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Este artigo, fruto de uma intensa atividade de reflexão escrita de todos nós, alunos do Curso
de Direito da UMESP, surgiu da discussão que esteve presente no decorrer do semestre na
disciplina: Cidadania, ética pública e ação cultural. Resolvemos escrever sobre os Serviços
prestados ao público, devido aos abusos relatados pelos meios de comunicação presentes
em nosso cotidiano pelo que Milton Santos chama de funcionários sem mandato, é sabido
que muitas pessoas que confiaram no trabalho se decepcionaram. O presente texto pretende
trabalhar estas idéias, de modo que possamos olhar através da perspectiva do direito, o
desrespeito que vem ocorrendo as regra de conduta e da ética que requer o trabalho que os
serviços públicos visam prestar.
O Direito que os cidadãos vêm adquirindo aos poucos, e que levou muito tempo para ser
construído e respeitado vem, como sabemos, sofrendo com a grande dificuldade que a
população enfrenta no dia a dia para fazer valer seus direitos que às vezes desaparecem
porque não são postos em prática. A princípio, achamos que isto ocorra por falta de
consciência dos próprios cidadãos seja por normas e desculpas de resolução posta por
nossos governantes trazendo um efeito de omissão do papel de um cidadão e seus direitos.
Estes efeitos citados são objetivados pelos governantes que enriquecem justamente através
da ignorância em relação aos direitos conquistados pela população o que gera um grande
desrespeito para com os cidadãos e uma cultura que se perpetua.
Milton Santos, em seu trabalho: O espaço do cidadão mostra-nos que estes atos de
desrespeito aos direitos e à representação que alguns dos funcionários públicos em relação
à população, viola a moral, os direitos e principalmente, ataca a cultura dos cidadãos, dando
a impressão de que os serviços públicos podem ser algo negociável, quando o mesmo é
inalienável.
Para que possamos esclarecer melhor nossas idéias, chegamos à questão da ética no serviço
público. Mas, o que é "ética"? Contemporaneamente e de forma bastante usual, a palavra
ética é mais compreendida como disciplina da área de filosofia e que tem por objetivo a
moral ou moralidade, os bons costumes, o bom comportamento e a boa fé, inclusive. Por
sua vez, a moral deveria estar intrinsecamente ligada ao comportamento humano, na mesma
medida, em que está o seu caráter, personalidade, etc; presumindo portanto, que também a
ética pode ser avaliada de maneira boa ou ruim, justa ou injusta, correta ou incorreta.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos entender esse conceito analisando
certos comportamentos do nosso dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao
comportamento de determinados profissionais podendo ser desde um médico, jornalista,
advogado, administrador, um político e até mesmo um professor; expressões como: ética
médica, ética jornalística, ética administrativa e ética pública, são muito comuns.
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção, extorsão, ineficiência,
etc, mas na realidade o que devemos ter como ponto de referência em relação ao serviço
público, ou na vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou daqueles que estiverem
envolvidos na vida pública, entretanto não basta que haja padrão, tão somente, é necessário
que esse padrão seja ético, acima de tudo .
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos dos servidores
públicos advêm de sua própria natureza, ou seja, de caráter público, e sua relação com o
público. A questão da ética pública está diretamente relacionada aos princípios
fundamentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de "Norma
Fundamental", uma norma hipotética com premissas ideológicas e que deve reger tudo mais
o que estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás,
podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais da boa conduta, a
boa fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a uma vida equilibrada do
cidadão na sociedade, lembrando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, "bem viver".
E também a idéia de impessoalidade, supõe uma distinção entre aquilo que é público e
aquilo que é privada (no sentido do interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito
entre os interesses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar abertamente
nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão, jornais e revistas, que este é um dos
principais problemas que cercam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar
acima de seus interesses.
A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fértil para se reproduzir , pois o
comportamento de autoridades públicas estão longe de se basearem em princípios éticos e
isto ocorre devido a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e especialmente,
por falta de mecanismos de controle e responsabilização adequada dos atos anti-éticos.
