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SINTOMAS OSTEOMUSCULARES EM

Memórias Científicas Originais


ACADÊMICOS DOS CURSOS DE SAÚDE
DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA
Claudio Henrique Meira Mascarenhas*
Saul Viana de Novaes**

RESUMO
Introdução: Os distúrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho constituem um importante grupo de afecções que
vem afetando a saúde desta população, inclusive no campo
da saúde. Objetivos: Identificar os sintomas
osteomusculares em acadêmicos dos cursos de fisioterapia,
odontologia e enfermagem de uma universidade pública,
bem como investigar sua associação com as variáveis
sociodemográficas, ocupacionais, estilo de vida e de saúde.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal,
com 108 acadêmicos, no qual foi utilizado um questionário
contendo informações sociodemográficas, ocupacionais,
estilo de vida, relacionadas à saúde e o Questionário Nórdico
de Sintomas Osteomusculares. Os dados foram submetidos
à estatística descritiva e aos testes do qui-quadrado e exato
de fischer, com um nível de significância de 5%. Resultados:
Verificou-se que 87% dos participantes relataram a
ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 12
meses. Para os relatos de sintomas nos últimos 7 dias foi
obtido percentual de 71,3%, em toda a população estudada.
A presença de dor na região de quadris/coxas nos últimos 12
meses esteve associada ao curso de odontologia (p=0,042).
Foi observada também associação estatisticamente
significativa entre as variáveis “afastamento das atividades” e * Professor do Departamento de
“prática de atividade física insuficiente” para os cursos de Saúde da Universidade Estadual do
fisioterapia (p=0,015) e odontologia (p=0,024). Conclusão: Sudoeste da Bahia (UESB);
Professor do curso de fisioterapia
Diante do exposto, espera-se contribuir com uma melhor nas áreas de Traumato-ortopedia e
compreensão dos problemas identificados, visando à Reumatologia. Especialista em
manutenção da integridade do sistema osteomuscular dos Saúde Pública. Mestre em
acadêmicos, e consequentemente, promover um impacto Enfermagem e Saúde. E-mail:
claudio12fisio@hotmail.com.
positivo sobre a população por eles assistida. ** Fisioterapeuta formado pela
Universidade Estadual do Sudoeste
Palavras-chave: Dor Musculoesquelética. Estudantes de Ciências da da Bahia (UESB). E-mail:
Saúde. Saúde do Trabalhador. saul.viana@hotmail.com.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade atual é marcada por ções de trabalho evidenciadas pela


intensas e rápidas transformações, cujas grande competitividade, pelos elevados
conquistas têm afetado a vida humana em níveis de exigência e produtividade, são
seus aspectos coletivo e individual fatores que consequentemente promovem
(MUROFUSE; MARZIALE, 2005). As rela- alterações no processo saúde-doença

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(LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007). fáscias e ligamentos, de forma isolada ou


Antes de avançar na análise das associada, com ou sem degeneração dos
relações entre trabalho e saúde, é tecidos, atingindo, principalmente, os
necessário formular a concepção do que membros superiores, região escapular,
se entende por trabalhador. Trabalhador é pescoço e coluna lombar.
todo homem ou mulher que exerce Os sintomas provocados pelos
atividades para sustento próprio e de seus distúrbios osteomusculares são
dependentes, qualquer que seja sua importantes problemas de saúde
forma de inserção no mercado de trabalho relacionados ao trabalho em todo o
nos setores formais ou informais da mundo, sendo observados em indivíduos
economia. Deve-se também considerar com diferentes ocupações, inclusive
como trabalhadores os indivíduos que profissionais da área de saúde
exercem atividades não remuneradas, (MASCARENHAS; MIRANDA, 2011).
habitualmente em ajuda aos membros da Segundo o Ministério da Saúde (2007), a
família que tenha uma atividade incidência de doenças relacionadas ao
econômica, ou que trabalhe como trabalho no ano de 2005 foi de 12,3%
aprendiz ou estagiário (WUNSCH FILHO, para cada 10.000 pessoas no Brasil, e no
2004). estado de Santa Catarina a incidência foi
O trabalho é fundamental na vida de 13,3% para cada 10 mil trabalhadores.
de homens e mulheres; contudo, quando As lesões causadas por esses
realizado de maneira inadequada pode distúrbios podem acarretar alterações na
transformar-se em fator prejudicial à realização de atividades cotidianas,
saúde humana (GASPARINI; BARRETO; constituindo causa comum de
ASSUNÇÃO, 2005). Uma das formas de afastamento do trabalho e com
adoecimento relacionado ao trabalho consequências financeiras significativas
contemporâneo são as Lesões por em razão da compensação de
Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios trabalhadores e despesas médicas, além
Osteomusculares Relacionados ao de prejuízo a sociedade e qualidade de
Trabalho (DORT). Segundo Lourinho et al. vida destes profissionais (VITTA et al.,
(2011), o termo DORT é usado para 2007).
determinar afecções que podem lesar Dentre os profissionais da área da
tendões, sinóvias, músculos, nervos, saúde, o fisioterapeuta, o enfermeiro e o

