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Como a Rede Globo manipulou o impeachment da presidente do Brasil, Dilma

Rousseff
.
Por Teun A. van Dijk - Universidade Pompeu Fabra, Barcelona
Resumo
O presente artigo tem como objetivo demonstrar que o impeachment da ex-presidente do
Brasil, Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, resultou de um golpe orquestrado pela elite
oligárquica e conservadora contra o Partido dos Trabalhadores, que estava no poder desde
2002, no qual a imprensa de direita brasileira desempenhou um papel determinante ao
manipular a opinião pública, além dos políticos que votaram contra Dilma. Destaca-se o
envolvimento do poderoso conglomerado midiático Organizações Globo que, utilizando-
se de seus veículos de comunicação, como o jornal O Globo e o noticiário televisivo de
mais alta audiência no país, o Jornal Nacional, demonizou e deslegitimou de maneira
sistemática a então presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o PT em suas reportagens e
editoriais ao seletivamente associá-los à corrupção disseminada e culpá-los pela séria
recessão econômica. Após um resumo desse contexto sociopolítico, e uma breve
definição de manipulação, serão analisadas algumas das estratégias de manipulação
empregadas pelos editoriais do jornal O Globo, no período que compreende março e abril
de 2016.

Introdução

Em 31 de agosto de 2016, o Senado brasileiro votou a favor do impeachment da


presidente Dilma Rousseff, pois ela teria feito ajustes no orçamento nacional por meio de
operações financeiras “ilegais”. Tal fato ocorreu após meses de debate nacional acirrado,
travado na grande imprensa, na internet e na Câmara dos Deputados. Após os bem-
sucedidos oito anos de governo de seu mundialmente famoso antecessor, Luiz Inácio Lula
da Silva (Lula), e quatro anos de seu primeiro mandato, Dilma foi re-eleita em 2014, com
uma vitória apertada, mas uma taxa de aprovação geral de 60%.
Como explicar que, em 2016, sua taxa de aprovação caiu drasticamente e mais de dois-
terços da Câmara e do Senado decidiram acusá-la e condená-la por uma prática financeira
comum entre seus antecessores?

Neste artigo, mostro que esse impeachment foi resultado de uma enorme manipulação
feita pelas Organizações Globo, o maior conglomerado midiático do país, voz da classe-
média conservadora e, de maneira mais geral, representante da elite oligárquica
conservadora brasileira.

Juntamente com outros jornais e revistas, o jornal O Globo e, especialmente, a Rede


Globo, com seu Jornal Nacional, o noticiário televisivo mais assistido no país,
aumentaram de maneira acentuada, desde 2012, seus ataques a Lula, Dilma eu seu partido,
o Partido dos Trabalhadores (ver Souza, 2011). A imprensa seletivamente os culpou pela
pior crise econômica enfrentada pelo país em décadas, além de acusá-los de corrupção,
como ocorreu no caso da Petrobrás.

A campanha midiática, exacerbando o descontentamento geral com relação à corrupção


política disseminada e o ressentimento da direita contra a coalizão de esquerda liderada
pelo PT, instigou, em março de 2016, enormes protestos feitos pela classe média
conservadora. Nesse contexto sociopolítico, o parlamento usou as operações financeiras
realizadas por Dilma Rousseff como pretexto para por fim em 13 anos de governo petista.

Apesar de não ser nada surpreendente o fato de uma imprensa conservadora criticar um
governo e uma presidente de esquerda, uma análise sistemática dos editoriais do jornal O
Globo, publicados entre março e abril de 2016, mostra que a opinião pública, os protestos,
e a subsequente decisão política tomada foram manipuladas por uma cobertura parcial e
deturpada. Tratarei deste assunto com mais detalhe após um apresentar um resumo da
teoria da manipulação, dentro do arcabouço da nossa abordagem multidisciplinar e
sociocognitiva dos Estudos Críticos do Discurso.

Limitações

Há muitos elementos que, infelizmente, não são apresentados neste artigo. Em primeiro
lugar, apenas ofereço um resumo de algumas propriedades teóricas da manipulação, e não
uma nova teoria ou resenha de pesquisas anteriores sobre o tema – o que demandaria um
estudo muito mais volumoso, um livro. Em segundo lugar, para entender os editoriais
de O Globo, seria necessária uma seção dedicada ao contexto sociopolítico brasileiro, à
grande imprensa brasileira e, especialmente, às Organizações Globo.
O contexto sociopolítico no Brasil

O impeachment da ex-presidente Rousseff (comumente chamada somente pelo primeiro


nome, Dilma, conforme o costume brasileiro – refere-se a políticos e outros famosos da
mesma maneira) deve ser analisado dentro de um contexto sociopolítico complexo de
polarização entre a esquerda, liderada pelo PT, e a direita, liderada pelo PSDB (um dos
partidos da oposição na época), cujo candidato, José Serra, perdeu as eleições de 2010
para Dilma (para análise a respeito do recente contexto sociopolítico do impeachment,
ver, p.ex. Jinkings, Doria & Cleto, 2016; Souza, 2016; para um histórico político mais
geral, ver, p.ex., Power, 2000; Hunter, 2010).

