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período escravista, o mundo rural dominou o urbano. A unidade produtiva de base era o
latifúndio monocultor escravista. Ele articulava a vida econômico-social colonial. A economia
agroexportadora produzia regionalmente e dependia dos mercados internacionais para a
realização de sua produção. Não houve modificações essenciais dessa realidade no contexto da
mineração escravista. 2
A esfera de produção natural das unidades escravistas produzia parte do que era
consumido por escravizados e escravizadores. O consumo dos livres pobres era diminuto e
tendencialmente satisfeito pela produção agrária e artesanal local. A administração
metropolitana reprimia a produção regional que substituísse as importações. Pouco sentido
tinham os `mercados internos`. O Brasil colonial constituiu mosaico de regiões produtivas semi-
autônomas. Os limitados meios de transporte e a vontade metropolitana de dificultar eventual
unitarismo americano contribuíam à atomização colonial. Até 1808, o Brasil não possuiu
imprensa. A comunicação manuscrita era precária, devido ao elevado analfabetismo e à falta de
correios nas próprias capitanias. A comunicação colonial das idéias dava-se por via oral e
interpessoal, “limitada no tempo e no espaço, e, em círculos muito restritos”. No Rio Grande do
1! . Sobre o modo de produção escravista colonial, ver: GORENDER, J. O escravismo colonial. 5 ed. São Paulo: Ática,
1988 e CARDOSO, Ciro Flamarión. “El modo de producción esclavista colonial em América”. ASSADORIAN,
Carlos Sempat. Modos de producción en América Latina. Córdoba: Pasado y Presente, 1973; sobre o momento da
transição indígenas/africanos, ver: SCHWARTZ, S.B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial.
São Paulo: Cia. das Letras, 1988. pp. 5773; sobre a escravidão indígena, ver: MONTEIRO, John Manuel. Negro da
Terra : índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994; MAESTRI, Mário. Os
senhores do litoral: conquista portuguesa e genocídio tupinambá no litoral brasileiro. séc. XVI.. 2. ed. Porto Alegre:
EdiUFRGS, 1994. 113 pp .
2! COSTA, Iraci del Nero da. Populações mineiras: sobre a estrutura populacional de alguns núcleos mineiros no
alvorecer do século XIX. São Paulo: Instituto de Pesquisas Econômicas, 1981.
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Sul, apenas em 1837, o governo republicano organizou serviço regular de correio, “com postos
de trocas de cavalos” para a correspondência oficial.3
colonial centralizada dava certa impressão de unidade às possessões coloniais. E mesmo isto
deve ser matizado. Durante a Colônia, o senado da câmara — sob o controle das classes
dominantes locais — exerceu ampla autoridade, legal ou abusiva, sobre os assuntos municipais,
mesmo que as funções legislativas conhecidas pelas municipalidades em Portugal fossem
negadas às câmaras brasileiras. Para manter-se nas Américas, a Metrópole transigia com as
elites coloniais. Por outro lado, por longos anos — 1573-8; 1608-12; 1621-1772 — as
capitanias do Norte e as do Sul foram administradas autonomamente.
Múltiplas colônias
Açúcar, algodão, arroz, cacau, couros, fumo, minérios, etc., produzidos nas unidades
escravistas das capitanias, eram exportados para a Europa — via Portugal — pelos portos de
Recife, Rio de Janeiro, Rio Grande, Salvador, São Luís, etc. De Portugal chegavam a esses
portos os manufaturados europeus. O tráfico negreiro garantia a reprodução da população
trabalhadora e articulava outras ligações sócio-econômicas entre as colônias e o exterior.5 Esse
O historiador Nélson Werneck Sodré ressalta o caráter regional dos primeiros esforços
culturais sistemáticos das classes dominantes coloniais em inícios do século 18: "Os grupos
estavam dispersos pelos poucos centros urbanos coloniais. Não se comunicavam sequer entre
si." A falta de comunicação devia-se à debilidade dos laços econômicos. Emília Viotti da Costa
lembra que, ainda "às vésperas da Independência, eram mais fortes os laços das várias
3! Cf. MATTOS, Florisvaldo. A comunicação social na Revolução dos Alfaiates. 2 ed. Salvador: Assembléia Legislativa
do Estado da Bahia; Academia de Letras da Bahia, 1998. p. 24; FLORES, Moacyr. A revolução farroupilha. Porto
Alegre: EdiUFRGS, 1990. p. 62.
4! . ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial. 15001800. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira;
Brasília, MEC, 1976. p. 45.
5! . Cf. CONRAD, Robert E. Tumbeiros : o tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985; SALVADOR,
José Gonçalves. Os magnatas do tráfico negreiro: séculos XVI e XVII.. São Paulo: Pioneira, 1981; CORREIA DE
ANDRADE, Manuel. As raízes do separatismo no Brasil. São Paulo: EdiUNESP; Bauru: EDUSC, 1999. p. 54.
6! . Cf. BOXER, C.R. A idade de ouro do Brasil. São Paulo: CEN, 1963. p.36; BOXER, C.R. Salvador de Sá : e a luta
pelo Brasil e Angola. 16021686. São Paulo: CEN /EdiUSP,1973. p.33.
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províncias com a Europa do que entre si". 7 Nos limites das diversas regiões produtivas, as
Crise colonial
No Oitocentos, a crise do mercantilismo expressou o novo reordenamento europeu de
forças. Com o avanço da produção capitalista, as nações ibéricas, incapazes de realizarem suas
revoluções burguesas, estavam fadadas a perderem as possessões americanas. No passado, o
`pacto colonial` garantira o desenvolvimento das colônias, das metrópoles e das classes
dominantes coloniais e metropolitanas. Em fins do século 18, ele constituía entrave ao
desenvolvimento sócio-econômico do Novo e do Velho Mundo. Nas Américas, as elites
coloniais, exasperadas pelo caráter crescentemente parasitário do exclusivismo político-
comercial metropolitano e conscientes do importante domínio sócio-econômico que exerciam
nas suas respectivas áreas de influência, lançaramse à conquista do controle total do poder
político. Os diversos projetos emancipacionistas articulavamse e ganhavam força no contexto
dos espaços geoeconômicos reais preexistentes.
Em 1776-83, as treze colônias angloamericanas tornaram-se independentes por primeiro.
A existência de certo grau de interdependência; a necessidade das classes proprietárias das
pequenas ex-colônias de defenderem-se da Inglaterra, a necessidade de manter na submissão a
população livre-pobre e escravizada ensejaram a formação de república federativa onde os
Estados membros gozavam de ampla autonomia quanto às questões internas. A América
espanhola pertencera a uma mesma metrópole. Suas classes regionalmente hegemônicas
possuíam uma mesma religião, uma mesma língua e uma mesma cultura. Era também
significativo o ideário americanista entre importantes parcelas das elites criollas hispano-
americanas. Nada disso sobrepôs-se à força das tendências centrífugas dos diversos blocos
geoeconômicos. A América espanhola explodiu em uma constelação de dezesseis Estados
republicanos independentes. Sobre esse fenômeno, Torres Rivas assinala: “A conquista e
posterior colonização forjaram de cima, a partir do poder colonial, por mais de duzentos anos,
uma extensa comunidade de idioma, religião e raça; apesar disso, o Império espanhol na
América foi, principalmente, uma ordem política construída sobre profundas descontinuidades
econômicas, geográficas, culturais e sociais: uma nação atada por cima e solta por baixo.” 9
7! . COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à Republica: momentos decisivos. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p.
29; SODRÉ, Nélson Werneck. História da literatura brasileira: seus fundamentos econômicos. 5 ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1969. p.107. [1 ed. 1938].
8! . Cf. HOBSBAWM, Eric. Nazioni e nazionalsimi dal 1780. Torino: Einaudi, 1996. [PBE, 564]; CORREIA DE
ANDRADE, Manuel. As raízes do separatismo no Brasil. São Paulo: EdiUNESP; Bauru: EdiUSC, 1999. P. 54.
9! RIVAS, E. Torres. Sobre a formação do Estado da América Central. PINHEIROS, OS. (org.) O Estado da América
Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 65.