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Sintomas osteomusculares em acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade pública

odontólogo, apresentam uma hiper- osteomusculares em acadêmicos dos


solicitação do sistema osteomuscular em cursos de fisioterapia, odontologia e
suas rotinas de trabalho, predispondo enfermagem de uma universidade pública,
assim, ao surgimento de distúrbios e bem como investigar sua associação com
desconfortos osteomusculares (SANTOS; as variáveis sociodemográficas,
BARRETO, 2001; MASCARENHAS; ocupacionais, estilo de vida e de saúde.
MIRANDA, 2011).
Estes profissionais estão expostos, 2 MATERIAIS E MÉTODOS
em seu ambiente laboral, à situações de
estresse, tanto de ordem física como Este é um estudo descritivo-
psíquica. Diversas circunstâncias como analítico e de corte transversal, cuja
movimentação de pacientes, transferên- população, selecionada por critério de
cias, manutenção de posturas por conveniência, foi composta por
períodos prolongados, movimentos acadêmicos dos cursos de graduação em
repetidos, além dos conflitos e tomadas Enfermagem, Fisioterapia e Odontologia,
de decisões estão frequentemente da Universidade Estadual do Sudoeste da
associados aos agravos em saúde Bahia (UESB), localizada no município de
(BAUER, 1985). Uma vez afetado com os Jequié-BA.
distúrbios osteomusculares, estes Foram incluídos nesse estudo
trabalhadores acabam modificando a todos os acadêmicos dos cursos de
maneira como realizam suas técnicas, Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia
possibilitando assim, o comprometimento que estavam regularmente matriculados
do sucesso do tratamento de seus nos dois últimos semestres de seus
pacientes (SNODGRASS, 2003). respectivos cursos de graduação, cujas
Diante da problemática vivenciada disciplinas correspondem ao estágio
na relação trabalho e saúde, da escassez curricular e às aulas práticas. De um total
de estudos voltados para os estudantes de 111 acadêmicos, houve três (2,7%)
dos cursos da área da saúde, e da perdas e recusas, sendo duas pela não
necessidade de produção de evidências devolução do questionário e uma recusa
voltadas para os sintomas osteomus- na participação. Desse modo, este estudo
culares nestes futuros profissionais, este contou com 97,3% de taxa de
estudo objetivou identificar os sintomas participação, ou seja, 108 acadêmicos,

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sendo 40 de enfermagem, 34 de formato curto, versão oito, validado para a


fisioterapia e 34 de odontologia. população brasileira (MATSUDO et al.,
Foram entregues aos estudantes 2001). Este questionário tem como
um questionário auto-administrável, referência a última semana, e suas
composto por cinco blocos de questões, questões são relativas à frequência e
cujo recolhimento foi realizado num duração da realização de atividades
momento posterior. O primeiro bloco do físicas moderadas, vigorosas e de
questionário foi constituído pelas variáveis caminhada (MATSUDO et al., 2002). A
sociodemográficas, tais como: sexo, idade análise dos dados do nível de atividade
e situação conjugal. O segundo bloco foi física foi feita de acordo com o consenso
constituído pelas variáveis ocupacionais: entre o Centro de Estudos do Laboratório
local do estágio e exercício de outra de Aptidão Física de São Caetano do Sul
atividade profissional ou acadêmica. (CELAFISCS) e o Center for Disease
O terceiro bloco foi constituído Control (CDC) de Atlanta em 2002. A
pelas variáveis relacionadas ao estilo de partir dos critérios de frequência e
vida: consumo de bebida alcoólica, duração, os indivíduos foram classificados
tabagismo e atividade física. Foram em quatro categorias: muito ativo, ativo,
considerados consumidores de bebida irregularmente ativo e sedentário.
alcoólica todos os indivíduos que Para análise da distribuição da
referiram fazer uso de álcool atualmente, atividade física no presente estudo, os
independente da frequência ou do tipo. O indivíduos classificados como “ativos” e
consumo atual foi caracterizado como o “muito ativos” foram agrupados em uma
de pelo menos uma dose de bebida única categoria, correspondente à prática
alcoólica nos últimos 30 dias (BRASIL, suficiente de atividade física, e aqueles
2004). Para a categorização dos classificados como “irregularmente ativos”
acadêmicos como tabagistas, levou-se em e “sedentários” compuseram a categoria
consideração o hábito de fumar atual ou correspondente à prática insuficiente de
pregresso. atividade física.
Com relação à atividade física, O quarto bloco foi constituído pelas
utilizou-se o Questionário Internacional de variáveis relacionadas à saúde, tais como:
Atividade Física (International Physical presença de patologias associadas e uso
Activity Questionnaire - IPAQ), em seu de medicação. O quinto bloco referiu-se

