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Observação: para realizar cirurgias laparoscópicas é necessária anestesia geral. Logo, pacientes
com contraindicação a este tipo de anestesia não devem realizar o procedimento. Entre outras
poucas contraindicações relativas à laparoscopia incluem: múltiplas cirurgias abdominais (por
aumentar a dificuldade técnica devido a aderências), alto risco anestésico, DPOC (doença
pulmonar obstrutiva crônica) severa, dentre outras.
A elevada eficácia da videolaparoscopia a torna atrativa, no sentido de que sua utilização contribui
para diminuir os custos hospitalares, não apenas na economia de exames radiológicos, mas
encurtando do tempo de hospitalização, reduzindo muito o gasto de manutenção do paciente no
ambiente hospitalar.
Histórico
Apesar dos princípios da técnica laparoscópica estarem descritos desde a época de Hipócrates, que
utilizava ar para visualização dos segmentos distais do intestino, a primeira laparoscopia
experimental foi realizada em 1901. Neste ano, o alemão Georg Kelling visualizou a cavidade
abdominal de um cão, auxiliado pela insuflação de ar e de um cistoscópio.
Em 1911, Bertram Bernheim, realizou a primeira laparoscopia nos Estados Unidos, denominando
o procedimento de organoscopia. O húngaro Janos Veress, em 1938, desenvolveu uma agulha que
até os dias de hoje é utilizada para realização do pneumoperitônio denominada agulha de Veress.
Kurt Semm, ginecologista alemão, em 1966 inventou o insuflador automático, possibilitando
controle mais adequado da pressão intra-abdominal durante os procedimentos laparoscópicos. A
pressão intra-abdominal considerada dentro dos parâmetros de segurança é de 10 a 16 mmHg com
o trocater de Hasson sob visão direta. Já para a agulha de Veress a medida está entre 6 a 8 mmHg.
A biópsia hepática foi o primeiro procedimento a ser realizado pela cirurgia geral, em 1982. Na
década de 80 foram realizadas as primeiras apendicectomias e colecistectomias
videolaparoscópicas, por Kurt Semm (1983) e Phillipe Mouret (1987).
A urologia deu seus primeiros passos na laparoscopia quando em 1990 Griffith relatou os
primeiros casos de linfadenectomias para pacientes com câncer de próstata e em junho de 1990 o
Dr. Clayman, na Universidade de Washington, ultrapassou as barreiras, realizando a primeira
nefrectomia laparoscópica.
Após obter a pressão necessária iniciam-se as punções auxiliares, geralmente mais três portais são
utilizados. A seguir, inicia-se o ato operatório.
Existem câmeras com três CCD (3 chips) nas quais a luz incide em um prisma e se divide em três
componentes cromáticos básicos (RGB - Red-Green-Blue) que são captados, cada um por um
CCD específico. Com isso, a definição da imagem chega a 600 a 700 linhas por campo. São ainda
de bastante interesse na atualidade os sistemas 3D (tridimensionais) em que 2 câmeras separadas
compõem a imagem como se fora o olho D e E humano, o que, com o auxílio de dispositivos
especiais (óculos 3D) melhora sensivelmente a noção de profundidade que praticamente inexiste
nos sistemas convencionais de reprodução de imagem.
Câmera com endocoupler e gravação em pendrive
Endocoupler
Fonte de Luz - usada para iluminar a cavidade peritoneal por meio da conexão com o
laparoscópio por cabo que pode ser de fibra ótica ou de cristais líquidos. A fonte ideal deve ter:
Existem três tipos principais de fontes de luz para este fim: halógenas, HTI, xenônio.
Cabo de transmissão de luz - serve para conduzir a luz da fonte até a ótica e pode ser de fibra
ótica, que tem menor diâmetro, é mais frágil e retém mais luz com consequente perda parcial
durante a transmissão; ou ainda de cristal líquido, que tem um diâmetro um pouco maior,
transmite melhor a luz com menor perda e é menos frágil, sendo assim considerado o mais
adequado para uso com as fontes de Xenon.
Monitor de vídeo - um bom monitor deve proporcionar uma reprodução fiel das imagens e uma
boa resolução das mesmas de acordo com o número de linhas. Devem ter pelo menos 450 linhas e
resolução (superior aos aparelhos de TV domésticos usuais) para produzir imagens com nitidez.
As câmeras 3D referidas anteriormente necessitam monitor especial para a reprodução das
imagens geradas. O mais importante é manter uma boa relação entre a câmera usada e o monitor
uma vez que não adianta associar uma câmera com três chips a um monitor com resolução baixa
em termos de número de linhas e vice-versa.