A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade nesta situação, pois não se
mobilizam para exercer os seus direitos e impedir estes casos vergonhosos de abuso de
poder por parte do Pode Público. Um dos motivos para esta falta de mobilização social se
dá, devido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce sua cidadania. A
cidadania Segundo Milton Santos " é como uma lei", isto é, ela existe mas precisa ser
descoberta , aprendida, utilizada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa
evolução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando passa a ter direitos
sociais. A luta por esses direitos garante um padrão de vida mais decente. O Estado, por sua
vez, tenta refrear os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a
cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa. Porém Milton Santos
questiona, se "há cidadão neste pais"? Pois para ele desde o nascimento as pessoas herdam
de seus pais e ao longa da vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo
contestados posteriormente com a formação de idéias de cada um, porém a maioria das
pessoas não sabem se são ou não cidadãos.
Se o Estado, que a principio deve impor a ordem e o respeito como regra de conduta para
uma sociedade civilizada, é o primeiro a evidenciar o ato imoral, vêem esta realidade como
uma razão, desculpa ou oportunidade para salvar-se, e , assim sendo, através dos usos de
sua atribuição publica.
A consciência ética, como a educação e a cultura são aprendidas pelo ser humano, assim, a
ética na administração publica, pode e deve ser desenvolvida junto aos agentes públicos
ocasionando assim, uma mudança na administração publica que deve ser sentida pelo
contribuinte que dela se utiliza diariamente, seja por meio da simplificação de
procedimentos, isto é, a rapidez de respostas e qualidade dos serviços prestados, seja pela
forma de agir e de contato entre o cidadão e os funcionários públicos.
A mudança que se deseja na Administração pública implica numa gradativa, mas necessária
"transformação cultura" dentro da estrutura organizacional da Administração Pública, isto
é, uma reavaliação e valorização das tradições, valores, hábitos, normas, etc, que nascem e
se forma ao longo do tempo e que criam um determinado estilo de atuação no seio da
organização.
Conclui-se, assim, que a improbidade e a falta de ética que nascem nas máquinas
administrativas devido ao terreno fértil encontrado devido à existência de governos
autoritários, governos regidos por políticos sem ética, sem critérios de justiça social e que,
mesmo após o advento de regimes democrático, continuam contaminados pelo "vírus" dos
interesses escusos geralmente oriundos de sociedades dominadas por situações de pobreza e
injustiça social, abala a confiança das instituições, prejudica a eficácia das organizações,
aumenta os custos, compromete o bom uso dos recursos públicos e os resultados dos
contratos firmados pela Administração Pública e ainda castiga cada vez mais a sociedade
que sofre com a pobreza, com a miséria, a falta de sistema de saúde, de esgoto, habitação,
ocasionados pela falta de investimentos financeiros do Governo, porque os funcionários
públicos priorizam seus interesses pessoais em detrimento dos interesses sociais.
Essa situação vergonhosa só terá um fim no dia em que a sociedade resolver lutar para
exercer os seus direitos respondendo positivamente o questionamento feito por Milton
Santos "HÁ CIDADÃOS NESTE PAÍS?" e poderemos responder em alto e bom som que "
SIM. Há cidadão neste pais. E somos todos brasileiros.".
Finalizando, gostaríamos de destacar alguns pontos básicos, que baseado neste estudo,
julgamos essenciais para a boa conduta, um padrão ético, impessoal e moralístico:
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Índice
6. Número de Vagas: 30
10.1. Conceitos de Ética (do grego ethos) e Moral (do latim mos).
10.2. Usos da palavra “ética” (C. Reis): Uso convencional e Uso valorativo.
___. Dec. N.º 1.171. Brasília: Planalto, 1994. [Código de Ética do Servidor Público].
___. Lei 8.112. Brasília: Senado, 11.12.1990. [Lei do Servidor Público, especialmente
os artigos 116 e 117].
II – VOCABULÁRIO
Nota: Vocabulário elaborado e organizado pelos professores Ana ÉDam Wuensch, Carla
Bordignon, Ubirajara C. Carvalho e Wilton Barroso Filho para o Programa Permanente
de Capacitação e Atualização de Pessoal da UnB – CESPE – SRH.
Ética: (ethos) disciplina filosófica que estuda o valor das condutas humanas, seus
motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores e justificativas morais, aquilo que se
considera o bem. Análise da capacidade humana de escolher, ser livre e responsável
por sua conduta entre os demais. Para alguns autores, o mesmo que moral.
