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SUMÁRIO
Parte I – A petição inicial no processo do trabalho: um estudo propedêutico da
“reclamação trabalhista”, 3
ANEXO I – Seguro-desemprego, 74
ANEXO II – Aviso Prévio, 81
ANEXO III – Comissão de Conciliação Prévia, 82
ANEXO IV – Tutela Antecipada/Liminares, 87
Modelo de Tópico (causa de pedir), 88
Modelo de redação (requerimento), 89
ANEXO V – Supressão do intervalo intrajornada, 90
Modelo de Tópico (causa de pedir), 91
ANEXO VI – Súmula do TST, verbetes 244 e 378, 92
SEMINÁRIOS, 93
Tema A, 93; Tema B, 94; Tema C, 95; Tema D, 96.
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PARTE I – A PETIÇÃO INICIAL NO PROCESSO DO TRABALHO:
UM ESTUDO PROPEDÊUTICO DA “RECLAMAÇÃO TRABALHISTA”1
Gilberto Carlos Maistro Junior
Introdução
No presente estudo, tratar-se-á da petição inicial no processo do trabalho. Objetiva-se,
aqui, traçar singelas reflexões acerca do tema, com destaque para a sua relevância no que toca
à salvaguarda dos direitos do autor e, consequentemente, a toda a devida atenção devida a
cada um dos detalhes pertinentes à sua redação. Assim, o presente trabalho é apresentado
como convite ao estudo do tema, de modo a servir, por si só, quando muito, como reunião de
lições propedêuticas.
Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de dez dias, aditando a sentença arbitral
e notificando as partes na forma do art. 29.
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença
proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.
Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
I - for nulo o compromisso;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da
nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.
§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento comum,
previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até noventa dias após o recebimento da
notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento.
§ 2º A sentença que julgar procedente o pedido:
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses.
§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante ação de
embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial.
4 Art.2º. “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado o requerer, nos
casos e formas legais”.
5 Art.262. “O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial”. Antonio
Claudio da Costa Machado, sobre o disposto nesse dispositivo, ensina: “A regra consagra o princípio dispositivo ou
princípio da iniciativa da parte, segundo o qual o processo para nascer depende de provocação do interessado
mediante ação (o art.2º expressa o aspecto negativo do mesmo princípio, afirmando que o juiz não presta a tutela
jurisdicional de ofício”. Mas, se para se formar a relação processual exige provocação, para se desenvolver o
processo conta com a atuação espontânea do próprio magistrado (o impulso oficial). Expressão do impulso oficial,
por outro lado, é o poder que tem o juiz para determinar provas (art.130), o que é, da mesma maneira, exceção ao
princípio dispositivo”.(Código de Processo Civil interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 9.ed. São
Paulo: Manole, 2010, p.278).
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Dessa forma, a petição inicial consiste na peça processual indispensável ao exercício do
direito de ação, pelo autor, quando esse o faz pela via escrita6, quer por assim optar quando lhe
autorizado pelo sistema, quer por exigência legal.
Vale lembrar que alguns procedimentos permitem a propositura de ação de forma oral.
Exemplos conhecidos mas que merecem ser aqui relembrado são o “procedimento sumaríssimo”
do Processo Civil (ou seja, o rito previsto na Lei 9.099/1995), para os feitos que tramitam perante
os Juizados Especiais, e a “Reclamação” Trabalhista7.
Assim, proposta a ação, terá início o processo. Isso em razão do fato de que “processo é
movimento”, ou seja, um conjunto de atos processuais praticados por seus sujeitos, havidos no
propósito da prestação da tutela jurisdicional e tendente à pacificação social com justiça (ou seja,
à qualificação do acesso à justiça para dele fazer ou concretizar o que se pode chamar de
“acesso à ordem jurídica justa”). Trata-se, desse modo, de “instrumento da jurisdição”, por servir
ao ente dotado de jurisdição para fim de guiar a sua atividade. Disso, explica-se a passagem do
estado de inércia para o impulso oficial (“movimento”), havido a partir da propositura da ação.
Com isso, ao mesmo tempo em que concretiza o exercício do direito de ação, a distribuição ou
despacho primeiro da petição inicial (CPC, art.263) assume o posto de ato processual de origem,
ou seja, do qual resulta o início do próprio “processo”, no caso específico. A petição inicial é,
nota-se, o primeiro ato do procedimento8, sendo, por isso, considerada pressuposto de
constituição válida e regular9 do processo.
6 Alguns autores vislumbram a existência de petição inicial mesmo na chamada reclamação verbal (vide
CLT, art.840, “caput” e §2º). Por exemplo, cite-se a lição de Cleber Lúcio de Almeida: “Prevendo a CLT que no
termo da reclamação verbal devem ser observadas, no que couberem, as exigências relativas à reclamação escrita
(art.840, §2º), no processo do trabalho pode-se falar em petição inicial estrito sensu (correspondente à reclamação
escrita) e petição inicial lato sensu (termo a que é reduzida a reclamação verbal) – (Direito processual do
trabalho. 3.ed. Belo Horizonte: Del Rey: 2009, p.469). Com o máximo respeito, ousa-se divergir desse
posicionamento. Petição inicial somente existe quando a “reclamação” é proposta valendo-se o reclamante de peça
escrita, distribuída ou despachada na forma do CPC, art.263. Na hipótese de reclamação verbal (melhor seria, aqui,
também, aludir-se a reclamação “oral”), o que se tem é o chamado “termo inicial”.
7 Na forma da CLT, art.840, “caput”, que traz: “A reclamação poderá ser escrita ou verbal”. Quanto à
reclamação verbal, vale ressaltar que não se considerará proposta a partir da distribuição de uma petição inicial (ou
despacho primeiro dessa). Nesse caso, sequer haverá, propriamente, uma “petição inicial”. Ocorre que , aqui, os
relatos orais havidos pelo “reclamante” deverão ser “reduzidos a termo” na Secretaria da Vara. Assim, o “termo
inicial” substituirá a “petição inicial”. Nesse sentido, fixa a CLT, art.840, §2º: “Se verbal, a reclamação será reduzida
a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou diretor de secretaria, observado, no que couber, o
disposto no parágrafo anterior”. Sobre o referido “parágrafo anterior” (art.840, §1º), tratar-se-á adiante.
8 Eduardo Gabriel Saad, José Eduardo Duarte Saad e Ana Maria Saad Castello Branco afirmam que a
petição inicial “se constitui no primeiro ato processual, do qual derivam todos os outros. [...] Enfim, é a petição inicial
a manifestação concreta do desejo do Reclamante de invocar a tutela jurisdicional” (Curso de direito processual
do trabalho. 6.ed. São Paulo: LTr, 2008, p.504).
9 Trata-se de pressuposto de existência (petição inicial) e validade (petição inicial apta) do processo.
Antonio Claudio da Costa Machado afirma: “Petição inicial é o instrumento ou veículo formal da ação (ação em
sentido constitucional como demanda ou direito ao processo ou em sentido processual como direito a uma sentença
de mérito). É o meio processual pelo qual o autor deduz em juízo uma causa, fazendo assim nascer um processo.
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Passemos, então, ao breve estudo da petição inicial no processo do trabalho.
2. A petição inicial
2.1. Conceito
José Frederico Marques ensina: “Petição inicial é o ato processual com que se inicia a
ação e em que se formaliza o pedido de prestação jurisdicional formulado pelo autor”10.
Assim, trata-se do instrumento formal de que se vale o autor para fim de exercer o seu
direito de ação e, com isso, retirar o Estado-juiz de sua condição principiológica de inércia,
obrigando-o a prestar a atividade jurisdicional e apreciar os pedidos deduzidos pelas partes,
desde que reunidas as condições legais de viabilidade para tanto (condições da ação e
pressupostos processuais, em especial)11.
2.2. Denominação
Diversas são as formas pelas quais, na praxe forense, se faz referência à petição inicial:
petição (ou peça) inicial, exordial, preambular, vestibular, proemial, prefacial, incoativa, de
ingresso, dentre outros. O Código de Processo Civil utiliza “petição inicial”. No âmbito do direito
processual do trabalho, notamos que o texto do art.840, “caput” e, depois, §1º, da CLT, utiliza
“reclamação” no sentido da própria inicial (ao trazer que a reclamação escrita reunirá os
requisitos formais claramente destinados ao texto da exordial). Considera-se, aqui, como
evidente manifestação de atecnia do legislador, talvez provocada pela então ainda pendente
integração da Justiça do Trabalho ao Poder Judiciário verificada nos tempos da elaboração do
texto consolidado12.
E justamente sob este ponto de vista é que se diz que a petição inicial corresponde ao primeiro ato da relação
processual e do procedimento, tendo, portanto, a natureza de pressuposto de constituição ou formação do processo
ou primeiro pressuposto processual objetivo positivo” (Código de Processo Civil interpretado: artigo por artigo,
parágrafo por parágrafo. 9.ed. São Paulo: Manole, 2010, p.321).
10 Manual de Direito Processual Civil. 9.ed. Campinas: Millenium, 2003, p.47, v.II.
11 Em regra, os pedidos são deduzidos pelo autor. Todavia, não se pode ignorar as possibilidades de pedido
contraposto e de reconvenção, quando preenchidos os requisitos fixados na lei processual para tanto.
12 A Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário por força do texto da Constituição de 1946, e a
CLT data de 1943. Saliente-se, aqui, o que é lembrado por Sérgio Pinto Martins, no sentido do uso corrente da
palavra “reclamação” para fim de designar a ação ou a própria inicial trabalhista. No mais, a lição de Martins segue a
mesma trilha do supra exposto, conforme segue: “O art.,840 da CLT usa a palavra reclamação. Na prática também
é usada a referida palavra em vez de petição inicial. Reclamação vem da época administrativa. O art.840 da CLT e
seus parágrafos têm a redação original da CLT. Reclamação, porém, não quer dizer nada, pois o filho reclama do
pai. O professor reclama do aluno. Isso não significa ação ou petição inicial. Muitas vezes, o uso da palavra
reclamação pretende também querer justificar a autonomia do processo do trabalho” (Direito processual do
trabalho. 34.ed. São Paulo: Atlas, 248).
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2.3. Requisitos formais13
Como supra salientado, a petição inicial consiste em um instrumento formal. Tal se dá
pois a inicial deverá ser redigida com estrita observância dos requisitos formais estatuídos no
art.282, sem prejuízo da atenção ao disposto no art.283, ambos do Código de Processo Civil.
Nesse ponto, algumas questões surgem, e, para fim da melhor compreensão do tema
sob análise, não podem ser ignoradas. A primeira delas guarda relação aos dispositivos legais
supra mencionados: o que resta disciplinado a luz dos respectivos textos ?
Pois bem. O CPC, em seu art.282, traz o que se pode chamar de “requisitos formais
intrínsecos” da petição inicial. Em outras palavras, o dispositivo legal em questão aponta quais
são os elementos mínimos essenciais que devem compor a estrutura do texto da petição
inicial14. Nesse sentido, ensina José Frederico Marques que a inicial deve conter “os elementos
discriminados no art.282 do Código de Processo Civil”. E continua:
Instrumento que é do pedido do autor, na inicial devem vir os dados
concernentes à individualização subjetiva e objetiva da ação a ser proposta.
E é por isso que, nos incs.II, III e IV, o citado art.282 dispõe que a inicial
indicará: a) “os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e
residência do autor e do réu” (indicação dos elementos subjetivos – art. 282,
II); b) “o fato e os fundamentos jurídicos do pedido”, bem como “o pedido,
com as suas especificações” (indicação dos elementos objetivos - art.282, III
e IV).
Aponta ainda o arc.VIt.282 outros elementos da inicial, concernentes à
constituição do processo como relação jurídica, e que são: a) “o valor da
causa” (inc.V); b) “as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
dos fatos alegados” (inc.VI); c) “o requerimento para citação do réu” (inc.VII).
13 Antonio Claudio da Costa Machado afirma: “Os requisitos formais da peça inicial do processo, como todas
as formalidades em direito, representam, como já visto, segurança jurídica ou, se quisermos, garantia de direitos
(José Frederico Marques). A preocupação da lei é, na verdade, com o conteúdo do ato, de sorte que garanta as
pessoas contra demandas levianas, mal caracterizadas e contra o arbítrio. O meio pelo qual a lei impõe os
conteúdos necessários para estabelecer a segurança jurídica almejada é a forma e, ao lado desta, um sistema de
sanções para o caso de desobediência” (Código de Processo Civil interpretado: artigo por artigo, parágrafo por
parágrafo. 9.ed. São Paulo: Manole, 2010, p.321-322).
14 Antonio Claudio da Costa Machado ensina, em comentários ao art.282, I, do CPC: “Os requisitos a seguir
elencados possuem basicamente duas finalidades, quais sejam a formação do processo (incisos I, II, V, VI e VII) e a
identificação da ação (incisos II, III e IV). Quanto ao conteúdo das declarações a que correspondem, os requisitos
pode ser divididos em declarações preponderantemente de vontade (incisos I,IV, VI e VII) e declarações
preponderantemente de ciência (incisos II, III e V). Outra classificação distingue os requisitos da petição inicial em
intrínsecos e extrínsecos. Intrínsecos são todos os expressamente arrolados neste art.282 e mais os
seguintes: forma escrita, exigência de expressão em vernáculo, assinatura (art.169) e endereço do
advogado (art.39, I). [...]” – negrito meu (Código de Processo Civil interpretado: artigo por artigo, parágrafo por
parágrafo. 9.ed. São Paulo: Manole, 2010, p.322).
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Ao trazido na lição de Frederico Marques, some-se o teor do inc.I do referido artigo do
CPC, que exige traga a petição inicial a indicação da autoridade (juiz ou tribunal) a quem é
dirigida – que, no caso de reclamação trabalhista, costuma ser corretamente atendido por
redação, por exemplo, como a seguinte: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR15 JUIZ DO
TRABALHO16 DA VARA DO TRABALHO DE, seguido da referência ao local da prestação de
serviços (cidade/UF), sempre de acordo com as regras de competência territorial ditadas no
art.651 da CLT17.
Dessa feita, a petição inicial deverá ser redigida de modo a atender a todos os referidos
requisitos (ou seja, não se admite a falta de qualquer um deles no texto da peça em questão).
Porém, não se resume ao disposto no art.282 do CPC a estrutura mínima da referida peça. O
mesmo Código de Processo Civil exige, ainda, no art.169, que a inicial traga a assinatura do
advogado (ou da parte, nas hipóteses em que se admite o jus postulandi)18. Já o art.39 do
mesmo Código exige que o advogado ou a parte (esta, quando postular em causa própria), na
inicial, declare o endereço no qual receberá intimações19.
Observe-se, outrossim, que os ditos requisitos satisfazem o necessário à redação de
petição inicial formalmente apta nas ações que desencadearão processos exteriorizados em
procedimento comum. Nas hipóteses de procedimentos especiais, não raro há previsão legal de
requisitos formais específicos para a petição inicial, que também deverão ser observados pelo
autor. A título de exemplo, aponte-se o CPC, art.893, que agrega dois requerimentos à estrutura
formal da petição inicial na ação de consignação em pagamento (na verdade, um requerimento a
mais – autorização para depósito no prazo de 5 dias contados da intimação do deferimento – e
De outro lado, a mesma CLT dispõe, em seu art.769, que se admite a aplicação
subsidiária da lei processual comum – conceito no qual se inclui o disposto no CPC – quando
verificada lacuna na Consolidação. E mais: exige a compatibilidade da norma que se pretende
aplicar com os princípios e regras que regem o direito processual do trabalho.
20 “Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá: (Redação dada pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do
deferimento, ressalvada a hipótese do § 3o do art. 890; (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta. (Incluído pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)”.
21 Posiciona-se Amauri Mascaro Nascimento no seguinte sentido: “Na petição inicial trabalhista não há
obrigação de apontar os fundamentos jurídicos do pedido. Essa exigência não está contida na lei, como também
não é indispensável, pela mesma razão, apontar os meios de prova a serem produzidos. Por outro lado, a
concentração das provas em audiência afasta a necessidade de indicação prévia das provas a serem produzidas.
Basta que as partes compareçam à audiência com as suas testemunhas, independentemente de intimação destas.
Não é preciso, também, pedir a citação do réu, porque no processo trabalhista esse ato é automático e independe
de providência do juiz. A secretaria expede a notificação via postal, com base nos dados fornecidos pela petição
inicial, acompanhada de uma cópia desta. Em decorrência do Enunciado n.74 do TST, na inicial deve ser
expressamente pedida a intimação do reclamado para prestar depoimento pessoal, sob pena de confissão” (Curso
de direito processual do trabalho. 21.ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.389).
22 Vale o registro de que outros diplomas trazem normas processuais trabalhistas. Entende-se que o
principal deles é a Lei 5.584/1970.
10
Ora, em primeiro lugar, nota-se que não existe lacuna no texto consolidado: o art.840,
§1º, dispõe sobre os requisitos formais da petição inicial, especificando-os, inclusive. Poder-se-ia
afirmar que o art.282 do CPC é mais abrangente, ou, simplesmente, que indica outros requisitos
além dos estatuídos no referido dispositivo da CLT, a indicar lacuna quanto a esses e permitir
uma espécie de “complementação” da estrutura formal da inicial trabalhista pela aplicação do
dito e conhecido artigo do Código de Processo Civil. Todavia, tal posição seria exagerada e
equivocada, por desconsiderar peculiaridades extremamente relevantes do procedimento
trabalhista, marcado pela simplificação. Nesse diapasão, vale lembrar a lição de Renato Saraiva:
Comparando-se os requisitos exigidos para a petição inicial no processo civil
(art.282 do CPC) com os requisitos da petição inicial trabalhista (art.840, §1º,
da CLT), verificamos que nos domínios do processo do trabalho impera o
princípio da simplicidade, não estabelecendo a norma consolidada alguns
requisitos impostos pelo Código de Processo Civil, como o valor da causa, as
provas com que o reclamante pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados e o requerimento de citação do réu23.
Assim, inexiste qualquer lacuna na CLT acerca dos requisitos formais da inicial. Por isso,
diversos autores, dentre os quais o preclaro Jorge Luiz Souto Maior, afirmam a total
inaplicabilidade do art.282 do CPC no âmbito do processo do trabalho. Afirma o insigne
magistrado e Professor da Universidade de São Paulo:
“[...] pode-se dizer que os requisitos da petição inicial trabalhista são os
especificados no §1º do art.840 da CLT, afastando a possibilidade de
aplicação subsidiária, neste tema, do art.282 dos requisitos da petição inicial
civil. Assim, aqueles requisitos do art.282 do CPC não repetidos na regra
laboral não são requisitos necessários da petição trabalhista, quais sejam: o
fundamento jurídico do pedido; a especificação de provas; o requerimento
para citação do réu (reclamado); e o valor da causa”25.
23 Curso de direito processual do trabalho. 9.ed. São Paulo: Método, 2012, p.291.
24 Curso de direito processual do trabalho. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p.369.
25 Petição inicial trabalhista. Temas de processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2000, p.19. No mesmo
sentido, afirma Gustavo Filipe Barbosa Garcia: “A Consolidação das Leis do Trabalho, no art. 840, estabelece os
requisitos da petição inicial trabalhista. Portanto, como a CLT não é omissa a respeito do tema, a rigor, afasta-se a
aplicação subsidiária do CPC nesse aspectos, especialmente do art.282, que arrola os requisitos da petição inicial
no processo civil” (Curso de direito processual do trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p.343).
