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Nesta Conferência, a implantação da Agenda 21, foi o mais importante compromisso firmado entre
os países, onde mais de 2.500 recomendações práticas foram estabelecidas tendo como objetivo
preparar o mundo para os desafios do século XXI.
Para atingir tal objetivo, as cidades têm a responsabilidade de implementar as Agendas 21 Locais,
através de um processo participativo e multissetorial, visando a elaboração de um plano de ação
para o desenvolvimento sustentável do Município.
Agenda 21 Local
A Agenda 21 Local serve para alcançar os objetivos propostos na Agenda 21 Nacional publicada no
ano de 2002, visando melhorar a qualidade de vida de toda a população, sem comprometer as
gerações futuras, tornando os Municípios e localidades mais humanas e saudáveis.
A construção da Agenda 21 Local não é uma tarefa somente do poder público. É um pacto de toda
a sociedade, um compromisso de cada cidadão com a qualidade de vida do seu bairro, da sua
cidade, enfim, do nosso planeta.
Uma pequena ação positiva ou negativa em sua comunidade refletirá em sua cidade,
conseqüentemente sua cidade em seu estado, seu estado em seu país e seu país em todo o mundo.
Ou seja, a atitude de cada cidadão é de extrema importância para o presente e o futuro do
planeta. Por isso é que se diz: “Pensar globalmente, agir localmente”.
21 perguntas e respostas para você saber mais sobre a Agenda 21 Local. Rio de Janeiro:
Comissão Pró-Agenda 21 Local, 1996.
Apresentação
A Agenda 21, acordo firmado entre 179 países durante a conferência das nações unidas para meio
ambiente e desenvolvimento em 1992 se constitui num poderoso instrumento de reconversão da
sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito de
progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, e
promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento.
O trabalho ora apresentado não se constitui uma obra de fundamentos científicos, mas de caráter
informativo, que tem aqui sua Segunda edição , revisada e atualizada. que busca orientar os
diferentes públicos interessados no tema da sustentabilidade a conhecer os conceitos e os
instrumentos básicos com os quais o governo brasileiro está firmando os pactos necessários à
definição do desenvolvimento sustentável para o Brasil, tendo a Agenda 21 como seu plano de ação
primordial.
É um plano de ação estratégico, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já feita de
promover, em escala planetária, novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de
proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Apesar de ser um ato internacional, sem caráter mandatório, a ampla adesão aos seus princípios
tem favorecido a inserção de novas posturas frente aos usos dos recursos naturais, a alteração de
padrões de consumo e a adoção de tecnologias mais brandas e limpas, e representa uma tomada
de posição ante a premente necessidade de assegurar a manutenção da qualidade do ambiente
natural e dos complexos ciclos da biosfera.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo quatro outros acordos: Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento; Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas; Convenção
das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica; e Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas.
- a Declaração de Estolcomo, aprovada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano (Estocolmo, julho 1972), que, pela primeira vez, introduziu, na agenda política
internacional, a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de
crescimento econômico e de uso de recursos naturais;
- a resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas (dezembro, 1989), solicitando a organização
de uma reunião mundial (CNUMAD - 92), para elaborar estratégia com o fim de deter e reverter os
processos de degradação ambiental e promover o desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21 Global indica as estratégias para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado.
Nesse sentido, identifica atores e parceiros, metodologias para obtenção de consensos e os
mecanismos institucionais necessários para sua implementação e monitoramento.