Antiético: contra uma ética estabelecida ou contra a idéia (da ética) de estabelecer o
que devemos fazer ou quem queremos ser levando os outros em consideração. Muitas
vezes, o antiético tem idéias éticas próprias.
Imoral: contra uma moral ou a idéia moral vigente. Muitas vezes, o indivíduo que
questiona uma ética dominante tem idéias morais próprias ou diferentes.
Amoral: sem moral (aquém ou além dela), mas não contra uma ou outra moral.
Trabalho: (ergon, tripalium, lavoro, labor, serviço) Atividade que produz riqueza
econômica e articulação social entre as pessoas, embora possa não ser remunerado
(voluntário ou escravo). Remunerado, pode não corresponder ao esforço empreendido;
assalariado, gera mais-valia para quem detém os meios de produção. Não confundir
trabalho com emprego, que é o trabalho remunerado e reconhecido socialmente.
Trabalhar significa aprender a fazer e saber fazer alguma coisa que transforma a
realidade e a própria pessoa que trabalha. Do mais simples ao mais complexo
trabalho, pelo corpo humano (mãos, braços, voz, olhos, ouvidos, cérebro...) criamos o
TÍTULO I
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I – independência nacional;
IV – não-intervenção;
VI – defesa da paz;
TÍTULO II
CAPÍTULO I
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
(...)
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado;
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
(...)
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
(...)
(...)
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
IV – Jurisprudência: Princípio da Moralidade
HABEAS CORPUS
1. RE 300507 / RS
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Julgamento: 23/08/2005
DECISÃO: - Vistos. O acórdão recorrido, proferido pela Segunda Câmara Cível do Eg.
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, em apelação cível, está assim
ementado: (...) E continua: ‘A obrigatoriedade do pagamento da ‘multa civil’ decorre
da afronta ao princípio da moralidade administrativa ou da probidade administrativa.
É verdadeira sanção pecuniária ao agente ímprobo, tendo por parâmetro o valor do
acréscimo patrimonial havido com a conduta ilícita.’ Ante o exposto, opina o Ministério
Público pelo improvimento do presente recurso, ante a ausência da alegada
inconstitucionalidade do art. 12 e seus incisos I, II e III da Lei 8.429/92. (...).” (Fls.
1.363-1.366) Correto o parecer, que adoto. De fato, o art. 37, § 4º, da Constituição
atribuiu à lei ordinária a forma e a gradação das sanções nele previstas, aplicáveis aos
responsáveis pelos atos de improbidade administrativa. Nesse sentido, legítimo o
estabelecimento de multa civil pela Lei 8.429/92. A previsão em lei desta sanção
atende ao requisito de razoabilidade e encontra-se em uma relação de
proporcionalidade com a importância do bem jurídico que se pretende salvaguardar.
Do exposto, nego seguimento ao recurso (arts. 557, caput, do CPC, 38 da Lei 8.038/90
e 21, § 1º, do RI/STF). Publique-se. Brasília, 23 de agosto de 2005. Ministro CARLOS
VELLOSO – Relator –
2. ADI 3473 MC / DF
Julgamento: 01/07/2005
Despacho
3. AI 527303 / MG
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Julgamento: 08/06/2005
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
413.782-8 SANTA CATARINA
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
ACÓRDÃO
(...)
VOTO
(...)
O Estado brasileiro, talvez em exemplo único em todo o mundo ocidental,
exerce, de forma cada vez mais criativa, o seu poder de estabelecer sanções políticas
(ou indiretas), objetivando compelir o sujeito passivo a cumprir o seu dever tributário.
Tantas foram as sanções tributárias indiretas criadas pelo Estado brasileiro que deram
origem a três Súmulas do Supremo Tribunal Federal.
...................................................
...................................................
(...)
DECRETA:
ITAMAR FRANCO
Romildo Canhim
ANEXO
CAPÍTULO I
Seção I
VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-
la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da
Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder
corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até
mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
Seção II
Dos Principais Deveres do Servidor Público
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter,
escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais
vantajosa para o bem comum;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se
materializam na adequada prestação dos serviços públicos;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a
capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem
qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade,
religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
dano moral;
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público
Nota: Perguntas elaboradas pelos professores Ana Míriam Wuensch, Carla Bordignon,
Ubirajara C. Carvalho e Wilton Barroso Filho para o Programa Permanente de
Capacitação e Atualização de Pessoal da UnB – CESPE – SRH.