11
Questão interessante que se abre, contudo, refere-se a um dos requisitos ignorados pela
CLT e indicados no art.282 do CPC: a indicação do valor da causa. A petição inicial trabalhista
deve trazer a indicação do valor da causa ? Trata-se de requisito formal e, portanto, imposto de
modo irresistível ao autor da ação ?
Divergem os doutrinadores acerca da questão. Parece-nos que, com o advento do rito
sumaríssimo – em especial -, não há como o autor deixar de declinar na inicial o valor que atribui
à causa.
E aqui se torna de grande valia a interpretação histórica, para fim de compreensão do
que se defende.
Ocorre que o texto do art.840, §1º, da CLT, data de época na qual somente existia um
único rito processual (procedimento) trabalhista. Considerando que nos domínios do direito
processual do trabalho não há regra de competência em razão do valor da causa, não haveria
motivos para que o autor, já no texto da petição inicial, fosse obrigado a declinar a referida
informação. Justificava-se, assim, o procedimento previsto no art.2º da Lei 5.584/1970, pelo qual
a fixação do valor da causa caberia ao juiz, caso restasse frustrada a primeira tentativa de
conciliação26. Contudo, com o tempo e as alterações sofridas na lei processual trabalhista, o
supra exposto tornou-se inviável, na prática. Ocorre que, por força da Lei 5.584/1970, art.2º, §§
3º e 4º, surgiu o chamado “rito sumário” (dissídio de alçada ou procedimento de alçada) no
processo do trabalho. O critério para a definição do rito passou a ser justamente o valor da
causa: nas causas cujo valor não exceda ao equivalente a duas vezes o maior salário mínimo
vigente no país, o rito a ser observado será o sumário. Aliás, extremamente relevante a
determinação do rito processual, pois, em que pese não se tenha grandes diferenças nas
oportunidades processuais em primeiro grau de jurisdição (em relação ao que se dá no que
passou a ser tido como “rito ordinário” – até então, o rito único), após a sentença surgem
peculiaridades extremamente importantes, afetas aos feitos que tramitam pelo rito sumário. A
principal delas, parece, é a regra da irrecorribilidade para outros Tribunais trabalhistas, disposta
no art.2º, §4º, da Lei 5.584/1970. Entende a doutrina majoritária que, da decisão proferida pelo
juiz do trabalho nos feitos que tramitam pelo rito sumário, pode caber um único recurso (desde
que preenchidos os requisitos específicos de cabimento): recurso extraordinário – RE
(Constituição Federal, art.102, III, “a”). Justifica-se isso no fato de que, se é irrecorrível a decisão
26 Renato Saraiva esclarece: “Nesta esteira, parte dos operadores do direito considera o valor da causa
requisito essencial da petição inicial da ação trabalhista, possibilitando identificar o tipo de procedimento a ser
adotado (ordinário, sumaríssimo ou sumário). Outros defendem a desnecessidade da indicação do valor da causa
na petição inicial, uma vez que o magistrado pode, de ofício, estabelecer tal valor, quando omissa a petição inicial a
respeito (Lei 5.584/1970, art.2º) (Curso de direito processual do trabalho. 9.ed. São Paulo: Método, 2012, p.291).
12
proferida pelo juiz, tem-se claramente decisão de única instância, de modo a restar verificado o
enquadramento na hipótese de cabimento do RE, caso haja na decisão combatida, ainda,
violação à literalidade de dispositivo constitucional27.
Porém, veio a lume a Lei 9.957, de 12 de janeiro de 2000, que introduziu na CLT os
arts.852-A a 852-I, e, com isso, o chamado procedimento (ou rito) sumaríssimo.
Trata-se de rito que deve ser observado quando o valor da causa não exceder o
equivalente a 40 salários mínimos (nesse sentido, vide CLT, art.852-A).
No rito sumaríssimo, de fato, encontramos diversas peculiaridades que exigem o
conhecimento do procedimento que será observado desde o momento da propositura da ação,
não sendo viável manter-se a regra da fixação do dito valor, pelo juiz, após a primeira tentativa
de conciliação, caso frustrada.
Defende-se essa posição pois, consoante dispõe o art.852-C do texto consolidado, as
demandas sujeitas ao rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única. Sendo
assim, impede-se, aqui, o fracionamento da audiência, tão comum nos feitos que tramitam pelo
rito ordinário, fruto do amplo poder de direção do juiz, ex vi do que traz o art.76528 do CLT.
Ao exposto, some-se o disposto no art.841, §2º, primeira parte, no sentido de que o
reclamante poderá ser notificado da audiência no ato da apresentação da reclamação29. Assim,
no recibo comprobatório da distribuição da petição inicial já restará informado o dia, hora, local e
27 Vale destacar que, embora cabível, é muito improvável a admissão de um recurso extraordinário
interposto de decisão proferida em feito que tramitou pelo rito sumário trabalhista. Ora, não podemos nos esquecer
de que, como requisito específico do RE, a lei exige a demonstração de repercussão geral. Como fazê-lo em causa
com valor tão diminuto (menos de R$ 1.400,00) ? Portanto, na prática, a irrecorribilidade da decisão proferida em
primeiro grau exibe-se quase absoluta.
28 Art.765. “Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo
andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”. Nesse
sentido, esclarece Wolney de Macedo Cordeiro: “A audiência é a fase processual na qual são produzidas as provas
orais e permitidos os debates pelos litigantes. [...]. (Processo e Procedimento na Perspectiva Trabalhista. In: Luciano
Athayde Chaves (org.). Curso de Processo do Trabalho. 2.ed. São Paulo: LTr, 2012, p.591-637). Renato Saraiva,
por sua vez, pontua: “O art.849 da CLT determina que a audiência de julgamento será contínua, única, em
observância ao princípio da celeridade processual. Todavia, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-
la no mesmo dia, o juiz marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova
notificação. Em verdade, os juízes do trabalho, com base no art.765 (ampla liberdade na direção do processo) e no
art.849, ambos da CLT, vêm adotando a praxe de dividir a audiência em três sessões, quais sejam: . Audiência de
conciliação – também chamada de audiência inaugural, objetiva buscar a conciliação, e, não sendo esta possível,
a apresentação da defesa pela reclamada; . Audiência de instrução – também chamada de audiência em
prosseguimento, como o objetivo de colher as provas; . Audiência de julgamento – com o único objetivo de dar
ciência da sentença às partes, mediante sua publicação em audiência. Não obstante, ainda existem alguns juízes
que, mesmo no procedimento comum, realizam sessão única, concentrando todos os atos processuais em um só
momento” (Curso de direito processual do trabalho. 9.ed. São Paulo: Método, 2012, p.384-385). A audiência de
conciliação referida por Renato Saraiva também é comumente chamada de “inicial”.
29 “Poderá”, embora o dispositivo em questão traga que “será” pois, ao mesmo tempo, na segunda parte,
pontua, após trazer a conjunção alternativa “ou”, que a notificação é admitida na forma do parágrafo anterior, ou
seja, por registro postal com franquia ou, criados embaraços ao recebimento desta, por edital.
13
“tipo” de audiência (inicial ou una). Ora, somente poderá haver o fracionamento se o rito não for
o sumaríssimo, face à vedação do art.852-C, já referido. Então, já na distribuição, mostra-se
indispensável o conhecimento do rito, o que depende da verificação do valor da causa.
Tanto é verdade o ora sustentado que, por ocasião dos procedimentos prévios de
cadastramento dos dados pertinentes ao feito, havidos nos sítios dos Tribunais Regionais
(PRECAD, no âmbito do TRT-2ª Região), um dos primeiros dados exigidos, sem o qual não se
dá o dito pré-cadastramento, é justamente o valor da causa.
Não fosse já suficiente o exposto, há de se observar, ainda, o seguinte: no rito
sumaríssimo, o autor é obrigado a liquidar os pedidos (CLT, art.852-B, I30). Dessa forma, se o rito
for o sumaríssimo, deverá, necessariamente trazer os pedidos liquidados e, por consequência
lógica, terá o autor todo o necessário para a atribuição do valor à causa (somatória dos valores
dos pedidos, ex vi do CPC, art.259, II)31.
Alguns chegam a defender que o valor da causa consiste em requisito da inicial apenas
quando o feito for tramitar pelo procedimento sumaríssimo. Nesse sentido, a lição de Carlos
Henrique Bezerra Leite:
De lege lata, o valor da causa é requisito obrigatório apenas para as causas
sujeitas ao procedimento sumaríssimo, por força dos arts.852-A e 852-B,
inciso I, §1º, da CLT.
Já nas ações individuais submetidas aos procedimentos ordinário e sumário,
se o autor não indicar o valor da causa, o juiz, antes de passar à instrução
da causa, deverá fixá-lo para determinação da alçada (Lei n.5.584/70, art.2º).
Vale dizer, se omissa a petição inicial quanto ao valor da causa nos
procedimentos ordinário e sumário, cabe ao juiz fixá-lo de ofício, ainda que
na sentença32.
30 Art.852-B. “Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo: I – o pedido deverá ser certo
ou determinado e indicará o valor correspondente; [...]”.
31 Vale mencionar a lição de Mauro Schiavi: “[...] valor da causa é a expressão econômica dos pedidos
formulados pelo reclamante no processo. A exigência de declará-lo no ato da propositura da reclamação tem duas
finalidades, quais sejam: a) servir de base de cálculo para as custas e demais taxas judiciárias; b) indicar o
procedimento a ser seguido (sumário, ordinário ou sumaríssimo) (ver art. 258 do CPC). Como o art.840 da CLT não
exige que o reclamante decline o valor da causa, acreditamos que este deva ser indicado por aquele, pois o valor da
causa determina o procedimento a ser seguido: ordinário (CLT), sumário (Lei n. 5.58470) ou sumaríssimo (Lei
n.9.957/2000). Ainda que alguns sustentem que não há tal obrigação da parte, pois o valor pode ser fixado pelo juiz
do trabalho, conforme a Lei n.5.584/70, acreditamos que tal argumento não seja suficiente, uma vez que, após a Lei
n.9.957/2000, fica muito difícil sustentar tal entendimento, já que a parte deve, nas causas cujo valor atinja até 40
salários mínimos, liquidar os pedidos” (Processo do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012, p.153-154).
32 Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso de direito processual do trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009,
p.414-415. Interessante, ainda, a lição de Eduardo Gabriel Saad et.al., no consagrado Curso de direito processual
do trabalho. 6.ed. São Paulo: LTr, 2008, p.528, ao defenderem que há de ser informado o valor da causa, para
determinação do rito e, na sequência, informarem que, ex vi do art.2º da Lei 5.584/1970, se assim não procedido
pelo autor, caberá ao juiz a fixação, antes de passar à instrução. Traz a dita lição: “Há que se informar o valor da
causa, para definir-se o procedimento a seguir, se o ordinário ou o sumário, ou, então, sumaríssimo. [...]. Dispõe o
art.2º da Lei n.5.584, de 26 de junho de 1970, que, nos dissídios individuais, proposta a conciliação e não havendo
acordo, o Juiz do Trabalho ou o Juiz investido na jurisdição trabalhista, antes de passar à instrução da causa, fixar-
lhe-á o valor para a determinação da alçada, se este for indeterminado no pedido”.
14
Entendemos, todavia, que a regra acerca de um requisito da petição inicial não pode ser
relegada apenas ao rito sumaríssimo, sendo o caso de atribuição do dito valor qualquer que seja
o procedimento, admitindo-se, nos demais ritos, que tal se faça por estimativa33.
Portanto, não há como se negar: independentemente da ausência de exigência legal no
art.840, §1º, da CLT, a indicação do valor da causa (CPC, art.282, V) é requisito formal da
petição inicial.
No mais, de fato, os requisitos estatuídos no art.282 do CPC, incisos VI e VII (ou seja, a
especificação das provas – entenda-se: meios de prova – pelas quais buscará o reclamante
demonstrar a veracidade do alegado – inciso VI – e o requerimento de citação – inciso VII) não
precisam ser observados na redação da petição inicial. Tal se afirma pois:
a) quanto às provas, dispõe a CLT, ex vi dos arts.787 e 845, que serão produzidas em
audiência. Portanto, considerado que as provas documentais já devem seguir com a inicial, em
regra, no mais, bastará ao autor comparecer à audiência e apresentar as demais34.
Todavia, não se pode olvidar das posições em contrário ou, ao menos, a constatação de
que, na prática, se mostra comum a especificação dos meios de prova pertinentes à elucidação
do alegado no bojo da petição inicial. Assim, defende Renato Saraiva que:
Quanto à especificação obrigatória das provas na peça inaugural, embora o
art.840, §1º, da CLT não o relacione como requisito essencial da petição
inicial trabalhista, principalmente pelo fato de as provas serem produzidas em
audiência, é comum nas iniciais trabalhistas o protesto do autor pela
produção de todos os meios de prova em direito admitidos35.
Com o devido respeito às posições acima exaradas, defende-se que o uso de fórmulas
genéricas tais como o “requerimento” de produção de provas por “todos os meios em direito
admissíveis” não se justifica por equivaler a “nada”, restando esvaziado o seu sentido prático.
Até no âmbito do direito processual civil, há quem defenda a total inutilidade do requisito
estatuído no inciso VI do art.282 do CPC. Nesse sentido, Costa Machado afirma:
O requisito em questão não tem o menor significado prático porque todo
protesto por provas é absolutamente genérico: indicam-se “todos os meios de
prova, sem exceção de nenhum, e especialmente [...]” todos ! Logo, a
indicação não tem nenhuma utilidade para o juiz, que é o destinatário das
provas. Ainda que falte o requisito, o autor não perde o direito de provar se
indicar concretamente os meios no momento da especificação (art.324; [...]).
Se a falta é percebida pelo magistrado ao exarar o despacho liminar, deve
ele ordenar ao autor a emenda, sob pena de indeferimento (art.284), porque
de qualquer forma o requisito é legal e, portanto, exigível. Nenhuma
importância tem, por outro lado, o verbo que o autor usa para fazer a
proposição de provas: requerer, indicar, protestar, propor, tudo é a mesma
coisa. Destarte, absurdo dos absurdos é a decisão que indefere a produção
de provas pelo autor porque este protestou e não requereu !37
36 Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2009, p.655. v.II.
37 Código de processo civil interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 9.ed. Barueri:
Manoele, 2010, p.325. Como lição complementar, vale anotar o trazido por Luiz Guilherme Marinoni e Daniel
Mitidiero em nota ao art.282, VI, do CPC (ou seja, com relação à inicial na seara do processo civil): “8. Provas. Tem
o demandante de indicar, já à petição inicial, os meios de prova com que pretende mostrar a veracidade do que
alega em juízo. Já se decidiu que ‘o requerimento de provas divide-se em duas fases: na primeira, vale o protesto
genérico para futura especificação probatória (CPC, art.282, VI); na segunda, após a eventual contestação, o juiz
chama à especificação das provas, que será guiada pelos pontos controvertidos na defesa (CPC, art.324)’, sendo
que apenas o ‘silêncio da parte, em responder o despacho de especificação de provas faz precluir o direito à
produção probatória, implicando desistência do pedido genérico formulado na inicial’ (STJ, 3ª Turma, REsp
329.034/MG, rel.Min.Humberto Gomes de Barros, j.em 14.02.2006, DJ 20.03.2006, p.263)” – (Código de processo
civil comentado artigo por artigo. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011).
16
b) quanto ao requerimento de citação (CPC, art.282, VII), também não se trata de
requisito formal da petição inicial trabalhista em razão do disposto na CLT, art.841, verbis:
Recebida ou protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria,
dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou
do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à
audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5
(cinco) dias.
38 Art.285. “Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para
responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como
verdadeiros, os fatos articulados pelo autor”.
39 José Cairo Junior afirma: “No processo do trabalho, em regra, o juiz tem contato com a petição inicial
apenas em audiência. É nessa oportunidade que deve realizar o juízo de admissibilidade, determinando, inclusive,
quando for o caso, a emenda à peça vestibular se a hipótese for de vícios sanáveis” (Curso de direito processual
do trabalho. 4.ed. Salvador: Jus Podivm, 2011, p.329).
40 Processo do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012, p.154. Vale destacar, também, a lição de Renato
Saraiva: “Por último, é desnecessário o requerimento de citação do réu, visto que, nos domínios do processo do
trabalho, não há citação do reclamado, mas simples notificação para comparecimento à audiência, ato automático
realizado pelo servidor da Vara do Trabalho (art. 841 da CLT), independentemente de pedido inaugural. Nesta
esteira, o legislador pátrio, objetivando justificar a autonomia do processo do trabalho, utilizou a Consolidação das
Leis do Trabalho, de forma indiscriminada, o termo notificação, como o meio adequado para comunicação de todo
e qualquer ato processual realizado no âmbito da Justiça laboral (seja citação ou intimação). Na inicial trabalhista,
portanto, não há citação do reclamado,mas notificação via postal do mesmo,por meio de remessa automática pelo
servidor da secretaria da Vara, dentro de 48 horas do recebimento da ação, de cópia da petição inicial ao
reclamado, notificando-o a comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de
cinco dias (art. 841 da CLT), ocasião em que o demandado apresentará, caso deseje, sua defesa.“ (Curso de
direito processual do trabalho. 9.ed. São Paulo: Método, 2012, p.293). Anota José Cairo Junior: “Dispensa-se o
protesto pela produção de provas e o requerimento da citação do reclamado, tendo em vista a prevalência do
princípio dispositivo que norteia o processo laboral, conferindo maiores poderes ao juiz par ao seu impulsionamento
de ofício” (Curso de direito processual do trabalho. 4.ed. Salvador: Jus Podivm, 2011, p.328).
17
Civil, para evitar-se a declaração de inépcia da exordial”41. Ao que parece, na mesma linha,
André Luiz Paes de Almeida indica:
A petição inicial é prevista no art.840 da CLT. No entanto, em razão de
algumas omissões para a elaboração da peça e não havendo que se falar em
incompatibilidade com os princípios que norteiam o processo do trabalho,
aplicamos subsidiariamente o art.282 do CPC, pelo que dispõe o art.769 da
CLT42.
Por isso, em sede de exames e provas, indica-se a redação da petição inicial de modo
atento ao que traz o art.282 do CPC, sem prejuízo da manutenção, aqui, do entendimento supra
fixado43.
41 Curso de direito processual do trabalho. 4.ed. Salvador: Jus Podivm, 2011, p.328
42 Prática Trabalhista. São Paulo: Premier Maxima, 2008, p.19, v.2.
43 Vale lembrar o dito popular: é melhor “pecar pelo excesso”. Ao menos nas questões enfrentadas nesse
texto, o “excesso” (CPC, art.282) parece não eivar de erros fatais a redação da peça proposta. Tanto que mesmo os
defensores da aplicação restrita da CLT, art.840, reconhecem que não há consequências prejudiciais decorrentes
do respeito a tudo o que é formalmente exigido pelo CPC, art.282, se aplicado às iniciais trabalhistas. Nesse
sentido, a guisa de exemplo, cite-se a lição de Cleber Lúcio de Almeida: “Definindo a CLT os requisitos da petição
inicial, não há como invocar no processo do trabalho, para efeito da fixação de tais requisitos, o art.282 do CPC,
haja vista a ausência de omissão do direito processual do trabalho a ser suprida. No entanto, nada impede que o
autor da demanda atenda, na redação da petição inicial,o disposto no art.282 do CPC. O acréscimo dos dados
solicitados pelo art.282 do CPC não torna irregular a petição inicial” (Direito processual do trabalho. 3.ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 2009, p.470).