Dimensões sociais e econômicas - Seção onde são discutidas, entre outras, as políticas
internacionais que podem ajudar a viabilizar o desenvolvimento sustentável nos países em
desenvolvimento; as estratégias de combate à pobreza e à miséria; a necessidade de introduzir
mudanças nos padrões de produção e consumo; as interrelações entre sustentabilidade e dinâmica
demográfica; e as propostas para a melhoria da saúde pública e da qualidade de vida dos
assentamentos humanos;
Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento - Diz respeito ao manejo dos recursos
naturais (incluindo solos, água, mares e energia) e de resíduos e substâncias tóxicas de forma a
assegurar o desenvolvimento sustentável;
Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais - Aborda as ações necessárias para promover
a participação, nos processos decisórios, de alguns dos segmentos sociais mais relevantes. São
debatidas medidas destinadas a garantir a participação dos jovens, dos povos indígenas, das ONGs,
dos trabalhadores e sindicatos, dos representantes da comunidade científica e tecnológica, dos
agricultores e dos empresários (comércio e indústria);
Cooperação e parceria
Essa premissa, que permeia quase todos os capítulos da Agenda 21, reforça valores e práticas
participativas, dando consistência à experiência democrática dos países. Todos os grupos,
vulneráveis sob os aspectos social e político, ou em desvantagem relativa, como crianças, jovens,
idosos, deficientes, mulheres, populações tradicionais e indígenas, devem ser incluídos e
fortalecidos nos diferentes processos de implementação da Agenda 21 Nacional, Estadual e Local.
Esses processos requerem não apenas a igualdade de direitos e participação, mas também a
contribuição de cada grupo com seus valores, conhecimentos e sensibilidade;
Planejamento
Informação
O Brasil, assim como os demais países signatários dos acordos oriundos da CNUMAD/92, assumiu o
compromisso de elaborar e implementar a sua própria Agenda 21.
A CPDS foi criada por decreto presidencial de 26.02.97. Composição: Ministério do Meio Ambiente;
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério
das Relações Exteriores; Câmara de Políticas Sociais; Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais; Instituto Nacional de Altos Estudos; Fundação Movimento Onda Azul; Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável; e Universidade Federal de Minas Gerais.
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A estratégia de internalização das proposições da Agenda nas políticas públicas brasileiras está
estruturada em compromisso firmado entre a CPDS e o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão - MPOG, para que as estratégias pactuadas com os diferentes atores sociais durante a
construção da Agenda 21 Brasileira se constituam a base da elaboração do plano plurianual, o PPA,
obrigação constitucional de a cada quatro anos o governo aprovar, no Congresso Nacional, os
programas nos quais serão aplicados os recurso públicos do país.
Quando da elaboração do PPA 2000-2003, apresentou-se como subsídio o que então se dispunha,
como por exemplo o material estruturado sobre os seis temas básicos da Agenda 21 Brasileira. Essa
é a forma entendida pela CPDS de incorporar, de maneira efetiva, o conceito de desenvolvimento
sustentável nas políticas públicas do país.
Os primeiros passos foram dados em 1995, quando o MMA desenvolveu estudos, e promoveu uma
série de reuniões com diversos setores governamentais e não-governamentais, com vistas a colher
subsídios sobre o arranjo institucional que deveria conduzir o processo, bem como para definir a
metodologia a ser utilizada, e identificar as ações em andamento no país voltadas para o
desenvolvimento sustentável.
Essas iniciativas forneceram os insumos necessários para o desenho final que tomou a Comissão de
Políticas de Desenvolvimento Sustentável na forma do decreto presidencial de 29 de fevereiro de
1997 bem como após sua instalação, na aprovação da metodologia e do roteiro de trabalho para
elaboração da Agenda 21 Brasileira.
Rio+5 foi um evento proposto durante a Eco-92, para ocorrer cinco anos após o término dessa
conferência (daí seu nome), com vistas a avaliar o processo de implementação da Agenda 21 nos
países signatários.
São:
• Incorporar o princípio federativo - A seleção dos atores sociais e a abordagem de cada tema
deverão levar em conta as características relevantes, regionais e locais, com vistas a uma
redefinição das relações federativas, baseadas no princípio da subsidiariedade. Isso implica plena
articulação entre as instâncias federal, estadual e municipal, para assegurar graus de
responsabilidade diferenciados, cabendo ao âmbito federal somente aquilo que não seja da
competência dos estados ou dos municípios, e ao setor público apenas as atribuições que não
possam ser exercidas pela sociedade civil;
• Adotar, com visão prospectiva, abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica,
social, ambiental e político-institucional do desenvolvimento sustentável - A transição para o novo
modelo de desenvolvimento importa em substituir, por sinergias positivas, os atuais efeitos
negativos gerados pela influência de uma dimensão sobre outra, buscando eficiência econômica,
eqüidade social, conservação e qualidade ambiental e democracia.