Desde a eleição do ex-presidente Lula em 2002, sua re-eleição em 2006 até os dias de
hoje, a direita brasileira, em geral, e a imprensa, em particular, buscam deslegitimar tanto
a ele quanto ao PT, apesar do sucesso espetacular e internacionalmente reconhecido que
obtiveram na luta contra a pobreza, com as políticas do Bolsa Família e Minha Casa,
Minha Vida – destinadas à população de baixa renda. Essa oposição se tornou mais
evidente com a eleição de sua sucessora Dilma Rousseff, em 2010 e, especialmente, após
sua re-eleição em 2014, quando ela ganhou (por pouco) do candidato da oposição Aécio
Neves, do PSDB.

As políticas progressistas do PT e partidos aliados contribuíram para tirar milhões de


brasileiros da pobreza e para aumentar a fama de Lula – motivos suficientes para gerar
ressentimento entre partidos, políticos e mídia conservadores e neoliberais (ver Hunter,
2010). Além disso, em 2005, o PT – entre outros partidos – esteve envolvido no escândalo
do Mensalão, um esquema de corrupção para compra de votos favorecendo propostas do
governo. Apesar do envolvimento de outros partidos no escândalo do mensalão, a mídia
seletivamente colocou seu foco no PT e nos políticos do PT, além do próprio Lula.

A intensidade dos editoriais e a parcialidade das reportagens do jornal O Globo em 2016


não devem ser explicadas apenas em termos da oposição ideológica, ou partidária, entre
a direita e a esquerda. De diferentes maneiras, o discurso da direita e o da mídia demonstra
um profundo ódio contra Lula, não apenas porque ele era a pessoa-símbolo do PT
enquanto inimigo político, por causa de sua fama internacional e do sucesso de seus
programas sociais, ou mesmo da corrupção da qual o PT participou, assim como os
demais partidos. Conforme também mostrarei em nossa análise do discurso, há também
uma questão de profundo ressentimento de classe, em um país com uma profunda e
resiliente desigualdade social (e racial). Lula sempre foi visto pela elite (branca)
conservadora como o metalúrgico pobre que conseguiu ganhas as eleições de 2002,
finalmente derrotando o PSDB – o último presidente eleito pelo partido foi Fernando
Henrique Cardoso (FHC), um conhecido professor de sociologia da Universidade de São
Paulo. Em 2014, o candidato tucano Aécio Neves, ex-governador do estado de Minas
Gerais, perdeu as eleições para Dilma.

Durante a presidência de Dilma Rousseff, a história se repetiu em um escândalo de


corrupção muito maior (às vezes chamado de “Petrolão”) na estatal petrolífera Petrobras,
além de outras grandes empresas, como a empreiteira Odebrecht, acusada de pagar
propinas a políticos e partidos. A investigação desse escândalo de corrupção, chamada
Operação Lava-Jato, foi (e ainda é) uma operação enorme que levou diversos empresários
conhecidos, além de políticos de diversos partidos (ver verbete da Wikipedia sobre a
Lava-Jato) a serem processados (e muitos! condenados). Mais uma vez, tanto a acusação,
principalmente o juiz Sérgio Moro, da cidade de Curitiba, localizada no sul do país e
centro da Operação Lava-Jato, e a mídia, voltaram mais sua atenção ao PT e a Lula do
que a outros políticos e partidos. A própria Dilma, que já havia sido ex-diretora da
Petrobras, nunca foi formalmente acusada de corrupção; mesmo assim, a mídia
rotineiramente a associava ao escândalo, além de ter acusado a ela (e a Lula) repetidas
vezes de obstruir as investigações da Operação.

Principalmente por conta da intensa cobertura midiática dedicada a esses grandes


escândalos, a opinião pública já tinha uma visão muito negativa da corrupção
generalizada no Brasil, principalmente em relação aos políticos e, mais especificamente,
ao PT, apesar da contínua popularidade de Lula e de Dilma entre milhões de brasileiros.
Simultaneamente, em 2015, a crise financeira internacional também chegou ao Brasil, e
a situação econômica do país se deteriorou rapidamente, contribuindo ainda mais para
uma atmosfera geral de crise, afetando boa parte da população.

É nesse cenário complexo que a direita e sua mídia viram, em 2015 e 2016, uma
oportunidade para finalmente acabar com o PT no poder e promover o impeachment de
Dilma Rousseff, sob o pretexto das pedaladas fiscais, de esquemas financeiros (como
empréstimos “ilegais” do Banco Central) para financiar programas sociais, a despeito do
baixo orçamento nacional. Apesar de governos anteriores terem lançado mão de
esquemas financeiros semelhantes, nesse caso a maioria dos políticos aproveitou a
oportunidade para acusar a presidente de “crime de responsabilidade”, uma das condições
formais para o impeachment no Brasil – uma democracia presidencialista.

Quando, em março de 2016, seu parceiro de coalizão, o PMDB e seu vice-presidente,


Michel Temer (PMDB), deixaram o governo, tornou-se possível angariar votos para o
início do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. O poderoso e manipulador
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), ele próprio acusado de corrupção e
lavagem de dinheiro (e atualmente preso), tornou- se o principal inimigo da presidente,
pois o PT não impediu que Cunha fosse investigado na Comissão de Ética da Câmara.

