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COMO APRENDER A IDENTIFICAR AS CRENÇAS CENTRAIS

*Rita Alvarenga
** Fernanda Pasquoto de Souza

Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma relação entre teoria e prática, em psicologia cognitivo-
comportamental, especificamente o processo de identificação de crenças centrais. Para a elaboração deste
artigo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e usado como exemplo um caso ilustrativo de um
paciente atendido na Clínica-Escola da ULBRA-Guaíba.Os resultados deste trabalho evidenciam a importância
da identificação de crenças centrais, e a influência que a mesma tem sobre o tratamento, tornando-se inviável
um planejamento adequado sem que seja realizado esse importantíssimo processo terapêutico.

Palavras chaves: Crenças Centrais, Psicoterapia Cognitivo-Comportamental.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) vem crescendo constantemente, e a


utilização desta abordagem justifica-se pelo seu caráter focal, breve, eficaz, objetivo e
empírico. Além disso, a TCC tem-se mostrado altamente eficaz e é amplamente indicada nos
casos de depressão, transtornos de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno
obsessivo-compulsivo, fobia social, entre outros. A TCC prioriza a reestruturação cognitiva
para obter mudanças comportamentais e emocionais, tem com meta ensinar o paciente a se
auto-monitorar e, com isso, se tornar o seu próprio terapeuta estando preparado para lidar com
as situações que poderão surgir.
A terapia Cognitivo-Comportamental teve como precursora a Terapia racional-
emotiva de Albert Ellis, em 1955, mas foi Aaron Beck que lhe deu os atuais contornos. Na
década de 60, o então psicanalista, estava insatisfeito com o modelo psicodinâmico para os
seus pacientes deprimidos. A partir desses atendimentos, Beck observou semelhanças no
processamento cognitivo dos depressivos o que denominou de tríade cognitiva: a visão de si
próprio, dos outros (mundo) e do futuro. Desenvolveu um modelo teórico correspondente a
prática, sempre os submetendo a verificações experimentais (RANGÉ, 2001).

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Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil.
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Docente do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil e orientadora deste trabalho.
O modelo cognitivo supõe que a maioria dos transtornos psicológicos, originam-se no
modo distorcido como cada um percebe os acontecimentos, e isso influencia o afeto e o
comportamento. O que não significa que são os pensamentos que causam os problemas e sim,
eles modulam e mantêm emoções disfuncionais que independem de sua origem. (RANGÉ,
2001).
O fato em si não é tão importante como a interpretação que cada indivíduo faz dele.
Essas interpretações se baseiam na história de vida de cada um, nas suas experiências e
vivências, assim como as crenças que temos a respeito de nós mesmos, sobre o mundo e os
outros e que determinam o nosso modo de pensar e agir (BECK, 1997).
A terapia cognitiva identifica e trabalha com três níveis de pensamento: o
pensamento automático, as crenças intermediárias ou subjacentes e as crenças centrais.
Os pensamentos automáticos são espontâneos e fluem em nossa mente a partir dos
acontecimentos do dia-a-dia, independente de deliberação ou raciocínio. Podem ser ativados
por eventos externos e internos, aparecem na forma verbal ou imagem mental. É o nível mais
superficial da nossa cognição.
As crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de pensamento e não são
diretamente relacionadas às situações, ocorrendo sob a forma de suposições ou regras.
Derivam e reforçam as crenças centrais.
*As crenças centrais constituem o nível mais profundo da estrutura cognitiva e são
compostas por idéias absolutistas, rígidas e globais que um indivíduo tem sobre si mesmo.
São idéias e conceitos a respeito de nós mesmos, das pessoas e do mundo. São aceitas
passivamente, sem grandes questionamentos, são mantidas e reforçadas sistematicamente
(RANGÉ, 2001).
*As crenças nucleares são nossas idéias e conceitos mais enraizados e cristalizados
acerca de nós mesmo, dos outros e do mundo, são constituídas desde as nossas experiências
ainda na infância e se solidificam e se fortalecem ao longo da vida, moldando desta maneira o
jeito de ser e agir do ser humano. O que não é modificado ou corrigido em fase desadaptativa,
tratando-se de crenças disfuncionais, pode chegar à fase adulta como verdades absolutas
(KNAPP. 2004)
Judith Beck (1997) propõe que, as crenças centrais disfuncionais podem ser divididas
em três grupos:
1. Crenças nucleares de desamparo (Helpless-ness): Crenças sobre
ser impotente, frágil, vulnerável, carente, desamparado, necessitado.
2. Crenças nucleares de desamor (Unlovability): Crenças sobre ser
indesejável, incapaz de ser gostado, incapaz de ser amado, sem atrativos,
rejeitado, abandonado, sozinho.
3. Crenças nucleares de desvalor (Unworthness): Crenças sobre ser
incapaz, incompetente, inadequado, ineficiente, falho, defeituoso, enganador,
fracassado, sem valor.