44 Processo do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012, p.150.
18
República (sempre por extenso), oficiais (superiores a coronel), juízes e outras altas autoridades,
consoante aponta João Bolognesi45.
Aliás, questão interessante levantada pelo Prof.Bolognesi merece registro, acerca da
utilização correta de “Vossa Excelência” e “Sua Excelência”. Ensina o professor:
O correto é Vossa Excelência ou Sua Excelência ? A forma adequada
depende de como está construído o ato comunicacional. Quando se fala
diretamente com a pessoa, um juiz, por exemplo, usa-se Vossa. Quando o
juiz se torna apenas o assunto sobre o qual se está falando, põe-se Sua”46.
A partir do supra exposto, tem-se que a menção ao juiz da causa, nas peças a ele
endereçadas, dar-se-á com o uso do pronome “Vossa Excelência”47.
Quanto ao Juiz, trata-se de “Juiz do Trabalho”, o que há de ser observado na redação do
endereçamento da petição inicial. Assim, consiste em equívoco tratá-lo por “Juiz de Direito” ou
“Juiz Federal”. No que toca à última denominação, vale salientar que, em que pese a Justiça do
Trabalho integre a estrutura do Poder Judiciário Federal, como Justiça Especializada, tem por
órgão o “Juiz do Trabalho”, ex vi do art.111, III, da CF48.
Vale salientar que o acima exposto não se aplica no caso previsto na CF, art.112, ou
seja, quando, por ausência de Justiça do Trabalho no local, experimente-se a extensão da
competência do Juiz de Direito para as causas trabalhistas.
A CLT, em seu art.840, §1º, não alude à causa de pedir, nem mesmo ao fato e aos
fundamentos jurídicos, em conjunto, como parte essencial da petição inicial. O requisito, aqui,
resta simplificado: a luz do texto legal, basta indicar a breve exposição dos fatos para que a
inicial trabalhista se mostre apta, devendo essa ser redigida de modo claro e preciso50.
Certamente, o menor rigor técnico que marca o texto consolidado em relação ao disposto no
CPC, art.282, III, decorre, dentre outros motivos, da necessária simplificação procedimental – e
até formal - que há de caracterizar um processo que consagra o jus postulandi. Ora, se até para
o advogado, por vezes, a tarefa de redigir a causa de pedir não se mostra tão simples, o que se
diga, então, de exigir de um “leigo” a demonstração da fundamentação jurídica do pedido ?
Portanto, dispensa-se o requisito em questão para contentar-se, na peça inicial, com a breve
exposição dos fatos.
Vale mencionar, a guisa de exemplo e nesse sentido, a seguinte decisão, proferida pelo
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região:
49 Processo e procedimento na perspectiva trabalhista. In: Luciano Athayde Chaves (org.). Curso de
processo do trabalho. 2.ed. São Paulo: LTr, 2012, p.603-604.
50 Nesse sentido: “PETIÇÃO INICIAL. INÉPCIA. A petição inicial deve indicar com razoável clareza a causa
de pedir e o pedido, de modo a propiciar a elaboração da defesa e o julgamento da lide” (TRT/SP, 3ª Turma,
Processo nº 20110645828, Ac.20120250327, rel.Mercia Tomazinho, rev.Maria Cristina C.Trentini, d.j.06.03.2012,
d.p.13.03.2012).
20
Petição inicial. Processo do Trabalho. Simplicidade. Nos termos do artigo
840, parágrafo 1º da CLT, são requisitos da petição inicial, além da
qualificação das partes, uma breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu
representante. Ao contrário das disposições do artigo 282 do CPC, constata-
se maior simplicidade dos requisitos da exordial trabalhista, tendo em vista o
jus postulandi, o qual possibilita às partes o ingresso da reclamatória e a
produção de defesa sem a presença de advogado, bem como o princípio da
celeridade processual, com maior incidência nesta Especializada tendo em
vista a natureza alimentar das verbas objeto da maioria das questões
submetidas à sua apreciação. No caso dos autos, da simples leitura da peça
de ingresso é possível afastar a inépcia reconhecida pelo Juízo de origem,
eis que cumprido o requisito de "breve exposição dos fatos", o qual possibilita
a apresentação de defesa pelos Réus, sem qualquer prejuízo evidente. As
questões levantadas acerca dos fatos e fundamentos jurídicos trazidos pela
obreira devem ser interpretadas com base na legislação processual
trabalhista. A causa de pedir diverge do fundamento legal do pedido, o qual
existe legalmente, mas não necessita ser mencionado. A causa de pedir
trabalhista deve ser simples, sucinta, objetiva, pela simplicidade inerente ao
processo do trabalho. Inépcia da inicial afastada (TRTSP, Recurso Ordinário,
4ª Turma, Acórdão 20120806040, Processo nº 20120032594, rel.Des.Sergio
Winnik, rev.Des.Paulo Sérgio Jakutis, d.j.17.07.2012, d.p. 27.07.2012).
No mesmo sentido, Eduardo Gabriel Saad, José Eduardo Duarte Saad e Ana Maria
Saad Castello Branco, verbis: “Não exige a CLT, no art.840, a fundamentação jurídica do
pedido”51. Parece claro, então, que o legislador celetista adotou a chamada “teoria da
substanciação”52, que se contenta com o fato ou o complexo de fatos suficientes a embasar a
pretensão do autor, pois daqueles, logicamente, há de decorrer a conclusão do julgador acerca
do direito cujo reconhecimento é almejado. Contrapõe-se, assim, à chamada “teoria da
individuação” ou da “individualização”, que exige tão somente a indicação dos fundamentos
jurídicos para fim de formação da causa de pedir.
Todavia, não se pode negar que a indicação dos fundamentos jurídicos torna a petição
inicial muito mais clara, minimizando os riscos de interpretação dúbia dos fatos. Mais, ainda:
51 Curso de direito processual do trabalho. 6.ed. São Paulo: LTr, 2008, p.505.
52 Consoante explica Vicente Greco Filho: “Na teoria da substanciação, adotada por nossa lei, a petição
inicial define a causa, de modo que fundamento jurídico não descrito não pode ser levado em consideração, mesmo
porque a causa de pedir é um dos elementos que identifica a causa, não podendo ser modificado sem o
consentimento do réu, após a citação, e em nenhuma hipótese após o saneamento do processo (art.264). Se o
autor tiver outro fundamento jurídico para o pedido e deixou de apresentá-los na inicial, somente em ação própria
poderá fazê-lo. Por outro lado, se houver outro fundamento ainda que para o mesmo pedido, nova ação poderá ser
proposta, porque a primeira não será idêntica à segunda” (Direito processual civil brasileiro. 12.ed. São Paulo:
Saraiva, 1997, p.98, v.2) Ainda sobre a teoria da substanciação, esclarece Marcus Vinícius Rios Gonçalves: “O
autor deve indicar quais são os fatos e os fundamentos jurídicos em que se embasa o pedido, a causa de pedir.
Esse é um dos requisitos de maior importância da petição inicial, sobretudo a descrição dos fatos, que,
constituindo um dos elementos da ação, vincula o julgamento (teoria da substanciação). O juiz não pode se
afastar dos fatos declinados na inicial, sob pena de a sentença ser extra petita. A causa de pedir e o pedido
formulados darão os limites objetivos da lide, dentro dos quais deverá ser dado o provimento jurisdicional” (Direito
processual civil esquematizado. 2.ed. Saraiva: São Paulo: 2012, p.304).
21
torna mais precisa a interpretação do operador do direito (seja o juiz, seja o advogado da parte
contrária) ou mesmo da própria parte contrária acerca “do que pretende”, efetivamente, o autor.
Assim, além de facilitar a tarefa do julgador, prestigia o contraditório e a ampla defesa – o que,
por via de consequência, conduz à completa observância e respeito ao due process of law53.
Não se negue, aqui, que é dever do autor agir de acordo com a verdade (CPC, arts.339; 14, I;
17, II), a luz da lealdade processual lhe imposta. Desse modo, a redação de uma petição inicial
objetiva, porém completa e clara, vai de encontro com isso. Ademais, favorece o próprio autor
pois a sua pretensão poderá ser melhor apreciada pelo juiz se esse, de fato, entendê-la (ou seja,
se o magistrado entender “o que pretende” o autor, de modo preciso, restará majorada a
possibilidade de julgamento de procedência do pedido – em especial se o direito invocado pelo
demandante realmente existir !). Some-se ao exposto o fato de que, se subscrita por advogado,
não haverá o óbice do jus postulandi e consequente condição de leigo do redator da exordial, a
tornar absolutamente afastada, sob o ponto de vista da interpretação teleológica (indispensável
ex vi do disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, art.5º), a razão de ser da
aplicação do art.840, §1º sob o influxo do entendimento meramente gramatical de seus dizeres,
que limita a causa petendi, na seara do direito processual do trabalho, à breve exposição dos
fatos.
Por isso, em que pese a CLT exija apenas a breve exposição dos fatos, quando
subscrita por advogado, recomenda-se que a petição inicial traga a exposição, também objetiva,
da fundamentação jurídica que embasa a pretensão do reclamante. Há de se redigir, desta feita,
verdadeira causa de pedir, em seu aspecto remoto (causa de pedir remota, ou seja, os fatos que
sustentam a pretensão) e próximo (causa de pedir próxima, a saber, os fundamentos jurídicos do
pedido)54.
53 Wolney de Macedo Cordeiro afirma: “A fundamentação jurídica [...] consiste no enquadramento jurídico
promovido pelo autor da relação a ser tutelada pelo Poder Judiciário. Esse verdadeiro processo de especificação da
relação jurídica que se discute é essencial do ponto de vista do processo comum, para que se facilite a produção da
defesa por parte do réu” (Processo e procedimento na perspectiva trabalhista. In: Luciano Athayde Chaves (org.).
Curso de processo do trabalho. 2.ed. São Paulo: LTr, 2012, p.604). Renato Saraiva caminha na mesma estrada,
ao afirmar: “Outra corrente, à qual nos filiamos, embora reconheça que não devam ser exigidos os rigorismos
formais do Código de Processo Civil, entende fundamental a indicação da causa de pedir, principalmente para
assegurar os princípios do devido processo legal e da ampla defesa” (Curso de direito processual do trabalho.
9.ed. São Paulo: Método, 2012, p.290).
54 Nesse sentido, ensina Vicente Greco Filho: “O fato é chamado causa de pedir remota e o fundamento
jurídico é a causa de pedir próxima” (Direito processual civil brasileiro. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p.98,
v.2). Alguns autores “invertem” os conceitos, como, por exemplo, o faz Sérgio Pinto Martins: “A causa de pedir
compreende os fundamentos de fato e de direito pelos quais o autor faz o seu pedido. É o fundamento pelo qual o
autor faz sua postulação. Causa de pedir remota é o direito que fundamenta o pedido do autor. É também chamada
de causa de pedir mediata. (...). Causa de pedir próxima ou imediata é o fato que dá origem ao direito (...)” (Direito
processual do trabalho. 34 ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.249). Elpídio Donizetti, por sua vez apresenta a seguinte
lição acerca das partes da causa de pedir: “A causa de pedir (ou causa petendi) subdivide-se em causa remota, que
22
Vale, aqui, destacar a lição de Sérgio Pinto Martins:
A expressão “breve exposição dos fatos” significa que na petição deveria
haver apenas a narração dos fatos. O §1º do art.840 da CLT não exige que
seja indicado o fundamento jurídico do pedido. Bastaria a parte narrar os
fatos e o juiz iria enquadrá-los dentro do Direito.
A utilização da breve exposição dos fatos é originária da época em que a
Justiça do Trabalho era administrativa, além do que não há necessidade de
advogado para postular em juízo. Assim, o leigo poderia redigir a petição
inicial, fazendo breve exposição dos fatos.
Entretanto, em certos casos não basta apenas a narração dos fatos, mas a
causa de pedir e a fundamentação jurídica do pedido, especialmente quando
a matéria é de direito55.
se relaciona aos fatos e fundamentos jurídicos, e causa próxima, relacionada com as consequências jurídicas desse
fato. A propriedade do bem, numa ação reivindicatória, constitui a causa remota; já as consequências jurídicas da
propriedade, ou seja, o direito de reaver o bem do poder de quem quer que injustamente o possua (art.524 do CC)
caracterizam a causa próxima” (Curso didático de direito processual civil. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2012, p.526).
55 Direito processual do trabalho. 34.ed. São Paulo: Atlas, 249.
56 Wolney de Macedo Cordeiro ensina: “Por fundamentos jurídicos não devemos entender a mera indicação
dos dispositivos legais destinados a lastrear a postulação do autor, até porque há de se presumir que o direito é de
conhecimento do magistrado, conforme vetusto brocardo juria novit cúria” (Processo e procedimento na perspectiva
trabalhista. In: Luciano Athayde Chaves (org.). Curso de processo do trabalho. 2.ed. São Paulo: LTr, 2012,
p.604). Na mesma toada, Marcus Vinicius Rios Gonçalves afirma: “[...] os fatos devem ser descritos com clareza, e
manter correspondência com a pretensão inicial. É causa de inépcia da petição inicial a falta de causa de pedir, ou
de correspondência entre ela e o pedido (CPC, art.295, parágrafo único). Além dos fatos, o autor deve indicar qual o
direito aplicável ao caso posto à apreciação do juiz. Não é necessária a indicação do dispositivo legal, mas das
regras gerais e abstratas das quais se pretende extrair a consequência jurídica postulada pelo autor. A
indicação do direito aplicável não vincula o juiz, que conhece o direito (jura novit curia) e pode valer-se de regras
diferentes daquelas apontadas na petição inicial. Por isso, pode haver alguma tolerância do juízo em relação a isso
na inicial, mas não em relação aos fatos, que devem ser descritos com toda a precisão e clareza necessárias para
que o juiz possa compreendê-los (Direito processual civil esquematizado. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.304).
23
CLT, art.487, §1º e a Lei 12.506/2011, art.1º, “caput” e §1º (referente ao cômputo da
proporcionalidade do aviso).
Já a fundamentação jurídica (em uma análise simples e voltada a facilitar a
compreensão de como redigir esta importante parte da inicial) consiste em textualizar os motivos
pelos quais aqueles fatos narrados conduzem ao direito que sustenta o pedido. No exemplo do
aviso prévio indenizado, mais uma vez, consistiria na demonstração de que há direito ao
recebimento da verba em questão, em razão do fato narrado (ausência de prévia comunicação
da dispensa), uma vez que assim dispõe a lei. Consistiria, ainda, em demonstrar a quantidade
de dias a que faz jus o reclamante, a título de aviso prévio, em razão da proporcionalidade desse
frente ao tempo de serviço.
Sequer é preciso indicar o artigo específico, pois, o requisito formal da inicial é a
fundamentação jurídica, e não a fundamentação legal.
Seguindo o raciocínio lógico: premissa maior (há um fundamento jurídico geral, como,
por exemplo: a Constituição Federal, art.7º, XIII, limita a jornada a 8 horas, de modo que quem
trabalhar além da oitava hora diária, em regra, faz jus ao recebimento das horas excedentes,
acrescidas de minimamente 50%, como extras – CF, art.7º, XVI); premissa menor (o fato: o
reclamante trabalhava de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, com uma hora de intervalo
intrajornada – logo, 2 horas extras diárias); e conclusão (logo, faz jus ao recebimento de horas
extras, no equivalente a duas horas por dia trabalhado ao longo do período laboral).
2.3.1.4. O pedido
Pedido, na lição do saudoso Moacyr Amaral Santos, “é a expressão da pretensão. É o
que se pede em juízo. É a dedução da pretensão em juízo”57. O pedido delimita a atuação
jurisdicional, iniciando a delimitação objetiva da demanda58. Por isso que Bezerra Leite afirma:
“O pedido é, portanto, o ‘projeto da sentença’”59. Nesse sentido, vale apontar o disposto no CPC,
art.460:
57 Primeiras linhas de direito processual civil. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.189, v.2.
58 Vicente Greco Filho explica que o limite objetivo da sentença é o pedido do autor que é o próprio objeto
do processo ou o pedido dos vários autores se mais de um houver no julgamento conjunto. E continua: “Não pode a
sentença ser de natureza diversa do pedido, nem condenar o réu em quantidade superior ou objeto diverso do que
lhe foi demandado. A sentença que julga além do pedido se diz ultra petita; a que julga fora do pedido se diz extra
petita. Tais sentenças são nulas, como nula é a sentença citra petita, qual seja, a que deixa de apreciar pedido
expressamente formulado. Esta última viola o princípio da indeclinabilidade da jurisdição” (Direito processual civil
brasileiro. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p.240, v.2).
59 Curso de direito processual do trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009, p.405. Nesse diapasão, vale
ressaltar a objetiva lição de Renato Saraiva: “O pedido, sem dúvida, é a parte mais importante da petição inicial,
assumindo relevante papel no estabelecimento dos limites de atuação do magistrado no julgamento da lide, uma
vez que, diante de um pedido certo e determinado, não será lícito ao juiz deferir ao demandante bem da vida
24
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza
diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em
objeto diverso do que Ihe foi demandado.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação
jurídica condicional.
Vale menção, outrossim, ao disposto no art.293 do mesmo Código: “Art. 293. Os pedidos
são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais”.
Outra questão interessante guarda relação aos conceitos de pedidos e de
requerimentos: trata-se de realidades distintas. Entende-se, ademais, recomendável que se
dedique atenção a tal distinção por ocasião da redação da peça em estudo.
Tentando simplificar ao máximo e tornar fácil a compreensão, são objetos de
requerimentos as providências necessárias ao bom andamento do processo e ao atingimento de
seus objetivos. Assim, a parte requer a produção de prova pericial, a expedição de um ofício etc.
Ao contrário, o pedido consiste justamente na “razão de ser” da petição inicial. Assim, a
parte pede aquilo que a fez propor a ação trabalhista, ou, em outras palavras, é objeto de pedido
aquilo que guarda relação com o interesse sobre o qual se forma a lide. Neste sentido, o
reclamante pede que seja reconhecido o seu direito a determinado “bem da vida”. Para tanto,
necessita da tutela jurisdicional, o que conduz ao exercício de seu direito constitucional de ação.
Devemos lembrar, ainda, que o pedido comporta classificação em: (1) imediato; e (2)
mediato.
O pedido imediato é dirigido ao Estado-juiz. Em outras palavras, por ele, o autor
(reclamante) busca retirar o Judiciário de seu estado principiológico de inércia, o que se dá pela
solicitação da prestação jurisdicional. Submete-se a lide ao Estado-juiz para fim de que este se
manifeste, prestando a tutela jurisdicional e, assim, solucione o conflito de interesses por
sentença declaratória, condenatória ou constitutiva (sem ignorar, aqui, a classificação do grande
Pontes de Miranda, abarcando os provimentos mandamental e executivo “lato sensu”, este
último deixando de guardar tanta peculiaridade a partir da Reforma da Execução no Processo
Civil).
