A VISÃO DE CALVINO SOBRE EXEGESE

Krauss, Hans-Joachim, Calvins Exegelical

Principles, in interpretation Vol. XXI
Virginia, USA. 1997. pp 8- 18. traduzido

Hans - Joachim Krauss, professor da University Göttingen, apresenta em seu livro

Princíoios Exegéticos de Calvino uma visão do trabalho exegético de Calvino, um grande
estudioso das Escrituras, que estudou e identificou os métodos de interpretação usados por
Lutero, Melanchthon, Bucer, Zwinglio e outros, comparando com seus próprios métodos
procurando identificar os pontos bons afins.
Segundo Calvino, o objetivo da exegese não deve construir explicação consciente para a
Bíblia, mas comunicar uma exposição transparente.
A partir da Reforma foi estabelecido um novo critério para a exegese, partindo do
conhecimento da palavra de Deus e a autoridade das Escrituras Sagradas. Calvino afirma que não
temos capacidade de compreender os mistérios de Deus e que isto só é possível pela iluminação
da graça divina através do Espírito Santo. É ele quem trabalha dentro do homem
levando-o pelas Escrituras a ouvir a palavra de Deus, o que nos leva a conclusão de
que Calvino admitia uma inspiração sobrenatural das Escrituras.
Mais do que um ensino sobrenatural a Bíblia mostra a homens e mulheres uma
ação ativa a serviço de Deus, que só os corações iluminados pelo Santo Espírito são
capazes de enxergar.
Calvino tinha como critério básico à edificação da igreja e como tal à exegese
deveria produzir frutos e ser utilizável. Logicamente que ele se referia a uma aplicação
presente, ou seja, a perseguição que estava acontecendo na França , o que não quer
dizer que se deva tomar suas impressões como “interpretações”ou “especulações”.
O trabalho de Calvino envolveu estudos em todo os campos do conhecimento:
lingüística hebraica e grega, geografia, estudos clássicos, medicina e filosofia, o que foi
usado a fim de valorizar as pesquisas teológicas.
Com base no que foi exposto acima Krauss aponta oito princípios exegéticos
derivados deste trabalho.
1- Claridade e brevidade – A brevidade ajuda a promover a claridade e Calvino
explica no prefácio do comentário do livro de Salmos que a sua intenção não
era causar impressão com seus conhecimentos, mas ajudar o leitor a
entender melhor a leitura, sem com isso comprometer a claridade das
Escrituras Sagradas.

2- A intenção do autor – Buscar a intenção do autor é dever do exegeta, tendo

como pressuposição a investigação dos hábitos do idioma dos autores
específicos, trazendo uma compreensão significativa dos textos.

3- A situação do autor – Investigar o momento histórico, as circunstâncias

geográficas e institucionais vai contribuir para se determinar a situação do
autor ; Calvino dizia que o pano de fundo histórico deveria ser investigado da
mesma maneira que os adoradores fizeram no livro se Salmos.

4- O Real Significado – Aqui mais uma vez é ressaltado a intenção do autor e

que só um conhecimento sólido do grego e do hebraico vai contribuir para se
chegarão significado original pretendido pelo autor. Deve-se também evitar
referência a Cristo em passagens não diretamente direcionadas para ele.
 5- O Contexto da Passagem – Deve ser cuidadosamente estudado o contexto
de uma passagem e seu ambiente evitando-se assim problemas exegéticos.

6- Ir Além do Teor Literal das Palavras- Calvino tendo como exemplo a

passagem dos dez mandamentos, diz que em algumas passagens não se
pode restringir ao significado restrito da palavra, isto é o sentido literal, indo-
se além dele.

7- Interpretando Expressões Metafóricas - Há necessidade de um trabalho

exegético muito cuidadoso para não se confundir metáfora com hipérbole,
que é uma linguagem poética, exagerada, que enfeitam e intensificam uma
situação simples.

8- A Extensão da Presença de Cristo – Segundo Calvino toda a Escritura tem

como tema principal Jesus Cristo e quem não fizer a leitura neste sentido,
ainda que estude a vida inteira na terá o conhecimento da verdade.

Concluindo, Klauss diz que estudos são feitos para se determinar ate que ponto
os princípios exegéticos de Calvino são importantes para a exegese; mas a despeito
das criticas, é preciso em vista do progresso do método histórico critico procurar a
unidade da palavra de Deus nas Escrituras.
O trabalho de Klauss destinado a seminaristas e pastores é uma contribuição
para ajudá-los na difícil tarefa da exegese.