(...)
Título IV
Do Regime Disciplinar
Capítulo I
Dos Deveres
Capítulo II
Das Proibições
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto
em situações de emergência e transitórias;
(...)
MAURO BENEVIDES
X – LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. (arts. 10-12).
(...)
Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda
que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio
de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação
de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades
previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Seção III
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e
que deva permanecer em segredo;
CAPÍTULO III
Das Penas
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
(...)
CAPÍTULO VIII
Das Disposições Finais
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de
21 de dezembro de 1958 e demais disposições em contrário.
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
0 PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos
IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117
da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho
de 1992,
DECRETA:
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal, que com este baixa.
ITAMAR FRANCO
Romildo Canhim
ANEXO
Seção I
Das Regras Deontológicas
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal,
devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do
ato administrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente
por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade
administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua
finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em fator de legalidade.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido
como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida
particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em
sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que
contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum
Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou
da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em
que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de
atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de
desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.
XI - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando
atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o
descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até
mesmo imprudência no desempenho da função pública.
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização
do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
XIII - 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus
colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade
pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.
Seção II
Dos Principais Deveres do Servidor Público
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando
prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer
outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com
o fim de evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo
sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens,
direitos e serviços da coletividade a seu cargo;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na
adequada prestação dos serviços públicos;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer
comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao
trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas,
abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e
dos jurisdicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade
estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo
qualquer violação expressa à lei;
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de
Ética, estimulando o seu integral cumprimento.
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter
qualquer favorecimento, para si ou para outrem;
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este
Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer
pessoa, causando-lhe dano moral ou material;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou
bem pertencente ao patrimônio público;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a
dignidade da pessoa humana;
CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE ÉTICA
XVII -- Cada Comissão de Ética, integrada por três servidores públicos e respectivos
suplentes, poderá instaurar, de ofício, processo sobre ato, fato ou conduta que considerar passível
de infringência a princípio ou norma ético-profissional, podendo ainda conhecer de consultas,
denúncias ou representações formuladas contra o servidor público, a repartição ou o setor em que
haja ocorrido a falta, cuja análise e deliberação forem recomendáveis para atender ou resguardar o
exercício do cargo ou função pública, desde que formuladas por autoridade, servidor,
jurisdicionados administrativos, qualquer cidadão que se identifique ou quaisquer entidades
associativas regularmente constituídas. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da execução do
quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e
fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor
público.
XIX - Os procedimentos a serem adotados pela Comissão de Ética, para a apuração de fato
ou ato que, em princípio, se apresente contrário à ética, em conformidade com este Código, terão o
rito sumário, ouvidos apenas o queixoso e o servidor, ou apenas este, se a apuração decorrer de
conhecimento de ofício, cabendo sempre recurso ao respectivo Ministro de Estado. (Revogado
pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
XX - Dada a eventual gravidade da conduta do servidor ou sua reincidência, poderá a
Comissão de Ética encaminhar a sua decisão e respectivo expediente para a Comissão
Permanente de Processo Disciplinar do respectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, se for o
caso, à entidade em que, por exercício profissional, o servidor público esteja inscrito, para as
providências disciplinares cabíveis. O retardamento dos procedimentos aqui prescritos implicará
comprometimento ético da própria Comissão, cabendo à Comissão de Ética do órgão
hierarquicamente superior o seu conhecimento e providências. (Revogado pelo Decreto nº 6.029,
de 2007)
XXI - As decisões da Comissão de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua
apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos
interessados, divulgadas no próprio órgão, bem como remetidas às demais Comissões de Ética,
criadas com o fito de formação da consciência ética na prestação de serviços públicos. Uma cópia
completa de todo o expediente deverá ser remetida à Secretaria da Administração Federal da
Presidência da República. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua
fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com
ciência do faltoso.