Já o pedido mediato consiste especificamente na busca do “bem da vida” pretendido
pelo reclamante. Para facilitar a compreensão, trata-se da pretensão que “faz com que o
reclamante ajuíze a ação”. Ninguém ajuíza reclamação trabalhista apenas para movimentar o
Judiciário ! Na verdade, a ação é proposta para pleitear o reconhecimento de algum direito que,
(pedido mediato) diverso ou superior ao postulado” (Curso de direito processual do trabalho. 9.ed. São Paulo:
Método, 2012, p.291).
25
no entender do autor, lhe toca e não foi respeitado. Alguns exemplos: o recebimento do
pagamento de horas extras acrescidas de 50%, 13º salário, férias etc60.
Outra característica importante: o pedido deve ser certo e61 determinado62 (CPC,
art.286), de modo que ao juiz resta vedado deferir algo diverso ou superior ao especificamente
60 Vale a leitura da lição de Moacyr Amaral Santos, precisa e objetiva, como sempre, a exigir constante
revisitação: “Não há ação sem pedido, pois este é um dos seus elementos, o seu objeto – res petitum. Como é o
objeto do processo. O autor provoca a jurisdição (ação), suscitando o processo, por meio do qual se faça atuar o
direito objetivo na tutela de sua pretensão. Assim, no pedido se contém a suscitação de uma provisão jurisdicional
(pedido imediato), na tutela de um bem jurídico (pedido mediato). No processo de conhecimento, a providência
jurisdicional, que se reclama, traduz-se numa sentença que, conforme a ação proposta, será de condenação,
meramente declaratória, ou constitutiva. O pedido imediato será, pois, a sentença condenatória, declaratória ou
constitutiva reclamada pelo autor. O pedido mediato consiste no bem jurídico a ser tutelado pela sentença; é a
utilidade a ser tutelada pela sentença – o recebimento da importância da dívida, a restituição da coisa reivindicada,
o fato a ser prestado etc. Nas ações meramente declaratórias, o pedido mediato se confunde com o imediato; ‘aqui
a declaração da existência ou da inexistência do direito esgota a finalidade da demanda’ (LOPES DA COSTA)”
(Primeiras linhas de direito processual civil. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.189-190, v.2). Elpídio Donizetti,
na mesma linha, pontua: “[...] O objeto do pedido desdobra-se em objeto imediato, que é a providência jurisdicional
solicitada, e o objeto mediato, que constitui o bem jurídico pretendido. Numa ação de cobrança, a condenação
constitui o pedido imediato (relaciona-se com o direito processual), ao passo que o recebimento do crédito constitui
o pedido mediato (relaciona-se com o direito substancial)” (Curso didático de direito processual civil. 16.ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p.526).
61 Traz o CPC, art.286, parte inicial: “O pedido deve ser certo ou determinado. [...]” – negrito meu. Carlos
Henrique Bezerra Leite afirma: “Com efeito, dispõe o art.286 do CPC que o ‘pedido deve ser certo ou determinado’.
A doutrina é praticamente unânime ao reconhecer o erro técnico do legislador ao empregar o termo ‘ou’, em lugar do
conectivo ‘e’. Isto porque, em rigor científico, o pedido tem de ser necessariamente certo e indiscutivelmente
determinado. Não basta, apenas, uma qualidade do pedido: certo ou determinado. É indispensável que ambas as
qualidades do pedido estejam presentes na petição inicial: certeza e determinação” (Curso de direito processual
do trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009, p.405). No mesmo sentido, ensina Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “O
CPC, art.286, estabelece que o pedido deve ser certo ou determinado. O uso da conjunção alternativa foi infeliz,
pois em regra deve ser certo e determinado. [...]” (Novo curso de direito processual civil: teoria geral e processo
de conhecimento. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.329). Da mesma forma, posiciona-se Sérgio Pinto Martins: “O
pedido deve ser certo e ao mesmo tempo determinado, não existindo condição alternativa, mas aditiva. A certeza e
a determinação não se excluem, mas são somadas” (Direito processual do trabalho. 34.ed. São Paulo: Atlas,
2013, p.251).
62 Moacyr Amaral Santos ensina: “E aí estão dois requisitos do pedido: deve ser certo e determinado. Certo,
no sentido de expresso (Pontes de Miranda). Não se admite pedido tácito. Determinado – de terminus, limite – quer
dizer definido ou delimitado em sua qualidade e quantidade. É preciso que o autor manifeste expressamente pedido
determinado, para que o juiz saiba precisamente qual seja e possa decidir. Deve, ainda, ser concludente, isto é,
resultar da causa de pedir. Tais requisitos dizem respeito tanto ao pedido imediato como ao mediato. a) O pedido
imediato deve ser expresso e determinado, sempre. Ou o pedido é de condenação (ação condenatória, sentença
condenatória); ou é de declaração (ação meramente declaratória, sentença de mera declaração); ou é de
constituição ou de desconstituição (ação constitutiva, sentença constitutiva). É o pedido que caracteriza a ação e a
sentença. b) Expresso (certo) e determinado deve ser o pedido mediato. O bem jurídico, que se pede, deve ser
definido, individualizado ou delimitado nas suas qualidades e quantidade. Entretanto, tratando-se de pedido
genérico, a sua determinação, como veremos, não é absoluta, mas relativa.” (Primeiras linhas de direito
processual civil. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.190, v.2). Marcus Vinicius Rios Gonçalves, na mesma linha,
afirma: “[...] Por certo entende-se aquele [pedido] que esteja individualizado, possibilitando a sua perfeita
identificação. A petição inicial deve indicar qual o bem da vida pretendido, ou ao menos favorecer elementos que
permitam identificá-lo. Ademais, o pedido há de ser determinado quanto à sua quantidade” (Novo curso de direito
processual civil: teoria geral e processo de conhecimento. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.329-330). A leitura da
lição de Vicente Greco Filho é relevante, por fim, para complementar as noções que se busca transmitir: “Certo,
aqui, quer dizer expresso, explícito e devidamente delimitado, o que se contrapõe à ideia de implícito, tácito ou
genérico. Há, porém, consequências de direito material ou processual que eventualmente podem ficar omitidas
porque decorrem necessariamente do pedido principal. Apesar de ser recomendável que nada fique omitido, o que
decorre inexoravelmente de lei e que é inseparável do bem jurídico que constitui o pedido imediato pode ser
26
pleiteado pelo autor/reclamante. Neste sentido, vide CPC, art.460 (princípio da congruência ou
adstrição). Pedidos genéricos63 somente são admitidos nas hipóteses dos incisos do mesmo
art.286 do diploma supra referido, ou seja, (I) nas ações universais, se não puder o autor
individuar na petição os bens demandados; (II) quando não for possível determinar, de modo
definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; e (III) quando a determinação do valor da
condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
Vale ressaltar que a hipótese do CPC, art.286, I, não encontra aplicabilidade nos
domínios do direito processual do trabalho (no processo individual), por não contemplar ações
universais (como, por exemplo, cita Bezerra Leite o caso da “falência”). O mesmo estudioso do
processo laboral esclarece, porém, que nas ações em que se busque a tutela de interesses
individuais homogêneos, restará obrigatória a formulação de pedidos genéricos, e, com isso, ter-
se-á sentença com a mesma característica, a exigir a apuração do quantum debeatur em sede
de liquidação por artigos64.
Devemos ressaltar, ainda, a existência de exceções legais ao já referido mandamento do
art.460 do CPC, hipóteses que atendem ao chamado “princípio da extrapetição”, nas quais
restará autorizado o juiz a conceder mais do que foi expressamente pleiteado, ou mesmo
vantagem diversa da especificamente indicada pelo reclamante em seu pedido. Exemplos: CLT,
art.137, §2º; art.467; art.496.
Saliente-se que pedido certo e determinado não significa pedido “líquido”. Os pedidos,
no rito ordinário, não precisam ser quantificados já na inicial. Todavia, quando o feito tramita pelo
rito sumaríssimo, como já salientado, emerge como requisito da inicial a indicação específica do
valor correspondente a cada pedido (logo, além de certo e determinado, o pedido também
deverá ser líquido). Nesse sentido, o já referido art.852-B, I, parte final, da CLT.
Outra questão interessante reside nos chamados “pedidos implícitos”. Há hipóteses em
que se entende que o pedido encontra-se implícito, ou seja, a concessão da vantagem, pelo juiz,
entendido como compreendido no principal, como, por exemplo, os juros legais e a correção monetária [...] bem
como o pagamento das custas e honorários. O art.461, [...] permite a aplicação de multa cominatória na condenação
em obrigação de fazer, independente de pedido expresso. Os pedidos são interpretados restritivamente, de modo
que, ressalvadas as situações excepcionais acima aludidas, se o autor houver omitido, na petição inicial, pedido que
lhe era lícito fazer, só por ação distinta poderá formulá-lo., O pedido deve ser também determinado, isto é,m definido
quanto à qualidade e quantidade” (Direito processual civil brasileiro. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p.103, v.2).
63 “O pedido genérico, não obstante seja certo quanto à existência e determinado quanto ao gênero, é
quantitativamente indeterminado, desde que possa ser suscetível de determinação em liquidação de sentença. Além
disso, o pedido deve ter correlação lógica com os fatos narrados na petição inicial, uma vez que a correta e exata
formulação dos pedidos é de fundamental importância para o êxito da ação” (Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso
de direito processual do trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009, p.406).
64 Curso de direito processual do trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009, p.405.
27
independe de postulação expressa na inicial65. Um bom exemplo reside na condenação da parte
que sucumbe no pagamento das custas. Outro, o estabelecido no já referido CPC, art.293, bem
como no verbete 211 da Súmula do TST, verbis: “JUROS DE MORA E CORREÇÃO
MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL.
Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido
inicial ou a condenação”.
Mais uma questão que merece rápido comentário reside na chamada cumulação de
pedidos, muito comum nas iniciais trabalhistas66. Pode o autor deduzir pedido simples, ou seja,
uma única postulação. Todavia, também pode o reclamante formular dois ou mais pedidos no
processo, observados os requisitos legais para tanto, estatuídos no art.292 do CPC, em especial
em seu §1º67. Temos aqui, portanto, a chamada cumulação objetiva (já que a cumulação
subjetiva refere-se às hipóteses de litisconsórcio, ativo ou passivo68).
65 Afirma Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “[...] existem pedidos implícitos, isto é, coisas que o juiz deve
conceder ao autor, mesmo que não requeridas expressamente na petição inicial. O art.293 menciona como tal os
juros legais. Os juros de mora incluem-se na liquidação, ainda que tenha sido omisso o pedido e a condenação
(Súmula 254 do STF). Além deles, é também devida a correção monetária, que não é acréscimo nem punição ao
devedor, mas mera atualização do valor nominal da moeda. A condenação do réu ao pagamento das custas e
despesas do processo, bem como honorários advocatícios, em caso de procedência, também constitui pedido
implícito (Súmula 256 do STF). Por fim, as prestações periódica considerar-se-ão incluídas no pedido,
independentemente de declaração expressa do autor, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de
consigná-las, pelo tempo que durar a obrigação (CPC, art.290). Esse dispositivo abrange tanto as prestações que
se venceram no curso do processo como as posteriores à sentença, até o término da obrigação” (Novo curso de
direito processual civil: teoria geral e processo de conhecimento. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.331). Sobre o
conceito de “prestações periódicas”, vale transcrever a lição de Misael Montenegro Filho: “Por prestações
periódicas, devemos compreender as que se vencem de forma repetitiva, geralmente a cada período de trinta dias,
como as taxas condominiais, por exemplo. Com as atenções voltadas para a hipótese que envolve o ingresso de
ação de cobrança contra determinado condômino inadimplente no pagamento das taxas vencidas nos meses de
janeiro, fevereiro e março, a aplicação prática da norma em comentário permite que o magistrado condene o réu ao
pagamento não apenas das parcelas em exame, como também de todas as demais que venceram após a
propositura da ação , evitando a proliferação de demandas, com o objetivo de promover a cobrança de períodos
diferenciados da dívida” (Código de Processo Civil Interpretado. São Paulo: Atlas, 2008, p.359).
66 Deixa-se de tecer, no texto, comentários quanto a algumas das classificações encontradas na doutrina
acerca da cumulação de pedidos. Todavia, para fim de incentivo ao estudo, transcreve-se, aqui, duas delas,
tratadas por Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery: “2. Cumulação inicial e superveniente. Caso o
autor cumule pedidos na peça vestibular, há cumulação inicial. Se, no curso do procedimento, uma das partes ajuíza
outra ação no mesmo processo, há cumulação superveniente, como, por exemplo, no caso de ser proposta ação
declaratória incidental (CPC, 5º e 325), reconvenção (CPC 315), denunciação da lide (CPC 70) etc. 3. Cumulação
homogênea e heterogênea. Homogênea é a cumulação de pedidos feitos pela mesma parte. Heterogênea é a
cumulação que ocorre no mesmo processo, mas com ações ajuizadas por partes diferentes. Por exemplo, quando o
autor cumula pedidos na petição inicial (...), ou por meio de ADI, há cumulação homogênea. Caso o réu venha a
cumular pedido no mesmo processo, somando o seu ao do autor, já ajuizado, há cumulação heterogênea”. Nery e
Nery exemplificam a cumulação heterogênea mencionando a hipótese de reconvenção (CPC, arts.315 a 318)
(Código de processo civil comentado e legislação extravagante. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997,
p.571).
67 Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda
que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
28
A cumulação objetiva pode ser própria (simples) ou sucessiva (própria ou imprópria)69.
Na cumulação simples, o reclamante pode formular vários pedidos em face do
reclamado, pedidos estes que devem ser julgados um a um, vez que sobre todos recai o
interesse daquele que os formulou. Exemplo: uma reclamação trabalhista na qual o reclamante
pleiteia a condenação da reclamada no pagamento de aviso prévio indenizado, férias acrescidas
de um terço, décimo terceiro salário, indenização compensatória de 40% sobre o FGTS, horas
extras acrescidas de 50%, reflexos das horas extras no aviso prévio indenizado, férias
acrescidas de um terço, décimo terceiro salário e FGTS acrescido da indenização compensatória
de 40% e multa do art.477, §8º, da CLT, além da aplicação da CLT, art.467.
Já na chamada cumulação sucessiva imprópria (eventual ou subsidiária), são
formulados dois ou mais pedidos sobre os quais paira a pretensão do reclamante, mas de forma
sucessiva. Em outras palavras: o reclamante deduz dois ou mais pedidos de modo que, se o
primeiro (pedido principal) não for acolhido, o segundo (pedido subsidiário) deve ser apreciado
pelo magistrado, e assim sucessivamente70. A hipótese encontra fundamento no CPC, art.28971.
pedido sucessivo. Entende-se, porém, como sucessivo o pedido que é feito cumulativamente com um
primeiro, e que só pode ser concedido se este o for. Ex.: pedido de rescisão contratual cumulado com
reintegração de posse” - negrito meu (Direito processual civil brasileiro. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p.104,
v.2).
71 “Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do
posterior, em não podendo acolher o anterior”.
72 Ensina Marcus Vinicius Rios Gonçalves, sobre a dita forma de cumulação: “[...] aqui o autor também
formula ao juiz mais de um pedido, buscando obter êxito em todos. Tal como na simples [cumulação], ele tem mais
de uma pretensão, que pretende ver acolhida, em relação ao mesmo réu. Mas o que diferencia uma da outra é que
na sucessiva o resultado do exame de uma das pretensões repercute no da outra. Há relação de prejudicialidade
entre um pedido e outro. [...]. Nela, existirá sempre conexão entre os fundamentos dos pedidos. O fundamento do
primeiro sempre será um dos fundaentos do segundo pedido. Por isso, a rejeição daquele implicará o mesmo em
relação a este. Mas o acolhimento do primeiro pedido nem sempre implicará o do segundo. [...]” (Novo curso de
direito processual civil: teoria geral e processo de conhecimento. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.332).
73 “Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz Ihe assegurará o
direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo”.
74 Marcos Vinicius Rios Gonçalves ensina: “Cumulação alternativa: é a que ocorre quando o autor formula
dois ou mais pedidos, postulando o acolhimento de apenas um deles, sem estabelecer uma ordem de preferência.
O acolhimento de um exclui o do outro. Para o autor é indiferente qual das suas pretensões seja acolhida, desde
que ele tenha êxito em uma delas” (Novo curso de direito processual civil: teoria geral e processo de
conhecimento. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.333). Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery explicam:
“Pedido alternativo é aquele que versa sobre obrigação alternativa do réu [...]. A qualificação do pedido é dada pela
natureza da obrigação exigida do réu. A regra é o autor pedir a condenação do réu no cumprimento da obrigação,
30
ao devedor75. Aqui, o valor da causa será correspondente ao valor do maior pedido (CPC,
art.259, III).
Por fim, temos os chamados “pedidos cominatórios”, ex vi do disposto no CPC, art.28776.
Há a possibilidade, nas causas em que o pedido mediato refira-se a obrigação de fazer, não-
fazer ou entregar coisa, do autor pleitear ao juiz que fixe e imponha ao réu (cominação) o
pagamento de multa diária (pena pecuniária) para ao caso de descumprimento do comando
judicial (quer emanado em sede de decisão interlocutória ou de sentença), na forma dos
arts.461, §4º, e 461-A do CPC77. Quanto à mensuração e modificação do valor da multa e a
de forma alternativa, como previsto na lei ou contrato. Mas, ainda que o autor não faça pedido alternativo, o juiz, ao
julgar procedente o pedido, facultará ao réu o cumprimento da obrigação de forma alternativa. A alternatividade
respeita ao réu, pois, é ele quem deve cumprir a obrigação de forma alternativa” (Código de processo civil
comentado e legislação extravagante. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p.570).
75 Código Civil: “CAPÍTULO IV -Das Obrigações Alternativas
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada
período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o
prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a
escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao
credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos
que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do
devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por
culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das
duas, além da indenização por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação” – negrito meu.
76 “Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma
atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de
descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e 461-A)” - (Redação dada pela
Lei nº 10.444, de 7.5.2002).
77 “Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
[...]
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável
para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
[...]
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará
o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na
petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo
fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
31
possibilidade de sua fixação de ofício, pelo juiz, vale destacar a lição de Misael Montenegro
Filho, com quem concordamos nas seguintes lições:
A multa pode (e deve) ser fixada de ofício pelo magistrado, estimulando o
devedor a adimplir a obrigação específica. A multa não tem o objetivo de
enriquecer o credor, mas colocar o devedor num dilema, conforme as lições
originadas do mestre DINAMARCO.
[...]
A multa não se submete ao trânsito em julgado que imuniza os efeitos da
sentença, ou à preclusão que acoberta o pronunciamento interlocutório que a
fixou. Assim, se o magistrado impôs multa no correspondente a 10x, pode
elevá-la para 20x, por exemplo, mesmo na hipótese de a sentença não ter
sido atacada pelo recurso adequado (ou diante do improvimento da espécie
pela instância recursal). Para tanto, o magistrado deve fundamentar o
pronunciamento que determina a elevação do valor da multa, demonstrando
que a fixação anterior não surtiu o efeito desejado, dizendo respeito ao
estímulo ao adimplemento da obrigação específica78.
Tudo isto que se aborda deve ser considerado no momento da redação dos pedidos.
