da sociedade política, então tem-se que: “[...] a
economia corresponderia [...] à reprodução organizada artificialmente [i.e. por meio de
leis soberanas] das condições materiais da vida” (99, trad. livre). Caso contrário, se
Rousseau aceita a lei da natureza como superior às leis artificiais e como fundamento
da organização das relações humanas, essa última deixaria de ser levada a cabo
somente pelos cidadãos, e a própria esfera econômica teria autonomia em relação Às
decisões humanas e, assim: “[...] poderia marchar sem a intervenção humana,
seguindo leis naturais tais quais as leis do mercado” (99, trad. livre).
● Hurtado argumenta que, embora, para Rousseau, a lei natural (ou lei da razão) seja, em
tese, superior às leis positivas e esteja associada aos fundamentos de uma justiça
universal (103-4): 1) ela não é um fundamento da convenção original, uma vez que os
indivíduos só tomam consciência dela depois de desenvolverem plenamente seu
entendimento, o que ocorre após a entrada na sociedade (i.e. ela é inoperante no estado
de natureza, 105); 2) ela não é um fundamento sólido da organização social, já que, os
indivíduos, uma vez que passam a viver em sociedade, desenvolvendo o amour-propre
e vivendo em condições de desigualdade que corrompem seus desejos e seu espírito,
não mais escutam a voz da natureza, ou se escutam, ela não tem força o suficiente para
guiar efetivamente suas ações (105). Desse modo, apenas as leis soberanas podem
garantir a coesão social legítima (105-6).

Economia e Política
● No DEP, Rousseau diferencia o governo da soberania, mostrando que o governo
legítimo deve estar submetido à constituição do Estado, i.e., às leis soberanas, que
expressam a vontade do corpo político (109). Além disso, afirma que o terceiro dever
do governo é organizar a economia pública, i.e., “administrar” a riqueza e os bens de
modo a garantir a provisão das necessidades dos cidadãos, o que inclui a organização
da tributação e mesmo da divisão do trabalho (110). O governo deve manter a
liberdade civil e política, o que implica controlar a desigualdade para que ela não
promova a desagregação da vida pública e do Estado. Para tanto, o governo deve Commented [3]: "Há então uma condição material ao
exercício da liberdade civil" (110)
buscar reduzir ao máximo as trocas mercantis e o uso do dinheiro, evitando a
[Il existe donc une condition matérielle à l'exercice de
acumulação e o aumento da desigualdade (110). Para além, deve estabelecer de forma la liberté civile]

centralizada os “preços relativos”, de modo que a produção corresponda às


necessidades (110).
● Não há um conceito como “liberdade econômica” em Rousseau:

Os cidadãos não livres na economia, eles não são livre enquanto trabalhadores ou enquanto
participantes da divisão do trabalho que torna possível sua subsistência. Eles são livres
unicamente enquanto cidadãos, o que significa dizer na esfera política, enquanto membros da
vontade geral. Na sua atividade econômica eles seguem as leis da vontade geral, eles seguem
as indicações do governo (110, trad. livre). Commented [4]: Les citoyens ne sont pas libres dans
l'économie, ils ne sont pas libres en tant que
travailleurs ou en tant que participants à la division du
travail qui rend possible leur subsistance. Ils sont libres
● De resto, as formas específicas de organização do sistema econômico dependem do uniquement en tant que citoyens, c'est-à-dire dans la
sphère politique, en tant que membres de la volonté
povo e do “clima”, isto é, dos determinantes físicos e geográficos de cada país, de générale. Dans leur activité économique ils suivent les
lois de la volonté générale, ils suivent les indications du
modo que a economia torna-se uma arte do governo, sem a precisão de uma ciência gouvernement

(111).
● Nesse sentido, a economia política corresponde à organização do sistema econômica
pelo governo, estando subordinada à política, isto é, à soberania popular.

S-ar putea să vă placă și