O modelo básico da TCC se baseia na premissa da inter-relação entre cognição,


emoção e comportamento. Para cada situação diferente há um pensamento relacionado à
mesma, para cada pensamento há uma emoção e subseqüente um comportamento, o que
justifica diferentes maneiras de sentir e agir em diferentes pessoas (WRIGHT, 2008).
Dessa forma, os eventos ativam os pensamentos, que geram como conseqüência,
emoções e comportamentos, como mostra a figura abaixo:

Figura 1 - Modelo Cognitivo-Comportamental Básico


Fonte: (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p.17)

A terapia Cognitivo-Comportamental visa identificar e corrigir os pensamentos


disfuncionais (distorções cognitivas), prevalentes nos mais variados transtornos. Desta forma,
procura-se a melhor maneira de auxiliar o individuo a observar a maneira errônea na qual se
processa as informações e as interpretações dos fatos. O paciente poderá então questionar a
veracidade destes pensamentos e interpretações permitindo novas possibilidades de pensar e
agir (KNAPP, 2004).
Entretanto, para obter resultados positivos e duradouros, é necessário que seja
modificado além dos pensamentos disfuncionais, as crenças que predispõem os problemas, e
como precaução de uma recaída, seja realizado um planejamento de estratégias eficazes que
serão capazes de auxiliar o paciente em situações semelhantes. Por fim o objetivo da terapia
cognitivo-comportamental é fazer com que o paciente se torne o seu próprio terapeuta
(KNAPP, 2004).
Toda via a terapia cognitiva comportamental tradicional, parte de diversos pressupostos
sobre os pacientes que buscam a TCC, entretanto nem sempre esses pressupostos se mostram
verdadeiros, como em casos de pacientes caracterológicos, como o exemplo que usaremos
para ilustrar esse artigo: Jack (nome fictício), sexo masculino, 19 anos, solteiro, ensino médio
completo, desempregado. Buscou atendimento na Clínica-Escola no mês de março do
corrente ano. Jack chegou para o tratamento com queixas de dificuldades nos
relacionamentos, tanto familiares, como afetivos, relatou também dificuldades em arrumar
emprego, alegando que sua timidez o prejudicava nas entrevistas. Apesar dos relatos de
constantes sentimentos de tristeza e desânimo de Jack, bem como sua alta pontuação no
Inventário de Depressão de Beck (BDI), o paciente não apresentava os critérios para casos
explícitos de Eixo I.
Segundo YOUNG 2008, há pacientes que procuram tratamento cognitivo-
comportamental, mas carecem de sintomas específicos que possam servir como alvo na
terapia. Seus problemas se apresentam de forma obscura, vagos e difusos, sem eventos
ativadores claros. Eles sentem algo de errado com suas vidas, como um vazio, chegam
buscando ajuda por dificuldades nos relacionamentos com pessoas próximas ou no trabalho.
Jack mostrou-se muito motivado a submeter-se a uma psicoterapia, de maneira que se
evidenciou uma melhora significativa ainda nas sessões inicias, onde é realizado uma
avaliação. Segundo Beck, (1997) a avaliação cognitivo-comportamental, proporciona ao
terapeuta um nível de entendimento cognitivo e comportamental do paciente, este processo
dura em torno de três a cinco sessões, durante esse processo de avaliação, os dados trazidos
pelo paciente foram de extrema importância para levantar hipóteses, elaborar o diagrama de
conceitualização cognitiva e principalmente planejar o tratamento adequado.
No decorrer do tratamento, Jack começou a ser treinado a acessar suas cognições e
emoções, sob forma de registro de seus pensamentos e sentimentos, como o Registro de
Pensamentos Disfuncionais (RPD), o paciente começou a acessar níveis mais profundos de
seus pensamentos, o processamento dessas informações tanto conscientes, como
inconscientes, referem-se a transformação, governada por regras ou representações mentais.
Fundamentado no modelo Beckiano, o processo de informação propõe que nos problemas
psicológicos, os pensamentos do paciente, tornam-se não somente distorcidos, como também
mais rígidos, os julgamentos tornam-se absolutos e generalizados e suas crenças centrais
fundamentais, mais inflexíveis. (KNAPP, 2004).
O registro de pensamentos normalmente é realizado e apresentado ao paciente, fase
inicial do tratamento, de uma maneira simplificada, sem sobrecarregá-los de detalhes e
minúcias e que ajude o paciente a apreender sobre os pensamentos automáticos, geralmente é
solicitado que o paciente faça o preenchimento do RPD em sessão, posterior a isto, é usado
como tarefa de casa. (WRIGTH, 2008)
O primeiro RDP que Jack teve acesso foi durante a terceira sessão, em formato de
balões, o paciente descreveu a seguinte situação, o que aconteceu? Não passei no vestibular,
O que você pensou? Não sou inteligente o bastante, para passar. Como você se sentiu? Triste
e desanimado.
Foi então aplicado a esse paciente a técnica de Seta Descendente, onde se é
questionado a respeito dos seus pensamentos quentes, automáticos. Essa técnica busca saber o
significado que os pensamentos quentes e mais manifestos, têm para o paciente. Segundo
Judith Beck, 1997, ele evoca também as crenças centrais do individuo.