Assim, deve-se pensar no pedido imediato (por exemplo: “Diante do exposto, o reclamante vem
a Vossa Excelência deduzir pedido, que espera seja julgado procedente para o fim de que seja
condenada...”). Logo, o reclamante busca a tutela jurisdicional visando a solução da lide (a seu
favor). E, na seqüência, o pedido mediato (“... no pagamento das seguintes verbas: ...” e indica-
se as verbas).
Vale lembrar a relevância da análise da natureza da pretensão para definir o verbo a ser
utilizado na redação do pedido. Neste sentido, o juiz deve condenar a reclamada a pagar o
aviso prévio indenizado e o saldo de salário, assim como deve declarar a rescisão indireta ou a
existência do vínculo de emprego entre as partes (aqui, também utiliza-se “reconhecer”). Nos
provimentos constitutivos (ou constitutivos negativos), utiliza-se “decretar”.
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca
e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº
10.444, de 7.5.2002)
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.(Incluído pela Lei nº
10.444, de 7.5.2002)”.
78 Código de Processo Civil Interpretado. São Paulo: Atlas, 2008, p.494.
32
essa exigência reste suprido, na prática, pela data do registro de distribuição ou de protocolo79.
Quanto ao último requisito, vale destacar que a falta de assinatura faz da peça inexistente80.
79 No mesmo sentido, Carlos Henrique Bezerra Leite. Curso de direito processual do trabalho. 7.ed. São
Paulo: LTr, 2009, p.413
80 Ensina Carlos Henrique Bezerra Leite: “A petição inicial apócrifa, isto é, sem assinatura do seu subscritor,
é mais que nula; é inexistente, o que, a rigor, inviabilizaria até mesmo a aplicação da regra do art.284 o CPC.
Todavia, em homenagem aos princípios da simplicidade e da economia processuais, tão caros ao processo do
trabalho, nada impede que o juiz, em audiência, permita a sanação da anomalia, desde que a isso não se oponha o
réu, sob pena de extinção do processo, com base no art.267, IV, do CPC” (Curso de direito processual do
trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009, p.413).
81 CPC – “Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da
ação”.
82 CLT - “Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo acompanhada
dos documentos em que se fundar”.
83 “Indeferimento - Petição Inicial - Instrução Obrigatória Deficiente. Salvo nas hipóteses do art. 295 do
CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à
propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a
irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer”. Nesse mesmo sentido, caminha o entendimento de Gustavo
Filipe Barbosa Garcia, verbis: “Ajuizada a ação, se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos, ou não foi instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação (conforme art.283 do CPC),
ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, deve determinar que o
autor a emende, ou a complete, no o prazo de dez dias, nos termos do art.284. Trata-se de medida em consonância
com o princípio da instrumentalidade das formas. Portanto, somente se o autor não cumprir a diligência é que o juiz
deve indeferir a petição inicial (art.284, parágrafo único, do CPC). Nesse sentido, segundo a Súmula 263 do TST:
‘Petição Inicial. Indeferimento. Instrução obrigatória deficiente (nova redação) – Res.121/2003, DJ 19,20 e
21.11.2003. Salvo nas hipóteses do art.295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se
desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal,
somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer’. [...]. O art.283
do CPC prevê a necessidade de instrução da petição inicial com os ‘documentos indispensáveis à propositura da
ação’. No processo do trabalho, o art.787 da CLT dispõe expressamente quanto à necessidade de a petição inicial
vir acompanhada ‘desde logo’, com os documentos em que se fundar. No entanto, apenas os documentos havidos
como ‘indispensáveis’ é que devem ser objeto de saneamento, na forma do art.284 do CPC. Quanto ao demais, a
sua juntada é ônus processual do autor, relativo à atividade probatória” (Curso de direito processual do trabalho.
Rio de Janeiro: Forense, 2012, p.355-356).
33
caso se trate de documento que não se exiba indispensável à propositura da ação mas, sim, que
se mostre necessário à comprovação do alegado pelo autor, a questão desloca-se para o campo
do ônus da prova: cabia ao autor comprovar a alegação e este deixou de fazê-lo no momento
oportuno, devendo suportar as consequências legais de sua omissão.
Portanto, os arts.283 e 28484 do CPC são compatíveis com o direito processual do
trabalho, devendo ser observados, adotadas as medidas necessárias para a sua adaptação ao
rito processual trabalhista – já que não há conclusão dos autos ao juiz antes da audiência85.
Passa-se, assim, no item seguinte, a uma melhor reflexão sobre a questão.
84 “Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283,
ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a
emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial”.
85 Consoante esclarece Homero Batista Mateus da Silva: “É inevitável admitir a aplicação subsidiária do
art.284 do Código de Processo Civil ao processo do trabalho, porque sem a concessão de uma chance para a parte
melhorar a petição inicial haveria grande perda de tempo e de energia. A lei trabalhista se esqueceu desse tema,
mas não se pode imaginar que a inépcia da petição inicial tenha sido banida, mais ainda numa área que admite a
capacidade postulatória da própria parte. O Tribunal Superior do Trabalho admite expressamente o uso do prazo de
dez dias para emenda à petição inicial, como recorda a Súmula nº 263. [...]. Em se tratando de erro grosseiro,
contudo, o juiz está autorizado a fazer a extinção sem resolução de mérito diretamente (por exemplo, mandado de
segurança sem prova documental pré-constituída, Súmula nº 415) - (Curso de direito do trabalho aplicado:
processo do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p.337).
86 “ Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento
do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.(Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1973)
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o
saneamento do processo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)”
“Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em
razão dessa iniciativa. (Redação dada pela Lei nº 8.718, de 1993)”.
34
poderá alterar a causa de pedir ou o pedido de sua inicial se obtiver a concordância do réu nesse
sentido, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições legalmente permitidas. Tudo, até
a decisão de saneamento – a rigor, também inexistente no processo do trabalho. O propósito do
legislador com tais dispositivos, é evidente, aponta para a estabilização da lide.
Em que pese omissa quanto a tais questões, e respeitadas as posições em contrário87, a
CLT traz dispositivos que tornam os precitados dispositivos do Código de Processo Civil
absolutamente incompatíveis com os princípios e regras que regem o processo do trabalho.
Inicialmente, há de se considerar que não há, propriamente, “citação” no processo do trabalho –
ato de comunicação inicial, hábil a promover a formação da relação jurídica processual, havida
em cumprimento de determinação judicial (o conhecido “Cite-se”). Tem-se, no processo do
trabalho, a chamada “notificação” do réu/reclamado, ato que independe de determinação judicial
prévia.
Considerado o fato de que o primeiro contato do juiz com o processo coincidirá com a
audiência – embora nada obste ao juiz a cautela de analisar a inicial e os documentos que a
acompanharam previamente, podendo determinar antecipadamente o necessário para sanar os
vícios verificados, caso possível -, resta claro que o disposto no CPC, art.28588 não encontra
aplicação nos domínios do processo do trabalho.
Ocorre que os autos não vão à conclusão do juiz, e nem há necessidade de prévia
determinação judicial para que se tenha a expedição da notificação inicial que, como supra
analisado, se dá, em razão de comando legal expresso, por ato administrativo do sr.Diretor de
Secretaria ou por serventuário por ele designado para tanto. Por isso, aliás, que se defende a
desnecessidade da inicial trabalhista carregar requerimento de “citação” ou notificação.
Pois bem. Se os autos não vão à conclusão do juiz do trabalho para despacho inicial,
também não há condições de aplicação imediata e integral do procedimento previsto no CPC,
art.284 que, adaptado aos princípios e regras do processo do trabalho, conduz à possibilidade
do juiz, em audiência, oportunizar ao autor/reclamante a emenda da inicial, antes do recebimento
89 Curso de direito processual do trabalho. 9.ed. São Paulo: Método, 2012, p.294.
36
anuência da parte contrária antes da apresentação de defesa. [...]. (TRT-SP,
12ª Turma, rel.Marcelo Freire Gonçalves, rev.Iara Ramires da Silva de
Castro, Processo nº 20120046194, Ac.20120941389, d.j.16.08.2012,
d.p.24.08.2012).
Não se olvide a opinião de respeitáveis juristas, que, em que pese o supra exposto,
defendem a aplicação dos arts.264 e 294 do CPC nos domínios do processo do trabalho90. A
posição, contudo, é minoritária.
4. O indeferimento da inicial
A petição inicial trabalhista também deve se afastar do previsto no CPC, art.295. É que o
referido dispositivo, de todo aplicável nos domínios do processo do trabalho, elenca as hipóteses
nas quais o juiz deverá indeferir a peça vestibular, carregando, nos incisos de seu parágrafo
único, os casos nos quais restará caracterizada a inépcia (por peça inepta entenda aquela
caracterizada pela existência de vício formal gravíssimo, que compromete o julgamento da causa
em seu mérito e, assim, a adequada apreciação do pedido deduzido pelo autor91).
Indeferimento consiste no reconhecimento de imprestabilidade da petição inicial, a
resultar no fulminar do processo, sem resolução do mérito (CPC, art.267, I)92.
90 “Tanto no processo civil quanto no processo do trabalho, o autor fica proibido de, após realizada a citação
ou notificação citatória, modificar seus pedidos ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu” (Carlos Henrique
Bezerra Leite. (Curso de direito processual do trabalho. 7.ed. São Paulo: LTr, 2009, p.406).
91 Afirmam Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero: “Petição inicial inepta é aquela que desobedece à
forma prescrita em lei para sua apresentação. A petição inicial é inepta quando lhe faltar pedido ou causa de pedir,
quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão e quando contiver pedidos incompatíveis entre
si. Só se deve decretar inepta a inicial quando for ininteligível e incompreensível (STJ, 1ª Turma, REsp 640371/SC,
rel.Min.José Delgado, j.em 28.09.2004, DJ 08.11.2004, p.184)” (Código de Processo Civil comentado artigo por
artigo. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.305).
92 “Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de
2005)
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais
de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular
do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade
das partes e o interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 1996)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do
processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
37
Vale a transcrição do mencionado dispositivo:
Art. 295. A petição inicial será indeferida:
I - quando for inepta;
II - quando a parte for manifestamente ilegítima;
III - quando o autor carecer de interesse processual;
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art.
219, § 5o);
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à
natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida,
se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único,
primeira parte, e 284.
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
renovação (CPC, art.284, parágrafo único)” (Curso de direito processual do trabalho. 21.ed. São Paulo: Saraiva,
2002).
94 Eduardo Gabriel Saad, José Eduardo Duarte Saad e Ana Maria Saad Castello Branco observam a
incoerência sistêmica havida no embate entre os ditos dispositivos, concluindo em sentido próximo ao que se afirma
nesse artigo: “Por oportuno, salientamos que o parágrafo único do art.295 está em desacordo com o art.284
também do CPC., O primeiro manda indeferir a petição classificada como inepta e o segundo, ensejando a correção
da petição inicial. Este último deve prevalecer, porque permite melhor aproveitamento dos atos já praticados”
(Curso de direito processual do trabalho. 6.ed. São Paulo: LTr, 2008, p.506).
95 José de Albuquerque Rocha, em seu excelente Teoria geral do processo, 3.ed., São Paulo: Malheiros,
1996, p. 262, ensina: “O sistema da legalidade apresenta o risco de tornar-se rígido, gerando aquilo que
costumamos chamar de formalismo. Foi para obviar esse inconveniente que surgiu a ideia de conceder ao juiz
certos poderes de direção da atividade processual, entre os quais o de decidir, em cada caso concreto, quanto à
adequação das formas, tendo em vista seu caráter instrumental em relação ao escopo do ato”. Para um estudo
inicial do tema (forma x formalismo, e o processo), recomenda-se a leitura do artigo de Hugo de Brito Machado
Segundo e Raquel Cavalcanti Ramos Machado, disponível em: http://direitoedemocracia.blogspot.com.br/2008/01/o-
formalismo-e-instrumentalidade-do.html. Acesso em: 15.04.2013.
96 Vide nota de rodapé 91, acima.
39
decisão proferida em sede de julgamento de Recurso Ordinário, bastante didática, da lavra do
preclaro Des.Francisco Ferreira Jorge Neto, do TRT-SP:
EMENDA DA INICIAL. DIREITO SUBJETIVO DA PARTE. Aduz o
Reclamante que a r. sentença a quo extinguiu o pedido de pagamento de
13º, salários proporcionais de 2008 e 2009, férias proporcionais de 2008 e
2009, acrescidas de 1/3 constitucional, FGTS+40%, aviso prévio indenizado
e indenização do seguro desemprego, ante à suposta inépcia da petição
inicial. O Recorrente afirma que indicou de forma suficiente os elementos
caracterizadores de seu direito. Por sua vez, a r. sentença, ao analisar o
pedido constante da peça vestibular, propugnou pela sua inépcia, sem que
houvesse dado oportunidade ao Reclamante para emendá-la. Levando-se
em consideração a redução das formalidades existentes no processo
do trabalho, inclusive tendente a viabilizar o jus postulandi, ao verificar
a inépcia da inicial, cabia ao magistrado de primeiro grau oportunizar a
possibilidade de emendá-la, nos termos do artigo 284 do Código de
Processo Civil. Somente após a intimação do Reclamante e o não
cumprimento da diligência é que os pedidos poderiam ter sido julgados
ineptos. É de se declarar a nulidade da r. sentença quanto a esse particular,
devendo o Reclamante ser intimado a emendar a inicial, informando os
dados necessários à postulação de seu direito. Para se evitar a supressão da
instância, impõe-se a anulação da r. sentença quanto a esse aspecto, com o
retorno dos autos ao MM. Juízo "a quo" para que o Reclamante seja intimado
para proceder à emenda da inicial e posterior apreciação do pedido referente
ao pagamento de 13º, salários proporcionais de 2008 e 2009, férias
proporcionais de 2008 e 2009, acrescidas de 1/3 constitucional, FGTS+40%,
aviso prévio indenizado e indenização do seguro desemprego, como
entender de direito. Portanto, declara-se a nulidade da r. sentença quanto
aos pedidos acima elencados, por violação ao artigo 284 do Código de
Processo Civil, para determinar o retorno dos autos à origem, como
anteriormente mencionado. Prejudicados os demais pedidos elaborados pela
parte. (12ª Turma, rev.Jorge Eduardo Assad, Processo nº 20120001696,
Acórdão nº 20120206077, d.j.01.03.2012, d.p.09.03.2012)- negrito meu.
97 In: Andréa Presas Rocha; João Alves Neto (org.). Súmulas do TST Comentadas. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011, p.312.
40
Bruno Klippel, na mesma esteira, pontua:
Nesse diapasão, do mesmo E.TRT-2ª Região, decisão da C.11ª Turma, sob a relatoria
de Wilma Gomes da Silva Hernandes, tendo por revisor o Dr.Sérgio Roberto Rodrigues,
d.j.27.11.2012:
Inépcia da inicial. Oportunidade de emenda. Nulidade da sentença. Súmula
263 do C. TST. Não há obrigatoriedade legal para que o Juiz dê prazo à
parte autora para que esta emende a petição inicial em caso de inépcia. O
prazo de 10 (dez) dias a que alude o artigo 284 do CPC refere-se tão
somente a falta de juntada de documento indispensável à propositura da
ação ou indicação na exordial dos elementos essenciais descritos no art. 282
do mesmo diploma, não sendo esta a hipótese dos autos, sendo esta a ilação
da Súmula 263 do C. TST (Recurso Ordinário, Processo nº
00443005520095020065, d.p.05.12.12).
98 Bruno Klippel. Direito Sumular Esquematizado-TST. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p.339.
41
máximo o processo, com o afastamento do formalismo, devem ser fixadas com cuidado. Por
vezes, ao oportunizar ao autor/reclamante o esclarecimento do teor de sua causa de pedir e/ou
dos seus pedidos, realiza-se o suficiente ao saneamento do vício e ao aproveitamento dos atos.
Ganham as partes, com um processo célere; ganha o Estado-juiz, com a certeza de que
desenvolveu sua atividade jurisdicional de modo eficaz; ganha a sociedade, com o aniquilamento
do conflito pela força da coisa julgada material, realidade não alcançada pela extinção do feito
sem resolução do mérito (CPC, art.267, I).
Todavia, tudo indica que, a luz do verbete 263 da Súmula do TST, tende a jurisprudência
a caminhar no sentido de negar ao autor/reclamante o direito de emenda à inicial quando diante
de caso de inépcia, o que navega contra a corrente mais moderna da doutrina e desprestigia
princípios típicos da teoria geral do processo.
Considerações finais
Diversos são os outros temas que poderiam ser abordados nesse trabalho, para fim de
busca do esgotamento do estudo da petição inicial. Todavia, não é essa a pretensão que se
busca satisfazer.
42
Espera-se, com esse singelo texto, fornecer ao leitor substratos básicos ao estudo da
petição inicial, em especial no que tange às reclamações trabalhistas, de modo a tornar
convidativo o estudo mais aprofundado dos diversos temas que a circundam, instituto essencial
que é ao exercício do direito de ação e ao próprio estudo do “poder”: pois se o “poder emana do
povo” (CF, art.1º, parágrafo único), de fato, mostra-se muito mais latente na possibilidade de,
afrontado, qualquer um de nós ter a salvaguarda da possível busca, no Judiciário, da garantia de
nossos direitos. O verdadeiro poder popular encontra guarida no exercício do direito de ação.
Disso, a grande importância do estudo da petição inicial pois, um equívoco na redação dessa
pode comprometer, por completo, toda a pretensão legítima de uma ou mais pessoas, fulminar o
seu poder, reduzi-la ao canto das injustiças, retirar sua esperança, afrontar a paz.
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***
44
PARTE II – ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL DA RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA
Gilberto Carlos Maistro Junior
Este singelo texto foi elaborado pensando em vocês, meus caros alunos, apenas com o
intuito de registrar o necessário para fim de elaboração da estrutura formal de uma petição inicial
trabalhista e, assim, facilitar o vosso estudo. Retoma-se, aqui, alguns dos conceitos
apresentados no Capítulo anterior, para fim de fixação do estudo no decorrer da elaboração das
peças.
Como perceberão, procurarei redigir esse Capítulo sem o rigor técnico que caracterizou
o anterior. Na verdade, busco, aqui, registrar algo que se pareça com uma “conversa” com o
leitor, guiando-o, passo a passo, para fim de auxiliá-lo na tarefa de redigir a peça em estudo.
Conto, por isso, com a compreensão de todos (e espero que a minha opção nos conduza ao
sucesso, no propósito acima indicado !).
Para tanto, devemos dominar a estrutura formal de todas as peças, o que faremos a
partir do conhecimento de seus requisitos legais (de forma; requisitos formais). Assim, desde já,
vocês devem “aprender” a redigir uma inicial – e não decorar o texto trazido em livros de prática,
ou mesmo em pesquisas na “internet”. Desde já, vocês devem saber qual diploma legal consultar
e, com isso, encontrarão um roteiro para auxiliá-los não apenas na elaboração da peça como,
também, na conferência de sua redação (aqui, ressalto: concluída a peça, é indispensável fazer
um “check-list”, para certificar que nada foi esquecido).
E com a petição inicial não pode ser diferente. Aliás, temos nesta peça um excelente
exemplo da desnecessidade de “decorar” fórmulas prontas e modelos. Afirmo e provo isto.
Consultem a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) art.840, §1º. Vocês encontrarão o
seguinte:
45
São os chamados “requisitos formais intrínsecos” da petição inicial, ou seja, as
indicações que necessariamente deverão restar contidas no texto da referida peça.