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Sintomas osteomusculares em acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade pública

aos sintomas osteomusculares, sendo nais, estilo de vida, de saúde e


estes avaliados através do Questionário relacionadas aos sintomas músculo
Nórdico de Sintomas Osteomusculares esqueléticos foram submetidas à
(Nordic Musculoskeletal Questionnaire), estatística descritiva com determinação
versão traduzida e adaptada para uso no das frequências absolutas e relativas para
Brasil (BARROS; ALEXANDRE, 2003). as variáveis categóricas; e das médias e
Este instrumento foi desenvolvido com a desvio padrão para as variáveis
proposta de padronizar a mensuração de quantitativas.
relato de sintomas osteomusculares e, Para a análise estatística foram
assim, facilitar a comparação dos comparados os estudantes por curso, com
resultados entre os estudos (PINHEIRO; e sem sintomas nos últimos 12 meses,
TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). últimos 7 dias, afastamentos das
Neste questionário o respondente atividades e procura por profissional de
deve relatar a ocorrência dos sintomas saúde, independente da região corporal
considerando os últimos 12 meses e os afetada, e posteriormente considerando
últimos sete dias, bem como a ocorrência as diferentes áreas corporais (região
de afastamento das atividades rotineiras cervical, ombros, cotovelos, antebraço,
no último ano, e se houve procura por punhos/mãos, região lombar, região
auxílio de algum profissional de saúde em dorsal, quadril/coxas, joelhos, tornoze-
razão dos sintomas osteomusculares los/pés).
(TADESCHI, 2005). O instrumento é Foram exploradas também as
representado por uma figura humana vista associações entre as variáveis:
de costas, dividida em dez regiões sociodemográficas, ocupacionais, estilo
anatômicas: pescoço, ombros, cotovelos, de vida, e de saúde com a presença de
antebraço, punhos/mãos, região lombar, sintomas osteomusculares nos últimos 12
região dorsal, quadril/coxas, joelhos, meses, últimos 7 dias, afastamentos das
tornozelos/pés. atividades e procura por profissional de
Os dados foram tabulados e saúde. As associações foram verificadas
analisados no programa Statistical através do Teste do Qui-quadrado (X2) e
Package for the Social Sciences (SPSS) - do Teste exato de Fischer (para valores
versão 15.0, sendo que, inicialmente, as esperados menores que 5), sendo
variáveis sociodemográficas, ocupacio- considerada a associação estatística-

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mente significativa quando o p-valor for < no ambiente hospitalar, e 14,8%


0,05. desenvolviam suas atividades tanto no
Esta pesquisa atendeu as normas ambiente hospitalar quanto no
da Resolução n° 196/96 do Conselho ambulatorial. A realização de outra
Nacional de Saúde que normatiza a atividade fora do ambiente de estágio/aula
realização de pesquisa em seres prática foi relatada por 23,1% dos
humanos, sendo aprovada pelo Comitê de participantes, sendo que o maior
Ética em Pesquisa da Universidade percentual foi observado no curso de
Estadual do Sudoeste da Bahia, CAAE de enfermagem (35%).
número 04236412.5.0000.0055. O estilo de vida investigado revelou
que 3,7% dos acadêmicos foram
3 RESULTADOS considerados tabagistas, sendo mais
frequente no curso de fisioterapia com
A média de idade geral dos 5,9%. O consumo de bebida alcoólica foi
estudantes foi de 24,28 (± 2,44) anos, relatado por 68,5% dos participantes, com
variando de 21 a 40 anos. Entre os um maior percentual para os acadêmicos
acadêmicos de enfermagem, obteve-se do curso de fisioterapia (76,5%).
média de idade de 24,55 (± 3,08) anos, Os participantes classificados como
variando de 22 a 40 anos e entre os “insuficientemente ativos” para a prática
estudantes de fisioterapia a idade variou de atividades físicas totalizou 38,9%,
de 21 a 27 anos, com média de 23,53 (± sendo que no curso de fisioterapia foi
1,41) anos. Os estudantes de odontologia detectada uma maior percentagem
apresentaram média de idade de 24,71 (47,1%), seguido dos cursos de
(±2,29) anos, variando de 23 a 32 anos. enfermagem e odontologia, com 37,5% e
Do total de indivíduos investigados, 32,4%, respectivamente.
72,2% eram do sexo feminino. Com À respeito das informações relacionadas a
relação à situação conjugal, saúde, verificou-se que 20,4% dos
predominaram os indivíduos sem união acadêmicos, distribuídos entre todos os
estável (91,7%). Quanto às características cursos, apresentaram algum tipo de
do estágio, 48,1% dos acadêmicos patologia associada, e apenas 1,9% do
exerciam atividades no âmbito total faziam uso de algum medicamento
ambulatorial, 37% realizavam atividades para controle dos sintomas