A metodologia define quais as premissas e temas considerados prioritários para o país e, a exemplo
de outros países que já elaboraram suas agendas, determina que a Agenda 21 Brasileira não
replique os quarenta capítulos da Agenda 21 Global, e deva ser estruturada em três partes: uma
introdutória, delineando o perfil do país no limiar do séc. XXI; uma parte dedicada aos seis temas
prioritários (cidades sustentáveis, agricultura sustentável, infra-estrutura e integração regional,
gestão dos recursos naturais, redução das desigualdades sociais e ciência e tecnologia para o
desenvolvimento sustentável), e uma terceira sobre os meios de implementação.
Para iniciar a discussão dos temas definidos para a Agenda 21 Brasileira, a metodologia previa que
se procedesse uma consulta à sociedade sobre o que se entendia sobre cada tema selecionado,
quais os entraves à sustentabilidade em cada um e quais propostas de políticas publicas
construiriam a sustentabilidade em cada área abordada pelos temas. Previu ainda que não sendo
um documento de governo, esse processo de consulta fosse capitaneado por entidades da
sociedade sob a coordenação do MMA, na condição de secretaria executiva da CPDS.
Assim sendo, o MMA contratou, por intermédio de edital de concorrência pública nacional, seis
consórcios, que se encarregaram de organizar o processo de discussão e elaboração dos
documentos de referência sobre os temas definidos como centrais para a Agenda 21, utilizando
métodos participativos por meio de workshops e seminários abertos ao público, de forma a
envolver todos os setores da sociedade que se relacionam com os temas em questão.
O critério adotado pela CPDS para definição dos temas centrais da Agenda 21 Brasileira consignou
a escolha daqueles que melhor refletem a realidade socioeconômica e ambiental do país, e que,
no decorrer do processo de discussão, pudessem motivar os diferentes atores sociais para a
formulação e/ou reformulação de políticas públicas convergentes para o princípio da
sustentabilidade, e para a estratégia de desenvolvimento sustentável que o Brasil quer.
É necessário, portanto, novos instrumentos de gestão voltados para as cidades, que tanto
favoreçam sua administração como apoiem a rede urbana, em linha com as premissas do
desenvolvimento sustentável. Os trabalhos em torno desse tema abordam: uso e ocupação do solo;
planejamento e gestão urbana; habitação e melhoria das condições ambientais; serviços de
saneamento, água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem; prevenção, controle e mitigação dos
impactos ambientais; relação economia x meio ambiente urbano; conservação e reabilitação do
patrimônio histórico; transporte; e rede urbana e desenvolvimento sustentável dos assentamentos
humanos.
• agricultura sustentável - A importância territorial da agricultura brasileira faz com que tudo o
que diga respeito à organização socioeconômica, técnica e espacial da produção agropecuária deva
ser considerado de interesse estratégico e vital, do ponto de vista dos impactos sobre o meio
ambiente. Apesar disso, a pesquisa em ciências agrárias e as políticas de desenvolvimento no
Brasil, salvo raras exceções, estiveram por longo tempo, e em grande parte permanecem,
dissociadas dos princípios e dos conhecimentos acumulados pela ecologia. Esse fato explica porque
a agricultura é reconhecida hoje como uma das principais causas e, ao mesmo tempo, uma das
principais vítimas dos problemas ambientais da atualidade (ver Comissão Interministerial... – CIMA,
1991); talvez também revele porque, quando se fala da problemática ambiental, não se
estabeleça, freqüentemente, relação imediata com a agricultura.
