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Síntese desenvolvida tendo por base o capítulo III do livro: IAMAMOTO, Marilda Vilela.

Serviço Social
em tempo de capital fetiche. Capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007.
Fundamentos do Serviço Social: produção contemporânea
Prof. Cristiano Costa de Carvalho

A TESE DO SINCRETISMO E DA PRÁTICA INDIFERENCIADA (pag. 264-283)


Uma das mais expressivas contribuições para a renovação crítica do Serviço Social
brasileiro é de autoria de Netto (1991b, 1992, 1996) (Ditadura e Serviço Social, Capitalismo
Monopolista e Transformações Societárias, respectivamente).
Elaborada com fina sustentação teórico-metodológica e profundamente enraizada na
história do país, na dinâmica da expansão monopolista mundial, ela é responsável por uma
culta interlocução da profissão com o pensamento social na modernidade e, especialmente,
com representantes clássicos e contemporâneos da tradição crítico-dialética. Poder-se-ia
afirmar que, animada por uma vocação histórica exemplar, a tônica que singulariza essa
análise é o privilégio da esfera da cultura ou, mais especificamente, da crítica ideocultural,
como dimensão constitutiva da luta política pela ruptura da ordem burguesa.
Maior polêmica entre os interlocutores Iamamoto e Netto – o sincretismo da prática
do trabalho do assistente social. A crítica, sem concessões em torno dessa formulação
historicamente datada, é acompanhada do reconhecimento da ultrapassagem, na produção
subseqüente do autor, da maior parte dos impasses identificados.
Netto propõe-se a elucidar o estatuto teórico da profissão e identificar a
especificidade da prática profissional até os anos 60 do século XX, considerando uma dupla
determinação: as demandas sociais e a reserva de forças teóricas e prático-sociais
acumuladas pelas assistentes sociais, capazes ou não de responder às requisições externas.
Esse percurso tem como centro o sincretismo, traço transversal da natureza do Serviço
Social, desbordando-se na caracterização da prática profissional e dos seus parâmetros
científicos e ideológicos.
O autor considera a natureza socioprofissional medularmente sincrética, posta a
carência do referencial crítico-dialético. Esse pressuposto merece atenção, pois condiciona
toda a análise da profissão enfeixada na problemática da reificação, terreno em que os
processos sociais se mostram na sua fenomenalidade, o que justifica o sincretismo,
enquanto princípio constitutivo da natureza da profissão.
Pressupondo a ausência de uma abordagem histórico-crítica, a estrutura sincrética
do Serviço Social tem seus fundamentos na: a) questão social, núcleo das demandas
histórico-sociais que se apresentam à profissão; b) no cotidiano, como horizonte do

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Síntese desenvolvida tendo por base o capítulo III do livro: IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço Social
em tempo de capital fetiche. Capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007.
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exercício profissional; e c) na manipulação de variáveis empíricas, enquanto modalidade