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Sintomas osteomusculares em acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade pública

osteomusculares. Os dados supracitados sete dias foi referida por 71,3% dos
estão descritos na Tabela 1. indivíduos, com maior percentual entre os
Tabela 1 - Distribuição das características estudantes de enfermagem (77,5%). No
sociodemográficas, ocupacionais, estilo de vida e
de saúde dos estudantes investigados. Jequié/BA, quesito afastamento das atividades nos
2014.
últimos 12 meses em função dos
sintomas, verificou-se uma percentagem
de 32,4% da população estudada, sendo
o curso de fisioterapia o mais acometido
(41,2%). Com relação à procura por
profissional da área da saúde, 23,7% dos
acadêmicos referiram a presença de tal
situação, com destaque para os cursos de
fisioterapia e odontologia, com
percentuais de 25,8% e 25%,
respectivamente (Gráfico 1).
Ao relacionar os sintomas
osteomusculares apresentados no Gráfico
1 com os cursos de graduação, não foi
verificada associação estatisticamente
significativa.
Gráfico 1 - Distribuição dos sintomas
osteomusculares, afastamento das atividades e
procura por profissional da área de saúde entre os
estudantes investigados. Jequié/BA, 2014.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

No que se refere aos sintomas


osteomusculares, observou-se que,
independente da região afetada, 87% dos
participantes referiram dor nos últimos 12
meses, sendo predominante entre os
acadêmicos do curso de fisioterapia
(91,2%). A presença de dor nos últimos Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

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O gráfico 2 mostra os resultados Gráfico 2 - Distribuição dos sintomas


osteomusculares nos últimos 12 meses, nas
relativos a dor nos últimos 12 meses por diferentes regiões corporais, entre os estudantes
investigados. Jequié/BA, 2014.
região corporal e por curso. Nele, é
possível identificar que a região lombar foi
a mais prejudicada para os acadêmicos
do curso de fisioterapia, com 67,6%,
seguido das regiões do pescoço, com
52,9%, punho/mãos/dedos e ombros,
ambos com 35,3%. Verificou-se, entre os
acadêmicos do curso de enfermagem, um
acometimento para a região lombar
similar ao encontrado no curso de
fisioterapia, com 67,5%, tendo as regiões
do pescoço e do ombro, compreendidas
entre as três mais prevalentes, para este
mesmo curso, com percentuais de 62,5%
e 50%, respectivamente. Entre os Fonte: Dados da Pesquisa (2015)
acadêmicos de odontologia, observou-se
que a região do pescoço foi a mais Com relação à presença de
acometida, com 58,8%, seguida das sintomas nos últimos sete dias, nas
regiões lombar e ombro, com 55,9% e diferentes regiões corporais, o Gráfico 3
47,1%, respectivamente. mostra que, entre os acadêmicos do curso
Ao verificar associação entre os de fisioterapia, os relatos de dor ou
sintomas nas diferentes regiões corporais desconforto na região lombar
nos últimos 12 meses e os cursos de prevaleceram, com 58,8%, sendo
saúde, constatou-se que a presença de acompanhado pelos relatos nas regiões
dor nos quadris/coxas associou-se do pescoço e dorsal, com 41,2% e 26,5%,
significativamente com os estudantes de respectivamente. Observou-se, entre os
odontologia (p=0,042). estudantes de enfermagem, que as
regiões mais acometidas foram pescoço e
ombro, ambos com 40%, seguido das
regiões dorsal e lombar, ambos com

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Sintomas osteomusculares em acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade pública