As discussões referentes a esse tema consideram questões como: agricultura intensiva e expansão
da fronteira agrícola; conservação dos solos, produtividade e emprego de nutrientes químicos e
defensivos; irrigação; impactos da passagem de um modelo agrícola químico/mecânico para
modelo baseado em novas tecnologias, como a biotecnologia e a informática; produtividade e
melhoramento genético; assentamentos rurais e fontes energéticas; saúde e educação no campo;
emprego agrícola; tecnologias, agroecologia e agrossilvicultura; agricultura familiar; reforma
agrária e extensão rural; legislação; sistema de crédito rural; zoneamento; e mercado.
• gestão dos recursos naturais - O Brasil detém a maior diversidade biológica do planeta, 40% das
florestas tropicais e 20% de toda a água doce. Além disso, cerca de 45% do PIB e 31% das
exportações estão diretamente associados à base de recursos naturais do país. A estratégia a ser
estabelecida no tratamento desse tema concentra-se na proteção, valorização e uso dos recursos
naturais, envolvendo legislação atualizada e abrangente, instrumentos e sistemas avançados de
monitoramento e controle e políticas de apoio ao desenvolvimento tecnológico voltado para a
gestão adequada dos recursos naturais.
• redução das desigualdades sociais - O poder público tem papel importante na redução das
desigualdades no novo ciclo de crescimento. Torna-se necessário, portanto, produzir diagnósticos
que subsidiem as políticas públicas, privilegiando os grupos populacionais considerados
vulneráveis, como mulheres, crianças, adolescentes, índios, negros, jovens e adultos com pouca
instrução. É fundamental compreender os fatores determinantes da pobreza e suas inter-relações,
particularmente no que concerne ao sistema educacional, à formação profissional e emprego, à
saúde, à dinâmica demográfica e à distribuição de renda.
Etapa 1 – (i) coleta e análise de dados e informações; (ii) elaboração de documento preliminar
sobre o tema, abordando o referencial conceitual e metodológico utilizado pelo contratado;
aspectos de maior impacto; impasses e conflitos; as soluções adotadas até então, nacionalmente;
propostas e recomendações preliminares, para discussão no âmbito da Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional e, mais adiante, em workshop restrito a
especialistas de renomada experiência no tema; e (iii) planejamento do workshop com
especialistas;
Etapa 3 – (i) realização do seminário planejado na etapa anterior; (ii) produção do documento
final, incorporando os resultados do seminário e com estruturação seguindo as determinações do
Termo de Referência.
A CPDS, após concluída a etapa de consultas, realizou análise critica sobre o processo
desenvolvido, deduzindo sobre a necessidade de ampliar a discussão em torno da Agenda, não só
para que alguns temas relevantes, mas ausentes, fossem incluídos, como também para que
segmentos da sociedade que não tiveram oportunidade de se manifestar pudessem fazê-lo. Só
assim, supõe a CPDS, possa ser obtido o resultado esperado de formulação de políticas, pactuado
entre os diferente setores da sociedade brasileira.
b. que embora a metodologia seguida tenha previsto ampla participação dos principais atores
governamentais e da sociedade civil, os esforços até aqui despendidos não lograram êxito no
sentido de colocar o processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira na pauta política do país.
A necessidade de ampliar a participação dos diversos setores da sociedade brasileira, bem como de
dar visibilidade política ao processo, fez com que a CPDS decidisse pela sistematização dos seis
documentos temáticos em um único, para servir como subsídio aos debates a serem deflagrados na
segunda etapa de construção da Agenda. Foi chamado para essa tarefa o jornalista Washington
Novaes, que coordenou e elaborou o documento Agenda 21 Brasileira - Bases para discussão, com a
colaboração de Otto Ribas e Pedro da Costa Novaes.
No dia 8 de junho de 2000, durante a Semana do Meio Ambiente, a CPDS entregou ao presidente da
República o resultado dos trabalhos executados, já consolidados na obra mencionada. Também na
Semana do Meio Ambiente foi anunciada a continuidade do processo de elaboração da Agenda com
a realização de debates estaduais.
O envolvimento do presidente da República na convocação dos diferentes segmentos da sociedade, para ampliar os debates sobre as
estratégias de desenvolvimento sustentável, foi decisivo para a inserção da Agenda 21 Brasileira na pauta política do país.
