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260 A saúde mental das crianças e dos adolescentes: considerações epidemiológicas, assistenciais e bioéticas
Análise sistemática da literatura recente de de transtornos neuróticos e psicossomáticos;
estudos empíricos concluiu que a depressão 2,6% de retardo mental; 1,6% de transtornos
materna tem impacto negativo para a saúde de desenvolvimento e 1,2% para outros diag-
mental dos filhos em idade escolar, favore- nósticos mais raros. Meninas apresentaram
cendo a ocorrência de problemas comporta- mais distúrbios neuróticos e psicossomáticos e
mentais, psicopatologia, rebaixamento cog- meninos, mais transtorno de desenvolvimento
nitivo, prejuízos no autoconceito, no desem- e retardo mental. Crianças mais velhas evi-
penho social e na regulação emocional. Tais denciaram taxas maiores nos quadros mais
fatores foram observados independentemen- graves de transtornos 19.
te do momento de primeira exposição à
depressão materna, bem como dos delinea- Os dados estatísticos de investigações epide-
mentos dos estudos (longitudinais ou trans- miológicas que pesquisaram problemas de
versais), configurando-se, assim, como fator saúde mental em crianças e adolescentes brasi-
de risco ao desenvolvimento infantil – pre- leiros, com a utilização do questionário de
juízo potencializado na presença de comorbi- habilidades e dificuldades (Strengths and diffi-
dades psiquiátricas 16. culties questionaire - SQD), que apresenta cinco
subescalas – hiperatividade, problemas emocio-
A situação no Brasil nais, problemas de conduta, relacionamentos
interpessoais e comportamento pró-social –,
Em nosso país, os estudos de epidemiologia recaíram no intervalo de 12% a 15% quando
psiquiátrica na infância e adolescência estão os próprios jovens avaliaram, entre 8% e 10%
avolumando-se nos últimos anos, mas se con- na visão dos educadores e entre 14% e 18,7%
sidera serem ainda poucos em relação às na perspectiva dos pais 20-22. Houve diferenças
necessidades observadas em pesquisas empíri- também em relação a variáveis socioeconômi-
cas 10. Pesquisa pioneira realizada em uma cas em diferentes situações comunitárias,
área da cidade de Salvador utilizou questioná- sendo verificado em um dos estudos que a pre-
rio de psicopatologia infantil para crianças de valência geral de problemas mentais foi de
5-14 anos, encontrando prevalência de 13% 17. 15% entre os jovens, sendo de 22% para os
Entretanto, não foram avaliadas a confiabili- residentes em favelas e de 12% para os residen-
dade e a validade do instrumento utilizado. tes em áreas urbanas ou rurais 23.
Um segundo estudo em outra área da mesma
cidade, com 829 crianças da mesma faixa etá- Em estudo longitudinal Assis e colaboradores 24
ria, evidenciou prevalência de 10% de casos de acompanharam 300 crianças por um período
gravidade moderada ou severa e 13,2%, duvi- de um ano e investigaram a incidência de pro-
dosa ou leve, utilizando-se o questionário de blemas de saúde mental diagnosticados pelos
morbidade psiquiátrica infantil (QMPI) 18. A responsáveis (uso do instrumento Child
taxa de prevalência global no ano foi de Behaviour Checklist -CBCL) e professores (uso
23,2%, distribuídos da seguinte forma: 15,3% do Teacher Report Form – TRF). Os pesquisa-
262 A saúde mental das crianças e dos adolescentes: considerações epidemiológicas, assistenciais e bioéticas
zantes e externalizantes, a apontar que a forte A crise de oferta de serviços para
relação entre violência comunitária e o fun- crianças com problemas de saúde
cionamento mental da criança acontece por- mental no Brasil
que o seu senso de segurança é ameaçado,
com repercussão negativa em seu crescimento A atenção às crianças brasileiras na área da
e desenvolvimento 28. Em outras publicações, saúde mental infantil constitui necessidade
verificou-se associação entre vitimização por imperativa e com demanda crescente. A falta
violência com problemas físicos, falta de con- de serviços e especialistas nesta área é preocu-
centração na escola, distúrbios do sono e pante, fato que contribui para que os profis-
hipervigilância 29-31. sionais de saúde, de maneira geral, tenham
grande dificuldade para encaminhar crianças
No Brasil, diversos autores têm constatado a com algum tipo de dificuldade emocional. Os
relação entre violência e problemas de saúde poucos serviços existentes possuem longas
mental em crianças e adolescentes 8,23-25,32-35. filas de espera e nem sempre as crianças rece-
Observou-se maior ocorrência de transtornos bem assistência adequada 36.