Uma das principais estratégias midiáticas, que pode ser observada nos editoriais de O
Globo, é a de repetidamente enfatizar a legitimidade e constitucionalidade do
impeachment – uma repetição que acaba por sugerir que poderia haver dúvidas sobre sua
legitimidade, já muito questionada por juristas brasileiros renomados (ver também Carta
Capital, /Intervozes, 16 de abril de 2016).

Enquanto isso, em meados de abril de 2016, principalmente por conta da influente


manipulação feita pela mídia, manifestações enormes (cujos participantes, em sua grande
maioria, da classe-média conservadora) contra o PT e contra Dilma foram realizadas em
todo o país, obviamente infladas pela mesma mídia e usadas como argumento populista
para persuadir parlamentares a votar contra a ex-presidente. Ocorreram também
manifestações menores a favor de Dilma, mas foram minimizadas pela mídia.

Um importante antecedente dessas manifestações, por exemplo, foram os protestos locais


ocorridos em 2013 contra o aumento das tarifas de ônibus, cujos participantes foram
muitas vezes descritos pela mídia como vândalos (ver também Silva & Marcondes, 2014).
Isso significa que em 2016 já havia um potencial generalizado de ocorrência de
protestos, que logo a mídia estendeu para todo o país, só que desta vez os participantes
não eram “vândalos”, mas todo o povo Brasileiro. Obviamente, conforme discutirei mais
adiante, os protagonistas dos protestos a favor de Dilma foram apenas descritos como
militantes e não como parte do povo. É interessante notar que, já nas manifestações
antiDilma de março de 2015, pedia-se o impeachment da ex-presidente (ver também
Catozzo & Barcellos, 2016).

Por fim, após a aprovação na Câmara, presidida por Eduardo Cunha, e sem o impedimento
da Suprema Corte (que deixou o parlamento decidir – ver também, Feres, 2016), era tarefa
constitucional do Senado julgar a presidente e, com mais do que a necessária maioria de
dois-terços, em 31 de agosto de 2016, o voto pelo impeachment venceu.

Apesar das grandes e constantes manifestações contra ele, e apesar não ser admirado ou
amado por ninguém, o vice-presidente Michel Temer se tornou automaticamente
presidente. Pela esquerda, era visto como um traidor do governo Dilma e também a figura
do que foi, de maneira geral, visto como um golpe contra ela. Todos os opositores ao
impeachment de Dilma chamaram-no de ‘golpista’, assim como seu governo, o
conglomerado Globo, além de outros veículos midiáticos e políticos envolvidos no golpe.

Como se para contrabalancear o impeachment anterior contra Dilma, no dia 12 de


setembro de 2016, a Câmara finalmente cassou o mandato parlamentar do poderoso,
porém, odiado Eduardo Cunha (ele já havia sido suspenso do posto de presidente da
Câmara), o que o fez perder foro privilegiado por prerrogativa de função. É óbvio que,
após o processo de impeachment, ele deixou de ser útil e se tornou motivo de vergonha
para a direita por conta de seus conhecidos atos de corrupção e lavagem de dinheiro, além
de (ter mentido sobre) suas contas na Suíça.

O conglomerado Globo e mídia brasileira

A mídia brasileira é dominada por poucas (umas quatro ou cinco) famílias ricas e
conservadoras cujas empresas detêm o monopólio dos jornais impressos, programas
televisivos e outros serviços. Além do jornal O Globo, há a influente Folha de São Paulo,
lida principalmente pela elite intelectual e empresarial, e o Estado de São
Paulo (chamado de Estadão) que, juntamente com as Organizações Globo, apoiou a
ditadura militar em 1964 – contudo, a Globo reconheceu que seu apoio à ditadura foi um
“erro” (ver Costa, 2015; Magnolo & Pereira, 2016). Por conta de seu papel no
impeachment de Dilma Rousseff, esses jornais foram, de maneira geral, chamados de
‘golpistas’ nos diversos protestos contra o impeachment. A venda desses jornais
relativamente é baixa (entre cerca de 160.000, como O Globo, e 350,000 cópias, como
a Folha) para um país tão grande com mais de 200 milhões de habitantes.

Além desses grandes jornais, existem as revistas semanais, como a Época, das
Organizações Globo, a Isto É e, principalmente, a Veja (cuja venda é superior a 1 milhão
de cópias) e todas participaram da demonização midiática generalizada de Dilma, Lula e
do PT (ver, p.ex., Matos, 2008; Porto, 2012).

É impressionante o fato de um país tão vasto como o Brasil, e com uma forte tradição de
esquerda, não ter um único jornal progressista, como é o caso da Argentina (Página 12)
ou do México (La Jornada), e apenas uma revista semanal progressista, a Carta Capital,
lida pela elite de esquerda (mas cujas vendas não ultrapassam cerca de 75,000 cópias).
Contudo, muitos brasileiros (principalmente os jovens), têm acesso à internet e leem
notícias e opiniões publicadas por veículos alternativos (em 2014, 55% dos brasileiros
tinham acesso à internet e 45% usavam as redes sociais).