No momento, o grande desafio é aumentar a divulgação do processo e a participação da sociedade na discussão das propostas
formuladas até agora. Nesse sentido, a estratégia sugerida pela CPDS está estruturada na promoção de debates estaduais, com
recomendações consolidadas em encontros regionais. No período julho a dezembro/2000, a CPDS e o MMA percorrerão todos os
estados da federação, divulgando e organizando esses debates.
Esse processo de convocação da sociedade para o debate em torno da Agenda 21 contará com a parceria dos governos estaduais, por
meio das secretarias de meio ambiente e das instituições oficiais de crédito e de fomento ao desenvolvimento, como o Banco do
Nordeste, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, Banco da
Amazônia, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, com os quais foi assinado termo de cooperação técnica, assinado também com
todos os estados na cerimônia do dia 8 de junho em Brasília.
O objetivo dos debates estaduais é definir estratégias e ações que vão conformar a Agenda 21 Brasileira, e pactuar, entre os
diferentes atores envolvidos, os compromissos para sua implementação.
O ponto de partida para os debates está no capítulo propostas para a construção da sustentabilidade, do documento Agenda 21
Brasileira - Bases para discussão.
Os estados, em conjunto com os parceiros regionais, identificarão os atores locais relevantes para distribuição dos documentos, bem
como de formulário de recebimento de propostas. É importante salientar: (i) as contribuições devem refletir o pensamento de
segmentos organizados da sociedade e não posições pessoais, individuais, e (ii) as discussões deverão estar centradas nas estratégias e
ações que vão compor a Agenda 21 Brasileira.
Com os resultados dos debates estaduais será editado documento de relatoria, apontando a visão predominante em cada estado,
sobre as contribuições apresentadas pelas diferentes entidades locais e sobre as diretrizes e ações constantes no documento Agenda
21 Brasileira - Bases para discussão.
Em cada região do país, ao final dos debates estaduais, será realizado ‘ encontro regional ’ com o propósito de analisar os trabalhos
de relatoria dos estados, para que seja possível então estruturar um documento que expresse os resultados por região. Finalmente, a
reunião dos cinco documentos regionais deverá permitir a conclusão do trabalho da Agenda 21 Brasileira.
Desenvolver processo participativo num país de dimensões continentais e sem nenhuma tradição nesse tipo de atividade de elaboração
de políticas públicas;
Desnivelamento de conhecimento e informações sobre os entraves à sustentabilidade e quanto às potencialidades do país para
construir o caminho de um novo modelo de desenvolvimento. Deve-se a dificuldade de informações à diversidade socioeconômica e
cultural, fruto da grande desigualdade social ainda prevalecente;
Dificuldade imposta pela cultura dominante no Ocidente, de perceber o mundo a partir de setorialidades e/ou de reivindicações de
casos particularizados, ou seja, dificuldade de criar sonhos comuns para um horizonte de tempo que vá além da vida de cada
indivíduo;
Criar e estabelecer planos comuns e futuros num país de demandas regionais específicas, e enormes desigualdades a serem reduzidas
no plano intra-nacional.
A Agenda 21 pode ser elaborada para o país como um todo, para regiões específicas, estados e municípios. Não há fórmula pré-
determinada para a construção de Agendas. Também não há vinculação ou subordinação entre a Agenda 21, em fase de organização
para o país, e as iniciativas de Agendas 21 Locais, ou seja, os municípios não devem esperar a conclusão da Agenda 21 Brasileira para
iniciar seus processos próprios de elaboração da Agenda 21.
Em 1997, durante a realização da Rio+5, foram divulgados os resultados de uma pesquisa do Conselho Internacional para Iniciativas
Ambientais Locais - ICLEI e pelo Departamento de Coordenação de Políticas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, sobre
a implementação das Agendas 21 Locais em todo o mundo. A metodologia dessa pesquisa procurou distinguir o processo de elaboração
da Agenda 21 Local de outras formas de planejamento em geral, e utilizou a seguinte conceituação de Agenda 21 Local:
“A Agenda 21 Local é um processo participativo, multissetorial, para alcançar os objetivos da Agenda 21 no nível local, através da
preparação e implementação de um plano de ação estratégica, de longo prazo, dirigido às questões prioritárias para o
desenvolvimento sustentável local”.