Todavia, não se pode ignorar que existe um outro dispositivo legal que também elenca
requisitos formais da petição inicial. Vocês certamente já estudaram o art.282 do Código de
Processo Civil (CPC), que traz:
V - o valor da causa;
Trata-se dos requisitos formais intrínsecos da petição inicial nos domínios do processo
civil. Alguém pode vir a pensar: mas tal dispositivo deve ser objeto de atenção nos estudos de
prática civil, e não na prática trabalhista !
A questão não é tão simples. De início, em razão da própria CLT dispor, em seu art.769,
no sentido de fixar o direito processual comum como fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, naquilo em que não se verificar incompatibilidade. E, por certo, não há
incompatibilidade entre os artigos 840, §1º, da CLT, e 282 do CPC. Quando muito, poder-se-ia
defender que os requisitos formais que constam do CPC, art.282 e foram omitidos na CLT, não
precisam ser atendidos vez que há razões para tanto, fundadas em peculiaridades do processo
do trabalho. Neste sentido, tomemos a lição do grande Prof.Amauri Mascaro Nascimento:
Embora não se possa ignorar a lição do ilustre jurista, certamente um dos mais
importantes de nosso país, certo é que, na prática, costuma-se atender a todos os requisitos do
CPC, art.282 também nas iniciais trabalhistas. Tanto que Vera Lúcia Carlos e Gleibe Pretti,
tratando da reclamação trabalhista, ensinam:
47
Em sua excelente obra, o Prof.Renato Saraiva também salienta que “(...) é comum nas
iniciais trabalhistas, nos requerimentos finais, o protesto do autor pela produção de todos os
meios de prova em direito admitidos” (Como se preparar para a 2ª fase – Trabalho - Exame de
Ordem. 4.ed. São Paulo: Método, 2009, p.105). Aborda, dentre os requisitos da inicial, a
fundamentação jurídica, “que deve ser simples e direta” (ob.cit., p.112), embora, notamos, se
mostre estranha ao art.840, §1º, que se limita a exigir a breve exposição dos fatos. Afirma a
necessidade de indicação do valor da causa já na inicial (salientando que doutrina e
jurisprudência divergem quanto a tal obrigatoriedade) vez que seu respectivo valor determinará
até o rito pelo qual tramitará o feito. Por fim, quanto à notificação (que distingue da citação),
ensina que também deverá ser requerida na peça:
Portanto, em que pese o texto do art.840, §1º, da CLT, para fim de elaboração da peça
pertinente à reclamação trabalhista (que se trata de uma petição inicial), vamos complementar o
mencionado dispositivo com os demais requisitos formais fixados no CPC, art.282, prestando
atenção, é evidente, às peculiaridades do Processo do Trabalho e da Prática Trabalhista.
Superada esta primeira análise, devemos construir uma estrutura para a petição inicial
trabalhista, a partir da CLT, art.840, §1º, e do CPC, art.282. Nesta tarefa, caminharemos passo a
passo:
1º - Endereçamento
A petição inicial deve ter sua redação iniciada pelo endereçamento. Trata-se da
indicação do juiz ou Tribunal a quem é dirigida. Este requisito consta tanto da CLT, art.840, §1º,
quanto do CPC, art.282, I.
Para tanto, devemos conhecer o pronome de tratamento a ser utilizado. E será “Vossa
Excelência”. Aliás, este pronome é usado para deputados, senadores, embaixadores, ministros
de Estado e de Tribunais, governadores, secretários de Estado, presidente da República
(sempre por extenso), oficiais (superiores a coronel), juízes e outras altas autoridades. Esta, a
lição do Prof.João Bolognesi (Português Forense – Teoria, 6.ed. São Paulo: Paloma, 2002,
p.84).
48
Aliás, questão interessante levantada pelo Prof.Bolognesi, e que se mostra de bastante
utilidade no exercício da redação de peças, consiste no seguinte:
A partir do supra exposto, temos que a menção ao juiz da causa, nas peças a ele
endereçadas, dar-se-á com o uso do pronome “Vossa Excelência”. A forma correta de abreviar o
referido pronome é “V.Exª”. Todavia, repito, não utilizaremos esta forma em nossas peças – em
especial nas provas, o que alcança o Exame da Ordem. Aliás, nas provas, devemos sempre
evitar abreviaturas, até para demonstrar o nosso efetivo conhecimento. Nesse mesmo sentido,
também evitaremos a prática comum consistente no emprego do “r.” nos textos das petições.
“R.Juízo”, “r.despacho”, e assim por diante. Ora, o que significa este “r.” ? Podemos até saber
mas, em sede de provas e exames, o professor ou o examinador não tem como verificar isto.
Portanto, utilizaremos “respeitável Juízo”, “respeitável despacho” etc. O mesmo se aplica ao
“V.Exª”: usaremos “Vossa Excelência”. Da mesma forma, no ato de redigir o endereçamento,
não nos deixaremos levar pela vontade de escrever “EXMO.SR.DR.” ! Usaremos
“EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR”. Outra coisa: não utilizar “EXMO(A)...”, nem mesmo
“EXCELENTÍSSIMO (A)”.
Como ficará, ao final, a forma de redação desta importante parte da inicial ? Sugiro o
seguinte:
Ou...
Aliás, vale informar que, no espelho de correção de um dos últimos Exames da OAB
(contestação), encontramos o endereçamento redigido da seguinte forma: Excelentíssimo
49
Senhor Juiz do Trabalho da 85ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro-RJ. A informação nos auxilia
a definir o texto a ser adotado para as iniciais, também !
Notem: não devemos utilizar “Juiz de Direito”, afeta aos magistrados da Justiça Comum
Estadual. Nem “Juiz Federal”, vez que a Justiça do Trabalho, em que pese integre a estrutura da
Justiça Federal, tem suas peculiaridades, é uma “Justiça Especializada”, integrada por “Juízes
do Trabalho” (aliás, vide CF, art.111). Como já iremos utilizar “Vara do Trabalho” adiante, no
mesmo endereçamento, entendo redundante a menção a “JUIZ DO TRABALHO DA ... VARA
DO TRABALHO”. Por isto, a primeira forma proposta - embora nada obste a forma de redação
indicada no segundo quadro, acima, até sugerida por autores como Darlan Barroso, Eduardo de
Moraes Sabbag e Marco Antonio Araujo Junior, no Manual de Redação Jurídica e Língua
Portuguesa para a OAB, Coleção Prática Forense, v.8, São Paulo, Ed.RT, 2011, p.38.
Aqui, a confirmar o que já afirmamos, vale a menção à lição do Prof.André Luiz Paes de
Almeida, ao tratar do endereçamento – abordando a questão para fim de Exame da Ordem:
“Será denominado Juiz do Trabalho, e não Juiz Federal ou sequer Juiz de Direito, e só deve ser
colocado o local se o problema trouxer a informação de onde o serviço foi prestado” (ob.cit.,
p.19).
Após esta providência, deve ter início a redação do preâmbulo da petição inicial, onde
restará atendido o segundo requisito formal intrínseco da referida peça, indicado tanto na CLT
quanto no CPC: o nome e a qualificação das partes. Tratando-se de “Reclamação Trabalhista”,
faremos referência ao autor da ação como “reclamante” e o réu como “reclamado”.
Aqui, é importante lembrar que diversas questões do Exame de Ordem, segunda fase,
indicam dados de qualificação das partes, por vezes até o nome. Quando a questão trouxer os
dados, estes devem ser especificamente indicados pelo examinado. Assim, o que fazer se a
questão trouxer: “Ana, secretária admitida pela X Ltda, ...” ? A resposta é simples: observar se
do edital ou das instruções da prova há alguma recomendação neste sentido. Se não houver,
podemos iniciar o preâmbulo da seguinte forma (como, aliás, deverá ser feito nos nossos
trabalhos e provas, ao longo deste ano letivo):
50
Observem que ao nomear e qualificar a parte –no caso, a reclamante-, eu utilizei o nome
indicado na questão, bem como a profissão. Quanto aos demais dados que devem constar da
qualificação, como não foram fornecidos no enunciado da questão, devo indicá-los
genericamente, pois o examinado não pode criar dados. Portanto, se a questão não trouxer a
informação acerca do dia de nascimento do reclamante, devo fazer constar apenas “nascido no
dia ...”, demonstrando ao examinador que conheço a necessidade de indicar este dado por
ocasião da qualificação.
Há, aqui, uma dica para memorização: são 13 os itens de qualificação (ou 12, se
considerado o domicílio e a residência como item único). Ter este número em mente poderá
Em que pese a CLT exija apenas a breve exposição dos fatos, a esta agregaremos a
exposição, também objetiva, da fundamentação jurídica que embasa a pretensão do reclamante.
Assim, atenderemos ao CPC, art.282, III.
Aqui, de início, nos deparamos com a necessidade de diferenciar uma coisa da outra. O
que seriam, então, os fatos ?
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Quais seriam os fatos pertinentes ? Simples: a ausência de comunicação prévia, pelo
empregador ao empregado, acerca da dispensa imotivada, e o tempo de serviço, para cálculo da
proporcionalidade.
Em resumo, é isto.
4º – O pedido
Devemos lembrar, ainda, que o pedido comporta classificação em: (1) imediato; e (2)
mediato.
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Na verdade, a ação é proposta para pleitear algum direito que, no entender do reclamante, não
foi respeitado. Alguns exemplos: condenação da reclamada no pagamento de horas extras
acrescidas de 50%, 13º salário, férias etc.
O pedido deve ser certo e determinado, de modo que ao juiz resta vedado deferir algo
diverso ou superior ao especificamente pleiteado pelo reclamante. Neste sentido, vide CPC,
art.460 (princípio da congruência ou adstrição). Devemos ressaltar, todavia, a existência de
exceções legais ao referido mandamento do art.460 do CPC, hipóteses que atendem ao
chamado “princípio da extrapetição”, nas quais restará autorizado o juiz a conceder mais do que
foi expressamente pleiteado, ou mesmo vantagem diversa da especificamente indicada pelo
reclamante em seu pedido. Exemplos: CLT, art.137, §2º; art.467; art.496.
Saliente-se que pedido certo e determinado não significa pedido “líquido”. Os pedidos,
no rito ordinário, não precisam ser quantificados já na inicial. Todavia, quando o feito tramita pelo
rito sumaríssimo, emerge como requisito da inicial a indicação específica do valor
correspondente a cada pedido (logo, além de certo e determinado, o pedido também deverá ser
líquido).
Mais uma questão que merece rápido comentário reside na chamada cumulação de
pedidos, muito comum nas iniciais trabalhistas. Pode o reclamante formular dois ou mais pedidos
no processo, observados os requisitos legais para tanto, estatuídos no art.292 do CPC, em
especial em seu §1º.
A cumulação sucessiva própria traz contexto diverso: o pedido secundário somente será
acolhido se o principal o for. Exemplo: pedido de condenação no pagamento dos reflexos das
horas extras nas demais verbas especificadas, que somente será apreciado se reconhecido o
trabalho em jornada extraordinária (pedido principal). Ou, ainda, o pedido de pagamento de
verbas trabalhistas, que somente será apreciado se acolhido o pedido de reconhecimento de
vínculo empregatício.
Tudo isto que abordamos deve ser considerado no momento da redação dos pedidos.
Assim, devo pensar em meu pedido imediato (Diante do exposto, o reclamante vem a Vossa
Excelência deduzir pedido, que espera seja julgado procedente ...). Logo, o reclamante busca a
tutela jurisdicional visando a solução da lide (a seu favor). E, na seqüência, o pedido mediato (...
para o fim de que seja a reclamada CONDENADA no pagamento das seguintes verbas: ... e
indico as verbas).
Lembrando sempre que tenho que analisar a natureza da pretensão para definir o verbo
a ser utilizado na redação do pedido. Neste sentido, o juiz deve condenar a reclamada a pagar o
aviso prévio indenizado e o saldo de salário, assim como deve declarar a rescisão indireta ou a
existência do vínculo de emprego entre as partes (aqui, também utiliza-se “reconhecer”). Nos
provimentos constitutivos (ou constitutivos negativos), utilizo “decretar”.
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Posto isto, vem o reclamante deduzir pedido, que espera seja
julgado procedente, para o fim de que seja a reclamada condenada no
pagamento das seguintes verbas:
5º – Os requerimentos
5.1. A notificação: que terá efeitos de citação. Atende-se, assim, ao CPC, art.282, VII. A
notificação não integra o rol de pedidos, tanto que o CPC (aludindo à citação) trata deste
requisito em inciso diverso e, especificamente, refere-se ao “requerimento” para fim de tal
providência.
Devemos lembrar, também, do trâmite processual para bem redigir este requerimento.
Ora, o reclamado será notificado acerca da propositura da ação e dos termos da inicial, bem
como do dia e hora da audiência, tipo de audiência e da necessidade de comparecer para fim de
tentativa de conciliação, depoimento pessoal, documentos a apresentar e, se quiser, trazer aos
autos a sua defesa, dentre outras providências. Tudo isto é importante no momento de
textualizar. Nossa sugestão:
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“CONFISSÃO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 184 da SBDI-1) -
Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - Aplica-se a pena de confissão à parte que, expressamente intimada com
aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual
deveria depor. (ex-Súmula nº 74 - RA 69/1978, DJ 26.09.1978)
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para
confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando
cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores. (ex-OJ nº 184
da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)”.
5.2. As provas: já vimos que é praxe na prática trabalhista requerer a produção de provas por
todos os meios em Direito admissíveis. Vamos, aqui, ir além, especificando os meios pertinentes:
6º - O valor da causa
Vale corrigir prática, ao nosso ver, equivocada e, ao mesmo tempo, comum. Diversas
vezes, nos deparamos com o seguinte texto: “Dá-se à causa o valor de ...”.
Como não estamos diante de sujeito indeterminado, não se deve utilizar a referida
forma. Sugerimos (para o rito ordinário):
58
Finalize com:
Nestes Termos
Pede Deferimento.
Local... data...
ADVOGADO...
OAB...
Observado o aqui demonstrado, certamente você terá uma boa estrutura para suas
iniciais, passando a variar apenas o conteúdo dos fatos e dos fundamentos, a luz de cada
questão enfrentada.
Pensando nas possíveis provas (inclusive Exame da OAB), nunca esquecer: 1. é muito
importante redigir uma prova clara, sem rabiscos e rasuras excessivas, sem utilizar “branquinho”
(corretivo); 2. cuidado com a caligrafia (o examinador não pode ter dificuldade para entender sua
letra !); 3. cuidado com os parágrafos (eles devem ser respeitados); e 4. cuidado com o espaço e
o tamanho da letra: você terá 150 linhas para redigir a sua peça profissional, nada mais.
Bons estudos !
***
59
PARTE III - CASOS PARA ELABORAÇÃO DE PEÇAS PROFISSIONAIS
CASO 1
João foi admitido por X Ltda, em 01.03.2012, para trabalhar como supervisor, com salário de R$
7.000,00 mensais. Trabalhava das 8h às 18h, de segunda-feira a sábado, com 30 minutos de
intervalo intrajornada, tudo autorizado por acordo individual firmado entre as partes. X Ltda
entende que o acordo celebrado é válido, portanto, nada pagou ao reclamante, além do salário
mensal, decorrente da duração do trabalho (jornada/carga semanal/intervalos etc). Em
14.01.2014, João foi surpreendido com a dispensa sem justa causa. Recebeu todas as verbas
rescisórias corretamente, exceto o aviso prévio, que não lhe foi indenizado, constando
equivocadamente do TRCT que a dispensa ocorrera 30 dias antes da data do desligamento.
Localizou, todavia, a comunicação escrita da dispensa, impressa em papel timbrado da
empregadora e subscrita pelo gerente de RH, que demonstra a verdade. A data de saída
anotada na CTPS corresponde à da dispensa.
QUESTÃO: Como advogado de João, promova a medida adequada.
QUESTÕES:
1. O ponto pertinente ao Caso 1 não indica o local de trabalho de João. Não indica, também, o local em
que o trabalhador tem domicílio. Considerando a hipótese de João ter prestado serviços para X Ltda em
Santos/SP e residir em São Bernardo do Campo/SP, em que localidade deveria ser proposta a ação
trabalhista em questão ? E se tivesse sido contratado em São Paulo/SP ?
Fundamente a sua resposta.
2. Compete à Justiça do Trabalho conhecer e julgar a ação a ser proposta por João, no caso em estudo.
Há fundamento legal para essa conclusão ? Indique-o, em caso de resposta positiva.
4. Considerado o enunciado do Caso 1, a quem toca a legitimidade ativa para propor a ação ? E a
passiva ? Os sócios de X Ltda têm legitimidade ativa ou passiva nesse caso ? Explique.
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5. O art.39, I, do CPC, é compatível com os princípios e regras que regem o Direito Processual do
Trabalho ? Deverá ser observado por ocasião da redação da petição inicial pertinente ao Caso 1, em
estudo ?
6. No que consiste o jus postulandi ? Admite-se na Justiça do Trabalho ? Há limites para o seu exercício
? Explique e fundamente a resposta.
7. O juiz pode dar início de ofício ao processo do trabalho ? No que consiste o “princípio da inércia da
jurisdição” e o “princípio do impulso oficial” ? Analise essa questão à luz do conceito de ação e das
demais características do chamado “direito de ação”. Fundamente a resposta.
8. A ação que será proposta, cf.o caso em estudo, tramitará observando que procedimento ? Justifique,
com a indicação de quais são os procedimentos admitidos no Processo do Trabalho e seus respectivos
fundamentos legais. Quais os critérios que devem ser observados para a definição do procedimento a ser
seguido, nos domínios do Processo do Trabalho ? Explique.
10. Resuma o contrato de trabalho mantido entre as partes, descrevendo as suas principais
características.
11. O aviso prévio pode ser considerado um instituto típico e exclusivo do Direito do Trabalho ? Explique.
12. O aviso prévio é um direito constitucionalmente garantido aos trabalhadores urbanos e rurais. Qual é
o fundamento legal que sustenta essa afirmação ?
13. Qual o período mínimo a ser observado para fim do aviso prévio ? Proceda à fundamentação legal de
sua resposta.
14. A luz da legalidade constitucional, pode-se afirmar que ainda existe bilateralidade no que se refere ao
aviso prévio ? Justifique.
15. No que consiste o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço ? Como se calcula a referida
proporcionalidade ? O aviso prévio proporcional ao tempo de serviço é direito de ambas as partes na
relação jurídica-contratual empregatícia ? Analise a última questão à luz do princípio da igualdade e
fundamente todas as suas respostas (fundamentação legal).
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16. O aviso prévio indenizado integra a base de cálculo dos depósitos fundiários (FGTS) ? Responda com
a indicação dos fundamentos legal e jurisprudencial pertinentes.
17. Há relação entre o aviso prévio e o tempo de serviço ? Qual a relevância do aviso prévio, mesmo
indenizado, no que se refere à anotação da “baixa” (data de saída) na CTPS ? Fundamente na lei e na
jurisprudência do TST a sua resposta.
18. O período de intervalo intrajornada tem alguma relação com a jornada de trabalho ? Explique (com a
indicação da fundamentação legal pertinente, bem como do entendimento sumulado no âmbito do TST,
se houver). E o intervalo interjornada(s) ?
19. Qual é o limite de trabalho diário e semanal dos empregados urbanos e rurais no Brasil ? Indique o
fundamento legal de sua resposta.