de conduta e desordens psiquiátricas entre
crianças e adolescentes que testemunharam Para exemplificar a dimensão do problema
violência entre os pais e que são educados assistencial nesta área específica, realizou-se
mediante rígida disciplina, que inclui atos pesquisa em uma unidade básica de saúde
como bater com o cinto 23,25. Crianças e adoles- (UBS) situada na Zona Oeste da cidade de
centes cujas mães gritam excessivamente, São Paulo, na qual foram sujeitos da pesquisa
batem, espancam ou punem severamente, os pais e responsáveis por crianças com idade
dentre outras reações inadequadas, têm o entre 5 anos e 11 anos e 11 meses, além dos
dobro de chance de apresentar problemas de pediatras do serviço 9. Os autores utilizaram
saúde mental com relação aos não expostos a métodos quantitativos e qualitativos de pes-
essas práticas 33. A falta de monitoria positiva quisa, com a aplicação de escalas de rastrea-
aliada a práticas educativas negativas, como mento de queixas e problemas de comporta-
negligências, punição inconsistente e abuso mento, visitas domiciliares, análise de pron-
físico, são indicadores de problemas de com- tuários e aplicação de questionários dirigidos
portamento 34. Em uma das pesquisas, adoles- aos pais sobre as preocupações relativas às
centes expostos à violência intrafamiliar e dificuldades dos filhos e de descrição de com-
urbana mostraram ter duas vezes mais proble- portamentos da criança, além de entrevistas
mas de saúde mental. Os que foram expostos semiestruturadas com os pediatras da UBS.
à violência familiar mostraram-se três vezes
mais propensos a apresentar problemas do que Ao analisar a atuação dos profissionais e do
os expostos à violência urbana, a corroborar a sistema de saúde ante os problemas de saúde
importância das relações familiares para uma mental de crianças, a partir da literatura cien-
boa condição de saúde mental 35. tífica da área, os autores apontam que as pes-
264 A saúde mental das crianças e dos adolescentes: considerações epidemiológicas, assistenciais e bioéticas
Vale destacar outro aspecto que dificulta a suas implicações. Considera, entretanto, o
assistência à criança com problemas de saúde período de 10 a 20 anos como englobando a
mental. Por uma questão cultural, entre maioria das mudanças retropropostas, embo-
outras, o encaminhamento da criança ao ser- ra se saiba grande o grau de variação inter e
viço de saúde mental traz em si o preconceito intracultural das mesmas 39.
ou estigmatização, tanto por parte de pais e
professores como também – muitas vezes – Embora largamente utilizado, o conceito de
por parte do próprio profissional de saúde adolescência estabelecido pela OMS, distin-
mental. Ou seja, a criança é encaminhada ao guindo-a da fase infantil (ou criança), não é
serviço de saúde mental porque supostamente unânime. As Nações Unidas (ONU), no
tem um problema, mas no momento em que documento Convention on the Rights of the
é atendida podem surgir novos problemas, Child 40, estabelece em seu art. 1º: Para os pro-
decorrentes do próprio preconceito que ainda pósitos da presente Convenção, uma criança
ronda os serviços 37. significa qualquer ser humano com idade abaixo
de dezoito anos, a menos que sob Lei aplicada à
Abordagem bioética criança, a maioridade seja atingida antes. No
Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescen-
Ao abordar os aspectos bioéticos da saúde te - ECA 41 estabelece em seu art. 2º: Consi-
mental em crianças e adolescentes, achamos dera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes-
oportuno, preliminarmente, delimitar alguns soa até doze anos de idade incompletos, e ado-
marcos conceituais. O conceito de adoles- lescente aquela entre doze e dezoito anos.