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No Brasil, atuavam os fenômenos que resultaram na partição hispano-americana. Em
Pernambuco, em 1654, durante a guerra anti-holandesa; em São Paulo, em 1640; as classes
dominantes locais discutiram a independência das respectivas capitanias.10 Em 1710, quando da
Mistério historiográfico
O unitarismo brasileiro resultante da crise colonial constituiu um dos grandes ‘mistérios’
da história brasileira. Em Populações meridionais do Brasil, o sociólogo fluminense Oliveira
Viana registra a perplexidade dos analistas mais perspicazes sobre as razões da unidade
nacional brasileira: "[...] nada, nenhuma necessidade poderosa nos levava [...] à integração do
país dentro de uma possante armadura de poderes ‘nacionais’." 12 Durante a construção de
! . CORREIA DE ANDRADE, Manuel. As raízes do separatismo no Brasil. São Paulo: EdiUNESP; Bauru: EDUSC,
10
1999. P. 52.
12
! . VIANNA, Oliveira. Populações meridionais do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1973. p.259. V.1.
! . CALMON, Pedro. História da civilização brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, sd. p. 207.
13
! . Cf. MOTA, Carlos Guilherme. Nordeste 1817: estruturas e argumentos. São Paulo: EdiUSP, 1972.
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províncias de enfrentarem o problema da independência e da gestão constitucional de seus
interesses maiores, sem colocarem em perigo a espinha dorsal da economia colonial: a produção
escravista.
Filho da Escravidão
Coevo aos acontecimentos da Independência, o monsenhor Muniz Tavares assinalou que a
transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro — 15 mil pessoas — decretara um fim
indolor ao regime colonial. 15 Salvo engano, tratou-se de único caso, nos Tempos Modernos, de
transmigração dos segmentos superiores de classe dominante para uma colônia. Fato que se
deveu também ao medo das classes dominantes lusitanas da revolução liberal e, portanto, de
perderem as rendas das americanas, e não apenas ao que temor à invasão francesa de Portugal.
Antes localizado na metrópole, o centro das decisões passou a sediar-se no Rio de Janeiro. A
abertura dos portos [1808] pôs fim ao exclusivismo comercial. Aparentemente, permaneceria
apenas para ser resolvida a questão da gestão absolutista do Estado. Problema agravado pelo
favorecimento dos portugueses natos praticado quando do preenchimento dos postos e cargos
administrativos e honoríficos.
Porém, mesmo com a instalação da administração lusitana no Novo Mundo português,
latejavam as tendências autonomistas entre as elites de importantes regiões, sobretudo do
Nordeste e do Sul, que viam as rendas regionais tributadas e monopolizadas pela Corte
instalada no Rio de Janeiro, como o eram, no passado, pelas elites portuguesas, instaladas em
Lisboa. Para o norte do Brasil, aumentava — e não diminuía — a distância com o centro das
decisões. Em 1820, devido ao projeto recolonizador da revolução liberal e constitucionalista do
Porto, as facções dominantes coloniais americanas, como um todo, viram recolocados, com
maior intensidade, os problemas enfrentados pelas classes proprietárias nordestinas, em 1817,
quando da Revolução Pernambucana. Na época, importantes facções das classes hegemônicas
regionais almejavam independência estranha a qualquer partição ou subordinação do poder.
Agravava a situação o fato de que o poder central – sediado no Sudeste desde o ciclo da
mineração (1763) – via-se diante de um Nordeste, mais populoso e em relativo econômico
conjuntural, que abominava a gestão semi-estrangeira do Rio de Janeiro, que vivia, então, grave
crise econômica.