específica da intervenção.
Como o sincretismo figura como a face aparente da totalidade do ser social, a
natureza da profissão na sociedade burguesa madura é estabelecida a partir da sua
fenomenalidade – aprisionada em sua indissociável reificação -, pressupondo a ausência de
referencial crítico dialético.
Restringir o universo da análise do Serviço Social às formas reificadas de
manifestação dos processos sociais, ainda que esse procedimento possa prevalecer no
universo profissional, denuncia a mistificação, mas não elucida a natureza sócio-histórica
dessa especialização do trabalho para além do universo alienado, em que se realiza e se
mostra encoberta no sincretismo. Em outros termos, o esforço de desvendamento, ainda
que essencial, torna-se parcial e inconcluso.
Há um estranho silêncio sobre a política, como instância de mediação da relação do
homem com sua genericidade na análise de Netto (a qual sempre teve centralidade em sua
vida pública), torna opaca, neste texto, a luta de classes na resistência à sociedade do
capital. Isso deriva numa visão cerrada da reificação – forma assumida pela alienação na
idade do monopólio – e a alienação tende a ser apreendida como um estado e menos como
um processo que comporta contratendências, porque as contradições das relações sociais
são obscurecidas na lógica de sua exposição.
Após caracterizar o sincretismo no Serviço Social, Netto desdobra-o nos níveis da
prática indiferenciada, do sincretismo científico e do sincretismo ideológico. As análises de
Netto acerca do sincretismo ideológico – focando a trajetória da influência conservadora
européia e norte-americana na cultura profissional – e acerca do sincretismo científico –
abordando o embate teórico-metodológico entre as ciências sociais e a teoria social – são
ricas.
Entretanto, sobre o sincretismo da prática indiferenciada, Iamamoto apresenta
críticas. Mantida a ausência de uma concepção teórica crítico-dialética, a estrutura sincrética
tem sido debitada à peculiaridade operacional do Serviço Social enquanto prática, cuja
profissionalização alterou a inserção sócio-ocupacional do assistente social (e o próprio
significado social do seu trabalho), mas pouco feriu a estrutura da prática profissional
interventiva, em comparação com a prática filantrópica. Ainda que tenha surgido um ator
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novo cuja prática passa a ser referenciada a um sistema de saber e enquadrada numa rede
institucional, de fato, a intervenção não se alterou: mantém-se pouco discriminada, com
referencial nebuloso e inserção institucional aleatória.
O que o autor vai acentuar e colocar como centro de sua análise é a aparência
indiferenciada que se reveste a prática profissional, isto é, a manutenção de uma mesma
estrutura da prática interventiva no tocante à sua operacionalidade, similar às suas
protoformas. Ainda que reconheça que há um novo significado social para o trabalho
profissional, uma vez que opera o corte com a filantropia, à medida que o Estado, na
expansão monopolista, passa a centralizar e administrar as respostas às refrações da
questão social, via políticas públicas.
A explicação da tese apresentada passa por dois vetores: a) as condições para a
intervenção na sociedade burguesa marcada pela positividade ou pseudo-objetividade; b) a
funcionalidade do Estado no confronto das refrações da questão social. Essas condições, que
extrapolam a prática profissional, aparecem como se fossem limites endógenos ao Serviço
Social.
O primeiro aspecto, que justifica a tese da manutenção da prática indiferenciada, diz
respeito ao fato de que sua eficácia permaneceu circunscrita a manipulação de variáveis
empíricas no rearranjo da organização do cotidiano, não rompendo com a imediaticidade
que o impregna.
Outro vetor que contribui para o sincretismo da prática refere-se às políticas sociais
estatais, incapazes de resolver a questão social, visto que só podem repor, em bases
ampliadas, suas manifestações, cronificando-as. Sendo o desempenho profissional
indissociável das políticas sociais, o máximo que consegue é a racionalização de recursos e
esforços para o enfrentamento das refrações da questão social. Esse é o anel de ferro que
aprisiona a profissão, não lhe permitindo ir além de suas protoformas.
Entretanto, deve-se notar que se as políticas sociais não têm o poder de fazer a
eversão da questão social erradicando-a, também é certo que elas viabilizam direitos sociais,
frutos de longo processo de lutas históricas dos trabalhadores pelo seu reconhecimento
político. E elas também se aliam a iniciativas do bloco dominante na concessão de direitos,
antecipando-se às reivindicações oriundas de diferentes segmentos sociais, segundo
estratégias de desmobilização das lutas sociais. O campo das políticas públicas e dos direitos
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sociais é, também, uma arena de acumulação de forças políticas de lutas em torno de