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo
aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado
direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações
públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou
em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
XXV - Em cada órgão do Poder Executivo Federal em que qualquer cidadão houver de tomar
posse ou ser investido em função pública, deverá ser prestado, perante a respectiva Comissão de
Ética, um compromisso solene de acatamento e observância das regras estabelecidas por este
Código de Ética e de todos os princípios éticos e morais estabelecidos pela tradição e pelos bons
costumes. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
ARTIGO “DIREITONET” - http://www.direitonet.com.br/artigos/x/26/74/2674/
A insatisfação com a conduta ética no serviço público é um fato que vem sendo
constantemente criticado pela sociedade brasileira. De modo geral, o país enfrenta o
descrédito da opinião pública a respeito do comportamento dos administradores públicos e
da classe política em todas as suas esferas: municipal, estadual e federal. A partir desse
cenário, é natural que a expectativa da sociedade seja mais exigente com a conduta
daqueles que desempenham atividades no serviço e na gestão de bens públicos.
Para discorrer sobre o tema, é importante conceituar moral, moralidade e ética. A moral
pode ser entendida como o conjunto de regras consideradas válidas, de modo absoluto, para
qualquer tempo ou lugar, grupo ou pessoa determinada, ou, ainda, como a ciência dos
costumes, a qual difere de país para país, sendo que, em nenhum lugar, permanece a mesma
por muito tempo. Portanto, observa-se que a moral é mutável, variando de acordo com o
desenvolvimento de cada sociedade. Em conseqüência, deste conceito, surgiria outro: o da
moralidade, como a qualidade do que é moral. A ética, no entanto, representaria uma
abordagem sobre as constantes morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou
menos permanente no tempo e uniforme no espaço. A ética é a ciência da moral ou aquela
que estuda o comportamento dos homens na sociedade.
A falta de ética, tão criticada pela sociedade, na condução do serviço público por
administradores e políticos, generaliza a todos, colocando-os no mesmo patamar, além de
constituir-se em uma visão imediatista.
É certo que a crítica que a sociedade tem feito ao serviço público, seja ela por causa das
longas filas ou da morosidade no andamento de processos, muitas vezes tem fundamento.
Também, com referência ao gerenciamento dos recursos financeiros, têm-se notícia, em
todas as esferas de governo, de denúncias sobre desvio de verbas públicas, envolvendo
administradores públicos e políticos em geral.
A questão deveria ser conduzida com muita seriedade, porque desfazer a imagem negativa
do padrão ético do serviço público brasileiro é tarefa das mais difíceis.
Refletindo sobre a questão, acredita-se que um alternativa, para o governo, poderia ser a
oferta à sociedade de ações educativas de boa qualidade, nas quais os indivíduos pudessem
ter, desde o início da sua formação, valores arraigados e trilhados na moralidade. Dessa
forma, seriam garantidos aos mesmos, comportamentos mais duradouros e interiorização de
princípios éticos.
Os códigos não deixam dúvidas quanto às questões que envolvem interesses particulares, as
quais, jamais, devem ser priorizadas em detrimento daquelas de interesses públicos, ainda
mais se forem caracterizadas como situações ilícitas. Dentre as proibições elencadas, tem-
se o uso do cargo para obter favores, receber presentes, prejudicar alguém através de
perseguições por qualquer que seja o motivo, a utilização de informações sigilosas em
proveito próprio e a rasura e alteração de documentos e processos. Todas elas evocam os
princípios fundamentais da administração pública: legalidade, impessoalidade, publicidade
e moralidade – este último princípio intimamente ligado à ética no serviço público. Além
desses, também se podem destacar os princípios da igualdade e da probidade.
Diante dessas reflexões, a ética deveria ser considerada como um caminho no qual os
indivíduos tivessem condições de escolha livre e, nesse particular, é de grande importância
a formação e as informações recebidas por cada cidadão ao longo da vida.
A ética tem sido um dos mais trabalhados temas da atualidade, porque se vem exigindo
valores morais em todas as instâncias da sociedade, sejam elas políticas, científicas ou
econômicas.
Referências Bibliográficas:
PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações: uma introdução. Salvador: Passos & Passos,
2000.
LOPES, Maurício. Ética e Administração Pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.