37,5% dos acometimentos. Entre os associação estatisticamente significativa


estudantes curso de odontologia, a região entre a presença de afastamento das
lombar foi a mais acometida (38,2%), atividades nos últimos 12 meses e a
seguida pelas regiões de pescoço prática de atividade física insuficiente para
(32,4%), e ombro (23,5%). os estudantes do curso de fisioterapia
Não foram observadas associações (p=0,015), e estudantes do curso de
estatisticamente significativas entre os odontologia (p=0,024). Houve associação
sintomas nas diferentes regiões corporais significativa entre a presença de dor nos
nos últimos 7 dias e os cursos de saúde. últimos 12 meses e o local de estágio
ambulatorial para os acadêmicos do curso
Gráfico 3 - Distribuição dos sintomas
osteomusculares nos últimos 7 dias, nas diferentes de enfermagem (p=0,040), como também
regiões corporais, entre os estudantes
investigados. Jequié/BA, 2014. foi encontrada associação entre a
presença de dor nos últimos 7 dias e a
prática de atividade física suficiente para
os indivíduos desse mesmo curso
(p=0,050) (Tabela 2).

Tabela 2 - Associação das variáveis sociode-


mográficas, ocupacionais, estilo de vida e de
saúde com os sintomas musculoesqueléticos por
cursos da área da saúde. Jequié/BA, 2014.
Cursos Sintomas Variáveis p
Atividade
Fisioterapia Afastamento física 0,015
insuficiente*
Atividade
Odontologia Afastamento física 0,024
insuficiente*
Dor 12 Atividade
Enfermagem 0,040
meses ambulatorial*
Atividade
Enfermagem Dor 7 dias física 0,050
suficiente*
Fonte: Dados da Pesquisa (2015) * Fator associado à presença de sintomas
musculoesqueléticos e ao afastamento das
atividades.
Na análise da relação entre as Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

variáveis sociodemográficas, ocupacio-


nais, estilo de vida e de saúde com os 4 DISCUSSÃO

sintomas musculoesqueléticos por cursos Na literatura é consenso que os

da área da saúde, observou-se distúrbios osteomusculares relacionados

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ao trabalho não ocorrem por uma única Em relação à presença de


causa, e que, os quadros clínicos estão, sintomas nos últimos 12 meses e últimos
em geral, relacionados ao sistema sete dias, e a quantidade de procura por
osteomuscular submetido às determina- profissional de saúde ou até mesmo
das condições de trabalho, sendo também afastamento das atividades, percebe-se
encarados como sérios problemas de que uma grande parte dos indivíduos
saúde pública (GRANDJEAN, 1998; permanece realizando suas atividades
BRASIL, 2001; SALIM, 2003; LOURINHO acadêmicas, mesmo diante dos sintomas
et al., 2011). Entre as profissões mais relatados. Para Snodgrass et al. (2003),
afetadas pelos sintomas osteomusculares situações como esta acabam afetando
provenientes das mais diversas situações negativamente a forma com a qual os
de sobrecarga, tanto física quanto indivíduos estão realizando suas técnicas,
psíquica, em suas atividades laborais, de maneira a comprometer o sucesso da
encontram-se as da área da saúde, terapêutica implementada.
especialmente, a fisioterapia, a Dos três cursos investigados,
enfermagem e a odontologia (BAUER, verificou-se que os acadêmicos do curso
1985; SNODGRASS et al., 2003; de fisioterapia foram os que obtiveram o
MASCARENHAS; MIRANDA, 2011). maior percentual de relato de sintomas
Os resultados do presente estudo osteomusculares nos últimos 12 meses,
mostraram que, independente da região além do afastamento das atividades, com
afetada e abordando toda a população valores de 91,2% e 41,2%,
estudada, a presença de dor ou respectivamente. Em pesquisa realizada
desconforto nos últimos 12 meses e nos com fisioterapeutas do município de Santa
últimos 7 dias obteve altos percentuais. Maria, no Rio Grande do Sul, no ano de
Foi encontrada, ainda, a presença de 2005, foram encontrados resultados
afastamento das atividades de semelhantes aos do presente estudo no
estágio/aula prática e a procura por que se refere a dor nos últimos 12 meses,
profissional da área de saúde em com 90,7%; porém, uma menor
decorrência dos sintomas em uma parcela percentagem foi encontrada para o
significativa da população, possibilitando afastamento das atividades (34,6%)
assim, a caracterização de severidade da (PIVETTA et al., 2005). O fato dos
sintomatologia apresentada. fisioterapeutas, muitas vezes, trabalharem