A poderosa mídia conservadora brasileira é, às vezes, chamada de Partido da Imprensa


Golpista (PIG) – ver página informativa da Wikipedia – por conta de suas ações políticas
e influência nos processos de tomada de decisão do país. Seu principal objetivo era “não
deixar o PT ganhar” (Mauricio Dias, in Carta Capital 19/05/2010). O mesmo texto crítico
da Wikipedia, além de listar muitos exemplos de desinformação e abuso de poder por
parte da mídia, cita a opinião de José Antonio Camargo, presidente do Sindicato
Profissional dos Jornalistas do Estado de São Paulo, e secretário-geral da Federação
Nacional dos Jornalistas:

Distorcer, selecionar, divulgar opiniões como se fossem fatos não é exercer o jornalismo,
mas, sim, manipular o noticiário cotidiano segundo interesses outros que não os de
informar com veracidade. Se esses recursos são usados para influenciar ou determinar o
resultado de uma eleição configura-se golpe com o objetivo de interferir na vontade
popular. Não se trata aqui do uso da força, mas sim de técnicas de manipulação da opinião
pública. Neste contexto, o uso do conceito “golpe midiático” é perfeitamente
compreensível.

A frase acima resume perfeitamente algumas das conclusões a que cheguei após analisar
os editoriais publicados pelo jornal O Globo.

Grupo Globo

De todos os conglomerados midiáticos conservadores, a Organizações Globo, além de ser


o maior do Brasil, está entre os quatro maiores da América Latina. Mais relevante ao
contexto deste estudo não é apenas o jornal O Globo e seus ataques contínuos a Lula,
Dilma e o PT (ver, p.ex., Almeida & Lima, 2016), mas principalmente o noticiário
diário Jornal Nacional (JN), que é transmitido pela televisão todas as noites por volta das
20.30, entre duas novelas de grande audiência. Apesar de sua audiência ter caído em cerca
de 30%, ele permanece o noticiário televisivo mais influente, assistido por milhões de
brasileiros – para muitos dos quais o JN é a única fonte de informação sobre o que ocorre
no país em geral, e sobre o governo, corrupção e o processo de impeachment (ver, p.ex.,
Becker & Alves, 2015). Não há dúvidas de que a diminuição do apoio popular a Lula e a
Dilma se deve, em boa parte, à demonização diária feita pelo Jornal Nacional.

Como será visto adiante, uma das características interessantes dos editoriais do jornal O
Globo em 2016 foi sua reação à cobertura crítica ao impeachment feita pela imprensa
internacional de qualidade, principalmente pelo jornal The Guardian, que chegou a usar
o tempo golpe (ver os blogs Carta Capital, Intervozes, 28/4/2016; Comunidade PT,
12/5/2016).

Em 21 de abril de 2016, o The Guardian publicou um artigo de opinião do jornalista


David Miranda, intitulado “The real reason Dilma Rousseff’s enemies want her
impeached” [O verdadeiro motivo pelo qual os inimigos de Dilma Rousseff querem seu
impeachment], no qual ele informa o público internacional a respeito do poder das
Organizações Globo e de outros veículos midiáticos, de seus donos ricos e de como eles
manipulam a opinião pública contra Dilma. O vice-presidente das Organizações Globo,
João Roberto Marinho, imediatamente reagiu com uma carta ao The Guardian, afirmando
que a mídia brasileira é independente e diversa, que a Globo não é um monopólio
midiático, que não incitava os protestos contra Dilma e o PT. O próprio David Miranda
fez uma análise irônica dos argumentos em um longo artigo de opinião publicado no
website The Intercept(25 de abril de 2016), no qual ele detalha ainda mais o papel do
Grupo na política nacional enquanto “o maior agente propagandista da oligarquia
brasileira”. Ele lembrou que os Repórteres sem Fronteiras, em seu último ranking
internacional sobre liberdade de imprensa, colocou a mídia brasileira na escandalosa
baixa posição de número 104. Também mencionou uma matéria do The Economist,
publicada em junho de 2014 e intitulada “Globo Domination” [A dominação da Globo],
segundo a qual metade da população brasileira assiste ao Jornal
Nacional diariamente. Talvez a estimativa seja muito alta, mas isso não quer dizer que
o Jornal Nacional não domine e que não seja extremamente influente no Brasil.

Arcabouço Teórico: Manipulação

Como este estudo não tem como principal objetivo contribuir para a teoria da
manipulação, fará apenas um breve resumo do arcabouço teórico aplicado a este artigo,
com base em meu trabalho anterior sobre manipulação e discurso (Van Dijk, 2006), e em
outros trabalhos aos quais fiz referência, mas não comentários, a seguir.