O dialogo discorreu da seguinte maneira:


O que isso significa para você?
-Significa que sou burro, estudei, mas não consegui passar.
O que significa ser burro?
Ser incapaz de conseguir alguma coisa.
O que isso quer dizer sobre você?
-Que dizer que sou um fracasso. (Crença Central - Eu sou um Fracassado)
E se isso for verdade, o que irá acontecer?
-Se eu não conseguir estudar, é mais difícil de conseguir trabalho. (Crença
Intermediária – Se eu não conseguir estudar, então sou um fracasso)
E o que aconteceria se isso fosse verdade?
Apenas confirmaria a minha hipótese de que sou incapaz de conseguir alguma
coisa, um fracasso total. (Crença Central – Sou Incapaz)
De acordo com (Beck, 1997), o terapeuta deve parar a técnica de flecha descendente,
quando encontrar a crença central, quando uma mudança negativa no humor do paciente ou
quando ele começar a declarar nas mesmas palavras ou em palavras semelhantes, como o caso
acima.
Em suma, as crenças centrais requerem um trabalho sistemático
consistente. Algumas técnicas, aplicáveis à reestruturação de pensamentos
automáticos e crenças intermediárias, podem ser usadas em combinação
com técnicas mais especializadas orientadas especificamente em direção a
crenças centrais (Beck, 1997, pg. 199).

Os indivíduos também possuem crenças nucleares disfuncionais a respeito dos outros


e do mundo. As crenças nucleares são absolutistas, generalistas e cristalizadas, podendo
permanecer latente o tempo todo, e ativadas nos transtornos emocionais, com isso, o processo
da informação torna-se tendencioso no sentido de extrair da realidade apenas informações que
confirmam a crença disfuncional. (KNAPP, 2004)
Por fim, Segundo (CAMINHA, 2003), o sucesso da terapia começa quando o paciente
torna-se capaz de anotar, perceber e responder aos pensamentos automáticos, realizando
assim, exercícios de metacognição, pensar sobre o que se está pensando. Desta maneira se
quebra a seqüência do esquema, e em última instância, altera o sentido estrutural, fazendo
com que haja diminuição de valência da crença central. O paciente aprende a questionar os
pensamentos e chegar junto com o problema, se automonitorando, para intervir antes de o
problema se manifestar, tornando-se assim seu próprio terapeuta.

Considerações Finais
Na prática Clínica, percebe-se que a terapia cognitivo-comportamental é um
procedimento que exige muito conhecimento teórico e prático, também certa flexibilidade e
criatividade da parte do terapeuta, pois este precisa ajustar o plano de tratamento as
características de cada paciente.
Em cada sessão busca-se seguir as estruturas propostas pelos autores precursores em
TCC. Conclui-se também que o diagrama de Conceitualização Cognitiva é uma ferramenta
fundamental para os profissionais que atuam nesta área, pois visa à elaboração de um plano
terapêutico eficaz para o individuo em tratamento.
A identificação de crenças centrais não é um processo opcional para o terapeuta
cognitivo-comportamental. Ao contrário disso, considera-se de fundamental importância para
o progresso e sucesso terapêutico.
Mesmo levando em conta a escassez de material referente a este assunto, mostram-se de
futuro promissor as pesquisas e estudos envolvendo este tema.
Durante a realização deste trabalho, foi possível ampliar o conhecimento acerca da
TCC e seus pressupostos, contribuindo para a aquisição de conhecimentos relevantes no
processo de formação profissional, além de uma capacitação à reflexão crítica relacionada à
realidade clínica vivenciada no momento, numa perspectiva cognitiva e comportamental.

Referências Bibliográficas

BECK, Judith S. Terapia cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. (trad. S.
Costa).

CAMIHA, Renato M; HABIGZANG, Luísa F. Psicoterapias cognitivo-comportamentais:


teoria e prática. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2003.

KNAPP, Paulo. E. cols. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto


Alegre: Artmed, 2004.

WRIGHT, Jesse H; BASCO, Monica R; THASE, Michael E. Aprendendo a terapia


cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.

RANGÉ, B. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: um diálogo com a Psiquiatria.


Porto Alegre: Artmed, 2001.

YOUNG, J. Terapia do Esquema: Guia de Técnicas cognitivo-comportamentais


inovadoras. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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