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*Rita Alvarenga
** Fernanda Pasquoto de Souza
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma relação entre teoria e prática, em psicologia cognitivo-
comportamental, especificamente o processo de identificação de crenças centrais. Para a elaboração deste
artigo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e usado como exemplo um caso ilustrativo de um
paciente atendido na Clínica-Escola da ULBRA-Guaíba.Os resultados deste trabalho evidenciam a importância
da identificação de crenças centrais, e a influência que a mesma tem sobre o tratamento, tornando-se inviável
um planejamento adequado sem que seja realizado esse importantíssimo processo terapêutico.
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Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil.
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Docente do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil e orientadora deste trabalho.
O modelo cognitivo supõe que a maioria dos transtornos psicológicos, originam-se no
modo distorcido como cada um percebe os acontecimentos, e isso influencia o afeto e o
comportamento. O que não significa que são os pensamentos que causam os problemas e sim,
eles modulam e mantêm emoções disfuncionais que independem de sua origem. (RANGÉ,
2001).
O fato em si não é tão importante como a interpretação que cada indivíduo faz dele.
Essas interpretações se baseiam na história de vida de cada um, nas suas experiências e
vivências, assim como as crenças que temos a respeito de nós mesmos, sobre o mundo e os
outros e que determinam o nosso modo de pensar e agir (BECK, 1997).
A terapia cognitiva identifica e trabalha com três níveis de pensamento: o
pensamento automático, as crenças intermediárias ou subjacentes e as crenças centrais.
Os pensamentos automáticos são espontâneos e fluem em nossa mente a partir dos
acontecimentos do dia-a-dia, independente de deliberação ou raciocínio. Podem ser ativados
por eventos externos e internos, aparecem na forma verbal ou imagem mental. É o nível mais
superficial da nossa cognição.
As crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de pensamento e não são
diretamente relacionadas às situações, ocorrendo sob a forma de suposições ou regras.
Derivam e reforçam as crenças centrais.
*As crenças centrais constituem o nível mais profundo da estrutura cognitiva e são
compostas por idéias absolutistas, rígidas e globais que um indivíduo tem sobre si mesmo.
São idéias e conceitos a respeito de nós mesmos, das pessoas e do mundo. São aceitas
passivamente, sem grandes questionamentos, são mantidas e reforçadas sistematicamente
(RANGÉ, 2001).
*As crenças nucleares são nossas idéias e conceitos mais enraizados e cristalizados
acerca de nós mesmo, dos outros e do mundo, são constituídas desde as nossas experiências
ainda na infância e se solidificam e se fortalecem ao longo da vida, moldando desta maneira o
jeito de ser e agir do ser humano. O que não é modificado ou corrigido em fase desadaptativa,
tratando-se de crenças disfuncionais, pode chegar à fase adulta como verdades absolutas
(KNAPP. 2004)
Judith Beck (1997) propõe que, as crenças centrais disfuncionais podem ser divididas
em três grupos:
1. Crenças nucleares de desamparo (Helpless-ness): Crenças sobre
ser impotente, frágil, vulnerável, carente, desamparado, necessitado.
2. Crenças nucleares de desamor (Unlovability): Crenças sobre ser
indesejável, incapaz de ser gostado, incapaz de ser amado, sem atrativos,
rejeitado, abandonado, sozinho.
3. Crenças nucleares de desvalor (Unworthness): Crenças sobre ser
incapaz, incompetente, inadequado, ineficiente, falho, defeituoso, enganador,
fracassado, sem valor.
Considerações Finais
Na prática Clínica, percebe-se que a terapia cognitivo-comportamental é um
procedimento que exige muito conhecimento teórico e prático, também certa flexibilidade e
criatividade da parte do terapeuta, pois este precisa ajustar o plano de tratamento as
características de cada paciente.
Em cada sessão busca-se seguir as estruturas propostas pelos autores precursores em
TCC. Conclui-se também que o diagrama de Conceitualização Cognitiva é uma ferramenta
fundamental para os profissionais que atuam nesta área, pois visa à elaboração de um plano
terapêutico eficaz para o individuo em tratamento.
A identificação de crenças centrais não é um processo opcional para o terapeuta
cognitivo-comportamental. Ao contrário disso, considera-se de fundamental importância para
o progresso e sucesso terapêutico.
Mesmo levando em conta a escassez de material referente a este assunto, mostram-se de
futuro promissor as pesquisas e estudos envolvendo este tema.
Durante a realização deste trabalho, foi possível ampliar o conhecimento acerca da
TCC e seus pressupostos, contribuindo para a aquisição de conhecimentos relevantes no
processo de formação profissional, além de uma capacitação à reflexão crítica relacionada à
realidade clínica vivenciada no momento, numa perspectiva cognitiva e comportamental.
Referências Bibliográficas
BECK, Judith S. Terapia cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. (trad. S.
Costa).