1) A manipulação é um fenômeno complexo que requer um arcabouço


multidisciplinar (ver também De Saussure & Schultz, 2005), que inclui:

(a) um estudo filosófico da manipulação enquanto algo antiético ou ilegítimo,


majoritariamente utilizado como termo crítico para descrever a conduta de outros, e
dificilmente a nossa própria;

(b) um estudo sociológico da manipulação como forma de interação social e como forma
de abuso de poder e, portanto, um objeto relevante aos Estudos Críticos do Discurso;

(c) um estudo político da manipulação por políticos ou governantes;

(d) um estudo comunicacional da manipulação pela grande mídia;

(e) um estudo analítico-discursivo da manipulação na forma de texto ou fala;

(f) um estudo cognitivo dos processos e representações mentais envolvidos na


manipulação.
2) A manipulação pode ser interpessoal, quando indivíduos manipulam uns aos outros,
ou social, quando organizações ou instituições poderosas manipulam coletivos de pessoas
(como leitores de um jornal, eleitores ou a opinião pública de maneira geral). Neste
estudo, eu apenas abordo a manipulação social, apesar de tal manipulação poder ser
implantada localmente, ou exercida na interação diária entre membros de grupos ou
instituições.

3) A maior parte dos estudos psicológicos da manipulação é experimental e com foco nas
várias formas de engano interpessoal na interação e no discurso que, no entanto, não é o
mesmo que manipulação. Tal engano pode ser descrito conforme as várias formas de
violação do Princípio Cooperativo de Grice (1979), ex. por meio de implicações ocultas
(ver, p.ex. McCornack, 1992; e uma versão atualizada em McCornack, Morrison, Paik,
Wisner, & Zhu, 2014; ver também Jacobs, Dawson & Brashers, 1996; Van Swol, Braun
& Malhotra, 2012).

4) A manipulação social, como forma de dominação ou abuso de poder, envolve


organizações ou instituições enquanto agentes manipuladores se utilizando de recursos
de poder, como acesso a, controle sobre conhecimento ou discurso público (ver, p.ex.,
Goodin, 1980; Kedar, 1987; Riker, 1986; Stuhr & Cochran, 1990). Os alvos da
manipulação são normalmente caracterizados como tendo menos recursos
(conhecimento, por exemplo) para resistir a tal dominação.

5) Corporações e outras organizações poderosas, assim como Estados, podem organizar


seu poder comunicativo de várias maneiras, com departamentos de RP, coletivas de
imprensa, notas à imprensa, entrevistas, campanhas, publicidade, propaganda etc. – todas
voltadas para comunicar informações que geralmente interessam à organização, incluindo
formas de autorrepresentação positiva (ver Adams, 2006; Day, 1999; Key, 1989;
MacKenzie, 1984).

6) O primeiro objetivo cognitivo da manipulação é o controle da mente, ou seja, ter


influênciar sobre o que elas acreditam, como, por exemplo, seus modelos mentais
(incluindo a emoção) em relação a acontecimentos específicos ou seu conhecimento mais
genérico, atitudes ou ideologias, em geral a respeito de questões sociais importantes. O
objetivo secundário, indireto é controle da ação: fazer as pessoas agirem (votarem,
comprarem, marcharem, lutarem etc.) a partir de tais crenças e emoções (ver também
Hart, 2013; Van Dijk, 1998).

7) Mais especificamente, a manipulação discursiva não raro envolve a comunicação


da definição preferida da situação, que é descrita como a formação ou mudança
dos modelos de situação mental, como as identidades e os papéis dos participantes
envolvidos em um acontecimento, além de qual ação ou acontecimento está ocorrendo e
quais suas causas e consequências (Johnson-Laird, 1983; Van Dijk & Kintsch, 1983).

Por exemplo, o discurso manipulador pode esconder, obscurecer ou permanecer vago a


respeito da identidade de agentes ou organizações de elite responsáveis. As frases na voz
passiva ou nominações podem deixar implícito quem é responsável por uma ação (por
exemplo, a palavra discriminação não expressa quem discrimina e quem sofre
discriminação). (ver p.ex., Fowler, Hodge, Kress & Trew, 1979; Van Dijk, 2008). Da
mesma maneira, ações ou acontecimentos negativos podem ser descritos com o uso de
termos eufemísticos (ex. insatisfação popular em vez de racismo, ver Van Dijk, 1993).
Essa análise cognitiva do papel dos modelos mentais na manipulação é muito diferente
dos estudos populares a respeito de “controle da mente” (ver também Jones & Flaxman,
2015).

8) Diferentemente de formas legítimas de controle da mente e da ação, como educação


ou persuasão, a manipulação geralmente se dá conforme os interesses do manipulador e
não os do manipulado. É típico da manipulação que as motivações, as razões, os objetivos
ou interesses do manipulador fiquem mais ou menos encobertos (ver, p.ex., Adams, 2006;
Day, 1999; Key, 1989; Mackenzie, 1984).