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Sintomas osteomusculares em acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade pública

com pacientes altamente dependentes, tomadas de decisões no trabalho, entre


implica, em situações de sobrecarga outros) que requerem ação ou resposta
física, induzindo essa classe trabalhadora (BRASIL, 2001; SALIM, 2003).
a ocupar um grupo de alto risco de Os acadêmicos de odontologia
comprometimentos osteomusculares também mostraram percentuais
desde o início de sua carreira profissional importantes com relação a presença de
(ROMANI, 2001; PERES, 2002; dor ou desconforto em alguma região
TADESCHI, 2005; D’ÁVILA; SOUSA; corporal, no período correspondente aos
SAMPAIO, 2005). últimos 12 meses (82,4%) e últimos 7 dias
Em relação aos sintomas (61,8%). Em estudo similar, realizado
osteomusculares nos últimos 7 dias, o apenas com cirurgiões-dentistas, no
curso de enfermagem foi o que mais município de Ubá, em Minas Gerais, a
referiu este tipo de acometimento (77,5%). prevalência de sintomas osteomusculares
Este valor foi ligeiramente superior ao nos últimos 12 meses e nos últimos 7 dias
encontrado no estudo de Magnago et al. foi de 80% e 60%, respectivamente,
(2010), o qual foi realizado com corroborando com os dados do presente
trabalhadores de enfermagem de um estudo (FÁTIMA; MAGATON; LIMA,
hospital universitário do Rio Grande do 2011).
Sul, onde obteve-se o percentual de Há muito tempo a odontologia vem
73,1%. sendo considerada uma profissão
A maioria das queixas dos estressante, e frequentemente associada
trabalhadores de enfermagem aos agravos à saúde, tanto de ordem
relacionados ao sistema osteomuscular física quanto psíquica (NOGUEIRA,
são atribuídas, principalmente, aos fatores 1983). Para o cirurgião-dentista, a
ergonômicos e posturais inadequados repetição de gestos e a manutenção de
presentes na dinâmica hospitalar, e que contra-resistências, bem como a postura
não só estão expostos ao trabalho físico dos membros superiores com atividades
pesado que as tarefas exigem, mas que exigem constante flexão e extensão
também a um grande número de eventos, do punho, a compressão mecânica das
circunstâncias e condições (demandas de bases das mãos com instrumentos
trabalho, transferências e movimentações periodontais e endodônticos curtos e
de pacientes e de objetos pesados, inadequados e que necessitam da

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utilização de força na base da mão, são Com relação aos acadêmicos do


as causas ocupacionais imediatas da curso de enfermagem, no que se refere a
Síndrome do Túnel do Carpo, dentre sintomatologia apresentada nos últimos
outros distúrbios osteomusculares 12 meses nas diversas regiões corporais,
(BAUER, 1985). verificou-se um percentual de 67,5% para
Em se tratando da ocorrência de a região lombar, 62,5% para o pescoço, e
sintomas nos últimos 12 meses, por curso 50% para o ombro. Magnago et al. (2010),
investigado e regiões acometidas, os em pesquisa com trabalhadores de
acadêmicos de fisioterapia apresentaram enfermagem em um hospital universitário
elevadas percentagens de relatos para as do município de Santa Maria-RS,
regiões lombar (67,6%), pescoço (52,9%), observaram que, em relação aos sintomas
punho/mão/dedos (35,3%) e ombros apresentados nos últimos 12 meses, as
(35,3%). Cromie, Robertson e Best regiões mais acometidas foram lombar
(2000), em estudo com fisioterapeutas (67,1%), pescoço (68,5%), e ombros
australianos, encontraram resultados que (61,6%).
também apontaram a região lombar como Quanto aos acadêmicos de
a mais acometida (62,5%), seguido das odontologia, as regiões mais acometidas
regiões de pescoço (47,6%), e dorsal nos últimos 12 meses foram pescoço,
(41%). lombar e ombros, com valores de 58,8%,
D’ávila, Sousa e Sampaio (2005), 55,9% e 47,1%, respectivamente.
também evidenciaram, em pesquisa com Comparando esses resultados com os do
fisioterapeutas da rede hospitalar do SUS estudo desenvolvido por Coelho e
em Belo Horizonte-MG, que a região Juvêncio (2011), com cirurgiões-dentistas
lombar foi a mais acometida (59%), do município de Viçosa-MG, foram
seguido da coluna cervical (55%), e encontrados também maiores
ombros (36%). Nesse mesmo estudo, as acometimento nas regiões cervical e
principais queixas relatadas como fatores lombar (71% e 57%, respectivamente),
de risco associada à ocorrência de dor contudo, a terceira região mais acometida,
estão em “trabalhar em posições nessa mesma pesquisa, foi
encurvadas”, “tratar um grande número de punho/mão/dedos (55%).
pacientes em um dia” e “levantar/transferir Quando verificada a associação
pacientes”. entre as variáveis dor nos últimos 12