Com a Agenda 21 Local, a comunidade, junto com o poder público, aprende sobre suas dificuldades, identifica prioridades e
movimenta forças que podem transformar sua realidade.
Não há fórmula pré-determinada. A iniciativa pode ser tanto da comunidade quanto das autoridades locais, prefeitura e câmara de
vereadores. Seja qual for o ponto de partida, o envolvimento desses setores, ao longo do processo, é fundamental.
Para que a Agenda 21 se transforme em importante instrumento de mobilização social, é preciso, num primeiro momento, promover a
difusão de seus conceitos e pressupostos junto às comunidades, associações de moradores de bairro, escolas e empresas. Essa
iniciativa pode ser desempenhada por um pequeno grupo de trabalho, cujo esforço representaria grande avanço, facilitando o
aprendizado da população no tocante à construção da Agenda 21 Local para o município, e aprimorando a capacidade de participação
nos processos decisórios e de gestão. Além disso, esse grupo pode estabelecer metodologia de trabalho, reunir informações sobre
algumas das questões básicas para o município e examinar as possibilidades de financiamento para a implementação da Agenda 21
Local.
Uma vez concluída a missão do grupo de trabalho, recomenda-se a criação, pela prefeitura ou pela câmara de vereadores, de um
fórum ou conselho para elaborar, acompanhar e avaliar programa de desenvolvimento sustentável integrado para o município.
Considerando que a parceria é a base para o êxito do processo de elaboração e implementação da Agenda 21 Local, o fórum ou
conselho da Agenda 21 deve ser composto por representantes de todos os atores sociais da comunidade.
A Agenda 21 não tem data para terminar, pois é um processo pelo qual a sociedade vai realizando, passo a passo, suas metas. Por ser
um planejamento a longo prazo, com várias etapas, sua elaboração e implementação passam por revisões. Dessa forma, o que importa
não é seu início ou fim, mas que a Agenda 21 se estabeleça como processo participativo e contínuo.
Um programa de mudanças dirigido à sustentabilidade deve se basear na avaliação das atividades e dos sistemas existentes. É claro
que transformações não ocorrem repentinamente, mas é necessário o compromisso com a mudança, assim como o desenvolvimento de
políticas que possibilitem a realização de objetivos a longo prazo.
Poucos municípios brasileiros iniciaram a elaboração de suas Agendas 21 Locais, mas já existem bons exemplos de localidades em
fases de construção e até de conclusão do processo participativo de debates. Após pesquisa junto aos municípios, o Ministério do Meio
Ambiente, por intermédio do Departamento de Articulação Institucional e da Agenda 21, selecionou alguns desses exemplos, para
demonstrar como o processo de construção da Agenda 21 Local pode ser deflagrado, desenvolvido e implementado.
Como um processo de planejamento estratégico que visa atingir o desenvolvimento sustentável, o que se verifica é que a Agenda 21 é
um instrumento que pode ser utilizado por qualquer instância de governo, seja nacional, estadual ou municipal e mesmo em empresas
e instituições. O que importa não é a escala territorial, mas o envolvimento de diferentes atores sociais num planejamento
estratégico fundamentado no marco da sustentabilidade, ou seja, abordando os aspectos econômicos, sociais e ambientais de forma
integrada.
Assim, para exemplificar, no plano governamental existe um papel específico para cada uma das esferas de governo na definição de
políticas públicas: o plano federal define as políticas gerais e estruturantes do país, elaborando diretrizes e ações; ao estadual cabe,
em seu espaço territorial, exercício semelhante de formulação de políticas públicas, intransferíveis para o federal e/ou municipal, em
atendimento ao principio federativo que rege a nossa Constituição. A Agenda 21 Local tratará, assim, de assuntos específicos de cada
municipalidade, abordando temas que estão em sua esfera as decisão. Dessa forma, cria-se a harmonia entre as competências e o
apoio mútuo na formulação e implementação de ações para o desenvolvimento sustentável.