cência, hoje amplamente adotado, definido
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) Uma das questões fulcrais no atendimento a
na Reunião sobre a gravidez e aborto na adoles- crianças e adolescentes com transtornos men-
cência, realizada em 1974, estabelece que a tais diz respeito à capacidade do exercício da
adolescência corresponde a um período em autonomia por parte dessas pessoas. De ante-
que: a) o indivíduo progride a partir de um mão, tem-se a percepção de que o exercício
ponto do aparecimento inicial dos caracteres deste princípio bioético basilar encontra-se
sexuais secundários para a maturidade sexual; duplamente comprometido: quer pela idade
b) os processos psicológicos do indivíduo e os quer pelo estado mental. O que se coloca em
modelos de identificação progridem da fase discussão, portanto, é a maneira mais efetiva de
infantil para a adulta; c) é feita a transição do se proteger tais pessoas que, por se encontra-
estado de total dependência socioeconômica rem em posição de hipossuficiência por incapa-
para um estado de relativa independência. De cidades pessoais, não possuem plenamente seus
acordo com a OMS, limites específicos de direitos de escolha, ou seja, não gozam da capa-
idade não devem ser impostos para delimitar a cidade plena de autogoverno, de livre arbítrio
adolescência; sendo esta uma classificação quanto à regência do próprio destino, conquista
social, varia tanto em sua composição como em essa concedida pouco a pouco, por parâmetros
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passíveis de mudanças extremas no tempo; a moral de autoridade imposta de fora, por
aquisição de competências é progressiva, sem outros, para uma moral autônoma, da própria
saltos, seguindo uma ordem preestabelecida, consciência individual.
com razoável previsibilidade; os tempos e o
ritmo em que o desenvolvimento se processa Portanto, o processo de compreensão das con-
são individualizados, o que faz com que dois sequências de seus atos inicia-se por volta dos
indivíduos de mesma idade possam estar em seis a sete anos e amadurece até o final da
fases diferentes de desenvolvimento; ao se adolescência. Assim sendo, do ponto de vista
considerar a inteligência, o desenvolvimento assistencial, o menor tem direito a fazer
torna-se extremamente influenciável por fato- opções sobre procedimentos diagnósticos ou
res extrínsecos ao indivíduo, tais como as terapêuticos – mas em situações de risco e
experiências, os estímulos, o ambiente, a edu- frente à realização de procedimentos de algu-
cação, a cultura e outros, o que reforça sua ma complexidade, tornam-se sempre necessá-
evolução extremamente individualizada. rios, além do assentimento do menor, a parti-
cipação e o consentimento dos seus responsá-
As investigações de Jean Piaget sobre como se veis legais. A criança ou o adolescente que se
processa o desenvolvimento cognitivo, como recusa a dar o seu assentimento deve ser ouvi-
evoluem o pensamento e o conhecimento, da, em especial quando os resultados espera-
permitiu a identificação de estágios universais dos são incertos 47.
pelos quais evolui o pensamento, numa se-
quência invariante. Esses estágios são o sen- O assentimento da criança, com ou sem
sório-motor, o pré-operacional, o de operações transtornos mentais, para fins de pesquisa,
concretas e o de operações formais 46. O ter- diagnóstico ou tratamento é tema complexo e
ceiro estágio citado, que ocorre aproximada- sem consenso na literatura. As controvérsias
mente dos sete aos 12 anos, marca o início do incluem a definição do que vem a ser assenti-
pensamento lógico, se bem que ainda no nível mento, a idade a partir da qual os investigado-
concreto, estendendo-o à compreensão do res deveriam obtê-lo das crianças, quem deve-
outro e às possíveis consequências de boa parte ria estar envolvido no processo da obtenção,
de seus atos. A criança é capaz de raciocinar como resolver as disputas entre as crianças e
logicamente se tiver o apoio de objetos con- os seus pais, que quantidade e qualidade das
cretos. Adquire a noção de conservação e os informações devem ser disponibilizadas para
rudimentos da lógica. O estágio de operações as crianças e seus familiares, o quanto de e
formais, que ocorre a partir da adolescência, quais informações as crianças desejam e neces-
caracteriza-se pela capacidade de abstração e sitam saber, a metodologia empregada para
do teste de hipóteses, tornando viável o racio- promover o entendimento pela criança das
cínio científico. A evolução do julgamento informações disponibilizadas, e o que consti-
moral tem por base a dimensão heteronímia- tui um modelo de tomada de decisões que seja
autonomia, ou seja, a criança passa de uma efetivo, prático e realista 48.
