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Andreas Hofbauer
“É possível conjugar a busca por igualdade social, política e econômica com a defesa
do direito à diferença cultural? Como assegurar o respeito aos valores dos diferentes
grupos étnicos e, ao mesmo tempo, garantir o princípio do trata mento igual a todos os
cidadãos?”
Como mensurar o que pode ser considerado como diferença cultural ou desigualdade?
O que para alguns é diferença cultural, para outros pode ser considerado sinônimo de
desigualdade.
Ex: o véu q as mulheres muçulmanas usam
Polarização das questões dentro da antropologia e da sociologia: desigualdade
socioeconômica e diferença cultural.
Modernidade
História do Ocidente: as diferenças eram explicadas e justificadas pelos discursos
religiosos e políticos que inferiorizavam os povos colonizados.
Iluminismo: progresso, ciência, indivíduo, civilização, Estado.
Esses ideais contribuíram para naturalizar a noção de diferença.
A diferença seria explicada através do clima, geografia, corpos.
Os iluministas lutavam em seus países de origem contra autoridade do antigo Regime
feudal e monárquivo que impediam a implantação de uma sociedade burguesa baseada
na igualdade e liberdade.
Mas esses mesmos intelectuais costumavam apoiar a submissão colonial e exploração de
outros povos, uma vez que tal política de colonização fortaleceria o poder burguês, além
de civilizar esses povos e torna-los “modernos”.
Criou-se um discurso único (universalismo) sobre modernidade, ancorado nesses ideais
etnocêntricos do progresso, da civilização e que excluiu as sociedades que tipificaram de
“pré-modernas”.
Sociologia – ciência da modernidade.
Modernidade como capitalização – Marx
Modernidade como racionalização – Weber
Modernidade como processo de diferenciação funcional das sociedades – Durkheim,
Simmel.
Diferença – distanciamento temporal (presente/passado) e espacial (Ocidente/não
Ocidente).
Cultura e antropologia
Evolucionismo
Povos “primitivos”: infância da humanidade
Colonialismo cria noção de raça biológica
Franz Boas: culturalismo
Separação raça/cultura
Dimensão do simbólico
Comparação das culturas, mas não dava conta de analisar conflitos internos destas
– conflitos interétnicos, etc.
Anos 70/80: Bourdieu, Marshal Sahlins: entender como o sistema molda a prática e vice-
versa. Agenciamento: como sujeitos são criados enquanto agentes pelo social e como
criam esse social sendo agentes.
Virada literária: viés interpretativo de Clifford Geertz – criticaria o essencialismo e
homogeneidade da ideia clássica de cultura.
James Clifford – crítica à autoridade etnográfica
Reivindicação do abandono do termo cultura
Pois pode apenas substituir raça mas adquirir o mesmo sentido essencializado. E pode
naturalizar o modo como as diferenças são produzidas internamente.
Ex: Brasil ser caracterizado união de culturas diferentes esconde a ideia do quanto
o que se considera da cultura afro, indígena e etc foi constituído dentro do próprio
Brasil. AS diferenças são construídas nas relações sociais.
Noção de “integridade cultural” não tem como sobreviver em um mundo pós-industrial,
marcado pela circulação de repertórios culturais pelos meios de comunicação.
Cultura brasileira, por ex, sugere homogeneidade. Pensar linguagem e preconceito
linguístico. Como a linguagem muda com o tempo – internet.
Novos conceitos: Fluxos culturais (Hannerz), Viagens (Clifford)
Críticas de Sahlins: esvaziaram o conceito de cultura.
Cultura: modos de viver, organização social, pensamentos, valores, éticas, etc.
Para Sahlins, os autores considerados pós-modernos na antropologia, teriam reduzido à
noção de cultura à um mero marcador da diferença entre as sociedades.
Eriksen: necessária a revolta contra a noção de cultura, mas anuncia o perigo de q o
discurso antiessencialista pode desembocar na defesa de posições neoliberais.
Manuela Carneiro da Cunha: cultura sem aspas – modos de pensamento, organização
social, estilos de vida, etc . e cultura com aspas – “cultura”, como metadiscurso.
(autenticidade)
Diversidade e diferença
Diversidade: termo neutro politicamente, p. 78 – comidas, artesanato, modos de vestir,
etc.
Organização social, papeis de gênero, política, estrutura do parentesco, sistema
educacional, grupos minoritários, são tratados como práticas inaceitáveis quando
analisadas por quem não faz parte desse universo. Ex: sociedades do oriente médio e
como são analisadas pelo Ocidente.
Eriksen, essa distinção se explica pelo fato de que a diversidade cultural é sempre
benquista, enquanto o que ele caracteriza como diferença tende a ameaçar valores
culturais da “modernidade” Ocidental e Europeia: individualismo que sustenta políticas
neoliberais.
Qual o limite do que difere das sociedades europeias (seja em termos de diversidade
ou diferença) é considerado como válido enquanto outra cultura?
Voltamos ao Boas!
Por mais que ele tenha inserido a cultura em detrimento da raça, não conseguiu romper
com a dicotomia que caracteriza os conceitos de cultura, raça, diversidade e diferença:
ocidente x resto do mundo.