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Quanto aos valores a adotar para fct,ef, a Norma DIN EN citada particulariza mais
do que a nossa NBR 6118. Assim:
1) Quando se considera que a fissuração a controlar é devida à retração térmica,
que se dá nos primeiros 3 a 5 dias após a concretagem, associada à dissipação do
calor devido à hidratação do cimento:
fct,ef= 0,5. fctm aos 28 dias
2) Quando há a expectativa de que o início dessa fissuração possa ocorrer entre 6
e 27 dias (por ex. retração diferencial entre laje e vigas vizinhas), adotar um valor
mínimo
fctef= 3 MPa
3) Quando se trata de controlar a fissuração devida às restrições à retração
hidráulica, que se processa lentamente ao longo de 3 a 5 anos de idade
fctef= fctm aos 28 dias
Ilustrando o acima exposto com aplicação numérica:
Exemplo 01:
Seja determinar a armadura horizontal para controlar a fissuração devida à
dissipação do calor de hidratação (idade 3 a 5 dia), nas faces de uma parede com os
seguintes dados:
h= 50 cm;
d1=5 cm;
concreto C30;
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
Exemplo 2:
Determinar a armadura horizontal para controlar a fissuração devida à dissipação
do calor de hidratação (idade 3 a 5 dia), nas faces de uma parede com:
h= 50 cm;
d1=5 cm;
concreto C30 (fctm= 3 MPa);
usando barras 10 (aço CA 50);
para wk= 0,30 mm,
com a correção do diâmetro, conforme recomendada na DIN EN.
Resolução:
fctef= 0,5.fctm = 1,5 MPa
correção da DIN:
cor = 10. 3,0/1,5 = 20 mm → s= 240 MPa (Tabela 17.2 da NBR 6118)
hef/d1= 3 hef= 15 cm (gráfico da figura 1)
resulta:
As= hef.100.fct,ef/s= 15.100.1,5/240= 9,4 cm²/m (10 c/8), em cada face.
Caso fosse determinar a armadura para controlar a retração hidráulica (em idades
acima de 28 dias), no exemplo acima, com fctef= fctm = 3 MPa, resultaria:
cor = exist= 10 mm → s= 360 MPa e
As= hef.100.fct,ef/s= 15.100.3/360= 12,5 cm²/m, em cada face.
Caso, nesse mesmo exemplo, o concreto fosse da classe C40 (fctm= 3,5 MPa), a
correção seria:
cor = 10. 3,0/3,5 = 8,6 mm → s= 388 MPa
As= hef.100.fct,ef/s= 15.100.3,5/388= 13,5 cm²/m, em cada face.
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
Figura 2- Distribuição de tensões e fissuração nas peças delgadas. As tensões de tração são reconduzidas
ao concreto com inclinação aproximada de 1:2.
Nas peças espessas, as armaduras das duas faces estão tão afastadas entre si que,
ao fim do comprimento de transferência lb, ainda não ocorre uma distribuição
uniforme de tensões sobre a seção transversal, conforme se ilustra na figura 3. Com
auxílio desse simples modelo mecânico de distribuição das tensões de tração que
são reconduzidas por aderência da armadura ao concreto com inclinação de 1:2, é
possível estabelecer o limite entre as peças delgadas e as espessas.
Quando, no entorno das armaduras, a força de tração reconduzida ao concreto é
capaz de fazer a seção efetiva Ac,ef fissurar, tem lugar uma fissuração secundária
que não se estende por toda a seção transversal, limitando-se aos bordos da peça,
como mostra a figura 3. Em razão da distribuição de tensões de tração no concreto
com a inclinação de 1:2, as fissuras ditas primárias, que se estendem por toda a
seção, só se formam nas peças espessas à distância entre si maiores do que nas
peças delgadas.
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
Figura 3- Nas peças espessas, ao contrário do que acontece nas peças delgadas, ao fim do comprimento
de transferência Lb, as forças de tração não se estendem uniformemente por toda a seção transversal.
O mecanismo de fissuração das peças espessas fica assim caracterizado pelo fato
de que, além das fissuras primárias, que se estendem por toda a seção (como nas
peças delgadas), formam-se também fissuras secundárias nos bordos da peça. A
força necessária para provocar as fissuras secundárias é menor do que a força
capaz de provocar as fissuras integrais, primárias. A formação dessas fissuras
secundárias, ao dissipar energia, resulta em uma redução da força de tração na
seção, gerada por deformações impostas. Portanto, as taxas de armadura mínima
nas peças espessas podem adquirir valores menores do que nas peças delgadas.
A força de tração necessária à formação das fissuras secundárias pode ser
determinada em função da área de atuação da armação Ac,ef com espessura eficaz
igual a hef, conforme gráfico apresentado inicialmente. Quando a deformação
imposta (retração, temperatura) é capaz de gerar muitas fissuras primárias, é
necessário que a armadura dimensionada não entre em escoamento.
Com base no acima exposto, a armadura mínima em peças espessas sob tração
axial gerada por deformações impostas, para controle das aberturas das fissuras em
cada face da peça, pode ser calculada pelas seguintes expressões:
As= fct,ef. Ac,ef/s As= k. fct,ef. Act/fyk
Corrigindo-se o valor de s sempre que fct,ef diferir de 3 MPa, conforme já se
esclareceu.
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
DISCUSSÃO
O texto acima foi enviado sob forma de mensagens dirigidas ao grupo de discussão
(na internet) calculistas-ba, em julho e agosto de 2012, motivando as discussões
que se seguem.
“Quanto aos valores a adotar para fct,ef, a Norma DIN EN citada particulariza mais do
que a nossa NBR 6118. Assim:
Resposta em 08/09/2012:
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
Figura 5 – Tensões geradas pela dissipação do calor de hidratação do cimento. (figura extraída de Prof.
Ch. Thienel – Werkstoffe des Bauwesens: Festbeton, Universität München, 2008)
wk. 3,6.10^6
s = √
max
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
europeias nacionais. Veja abaixo os valores da Tabela 17.2 de nossa NBR 6118,
comparados com os valores da Norma alemã DIN EN.
Tabela 1 – Comparação entre os valores da Tab. 17.2 da NBR 6118 e os da DIN EN
Tensão Valores máximos de diâmetro de barras de alta aderência
na barra wk= 0,3 mm wk= 0,2 mm
1. Pelo gráfico, para paredes muito espessas (a partir de h/d1 > 40), o valor de hef se
limita à 5 x d1. E para casos em que tivermos mais de uma camada de As, que valor
teria o d1?
Resposta em 28/07/2012
1. De fato, segundo a figura 1, constante da Norma DIN, em paredes espessas com
h/d1 30 o valor de hef permanece constante e igual a 5d1.
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ARMADURA DE RETRAÇÃO EM PEÇAS ESPESSAS
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29/05/2018
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