9) Uma das características cruciais da manipulação discursiva, de acordo com o contexto


comunicativo, é, por exemplo, o tipo e as características (identidade, papel, relações) dos
participantes, os objetivos ou intenções do discurso ou interação, além de seus recursos
sociais e cognitivos (Van Dijk, 2008,2009). Os estudos pragmáticos da manipulação têm
como foco esses aspectos do contexto. Assim, Billig & Marinho (2005) fazem uma
distinção entre a manipulação de informação e os atos de manipulação de pessoas (ver
também De Saussure & Schulz; Vázquez Orta & Aldea Gimeno, 1991).
Manipulação e Discurso

Conforme vimos em alguns dos exemplos/afirmações(?) acima, o discurso manipulador


pode, de diversas maneiras, influenciar ou controlar os modelos mentais dos receptores
ao, por exemplo, esconder a identidade ou reponsabilidade de ações negativas, a natureza
de ações ou acontecimentos, suas causas e consequências ou, ainda, por outro lado,
atribuir ações negativas a opositores ou ‘grupos externos’ [outgroups].

Conforme veremos mais detalhadamente, há muitas estruturas e estratégias discursivas


que podem ser usadas para controlar os modelos mentais desejados para além da estrutura
gramatical das frases, como

. Itens lexicais parciais (ex. depreciativos) (ver, p.ex., Cheng & Lam, 2012; Li, 2010);

. Implicações e implicaturas (ver, p.ex., Jacobs, Dawson & Brashers, 1996);

. Generalizações (Bilmes, 2008; Van Dijk, 1984,1986);

. Formas de descrições de agentes (Van Leeuwen, 1996);

. Granularidade e outros modos de descrição de eventos que podem ser mais ou menos
precisos ou completos, detalhados ou vagos, próximos ou distantes etc. (Bhatia, 2005;
Van Dijk, 2014; Zhang, 2015);

. Storytelling [narração de histórias] (ver, p.ex., Auvinem, Lamsa, Sintonen & Takala,
2013; Van Dijk, 1984);

. Argumentação (Boix, 2007; Ilatov, 1993; Kienpointer, 2005; Nettel & Roque, 2012).

. Categorias superestruturais (esquemáticas), como manchetes em artigos jornalísticos


(Van Dijk, 1988a, 1988b);

. Polarização ideológica geral entre ‘grupos internos’ [ingroups] (Nós) e ‘grupos


externos’ (Eles) (Van Dijk, 1988).
Corpus

Meu corpus consiste em 18 editoriais sobre Dilma, Lula, o PT e o impeachment


publicados no jornalO Globo, nos meses de março e abril de 2016, que estrategicamente
precedem a decisão da Câmara dos Deputados de dar início ao processo de impeachment
contra a presidente. Os editoriais acompanham milhares de matérias, tanto no O
Globo quanto em outras mídias conservadoras, apresentando uma sistemática e grotesca
desinformação parcial a respeito de Dilma, Lula e do PT. Os editoriais foram escolhidos
para esta pesquisa porque formulam explicitamente as opiniões do jornal. Também farei
uma breve análise das manchetes correspondentes às matérias de capa a respeito deles,
pois essa informação é frequentemente presumida nos editoriais (uma análise completa
da Epistêmica da informação presumida em editoriais seria um tema interessante a ser
estudado).

Os editoriais, tradicionalmente publicados próximos do final (página 18) da primeira


seção do jornal (onde ficam as notícias nacionais), têm, em geral, de 500 a 1000 palavras,
quatro colunas, o marcador de gênero ‘Opinião’ acima do título e um breve resumo entre
as colunas.

O gênero editorial

Enquanto gênero textual, os editoriais seguem um esquema canônico (superestrutura),


que consiste em categorias, como: Resumo dos Acontecimentos, Comentários/Opinião
sobre os Acontecimentos e Conclusão/Recomendação. Essas categorias, por sua vez,
pode ser/são(?) organizadas em estruturas argumentativas ou (outros) marcadores do
discurso de persuasão. Seu estilo é a relativamente formal linguagem jornalística (ver,
p.ex., Bagnall, 1993; Simon-Vandenberg, 1985; Van Dijk, 1988b). Opiniões são
expressas em vários tipos de avaliações (ex. julgamentos sobre Lula, Dilma, o PT ou o
impeachment) (Martin & White, 2005). Uma análise mais aprofundada de um grande
número de editoriais de O Globo pode revelar estruturas mais específicas relativas ao
gênero ‘editorial’ em jornais brasileiros, e seria necessária pesquisa de campo para saber
mais sobre o contexto comunicacional, como, por exemplo, quem os escreve.
Métodos

Uma análise sistemática do discurso global e local dos editoriais se concentrará


principalmente nas propriedades que podem ter influência sobre os modelos mentais e as
atitudes dos leitores de maneira não explícita e que, portanto, podem ser chamadas de
manipuladoras. Tal influência pode consistir na formação dos modelos mentais preferidos
dos acontecimentos, a formação ou confirmação de atitudes, que os leitores de O Globo já
podem ter – e com as quais eles podem muito bem concordar. Neste caso, a influência
também é crucial, pois opiniões negativas sobre a presidente ou sobre o PT podem ser
legitimadas por esse ou aquele jornal, ou pelo conhecimento de opiniões e atitudes de
outros leitores ou brasileiros, conforme veiculadas pelo jornal.