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Sintomas osteomusculares em acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade pública

meses e os cursos de graduação, colaborando para o aparecimento de


constatou-se que a presença de dor nos sintomas osteomusculares nestas regiões
quadris/coxas associou-se (BARROS; ÂNGELO; UCHÔA, 2011).
significativamente com os estudantes de Com relação aos relatos de dor ou
odontologia, com a maior proporção desconforto nos últimos 7 dias, as regiões
encontrada (p=0,042). Segundo Finsen, mais acometidas entre os acadêmicos de
Christensen e Bakke (1998), a atividade fisioterapia foram região lombar (58,8%),
clínica dos cirurgiões-dentistas tem como pescoço (41,2%), e dorsal (26,5%).
peculiaridade a execução de seu ofício Comparando esses resultados com os
em uma área restrita a poucas dezenas encontrados por Mascarenhas e Miranda
de milímetros: a cavidade bucal. Tal fato (2011), em pesquisa desenvolvida com
faz com que se exijam desses fisioterapeutas no município de
profissionais invariabilidades posturais as Jequié/BA, foram verificados percentuais
quais podem gerar condições insalubres inferiores no que diz respeito as regiões
de trabalho. lombar e de pescoço, com 33% e 38%,
A posição sentada, sendo esta a respectivamente. Já a região dorsal, no
principal adotada por essa classe mesmo estudo, foi a responsável por 38%
profissional, por sua vez, é definida como dos realtos de dor ou desconforto nos
a situação na qual o peso corpóreo é últimos sete dias.
transferido para o assento da cadeira por No curso de enfermagem, as
meio da tuberosidade isquiática, dos regiões mais acometidas nos últimos 7
tecidos moles da região glútea e da coxa, dias foram pescoço e ombro, com 40%
bem como para o solo por meio dos pés cada, e regiões dorsal e lombar, com
(PYNT; HIGGS; MACKEY, 2001). Sendo 37,5% cada. Esses resultados diferem do
assim, a manutenção desta postura por estudo de Silva e Cervaens (2011), que
períodos prolongados pode acarretar foi realizado com enfermeiros de um
alterações biomecânicas, como centro hospitalar, em Porto/Portugal, no
compressão mecânica destas regiões, qual, a região lombar obteve maior
desequilíbrio muscular entre força percentual (62,1%), seguido do pescoço
extensora e flexora do tronco e diminuição (56,8%), e ombros (46,8%).
da estabilidade e mobilidade do complexo Entre os acadêmicos de
lombo-pelve-quadril, consequentemente, odontologia, as regiões que apresentaram

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Claudio Henrique Meira Mascarenhas, Saul Viana de Novaes

maior acometimento nos últimos 7 dias acadêmicos. Tal fato justifica-se,


foram lombar (38,2%), pescoço (32,4%), possivelmente, pelo maior período de
e ombro (23,5%). Esses percentuais exposição aos fatores de risco
foram inferiores aos dos achados no ocupacionais que a classe composta por
estudo de Bachiega (2009), que profissionais está submetida quando
investigou cirurgiões-dentistas da rede comparada aos acadêmicos em formação.
pública de São Bernardo do Campo/SP, Os resultados do presente estudo
no qual foram encontrados 81% dos evidenciaram uma associação
relatos atribuídos ao pescoço, 78% à estatisticamente significativa entre as
coluna lombar, e 70% à região de variáveis “prática de atividade física
punho/mão/dedo. insuficiente” e “afastamento das
Vale destacar que, em função da atividades” para os cursos de fisioterapia
escassez de estudos a respeito desta e odontologia. De acordo com Matsudo et
temática com estudantes, por vezes, al. (2002), a inatividade física e um estilo
foram realizadas comparações dos de vida sedentário estão presentes entre
resultados trazidos por esta pesquisa com os fatores de risco para o
resultados provenientes de estudos desenvolvimento ou agravamento de
realizados com profissionais. Logo, doenças crônicas não transmissíveis mais
observou-se que, na maioria das vezes, prevalentes na população, representando
os percentuais apresentados pelos além do risco pessoal de enfermidades,
estudos envolvendo profissionais se um custo econômico para o indivíduo,
aproximaram dos valores encontrados para a família e para a sociedade. Desta
para os acadêmicos estudados nesta forma, acredita-se que a inatividade física
pesquisa, principalmente no que se refere pode estar associada ao desenvolvimento
a presença de dor ou desconforto, de distúrbios osteomusculares entre os
demonstrando assim, a possibilidade de estudantes pesquisados, que por sua vez
existência de fatores riscos de ordem favorece o aumento do número de casos
ocupacional similares desde a formação de afastamento das atividades laborais.
acadêmica. No entanto, em algumas Outra associação, com
situações, os valores apresentados pelos significância estatística, foi encontrada
estudos realizados com profissionais entre as variáveis “dor nos últimos 12
foram superiores aos verificados para os meses” e “atividade ambulatorial” entre os