20. João pode ser beneficiário da gratuidade de Justiça ? Explique, com a indicação dos fundamentos
legais e jurisprudenciais pertinentes à sua resposta.
21. Como advogado de João, você incluiria, entre as suas pretensões, a condenação de X Ltda no
pagamento de honorários advocatícios ? Qual o fundamento de sua resposta ? Qual será a provável
alegação de X Ltda em sua contestação, a respeito dessa pretensão de João ? Fundamente na lei e na
jurisprudência do TST.
22. Considerado o enunciado do Caso 1, quais serão os pedidos que deverão ser deduzidos na petição
inicial a elaborar ? Proceda à redação dos referidos pedidos.
23. É preciso incluir na inicial algum requerimento pertinente à citação do réu/”reclamado” (da
ré/”reclamada”) ? E a indicação das provas (meios) pelas quais pretende o autor/”reclamante” (autora)
demonstrar a veracidade dos fatos alegados ? E o valor da causa ? Fundamente a sua resposta.
24. Em sendo necessário, qual valor você atribuirá à causa, no caso em estudo ? Fundamente a sua
resposta.
***
62
CASO 2 (EXAME OAB/SP – 130 – ADAPTADO PELO PROFESSOR) – COM MODELO
José, empregado que trabalhou em concessionária de venda de veículos, sem registro formal do
contrato de trabalho, pelo período de um ano e seis meses, recebia salário fixo, acrescido de
comissões sobre as vendas, sem pagamento de nenhum reflexo. Foi dispensado, nada lhe
sendo pago no momento da rescisão contratual, nem mesmo o salário e as comissões do último
mês de trabalho, cujo valor total supera R$ 30.000,00.
QUESTÃO: Elaborar, como advogado de José, a medida processual adequada para a hipótese.
(1) EXCELENTÍSSIMO (2) SENHOR (3) DOUTOR (4) JUIZ (5) DA ...... VARA (6) DO
TRABALHO (7) DE
(1) José..........................., (2) nacionalidade..., (3) estado civil..., (4) profissão..., (5)
nascido em ..../.../......(6) filho de (nome da mãe)................... (7) portador da Cédula de
Identidade RG nº... e da (8) CTPS nº.....série......, (9) inscrito no CPF do MF sob o nº ...... (10) e
no PIS sob o nº ...(11) domiciliado em ... (12), onde reside na ... (endereço completo com
CEP)................ (13), por seu advogado (instrumento de mandato anexo), com escritório em
...(endereço completo com CEP), onde receberá intimações, vem propor
(1) Nome da reclamada, pessoa jurídica de direito … (2) sediada em ...... (endereço
completo com CEP), (3) inscrita no CNPJ do MF sob o nº......., pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas:
OU
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Consoante faz prova a anexa declaração (CLT, artigo 625-D, §2º), firmada pelos
membros da Comissão de Conciliação Prévia a que submetida a causa, restou frustrada a
tentativa conciliatória, tendo por objeto …, motivo pelo qual é proposta a presente ação.
OU
Inicialmente, cabe salientar que, do exame da CLT, artigo 625-D, não há que se cogitar
a conclusão acerca da obrigatoriedade de submissão prévia da causa às Comissões de
Conciliação, não consistindo a providência em pressuposto processual, tampouco em condição
da ação trabalhista, sob pena de afronta ao disposto na CF, art.5º, XXXV, ou seja, ao princípio
da inafastabilidade da jurisdição. Saliente-se que a questão já resta neste sentido consolidada a
vista do julgamento das ADI 2139 e 2160, pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal.
1. O CONTRATO DE TRABALHO
Cabe esclarecer que o reclamante nunca teve seu contrato de trabalho registrado, nem
sequer qualquer anotação lançada em sua carteira de trabalho.
Faz jus o reclamante, ainda, ao recebimento dos valores referentes aos depósitos do
FGTS de todo o período laboral.
2. A RESCISÃO
Após ter trabalhado um ano e seis meses sem registro e anotação em carteira de
trabalho, em claro desrespeito ao disposto no artigo 29 da CLT, o reclamante foi dispensado sem
justa causa.
64
Ocorre que a reclamada não pagou ao reclamante as verbas rescisórias a este devidas
em razão da mencionada dispensa, a saber:
- saldo de salário (... dias) e comissões pertinentes às vendas efetuadas no último mês
trabalhado (mês.../ano...), que totalizam R$ …, consoante relatórios e demais documentos
anexos;
- aviso prévio indenizado proporcional ao tempo de serviço (33 dias, na forma da Lei
12.506/2011, artigo 1º, parágrafo único); e
Deve, ainda, ser compelida a proceder ao pagamento dos reflexos das ditas comissões
no aviso prévio indenizado e na multa de 40% sobre os depósitos fundiários.
Há de se somar, ainda, que as verbas rescisórias incontroversas deverão ser pagas pela
reclamada em primeira audiência, sob pena de lhe restar imposta a obrigação de pagá-las com o
acréscimo de 50%, conforme dispõe a CLT, em seu art.467.
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5) OS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
III - OS PEDIDOS
Posto isto, o reclamante vem a Vossa Excelência deduzir PEDIDO, que espera seja
julgado procedente, para o fim de que:
c.7. FGTS sobre as verbas supra pleiteadas (itens c.1, c.2 , c.3 e c.4), acrescido da
multa de 40%;
c.7. Reflexos das comissões nas férias vencidas e proporcionais, acrescidas de 1/3; 13º
salário; aviso prévio indenizado; FGTS e multa de 40%;
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d) Aplicação do artigo 467 da CLT;
e) Entrega das guias para percepção do seguro-desemprego, sob pena de responder pelo
pagamento do valor das parcelas a que faz jus o reclamante (quatro), a título indenizatório.
IV - OS REQUERIMENTOS
ADVOGADO...
OAB...
***
67
CASO 3 (EXAME OABSP – 133)
Determinada empresa contratou “A”, Engenheiro Mecânico, para ocupar as funções de
encarregado de produção, função na qual trabalhou durante 05 (cinco) anos. Na sequência, foi
promovido a Diretor Técnico, função na qual se ativou por mais 06 anos, cumprindo
regularmente horário de trabalho e sujeito à mesma subordinação jurídica. Despedido sem justa
causa, a empregadora considerou, para fins de contagem de tempo de serviço, apenas o
primeiro período de cinco anos, sob a alegação de que no período subsequente o contrato de
trabalho estivera suspenso em razão do exercício de cargo de confiança.
QUESTÃO: Na condição de patrono de “A”, promover a medida legal cabível contra a referida
empresa, aqui nominada “B”, para postular a soma de períodos e os direitos trabalhistas daí
derivados, apresentando os devidos fundamentos legais e jurisprudenciais atinentes ao tema.
GABARITO OFICIAL: A medida processual será a petição inicial, pleiteando a soma do tempo de
serviço com os consequentes legais daí derivados, pois não há que se falar em suspensão do
contrato de trabalho na hipótese em discussão, tendo em vista o disposto no art. 499 “caput”, da
CLT, bem como a Súmula 269 do TST. A petição inicial deverá observar os requisitos legais.
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CASO 4 (EXAME OAB/SP 132)
GABARITO OFICIAL: A medida processual será a petição inicial, pleiteando todos os direitos
decorrentes da injusta despedida e invocando o art. 373-A, “VI” da CLT, além da postulação de
danos morais a serem arbitrados pelo Juízo, pelo duplo constrangimento sofrido,
fundamentando-se então, com os arts. 5º, inciso X, da Constituição Federal c/c arts. 186 e 927
do Código Civil.
69
CASO 5 (EXAME OAB/SP 125)
José, inscrito em eleição para o cargo de diretor do sindicato, é dispensado sem justa causa, tão
logo comunicada a sua empregadora do fato, recebendo todos os pagamentos previstos em lei,
sem exceção de nenhum.
QUESTÃO: Apresentar a medida processual adequada para a defesa dos interesses de José.
CASO 6 (PROFESSOR)
Maria foi admitida por WTZ Ltda para exercer a função de auxiliar de escritório. Para tanto,
celebraram contrato de experiência de 90 dias. Sessenta dias após o início das atividades, Maria
descobriu que estava grávida (7 semanas). Comunicou ao empregador que a parabenizou,
desejando toda sorte para ela e para o filho. No último dia do contrato, Maria foi comunicada que
não seria prorrogado o contrato já que, durante a experiência, a empresa notou que ela não se
enquadrava no perfil de empregado que buscavam, e que, em razão do final do prazo
determinado, deveria comparecer no dia seguinte apenas para receber seus haveres rescisórios.
QUESTÃO: Como advogado de Maria, promova a medida adequada.
70
Caso 7 – ESTUDO DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
“A”, assistente contábil, residente em Osasco, foi contratado pela empresa “B”, para trabalhar na
filial localizada no município de Barueri, em 04.02.2013. A contratação se deu em Guarulhos,
local onde está situada a matriz da empresa. Foi dispensado no dia 26.02.2014, sob alegação de
justa causa, ocasião em que recebia o salário mensal de R$ 1.000,00. Nada lhe foi pago a título
de verbas rescisórias. O autor não pretende submeter a causa à comissão de conciliação prévia.
QUESTÃO: Como advogado de “A”, promova a ação cabível observando o procedimento devido
e o Juízo competente.
***
“A”, nacionalidade..., nascido no dia ..., filho de (mãe) ..., assistente contábil, estado
civil..., portador da Cédula de Identidade RG nº ... e da CTPS nº..., série ..., inscrito no CPF do
MF sob o nº... e no PIS sob o nº..., domiciliado na (cidade/UF...), onde reside na Avenida/Rua...,
nº..., bairro ..., CEP..., por seu advogado (instrumento de mandato anexo), que receberá
intimações na Avenida/Rua..., nº..., bairro ..., cidade/UF..., CEP..., vem a Vossa Excelência
propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, pelo Rito SUMARÍSSIMO, com fundamento na CLT,
art.840, §1º, combinado com arts.852-A a 852-I, em face de B, pessoa jurídica de direito privado
inscrita no CNPJ do MF sob o nº ..., estabelecida na Avenida/Rua..., nº..., bairro ..., cidade/UF...,
CEP..., pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
71
B – DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
1. DO CONTRATO DE TRABALHO
O reclamante foi despedido sob a falsa alegação de justa causa, porém, nenhum fato lhe
foi imputado pela reclamada que pudesse justificar a rescisão contratual nestes moldes.
A reclamada não indicou nenhuma conduta do reclamante que pudesse ser capitulada
no artigo 482 da C.L.T., o que demonstra que a rescisão por justa causa é nula.
4. AS VERBAS RESCISÓRIAS
Tendo em vista que o reclamante sofreu dispensa imotivada mas nada recebeu da
reclamada a título de verbas rescisórias, faz jus ao recebimento das seguintes verbas:
(a) Aviso Prévio proporcional ao tempo de serviço (33 dias), na forma da CF, art.7º, XXI,
combinado com o disposto na CLT, art.487 e na Lei 12.506/2011, art.1º, “parágrafo
único”...........................................................................................................................R$ 1.100,.00;
(c) Férias referentes ao período aquisitivo 2013-2014 (R$ 1.000,00), acrescidas de um terço (R$
333,33).........................................................................................................................R$ 1.333,33;
(d) Férias proporcionais (2014), na razão de 2/12, (R$ 333,33) já projetado o aviso prévio,
acrescido de um terço (R$ 111,11)..............................................................................R$ 444,44;
(e) 13º salário proporcional (2014), na razão de 3/12, já projetado o aviso prévio...R$ 250,00;
(f) Depósitos do FGTS calculados sobre o aviso prévio indenizado, o saldo de salário e o trezeno
proporcional, supra pleiteados.....................................................................................R$ 184,27;
72
(g) Multa de 40% sobre os depósitos do FGTS devidos ao reclamante no período laboral (quer
sobre os já efetivados, quer sobre os ora
pleiteados)....................................................................................................................R$ 960,00;
(h) Multa prevista no art.477, §8º, da CLT, em razão do não pagamento das verbas rescisórias
no prazo fixado no art.477, §6º, da mesma
Consolidação................................................................................................................R$ 1.000,00.
C - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, vem o reclamante a Vossa Excelência deduzir PEDIDOS, que espera
sejam julgados procedentes, para o fim de que:
I) seja declarada nula a rescisão por justa causa (ou, seja reconhecida a inexistência de
falta grave, ou seja reconhecida a rescisão sem justa causa);
73
de levantamento dos depósitos fundiários já efetivados e percepção do seguro-desemprego, sob
pena de expedição de alvará para tanto;
III) seja condenada a reclamada no pagamento das seguintes verbas, sem prejuízo de que
o referido pagamento se dê em primeira audiência quanto às rescisórias incontroversas, sob
pena de aplicação do disposto na CLT, art.467, com o acréscimo da multa de 50% sobre essas:
(c) Férias referentes ao período aquisitivo 2013-2014 (R$ 1.000,00), acrescidas de um terço (R$
333,33).........................................................................................................................R$ 1.333,33;
(d) Férias proporcionais (2014), na razão de 2/12, (R$ 333,33) já projetado o aviso prévio,
acrescido de um terço (R$ 111,11)..............................................................................R$ 444,44;
(f) Depósitos do FGTS calculados sobre o aviso prévio indenizado, o saldo de salário e o trezeno
proporcional, supra pleiteados.....................................................................................R$ 184,27;
(g) Multa de 40% sobre os depósitos do FGTS devidos ao reclamante no período laboral (quer
sobre os já efetivados, quer sobre os ora pleiteados)..................................................R$ 457,71;
(h) Multa prevista no art.477, §8º, da CLT, em razão do não pagamento das verbas rescisórias
no prazo fixado no art.477, §6º, da mesma Consolidação...........................................R$ 1.000,00;
IV) seja condenada a reclamada na obrigação de proceder à entrega, ao reclamante, das guias
para percepção do seguro-desemprego, sob pena de responder pelo pagamento das quantias
correspondentes ao valor das parcelas a que faz jus o obreiro (quatro, R$ 800,00 cada), na via
indenizatória.................................................................................................................R$ 3.200,00;
D- DOS REQUERIMENTOS
Atribui à causa o valor de R$ 8.923,08 (oito mil, novecentos e vinte e três reais
e oito centavos).
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local..., data...
ADVOGADO …
OAB ...
75
ANEXO I
Sobre o Seguro-Desemprego
Saiba mais
O que é
É o pagamento da assistência financeira temporária, não inferior a 1 salário mínimo, concedida
ao trabalhador desempregado previamente habilitado.
O Seguro-Desemprego, um dos mais importantes direitos dos trabalhadores brasileiros, é um
benefício que oferece auxílio em dinheiro por um período determinado. Ele é pago de três a
cinco parcelas e seu valor varia de caso a caso.
A quem se destina
Trabalhador formal e doméstico, em virtude da dispensa sem justa causa, inclusive a
dispensa indireta (aquela na qual o empregado solicita judicialmente a rescisão motivada
por ato faltoso do empregador);
Trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participação em
curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador;
Pescador profissional durante o período do defeso (procriação das espécies);
Trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo em decorrência de ação de
fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.
Local de solicitação
O trabalhador, que atenda aos requisitos específicos de cada modalidade, solicita o benefício
nos Postos de Atendimento das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE),
nos postos do Sistema Nacional de Emprego, nas entidades sindicais cadastradas pelo MTE
(Ministério do Trabalho e Emprego) e nas agências da CAIXA credenciadas pelo MTE (nesse
caso, somente para o trabalhador formal).
Como funciona
Para requerer o Seguro-Desemprego, o trabalhador apresenta, no ato da solicitação, o
formulário do Seguro-Desemprego específico de cada modalidade de benefício, preenchido pelo
empregador e entregue ao trabalhador na sua dispensa sem justa causa.
O trabalhador formal tem direito de três a cinco parcelas do benefício, a cada período aquisitivo
de 16 meses, sendo esse o limite de tempo que estabelece a carência para recebimento do
76
benefício, contado a partir da data de dispensa que deu origem à última habilitação ao Seguro-
Desemprego.
A quantidade de parcelas refere-se à quantidade de meses trabalhados nos últimos 36 meses
anteriores à data da dispensa, na forma a seguir:
De 6 a 11 meses: 3 parcelas;
De 12 a 23 meses: 4 parcelas;
De 24 a 36 meses: 5 parcelas.
A quantidade de parcelas, de três a cinco meses, poderá ser excepcionalmente prolongada em
até dois meses, para grupos específicos e segurados, conforme Lei nº 8.900, de 30/6/1994.
A lei garante ao pescador artesanal receber tantas parcelas quantos forem os meses de duração
do período de defeso. Se o período de proibição da pesca durar além do prazo determinado pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o pescador
tem direito a mais uma parcela.
O empregado doméstico e o trabalhador resgatado recebem, no máximo, três parcelas.
Modalidades
Trabalhador formal
É o benefício destinado ao trabalhador que possuía vinculo empregatício com pessoa jurídica
ou com pessoa física equiparada à jurídica (inscrita no CEI), sob o regime da CLT.
Empregado doméstico
É o benefício destinado ao trabalhador sem vínculo empregatício com pessoa jurídica e que
exercia suas atividades sob contrato de trabalho com pessoa física inscrita no CEI, em regime
de trabalho doméstico (ex.: cozinheira, copeira, jardineiro, motorista particular), sob o regime
da CLT.
Pescador artesanal
É o benefício destinado ao pescador profissional que exerce atividade de forma artesanal,
individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de
parceiros, durante o período de proibição da pesca para a preservação da espécie. Entende-se
como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da mesma
família é indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência
e colaboração, sem utilização de empregados.
Trabalhador resgatado
É o benefício destinado ao trabalhador que foi submetido a regime de trabalho forçado ou
reduzido a condição análoga à de escravo e dessa situação resgatado em decorrência de ação
de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.
Bolsa de qualificação profissional
77
É o benefício destinado somente ao trabalhador formal com o contrato de trabalho suspenso
em virtude de participação em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo
empregador, conforme disposto em convenção ou acordo coletivo celebrado para esse fim.
Prazos
O trabalhador deve requerer o benefício nos prazos abaixo, conforme a modalidade do benefício:
Trabalhador formal – Do 7º ao 120º dia, contados da data de dispensa;
Bolsa Qualificação – Durante a suspensão do contrato de trabalho;
Empregado doméstico – Do 7º ao 90º dia, contados da data de dispensa;
Pescador artesanal – Durante o defeso, em até 120 dias do início da proibição;
Trabalhador resgatado – Até o 90º dia, a contar da data do resgate.
Critérios de habilitação
Para requerer o benefício do Seguro-Desemprego, é necessário que o trabalhador atenda aos
critérios de habilitação a seguir, conforme a modalidade do benefício:
Trabalhador formal
Ter sido dispensado sem justa causa;
Ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física equiparada à jurídica (inscrita
no CEI), no período de seis meses consecutivos, imediatamente anteriores à data de
dispensa;
Estar desempregado quando do requerimento do benefício;
Não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua
família;
Não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, com
exceção do Auxílio Acidente e Pensão por Morte;
Ter sido empregado de pessoa jurídica ou de pessoa física equiparada à jurídica, pelo
menos seis meses nos últimos 36 meses que antecedam a data de dispensa.