Desta forma, primeiro me concentrarei nas macroestruturas semânticas (temas) das


manchetes de capa e, em seguida, nas dos editoriais para, depois, prosseguir à análise de
estruturas locais, especialmente as semânticas, como a identificação e descrição dos
agentes, além de várias estratégias de argumentação e legitimação. Editoriais consistem
em um gênero persuasivo, então, é claro que nos concentraremos nas propriedades
destinadas à manipulação de opinião.

Análise das Estratégias e Estruturas de Manipulação de O Globo

Manchetes

Para melhor entendimento dos editoriais, é necessária uma breve análise dos principais
acontecimentos ocorridos nas semanas que antecederam o processo de impeachment,
principalmente porque os editoriais não raro pressupõem conhecimento de tais
acontecimentos e comentam sobre deles. No entanto, tal conhecimento pode derivar não
apenas das notícias a respeito dos principais acontecimentos do dia, mas também, de
maneira mais geral, da cobertura dos mesmos ou de fatos relacionados a eles nas últimas
semanas, ou até meses. Tais notícias foram veiculadas em milhares de matérias, e também
em colunas, reportagens, entrevistas, e outros gêneros – e, portanto, iriam requerer uma
vasta análise epistêmica que vai muito além da abrangência do presente artigo. Portanto,
limitarei minha análise a uma breve descrição das manchetes de todas as principais
matérias de capa publicadas entre os meses de março a abril de 2016, conforme indicado
pelo tamanho e posição da manchete. Por definição, uma das principais funções das
manchetes é exprimir as mais elevadas macroestruturas semânticas da matéria
jornalística, ou seja, seu tema principal (Van Dijk, 1988b). Porém, manchetes também
têm a função de chamar a atenção e podem ser ideologicamente parciais. Por exemplo, se
Lula é acusado de algum ato criminoso, tal fato pode ser colocado em evidência na
manchete mesmo não se tratando do assunto principal. Isso se dá por conta da orientação
ideológica de O Globo, que irá enfatizar os aspectos negativos de seu inimigo ou do
‘grupo externo’ em geral (o PT ou a esquerda etc.).

Quarenta e cinco das 60 principais manchetes publicadas de março e abril de 2016 tinham
como tema Dilma, Lula, PT ou o impeachment de Dilma ou seu governo (um número
impressionante). Apenas no final desse período, após o início do processo de
impeachment na Câmara, algumas das principais manchetes de capa voltaram atenção
para Temer (enquanto presidente interino) e seu governo. Com frequência, mais de uma
matéria de capa tratam de Dilma ou Lula. Mesmo quando nenhum acontecimento
importante relacionado a eles tenha ocorrido, eles podem ser mencionados em manchetes
de matérias de capa menores. Dependendo da interpretação dada a elas (para a qual uma
análise avaliadora detalhada do discurso seria necessária), a maior parte das manchetes
explicitamente acusa ou associa Dilma e/ou Lula a atividades criminosas, geralmente por
meio de acusações da Operação Lava-Jato ou de muitos delatores que assinaram acordo
com a Operação. A seguir, alguns exemplos característicos (MdC significa Manchete de
Capa).

MdC01 Delação de Delcídio põe Dilma no centro da Lava-Jato. Presidente é acusada de


interferir em investigação. Lula mandou silêncio de Cerveró. (04/03/2016)
MdC02 Lava-Jato força Lula a depor e petista apela à militância. (05/03/2016)
MdC03 Lava-Jato desmente versão de Lula sobre tríplex. (06/03/2016)
MdC04 MP de São Paulo denuncia Lula por lavagem e falsidade. (10/03/2016)
MdC05 MP pede prisão de Lula. (11/03/2016)
MdC06 Brasil vai às ruas contra Lula e Dilma e a favor de Moto. Protesto pacífico reuniu
3,4 milhões de pessoas em 329 cidades de todos os estados e no Distrito
Federal. (14/03/2016)

MdC07 Dilma pode dar a Lula superpoderes no governo. (15/03/2016)


MdC08 Diálogo ameaça Dilma. (17/03/2016)
MdC09 Aliados de Dilma e Lula fazem atos em todos os estados. (19/03/2016)
PT reúne 275 mil. 7% do público das manifestações pelo impeachment.
MdC10 Defesa de Lula pede ao STF que pare Moro. (21/03/2016)
MdC11 Supremo investiga se Dilma tentou obstruir Justiça. (24/03/2016)
MdC12 Dilma usará Bolsa Família contra impeachment. (04/04/2016)
MdC13 Procurador acusa Dilma de tentar obstruir a justiça. (08/04/2016)
MdC14 Comissão aprova relatório pelo impeachment de Dilma. (12/04/2016)
MdC15 Por 337 votos, 25 a mais do que o necessário, Câmara aprova autorização para
processo de impeachment da presidente Dilma.
PERTO DO FIM (18/04/2016)
MdC16 Ministros do STF: Dilma ofende instituições ao falar em golpe. (21/04/2016)