Para que se atinja esses objetivos existe um processo, um longo caminho a ser trilhado, que depende da sensibilização e do estágio de
amadurecimento de cada comunidade na discussão dos temas públicos de forma participativa. Assim, observando as diferentes
experiências de Agenda 21 no Brasil, podemos identificar diferentes estágios: o da sensibilização, capacitação e instituicionalização
do processo, onde se encontra o maior número de experiências; o da elaboração, ou seja, definição de temas, preparação de
diagnósticos, formulação de propostas e definição de meios de implementação e o estágio da implantação propriamente dito.
Na homepage do MMA (www.mma.gov.br/agenda21) pode-se conhecer as principais experiências municipais e estaduais em curso no
Brasil.
O Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA, gerido pelo MMA, lançou, recentemente, edital com linha de apoio à elaboração de
Agendas 21 Locais.
No endereço do MMA na Internet – http://www.mma.gov.br/ – podem ser encontrados no site da Agenda 21 Brasileira:
• documentos relativos à Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional - CPDS: decreto de criação,
atas das reuniões e documento de metodologia da Agenda 21 Brasileira, termos de referência dos temas estruturadores da Agenda 21
Brasileira; a integra dos seis documentos de subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira bem como o documento-síntese, Agenda 21
- Bases para discussão;
Referências Bibliográficas:
A CAMINHO da Agenda 21 Brasileira - princípios e ações 1992/1997. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, 1997.
AGENDA 21 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992 - Rio de Janeiro. Brasília: Senado Federal,
1996. 585p.
AGENDA 21 Brasileira - Bases para discussão/por Washington Novaes e outros. Brasília: MMA/PNUD, 2000. 192p.
AGRICULTURA sustentável/por Maria do Carmo de Lima Bezerra e José Eli da Veiga (Coordenadores). Brasília: MMA/IBAMA/Consórcio
Museu Emilio Goeldi, 2000. 192p.
CIDADES sustentáveis: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira/por Maria do Carmo de Lima Bezerra e Marlene Allan Fernandes
(Coordenadores). Brasília: MMA/IBAMA/Consórcio Parceria 21 IBAM-ISER-REDEH, 2000. 156p.
CIÊNCIA & tecnologia para o desenvolvimento sustentável/por Maria do Carmo de Lima Bezerra e Marcel Bursztyn (Coordenadores).
Brasília: MMA/IBAMA/Consórcio CDS/UnB/Abipti, 2000. 224p.
COMISSÃO INTERMINISTERIAL PARA PREPARAÇÃO DA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO -
CIMA. O Desafio do desenvolvimento sustentável: relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Brasília: Presidência da República/Secretaria de Imprensa, 1991. 204p.
CONSTRUINDO a Agenda 21 Local/coordenado por Maria do Carmo de Lima Bezerra. Brasília: MMA, 2000. 88p.
GESTÃO dos recursos naturais: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira/por Maria do Carmo de Lima Bezerra e Tania Maria
Tonelli Munhoz (Coordenadores). Brasília: MMA/IBAMA/Consórcio TC/BR/FUNATURA, 2000. 200p.
INFRA-ESTRUTURA e integração regional/por Maria do Carmo de Lima Bezerra e Luiz Alberto de Leers Costa Ribeiro (Coordenadores).
Brasília: MMA/IBAMA/Consórcio Sondotécnica/Crescente Fértil, 2000. 140p.
NOSSO futuro comum/Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991. 430p.
REDUÇÃO das desigualdades sociais/por Maria do Carmo de Lima Bezerra e Rubem César Fernandes (Coordenadores). Brasília:
MMA/IBAMA/Consórcio Parceria 21 IBAM-ISER- REDEH, 2000. 180p.
21 PERGUNTAS e respostas para você saber mais sobre a Agenda 21 Local. Rio de Janeiro: Comissão Pró-Agenda 21 Local, 1996.