Bolsa de qualificação profissional
Estar com o contrato de trabalho suspenso, em conformidade com o disposto em
convenção ou acordo coletivo, devidamente matriculado em curso ou programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador. A periodicidade, valores e
quantidade de parcelas são as mesmas do benefício para o trabalhador formal, conforme
o tempo de duração do curso de qualificação profissional.
Empregado doméstico
Ter sido dispensado sem justa causa;
78
Ter trabalhado, exclusivamente, como empregado doméstico, pelo período mínimo de 15
meses nos últimos 24 meses que antecederam a data de dispensa que deu origem ao
requerimento do Seguro-Desemprego;
Não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua
família;
Não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, com
exceção do Auxílio Acidente e Pensão por Morte;
Pescador artesanal
Possuir registro como pescador profissional devidamente atualizado no Registro Geral da
Pesca (RGP) como pescador profissional, classificado na categoria artesanal, emitido
pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República, com
antecedência mínima de um ano da data do início do defeso;
Possuir inscrição no INSS como segurado especial;
Possuir comprovação de venda do pescado a adquirente pessoa jurídica ou cooperativa,
no período correspondente aos últimos 12 meses que antecederam ao início do defeso;
Não estar em gozo de nenhum benefício de prestação continuada da Previdência Social,
ou da Assistência Social exceto Auxílio Acidente ou Pensão por Morte;
Comprovar o exercício profissional da atividade de pesca artesanal objeto do defeso e
que se dedicou à pesca, em caráter ininterrupto, durante o período compreendido entre o
defeso anterior e o em curso;
Não ter vínculo de emprego ou outra relação de trabalho ou outra fonte de renda diversa
da decorrente da atividade pesqueira.
Trabalhador resgatado
Ter sido comprovadamente resgatado do regime de trabalho forçado ou da condição
análoga à de escravo em decorrência de ação de fiscalização do MTE;
Não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, com
exceção do Auxílio Acidente e Pensão por Morte;
Não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua
família.
79
O Seguro-Desemprego é um benefício pessoal e intransferível e será pago diretamente ao
beneficiário, salvo em caso de morte do segurado, ausência, moléstia contagiosa e beneficiário
preso, observadas as condições a seguir:
Morte do segurado, quando serão pagas parcelas vencidas até a data do óbito, aos
sucessores, mediante apresentação de Alvará Judicial;
Grave moléstia do segurado, comprovada pela perícia médica do INSS, quando serão
pagas parcelas vencidas ao seu curador legalmente designado ou representatne legal,
mediante apresentação de Mandato outorgado por instrumento público, com finalidade
específica para o benefício a ser recebido;
Moléstia contagiosa ou impossibilidade de locomoção, devidamente comprovada
mediante perícia médica do INSS, quando serão pagas parcelas vencidas a procurador
designado em instrumento público, com poderes específicos para receber o benefício;
Ausência civil, quando serão pagas parcelas vencidas ao curador designado pelo juiz,
mediante certidão judicial de nomeação do curador habilitado à prática do ato;
Beneficiário preso, impossibilitado de comparecer pessoalmente à instituição financeira
responsável pelo pagamento, quando as parcelas vencidas serão pagas por meio de
instrumento público com poderes específicos para o ato.
O pagamento de parcela do benefício a dependente de segurado decorrente de pensão
alimentícia é feito com apresentação de Alvará Judicial.
O presidiário tem direito ao benefício do Seguro-Desemprego, desde que não possua outra
renda e seus dependentes não recebam Auxílio Reclusão do INSS.
Documentação
Documentos de identificação do segurado
Para requerer o benefício, o trabalhador deve apresentar qualquer documento a seguir:
Carteira de Identidade ou Certidão de Nascimento ou Certidão de Casamento com o
protocolo de requerimento da identidade (somente para recepção);
Passaporte;
Certificado de Reservista;
CTPS (modelo novo);
Carteira Nacional de Habilitação (CNH, modelo novo), dentro do prazo de validade.
80
Documento de levantamento dos depósitos no FGTS ou extrato comprobatório dos
depósitos;
Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT), devidamente homologado;
Termo de Quitação de Rescisão do Contrato de Trabalho (acompanha o TRCT) nas
rescisões de contrato de trabalho com menos de 1 ano de serviço ou Termo de
Homologação de Rescisão do Contrato de Trabalho (acompanha o TRCT) nas rescisões
de contrato de trabalho com mais de 1 ano de serviço;
Comunicação de Dispensa e Requerimento do Seguro-Desemprego (CD/RSD), para o
trabalhador formal;
Requerimento de Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal (RSDPA);
Comunicação de Dispensa do Empregado Doméstico e Requerimento do Seguro-
Desemprego do Empregado Doméstico (CDED/RSDED);
Requerimento Bolsa Qualificação (RBQ), para o trabalhador formal, quando a modalidade
do benefício for Bolsa de Qualificação Profissional;
Comunicação de Dispensa do Trabalhador Resgatado e Requerimento do Seguro-
Desemprego ao Trabalhador Resgatado (CDTR/RSDTR);
Requerimento de Seguro-Desemprego Especial (SDEspecial);
CTPS para todas as modalidades de benefício, à exceção do pescador artesanal, que é
substituída pelo registro do Seap/DFA.
Além da CDTR/RSDTR e do comprovante de inscrição no PIS, o trabalhador resgatado deve
apresentar a CTPS devidamente anotada pelo fiscal do MTE, ou TRCT, ou documento emitido
pela fiscalização do MTE que comprove a situação de ter sido resgatado da situação análoga à
de escravidão.
81
TABELA PARA CÁLCULO DO BENEFÍCIO
SEGURO-DESEMPREGO
JANEIRO/2014
Calcula-se o valor do Salário Médio dos últimos três meses anteriores a dispensa e
aplica-se na fórmula abaixo:
A apuração do valor do benefício tem como base o salário mensal do último vínculo
empregatício, na seguinte ordem:
3. Caso o trabalhador, em vez dos três ou dois últimos salários daquele mesmo
vínculo empregatício, tenha recebido apenas o último salário mensal, este será
considerado, para fins de apuração.
Caso o trabalhador não tenha trabalhado integralmente em qualquer um dos últimos três
meses, o salário será calculado com base no mês de trabalho completo.
Para aquele que recebe salário/hora, semanal ou quinzenal, o valor constante no
requerimento deverá ser o do salário mensal equivalente, conforme a regra abaixo:
82
ANEXO II
AVISO PRÉVIO
83
ANEXO III
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
SÚMULA Nº 2
TÍTULO VI-A
(incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)
DA COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
PLENÁRIO
ADI 2139 MC/DF, rel. orig. Min. Octávio Gallotti, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 13.5.2009.
ADI 2160 MC/DF, rel. orig. Min. Octávio Gallotti, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 13.5.2009.
***
ARTIGO
Iniciado o julgamento de pedidos de medidas liminares em duas ações diretas de
inconstitucionalidade ajuizadas pelo PC do B, PSB, PT, PDT e pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores no Comércio-CNTC contra a Lei 9.958/2000, que altera e acrescenta artigos à
86
Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, dispondo sobre as Comissões de Conciliação Prévia
e permitindo a execução de título executivo extrajudicial na Justiça do Trabalho.
Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, não conheceu da ação quanto ao parágrafo único do
artigo 625-E da CLT (acrescentado pelo art. 1º da Lei 9.958/2000), que estabelece que o termo
de conciliação é título executivo extrajudicial, uma vez que não fora impugnado expressamente
na inicial, vencido o Min. Marco Aurélio, por entender que a impugnação estava satisfatória.
Prosseguindo no julgamento, quanto ao art. 625-D da CLT (Lei 9.958/2000, art. 1º) - que
estabelece que qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de
Conciliação Prévia -, após os votos dos Min. Octavio Gallotti, indeferindo a liminar e do
Min. Marco Aurélio, deferindo-a, em parte, para, dando interpretação conforme a CF,
assegurar o livre acesso ao judiciário, o julgamento foi adiado em face do pedido de vista
do Min. Sepúlveda Pertence. ADInMC 2.139-DF e ADInMC 2.160-DF, rel. Min. Octavio Gallotti,
30.6.2000. (ADI-2139) (ADI-2160)
***
ARTIGO
O Tribunal retomou julgamento de medidas cautelares em duas ações diretas de
inconstitucionalidade ajuizadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio -
CNTC e pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B, pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB,
pelo Partido dos Trabalhadores - PT e pelo Partido Democrático Trabalhista - PDT. A CNTC
impugna o inciso II do art. 852-B da CLT (introduzido pelo art. 1º da Lei 9.957/2000), que excluiu
do procedimento sumaríssimo trabalhista a citação por edital, e dispositivos da Lei 9.958/2000,
que altera e acrescenta artigos à Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, dispondo sobre as
Comissões de Conciliação Prévia. Os referidos Partidos impugnam somente dispositivos desta
última lei — v. Informativo 195. O Min. Sepúlveda Pertence, em voto-vista, relativamente ao
art. 625-D da CLT (Lei 9.958/2000, art. 1º), que estabelece que qualquer demanda de
natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia, acompanhou o
voto do Min. Marco Aurélio, deferindo, em parte, a medida cautelar, para assegurar, com
relação aos dissídios individuais do trabalho, o livre acesso ao Judiciário,
independentemente de instauração ou da conclusão do procedimento perante a comissão
de conciliação prévia, no que foi acompanhado pelos Ministros Cármen Lúcia, Ricardo
Lewandowski e Eros Grau. Em seguida, pediu vista dos autos o Min. Joaquim Barbosa.
ADI 2139 MC/DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 16.8.2007. (ADI-2139)
87
ANEXO IV – TUTELA ANTECIPADA / LIMINARES
ARTIGO 659, IX e X
Artigo 659;. Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem
conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:
[…]
IX – conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que
visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 desta
Consolidação;
X – conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que
visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo
empregador.
ARTIGO 273
Artigo 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da
tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e:
§1º. Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu
convencimento.
§2º. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado.
§3º. A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as
normas previstas nos arts.588, 461, §§4º e 5º, e 461-A.
§4º. A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão
fundamentada.
§5º. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.
§6º. A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos
cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
§7º. Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar,
poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em
caráter incidental do processo ajuizado.
88
ARTIGO 461
Artigo 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Não bastasse isso, resta evidente o risco de dano irreparável à reclamante, caso tenha
essa que amargar a morosidade natural do trâmite processual ordinário. Ora, Excelência, “o
tempo não para”, “o tempo não volta”. A cada dia afastada do trabalho, sofre a reclamante perda
irremediável no que tange ao seu direito fundamental ao trabalho (CF, art.6º), ao seu direito de
trabalhar, indispensável à manutenção de sua autoestima e sentimento de utilidade social.
Ademais, é fato que a reclamante necessita dos salários mensais e demais verbas para fim de
seu sustento e do adequado custeio do seu pré-natal, o que lhe resta subtraído pela manutenção
do seu afastamento do trabalho. Com isso, os prejuízos decorrentes da dispensa injusta,
atentatória à garantia de emprego estendida pelo ordenamento à reclamante, são inúmeros e,
89
quiçá, irreversíveis, restando mais do que evidente a relevância do fundamento da demanda e o
risco de ineficácia futura da medida.
Por fim, saliente-se que a antecipação dos efeitos da tutela almejada exibe-se medida
totalmente reversível, já que, uma vez não confirmada a garantia de emprego aqui defendida,
poderá a reclamada, ao final, proceder ao efetivo e cabal desligamento da trabalhadora.
Requer seja concedida, liminarmente, inaudita altera parte, a antecipação dos efeitos da
tutela, para fim de que seja imediatamente reintegrada a reclamante no emprego, na mesma
função e local, e com os mesmos salários, e assim mantida até final decisão no presente feito.
90
ANEXO V – SUPRESSÃO PARCIAL DE INTERVALO INTRAJORNADA
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT,
com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994,
quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo
intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo
de outras parcelas salariais.
91
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – ARTIGO 71
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma)
hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)
horas.
§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de
15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
§ 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do
Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de
Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências
concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem
sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.
§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido
pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo
de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho. (Incluído pela Lei nº 8.923, de 27.7.1994)
LEITURA COMPLEMENTAR
INTERVALO ESPECIAL
Art. 72 - Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada
período de 90 (noventa) minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 (dez) minutos
não deduzidos da duração normal de trabalho.
INTERVALO INTERJORNADA (ATENÇÃO ESPECIAL AO ARTIGO 66)
Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas
para descanso.
92
Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas
consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá
coincidir com o domingo, no todo ou em parte.
Como se nota do exposto no tópico anterior, o reclamante laborava por mais de 6 horas
diárias. Em razão disso, por força do que dispõe a CLT, em seu art.71, caput, deveria o
reclamante gozar de, no mínimo, 1 hora de intervalo intrajornada diária.
Ocorre que, como também já salientado, a reclamada não respeitou tal direito de seu
empregado, permitindo ao reclamante intervalo de apenas 15 minutos para refeição e descanso,
a caracterizar inegável supressão parcial do dito direito.
Dispõe a CLT, em seu art.71, §4º, que o empregado que sofrer supressão de seu
intervalo intrajornada fará jus ao recebimento do período correspondente, acrescido de,
minimamente, 50%.
Saliente-se, outrossim, que o mesmo verbete 437, em seu item III, consagra o
entendimento do TST no sentido de que a parcela em questão, prevista no art.71, §4º, da CLT,
tem natureza salarial, de modo que repercute no cálculo das demais verbas salariais.
Assim, faz jus o reclamante ao recebimento de 1 hora extra por dia trabalhado ao longo
de todo o contrato de trabalho, acrescidas de 50%, bem como aos reflexos destas no aviso
prévio indenizado, nas férias acrescidas de 1/3, nos trezenos, no FGTS e na multa de 40% sobre
os depósitos fundiários, do respectivo período.
93
ANEXO VI – SÚMULA DO TST, verbetes 244 e 378
94
SEMINÁRIOS
Todas as respostas devem ser fundamentadas (indicar dispositivos legais, verbetes de
Súmulas e Orientações Jurisprudenciais, se for o caso)
95
Tema “B”: Petição Inicial
1) Quais os conceitos de ação, defesa, processo, procedimento e jurisdição ?
2) Quais são os procedimentos previstos na legislação processual trabalhista ?
3) O que é a petição inicial ?
4) Qual a importância da petição inicial no que se refere à prestação da tutela jurisdicional?
5) Quais são os requisitos formais intrínsecos e extrínsecos da petição inicial, considerada
a reclamação trabalhista ?
6) E se o procedimento a ser observado for o sumaríssimo: há alguma peculiaridade no
que tange à petição inicial ?
7) Quais as consequências do desrespeito aos requisitos formais intrínsecos e extrínsecos
da petição inicial no processo do trabalho ?
8) Quais os dados que devem ser informados na qualificação das partes por ocasião da
redação da petição inicial ?
9) O que é valor da causa ? Qual a importância do valor da causa no processo do
trabalho?
10) No que consiste a causa de pedir ? Há causa de pedir na petição inicial elaborada para
fim de propositura de uma reclamação trabalhista ?
11) Há diferença entre pedidos e requerimentos ?
12) Há relação entre a natureza da ação e a análise das questões pertinentes à prescrição e
à decadência ?
13) No que consiste o jus postulandi ? Qual a sua opinião a respeito ?
14) O que é liminar ? E tutela antecipada ? E tutela cautelar ? Há fungibilidade entre elas ?
15) A CLT traz previsão acerca da concessão de medida liminar ? Em que matérias/casos ?
16) Cite três exemplos de possível antecipação dos efeitos da tutela no processo do
trabalho.
17) Com relação a que matérias tem competência a Justiça do Trabalho ?
18) Quais as regras de competência em razão do lugar no processo do trabalho ?
19) No que consiste a emenda e o aditamento da inicial ? São admitidos no processo do
trabalho ? E no processo civil ? Quais as diferenças no que tange à oportunidade emenda e
aditamento no processo civil e no processo do trabalho ?
20) Em que hipóteses a petição inicial será indeferida ?
21) No que consiste a inépcia da inicial ? Quais são as hipóteses legais de inépcia ?
22) Admite-se a reclamação verbal no processo do trabalho ? Explique o procedimento.
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Tema “C”: Dano Moral/Assédio Moral
1) Conceitue “Responsabilidade Civil”.
2) No que consiste o chamado “dano material” ? Analise a denominação em questão.
3) No que consiste o “dano moral” ? Analise a denominação em questão.
4) No que consiste o “dano estético” ? Trata-se de dano indenizável ?
5) É possível cumular a indenização por dano moral com a indenização por dano estético ?
6) No que consiste o chamado “dano existencial” ? Trata-se de dano indenizável ?
7) O que se busca em uma ação com pedido de indenização por danos materiais ? E por
danos morais ?
8) É possível quantificar o dano moral ? E a indenização ?
9) Quais os critérios para quantificação da indenização por danos morais ?
10) Como quantificar a indenização por danos materiais ? E por danos estéticos ?
11) No que consiste o assédio moral ?
12) Quais as consequências do assédio moral na pessoa do trabalhador e (jurídicas) no
contrato de trabalho ?
13) Analise o poder de direção do empregador frente aos direitos da personalidade dos
empregados.
14) Há diferença entre assédio moral e dano moral ?
15) É permitida a revista íntima dos empregados ?
16) É permitido o controle dos e-mails corporativos dos empregados ?
17) É permitida a revista pessoal dos empregados ?
18) É permitido o monitoramento do local de trabalho por circuito fechado de imagens (TV) ?
19) No caso das questões 14 a 17: podem resultar em danos ou assédio moral ?
20) Assédio sexual: conceito e análise comparativa com o “assédio moral”.
21) Assédio moral é crime ? E o sexual ?
22) No que consiste a discriminação ?
23) Admite-se discriminação nas relações de trabalho ?
24) Quais as consequências da discriminação nas relações de trabalho ?
25) Quais as consequências da dispensa discriminatória no Brasil ?
26) Se o empregador souber que o empregado é portador de HIV, pode dispensá-lo sem
justa causa ?
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Tema “D”: Garantia de Emprego
1) No que consiste a estabilidade no emprego ?
2) Há diferença entre estabilidade e garantia de emprego ? Garantia de emprego ou
garantia no emprego ?
3) Quais as hipóteses de garantia de emprego no Direito do Trabalho brasileiro ? Trata-se
de garantias provisórias ou definitivas ?
4) Qual o termo inicial e final de cada uma das hipóteses identificadas na resposta à
questão anterior ?
5) Caracterizada justa causa para a dispensa, na forma da lei, persiste a garantia de
emprego (em outras palavras: a garantia de emprego resiste à justa causa para a dispensa ?)
6) No que consiste o inquérito para apuração de falta grave ?
7) Todas as hipóteses de garantia de emprego exigem a apuração da falta grave pela via
do inquérito, para, somente então, viabilizar a dispensa ?
8) Qual o prazo para a instauração do inquérito para apuração de falta grave ? Trata-se de
prazo prescricional ou decadencial ?
9) E se não houver suspensão: qual o prazo para a instauração ?
10) Qual o procedimento a ser observado no inquérito para apuração de falta grave ?
11) Quantas testemunhas podem ser ouvidas no inquérito para apuração de falta grave ?
12) O portador de HIV tem garantia de emprego ?
13) Nas diversas hipóteses de garantia de emprego, o empregado pode optar pela
indenização e negar a reintegração ?
14) A garantia de emprego pode ter origem no curso do aviso prévio ? E no curso do
contrato de experiência ? E dos contratos a termo, em geral ?
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