Uma primeira análise mostra que a maioria das manchetes correspondentes às (principais)
notícias publicadas em O Globo durante as duas semanas cruciais antecedentes à votação
na Câmara apresenta Dilma e/ou Lula como participantes ativos ou passivos de
acontecimentos ou atividades ligadas a questões legais ou penais. Ambos são
representados como sendo ativamente envolvidos em algum crime, ou na Operação Lava-
Jato ou, ainda, são acusados de crimes por terceiros. Nas manchetes publicadas mais
tarde, o foco está nos acontecimentos ocorridos na Câmara, até 18 de abril, quando,
detalhadamente, com precisão numérica, os votos da Câmara são noticiados e seguidos
de uma enorme manchete que vai de ponta a ponta da página: PERTO DO FIM. Outras
manchetes de capa, também contendo números, aparecem em 14 de abril, quando os
enormes protestos contra Dilma foram noticiados. Nesse caso, contudo, as principais
notícias da manifestação não ficam limitadas à primeira página; em vez disso, continuam
por nove páginas inteiras, em muitas outras matérias, colunas e fotos. Comentarei a
respeito dessas matérias na análise dos editoriais. Em 19 de março, os manifestantes a
favor de Dilma também estão na capa, juntamente com números, mas nesse caso em uma
comparação negativa com o número de manifestantes contra Dilma para minimizar a
relevância dos pró-Dilma e enfatizar sua menor quantidade de apoiadores. Uma análise
funcional da organização do tópico-comentário e das manchetes, em geral, coloca a Lava-
Jato, delatores, a Polícia Federal (PF) ou o Supremo Tribunal Federal (STF) na posição
de primeiro tema enquanto agentes (em sua maioria) acusadores que colocam Dilma e
Lula em posição focal e de paciente semântico da acusação. Apenas em algumas
manchetes, Dilma ocupa posição focal e de agente, como em situações em que ela é
diretamente acusada de algum ato (negativo) – ex. quando ela possivelmente nomeará
Lula e lhe dará poderes especiais, ou quando ela (ameaça) acabar com o Bolsa Família.

Durante essas semanas (e muitas semanas anteriores, desde 2014), todas as manchetes
transmitiam de maneira geral a informação (repetida, portanto, como a principal
informação no modelo mental do evento na memória dos leitores) de que: (a) Dilma e
Lula (são acusados) de atividades criminosas e (b) que (portanto) Dilma tem de sofrer
impeachment. Também crucial é a ênfase que se dá às repetidas informações negativas
sobre Lula – o que condiz com a atitude de O Globo em relação a ele. A principal intenção
de tal retrato é deslegitimá-lo perante os milhões de brasileiros que costumavam amá-lo
ou adorá-lo. E o elemento mais relevante politicamente é a condenação de Lula por
corrupção (uma empresa supostamente teria pagado uma reforma em seu apartamento),
algo que o impossibilitaria de ser candidato à presidência em 2018 – o que seria uma
ameaça à direita, por que Lula, pelo menos até então, permanecia sendo o político mais
querido/popular(?) do país.

Os Editoriais

Principais temas e parcialidades

Os temas gerais dos editoriais são, como esperado, semelhantes àqueles das principais
matérias do dia ou do dia anterior, como acusações contra Lula, Dilma ou o PT. A seguir,
os principais tópicos dos 18 editoriais (ver Tabela 1):

Data Manchete Temas principais

PT descontente é PT pressiona Dilma para mudar o Ministro da


03/03/2016promessa de mais Justiça, mas resiste em limitar a autonomia da
pressão sobre Dilma Polícia Federal.

Delatores acusam Lula de corrupção. Acusações


Uma reafirmação de
05/03/2016 também atingem Dilma. Operação Lava-Jato é
princípios republicanos
independente.

Em 13 anos de Treze anos de desastres econômicos e escândalos de


06/03/2016
escândalos corrupção devido ao governo do PT.
Milhões de manifestantes contra Lula, Dilma e o
Um ‘basta’ das ruas a
15/03/2016 PT, e a favor do juiz Moro da Operação Lava-Jato.
Dilma, Lula e PT
Processo de impeachment iniciado.

Lula e Dilma apostam Dilma quer nomear lula como ministro para
17/03/2016
tudo para sobreviver protegê-lo de acusação.

Vale-tudo empurra
Conversa telefônica mostra que Dilma e Lula estão
18/03/2016Dilma e Lula à
obstruindo a justiça.
ilegalidade

O impeachment é uma
As instituições, o parlamento, devem começar o
19/03/2016saída institucional para
processo de impeachment imediatamente.
a crise

Dilma nomeia novo ministro da Justiça, que quer


A preocupante ofensiva
paralisar a Operação Lava-Jato. As instituições
22/03/2016do governo contra a
funcionam: a comissão de impeachment iniciou os
Lava-Jato
trabalhos.

Dilma radicaliza e fala Dilma compara o impeachment com o golpe militar


24/03/2016
de um país imaginário de 1964 e quer apenas agitar os fãs.

A farsa do ‘golpe’
O PT manipula as pessoas com acusação absurda de
30/03/2016construída pelo
‘golpe’.
lulopetismo.

Tentativa desesperada
Depois de o PMDB deixar governo, Dilma marca
31/03/2016com o velho
reuniões para angariar votos contra o impeachment.
fisiologismo

Tempo no impeachment
06/04/2016
corr

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