268 A saúde mental das crianças e dos adolescentes: considerações epidemiológicas, assistenciais e bioéticas
das crianças e adolescentes potencializa tal que faz com que as suas ações e discurso sejam
estado de vulnerabilidade. Nesta situação em percebidos apenas como sintomas da doença
particular, a qualificação de pessoas como vul- da qual é vitimado. O profissional de saúde
neráveis, não apenas na esfera da pesquisa mental torna-se, a partir daí, quase sempre o
biomédica, mas também na seara dos cuida- único intérprete credenciado de seus pacien-
dos da saúde, impõe a obrigatoriedade ética da tes, capaz de decidir, com aval dos familiares,
defesa e proteção para que não sejam maltra- sobre o futuro dessas pessoas; a exercer, mui-
tadas, abusadas, feridas. tas vezes, poder absoluto sobre elas, que vai
desde a liberdade de locomoção até a forma de
As Diretrizes Éticas Internacionais para Pesqui- tratamento que devem receber 43. Deve-se res-
sa Biomédica em Seres Humanos do Conselho saltar, entretanto, que o simples fato de o indi-
de Organizações Internacionais de Ciências víduo ser portador de uma doença mental não
Médicas (Cioms) definem indivíduos vulnerá- o torna sem autonomia. Reconhece-se, em
veis como aqueles com capacidade ou liberdade geral, que apenas as crises são capazes de, tem-
diminuída para consentir ou abster-se de consen- porariamente, restringi-la de forma absoluta.
tir 51. Incluem-se dentre estes as crianças
(Diretriz 14) e as pessoas que, em decorrência O respeito ao princípio da autonomia, em tais
de transtornos mentais ou de comportamento, situações, não é extensivo a ponto de permitir
sejam incapazes de dar o adequado consenti- liberdade absoluta nem ao paciente nem ao
mento informado (Diretriz 15). A Resolução profissional médico que o trata. O que se
196/96 52 do Conselho Nacional de Saúde busca é uma relação baseada na confiança,
(CNS), que estabelece as diretrizes e normas competência e confidencialidade, em que as
regulamentadoras de pesquisas envolvendo partes interagem sempre de modo desigual 53.
seres humanos no Brasil, conceitua vulnerabi- No caso específico das crianças e adolescentes
lidade como o estado de pessoas ou grupos que, com transtorno mental, o exercício da auto-
por quaisquer razões ou motivos, tenham sua nomia é aspiração de conquista improvável na
capacidade de autodeterminação reduzida, sobre- maioria das circunstâncias, pois não há como
tudo no que se refere ao consentimento livre e fugir da tutela do responsável legal.
esclarecido. Em paralelo, consoante à mesma
resolução, incapacidade refere-se ao possível A delegação da autonomia a um terceiro é
sujeito da pesquisa que não tenha capacidade algo complexo, pois os interesses desse nem
civil para dar o seu consentimento livre e esclare- sempre coincidirão com os melhores interes-
cido, devendo ser assistido ou representado, de ses do representado. Enfatize-se que, no caso
acordo com a legislação brasileira vigente. das crianças, sua limitada capacidade de auto-
determinação é ainda mais reduzida, não
Quando há grave transtorno psíquico, o estig- sendo o mesmo verdadeiro para os adolescen-
ma da doença acarreta, com muita frequência, tes de maneira geral. Nesse mesmo horizonte,
a perda da autonomia para o seu portador, o a citada Declaração de Mônaco 49 enfatiza que
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A prevenção e o tratamento de transtornos a serem adotados, com os riscos, os benefí-
mentais na infância e na adolescência têm cios (resultados esperados) e os custos asso-
impacto concreto no futuro dos jovens, que ciados a cada uma das alternativas envolvidas.