projetos para a sociedade no enfrentamento das desigualdades condensadas na questão
social.
Em texto mais recente, Netto (1996), sem retornar à tese sobre o sincretismo da
prática indiferenciada, apresenta uma análise primorosa sobre as incidências das
transformações societárias no capitalismo tardio.
Ao se estabelecer um contraponto entre o debate sobre o sincretismo e o último
texto referido, pode-se perceber uma clara inflexão no tratamento da prática profissional.
Ela se apresenta, no ensaio mais recente, inteiramente polarizada pela política e tensionada
por projetos de classes para a sociedade. É tratada como instância decisiva para assegurar a
hegemonia da ruptura com o conservadorismo e alargar as bases sociais de legitimidade do
Serviço Social junto às classes subalternas. A profissão passa a ser tratada como um campo
de lutas, em que os diferentes segmentos da categoria, expressando a diferenciação
ideopolítica existente na sociedade, procuram elaborar uma direção estratégica para a sua
profissão.
A centralidade assumida pelas respostas profissionais, de caráter teórico-prático, às
demandas emergentes – expressão das transformações vividas pela sociedade nas últimas
décadas – mostra um estatuto profissional aberto a novas possibilidades, o que contrasta
com o circuito fechado que informava a análise da fenomenalidade da prática no debate
sobre o sincretismo.
Entretanto, os fundamentos do sincretismo, tais como antes apresentados pelo
autor, se mantêm enquanto determinantes indissociáveis do ordenamento social sob a égide
do capital.
Logo, existem inflexões entre as abordagens sobre a “prática profissional”, nos dois
tempos da produção do autor. O diferencial está na saliência da dimensão contraditória
das relações sociais e, consequentemente, das respostas profissionais no seu âmbito – não
apenas enquanto um braço da reprodução da lógica reificada do capital -, mas permeáveis
a uma direção estratégica contra-hegemônica. A profissão é atravessada pela luta de
classes, o que comparece diluído na elaboração anterior. Essa inflexão não pode ser
debitada apenas à presença de bases sociais da categoria voltadas a uma direção social

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estratégica contra-hegemônica informada pela tradição marxista, responsável pela


renovação da cultura profissional.
Hipótese: há nesse segundo momento, uma revisão do sincretismo da prática
indiferenciada, ainda que não explicitada pelo autor. Ela é tributária da análise do processo
de reprodução social saturado de contratendências, tal como expresso na lógica da
construção do texto, inteiramente permeado pelos dilemas contraditórios da história do
tempo presente.
Netto não desdobra sua análise para as múltiplas determinações que forjam a
efetivação do exercício profissional no mercado de trabalho, mediado pelo trabalho
assalariado, o que não adquire proeminência nos seus ensaios; ainda que atribua a ele um
lugar decisivo na fundação da profissionalização do Serviço Social, distinguindo-o das
protoformas materializadas nas atividades nas atividades filantrópicas.
É por meio do estatuto assalariado que se abre às organizações patronais o poder de
ingerência nos objetivos, conteúdos, princípios e instrumentos técnico-operativos do
trabalho profissional, subsumindo dimensões importantes em relação ao conteúdo da
atividade e da cultura profissional aos seus propósitos e funções, em tensão com a
autonomia profissional, legalmente resguardada. Por outro lado, como os empregadores
detêm recursos financeiros, materiais e humanos que respaldam a realização das ações
profissionais, estabelecem critérios de prioridade e recortam as expressões da questão social
e os sujeitos que as portam como público alvo da prestação de serviços profissionais. Os
empregadores interferem, ainda, na definição de cargos e salários, jornada, critérios de
produtividade, a serem observados, que esbatem na dinâmica técnico-operativa do
trabalho, estabelecendo limites e possibilidades à efetivação de um projeto profissional
coletivo e agregando um conjunto de particularidades na forma de sua implementação.
O efeito da atividade profissional no processo de reprodução das relações sociais não
decorre apenas do seu “modo de operar”, que, segundo o autor, historicamente pouco se
diferenciou das atividades similares que antecederam essa profissionalização; mas sim de
sua funcionalidade social, indecifrável se pensada como atividade do indivíduo isolado,
porque depende dos organismos aos quais se vincula e das relações sociais que lhe dão vida.
Deve-se considerar a mercadoria força de trabalho do assistente social, como
unidade de valor de uso e valor, o que não cabe no universo da produção em tela. Ela
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considera a profissão de natureza ideo-política, não incorporando de forma transversal na


análise a categoria trabalho tal como se expressa na sociedade capitalista, ainda que o
trabalho do assistente social seja citado em inúmeras ocasiões ao longo dos textos referidos.

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