Monitor de vídeo
Opção de gravação - existem ainda outros equipamentos que compõem o sistema, porém, são
usados unicamente com o intuito de registrar as imagens, seja por vídeo ou por fotografia.
Atualmente existem equipamentos que permitem gravar em pendrive. Estes equipamentos, embora
não sejam indispensáveis à realização dos procedimentos, são de importância fundamental, uma
vez que com eles se pode reavaliar, estudar, transmitir as imagens no caso de procedimentos
menos comuns a profissionais com menos experiência e mesmo utilizá-los no que diz respeito aos
aspectos legais uma vez que são o registro exato do que ocorreu durante o procedimento.
Realização do pneumoperitônio
O pneumoperitônio é um passo essencial para a realização dos procedimentos laparoscópicos
como mencionado no início do texto. Outros gases como o ar atmosférico, O2 e óxido nitroso já
foram testados, porém, apresentaram problemas quanto ao uso em laparoscopia por serem
inflamáveis e por causarem embolia gasosa. Por ser isento ou menos propenso a estas
complicações, o CO2 é o preferido e o mais usado na atualidade. Cria-se com a insuflação um
espaço real entre a parede abdominal e os órgãos intracavitários permitindo uma visualização
adequada dos mesmos e o manuseio do instrumental na realização dos procedimentos. As agulhas,
assim como os trocateres usados em laparoscopia têm um mecanismo de proteção na ponta com o
intuito de evitar ou mesmo de diminuir os riscos de lesão aos órgãos intracavitários.
Insufladores - os insufladores, aparelhos usados para a injeção de gás na cavidade e consequente
produção do pneumoperitônio, são todos dotados de mecanismo pressórico com válvula de
segurança e alarme sonoro, permitindo se adequar a pressão ideal de trabalho dentro da cavidade
peritoneal. Os modelos diferenciam entre si basicamente por terem sistemas de manutenção da
pressão intracavitária e insuflação diferentes, variando desde o mecânico/automático até o
eletrônico sendo capaz de injetar de 30 a 40 litros de gás por minuto na cavidade, o que facilita
muito algumas manobras de aspiração de secreções e lavagem da cavidade sem haver perda do
pneumoperitônio.
INSTRUMENTAL CIRÚRGICO
Instrumental básico - é necessário instrumental básico para pequena cirurgia para o início e fim
do procedimento, além de disponível na sala operatória instrumental para laparotomia. Isto se
aplica a todos os procedimentos laparoscópicos uma vez que existe a possibilidade da necessidade
de uso imediato do mesmo em casos de emergência que não puderam ser resolvidos pela VDL,
pinças e acessórios com cabo longo dotados de empunhadura, desenhados para a realização dos
procedimentos videolaparoscópicos. Todos existem no mercado sob a forma reesterilizável
(material permanente) e sob a forma descartável, tendo também aplicação em procedimentos
abdominais abertos como cirurgias vídeo-assistidas em que as imagens de vídeo são associadas
aos procedimentos com laparotomia em regiões de difícil acesso.
Instrumentais básicos e de videolaparoscopia
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
A videolaparoscopia exige treinamento específico da equipe, material adequado para sua
realização e um ambiente tecnológico preciso. O conhecimento do equipamento, instrumentos e a
organização da sala operatória são fundamentais para uma perfeita intervenção laparoscópica e
diminui custos. Antes do início da intervenção, a equipe de enfermagem é responsável por revisar
atentamente os instrumentos e particularmente o sistema de insuflação, o reservatório de CO2
(torpedo), assim como os sistemas de eletro-coagulação e aspiração/irrigação, o equipamento de
vídeo/gravação e a fonte luminosa. Durante a cirurgia, conecta os cabos aos equipamentos e
acompanha os parâmetros estabelecidos pelo cirurgião, podendo ainda instrumentar o
procedimento.
Conclusão
A laparoscopia sem dúvida trouxe subsídios importantes e fundamentais para o desenvolvimento e
difusão da cirurgia por videolaparoscopia. Aproveitando hoje a experiência e os equipamentos
modernos da cirurgia videolaparoscópica, o seu emprego diagnóstico tem contribuído ainda mais
para ampliar os horizontes do método. Assim, pode-se concluir que a laparoscopia tem seu lugar
bem definido no arsenal da área da saúde. É um método moderno, de baixo custo, seguro e eficaz,
de fácil execução, contribuindo para o diagnóstico das doenças intra-abdominais e otimizando as
medidas terapêuticas.
REFERÊNCIAS