favorece a diminuição da criminalidade, do Essas informações devem ser abrangentes e
abuso de substâncias, do fracasso e do aban- numa linguagem que possa ser entendida
dono escolar, do desenvolvimento de transtor- pelos pacientes e respectivas famílias. Somen-
nos de personalidade e de transtornos mentais te após assegurar que todas as questões rela-
na vida adulta, além de propiciar que se desen- tivas ao diagnóstico e tratamento da doença
volvam com maior capacidade de atuar como foram esclarecidas e compreendidas, torna-se
futuros pais e cidadãos. Esta prevenção deve possível a tomada de decisões em conjunto.
ser feita em todos os níveis, principalmente na Sendo os responsáveis legais, em geral os
família e na escola, ante o conhecimento da genitores, em tese os defensores dos interes-
inquestionável associação entre a violência ses do menor, são eles, a princípio, que deci-
familiar e urbana com os distúrbios mentais dem, mas o assentimento das crianças e ado-
na infância e adolescência. lescentes deve sempre ser buscado, desde que
o menor seja identificado pela equipe assis-
Mesmo em crianças e adolescentes com trans- tencial como capaz de entender e avaliar seu
tornos mentais deve-se ter a preocupação de problema.
propiciar o exercício do princípio bioético da
autonomia, na medida da maturidade e do Quando houver divergências entre o princí-
nível de seu entendimento, bem como do grau pio da beneficência, defendida pela equipe de
de controle da doença mental. Em crianças saúde, e o da autonomia da família, na ausên-
maiores ou adolescentes há espaço para a con- cia de risco iminente de morte, deve-se
quista da autonomia plena, sendo esta a regra ampliar o diálogo, envolvendo outros mem-
para os adolescentes, desde que considere a bros da equipe multiprofissional e da família
mencionada restrição. ampliada (avós, tios e outros). A exceção fica
por conta das situações em que há risco imi-
Para que seja possível a participação das crian- nente de morte, nas quais o assentimento
ças e adolescentes nas decisões sobre sua pelo menor e o consentimento pelos respon-
saúde (bem como a participação dos respon- sáveis legais podem ser considerados presumi-
sáveis legais), há a necessidade de esclareci- dos, o que é universalmente aceito e atende a
mentos sobre a enfermidade, o prognóstico e dispositivos legais e ao Código de Ética Médi-
os procedimentos diagnósticos e terapêuticos ca em vigor.
En este trabajo son presentados aspectos epidemiológicos relativos a los niños y adolescentes con
problemas de salud mental en el mundo y en Brasil, los trastornos más comunes en este franja
de edad, y la etiología de tales trastornos, con énfasis en el entorno familiar, en el cual se
encuentra una fuerte asociación entre la violencia doméstica y la ocurrencia de tales perturbaciones.
Se hace una discusión de la crisis en el suministro de servicios de salud para niños y adolescentes
con trastornos mentales en nuestro país y la escasez de profesionales preparados para trabajar
con este grupo de pacientes. Se discuten también los aspectos bioéticos involucrados en la
asistencia para expresarse, con énfasis en la vulnerabilidad de estos pacientes con relación el
ejercicio de la autonomía. Finalmente se considera que para abarcar el principio bioético de la
justicia, es urgente implantar e implementar servicios comunitarios de salud mental especializados
en el atendimiento a los niños y adolescentes, especialmente en las regiones carentes de nuestro
país y la periferia de las grandes ciudades.
Abstract
This paper examines the Epidemiological aspects of children and adolescents with mental health
problems in the world and in Brazil, this age range most common disorders , the etiology of such
disorders, with emphasis on family environment, finding a strong association between domestic
violence and the occurrence of such disturbances. It addressed the crisis in health services supply
for children and adolescents with mental disorders in Brazil, and the lack of professionals trained
to deal with this group of patients. Bioethics aspects involved in assistance are discussed also,
with emphasis on these patients’ vulnerability in exercising their autonomy. It finishes by
considering that to encompass the bioethic principle of justice, it is imperious to establish and to
implement community mental health services, specialized in assisting children and adolescents,
particularly in poor regions as well as at the periphery of large cities.
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