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acadêmicos do curso de enfermagem. início tardio (FOSCHINI; PRESTES;


Para Teles e Coelho (2011), em pesquisa CHARRO, 2007).
com enfermeiros que atuam na atenção É importante ressaltar que o
básica, no município de Santo Antônio de presente estudo apresentou limitações
Jesus/BA, existe uma estrutura relacionadas ao tipo de desenho
inadequada para o desenvolvimento das epidemiológico empregado, uma vez que
atividades laborais dos serviços de saúde. um estudo transversal não permite o
Na opinião dos enfermeiros, nesta mesma estabelecimento das relações de causa e
pesquisa, dentre os fatores que efeito. Outra limitação refere-se ao fato do
contribuem para o seu adoecimento estão tamanho reduzido da população adotada
as péssimas condições de trabalho, falta nesta pesquisa, o que dificulta extrapolar
de segurança e a exposição frequente às as inferências apresentadas.
situações que causam bastante desgaste
físico e mental, como elevada demanda 5 CONCLUSÃO
de atendimento da população, cobranças
excessivas e escassez de recursos Os acadêmicos do presente estudo
materiais. apresentaram elevada ocorrência de
Foi verificada ainda a associação sintomas osteomusculares nos últimos 12
entre as variáveis “dor nos últimos 7 dias” meses e últimos 7 dias, sendo que as
e “atividade física suficiente” entre os regiões mais acometidas foram lombar,
acadêmicos de enfermagem. Na literatura pescoço, ombro e dorsal. O afastamento
verificam-se inúmeros benefícios que a das atividades nos últimos 12 meses e a
atividade física pode oferecer ao sistema procura por profissional da área da saúde
osteomuscular, quando sistematicamente evidenciam a severidade destes sintomas
executada (CORSEUIL; PETROSKI , para os estudantes dessas categorias
2010; PUCCI et al., 2012). Por outro lado, profissionais. Os resultados também
determinadas modalidades de exercício mostraram que os fatores ocupacionais e
podem impor sobrecargas, resultando em o estilo de vida podem estar relacionados
lesões de estruturas musculares como com a presença dos sintomas
sarcolemas, membranas e miofibrilas, o osteomusculares.
que pode provocar uma dor muscular de Dessa forma, os resultados indicam
a necessidade de novos estudos, com

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uma amostra populacional maior, que problemática dos DORT e a saúde do


investiguem a íntima relação dos fatores trabalhador, de modo a promover uma
relacionados à saúde, ao estilo de vida e melhor compreensão dos problemas
à atividade laboral, com o aparecimento identificados, visando à manutenção da
dos sintomas osteomusculares, bem integridade do sistema
como a influência destes últimos sobre a musculoesquelético dos acadêmicos, e
qualidade dos serviços prestados por consequentemente, produzir um impacto
estes acadêmicos. positivo sobre a população por eles
Sobretudo, espera-se, com esta pesquisa, assistida.
contribuir com o debate acerca da

MUSCULOSKELETAL SYMPTOMS IN ACADEMICS OF THE HEALTH COURSES AT A


PUBLIC UNIVERSITY

ABSTRACT
Introduction: The work-related musculoskeletal disorders are an
important group of conditions that is affecting the health of this population,
including the health field. Purpose: Identify musculoskeletal symptoms in
academics of courses of physiotherapy, dentistry and nursing at a public
university, and to investigate its association with sociodemographic
variables, occupational, lifestyle and health. Materials and methods: This
is a cross-sectional study with 108 students, in which we used a
questionnaire containing sociodemographic information, occupational,
lifestyle, and health related Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Data
were subjected to descriptive statistics and chi-square and Fischer's exact,
with a significance level of 5%. Results: It was found that 87% of subjects
reported the occurrence of musculoskeletal symptoms in the past 12
months. For reports of symptoms the last 7 days was obtained percentage
of 71.3% in the whole population studied. The presence of pain in the hips
/ thighs in the past 12 months was associated with dentistry course (p =
0.042). There was also a statistically significant association between the
variables "absence from work" and "insufficient physical activity" for
courses in physiotherapy (p = 0.015) and dentistry (p = 0.024).
Conclusion: Considering the above, it is expected to contribute to a better
understanding of the problems identified, in order to maintain the integrity
of the musculoskeletal system of academics, and consequently, promote a
positive impact on the people they assisted.

Keywords: Musculoskeletal Pain. Students Health Occupations. Occupational health.

Artigo recebido em 01/04/2015 e aceito para publicação em 17/04/2015

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