O inimigo interno
Eram também fortes as tendências autonomistas e separatistas no norte, no centro e no sul
do país. Tudo apontava para a explosão do Brasil em repúblicas organizadas a partir das antigas
sub-regiões coloniais e, talvez, da manutenção do domínio de Portugal, ao menos por algum
tempo, sobre alguns províncias do norte. A crise final da ordem mercantilista colocava graves
questões às elites luso-brasileiras: pressão do governo inglês pela abolição do tráfico
transatlântico; reivindicações federalistas radicais e separatistas; semi-monopólio lusitano das
atividades comerciais e mercantis. A principal questão era social. Os grandes escravizadores
queriam autonomizaremse de Portugal e `nacionalizar` as atividades comerciais sem
comprometer a organização social negreira. A revolução servil de Saint-Domingues-Haiti
(1804) e os sucessos hispano-americanos eram avisos premonitórios. Fortes choques militares
15
! . TAVARES, Francisco Munis. História da Revolução de Pernambuco em 1817. 3 ed. Recife: Instituto Arqueológico e
Geográfico Pernambucano, 1917; MOURÃO, Gonçalo de B. C. Mello. A revolução de 1817 e a história do Brasil:
um estudo de história diplomática. Belo Horizonte: Itatiaia, 1996.
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entre tropas metropolitanas e americanas, ou entre facções crioulas luso-brasileiras, por
questões de limites territoriais, ameaçariam a necessária submissão dos trabalhadores
escravizados — o “inimigo interno” — e a defesa da continuidade da escravidão.
Se as províncias brasileiras explodissem em repúblicas, cresceriam as dificuldades para
manter a organização escravista nas regiões onde se mostrasse produtiva. Os Estados
abolicionistas acoutariam os cativos fujões, como o haviam feito as Guianas e as possessões
hispano-americanas, no passado. Nos USA, a crescente divisão do país em Estados escravistas e
Estados abolicionistas permitiu que dezenas de milhares de cativos fugissem, no Sul, para o
Norte, ou para a fronteira com o Canadá. Os pequenos Estados escravistas resultantes da divisão
territorial dificilmente sobreporiam-se às crescentes pressões do governo britânico pelo fim do
comércio tumbeiro.16 Sem escravos novos recém-chegados da África, encareceriam-se
Américas em chamas
Na América luso-brasileira, quando da Independência, importantes fenômenos
internacionais agitavam a população escravizada e as classes subalternas, sobretudo mestiças.
Na Europa, a Revolução Francesa difundira propostas de reforma política e social. No Haiti,
ocorrera a única revolução servil que pôs fim a um Estado escravista.19 Durante esses últimos
16
! BETHEL, Leslie. A Abolição do Tráfico de Escravos no Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura. São Paulo,
EDUSP, 1976.
17
! . FREITAS, Décio. 2 ed. Palmares: a guerra dos escravos. Rio de Janeiro: Graal, 1978; FREITAS, M.M. O reino
negro de Palmares. Rio de Janeiro: Americana, 1954; CARNEIRO, Édison. O Quilombo dos Palmares. 3 ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
18
! . Cf. ISOLA, Ema. La esclavitud en el Uruguay: desde sus comienzos hasta su extinción. (1743-1852). Montevideo:
CNHSHH de 1825, 1975. p. 320.
19
! . Cf. JAMES, C.L. Os jacobinos negros: Toussaint L´Ouverture e a revolução de São Domingos. [The Black Jaconins,
1938] São Paulo: Boitempo, 2000; SCHOELCHER, Victor. Vie de Toussainte Louverture. Paris: Karthala, 1982;
WIMPFFEN, Alexandre-Stanislas. Haïti au XVIIIe. Siècle : richesse et esclavage dans une colonie française. France:
Karthala, 1993; LOUVERTURE, F. D. Toussaint. La libertà del popolo nero. Torino: La Rosa Editrice, 1997.
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Mundo”, quando de “10 a 12 mil escravos se sublevaram em nome de seus ‘direitos’”. 20 Apesar
de, salvo engano, não termos estudos gerais sobre a agitação da população escravizada no Brasil
nas três primeiras décadas do século 19, há indícios do crescimento da tensão social nesse
período.
Desde 1807, a Bahia foi convulsionada por importantes revoltas servis que desembocaram
na grande insurreição malê de 1835, uma conspiração de massas de cunho quase moderno
contra o Estado escravista. Nesse ano, atemorizada com a agitação entre os trabalhadores
escravizados, votou-se a famigerada lei que ordenava a morte, sem direito de apelação, de todo
cativo que levantasse a mão armada contra seu senhor, sua família ou seus capatazes. John
Armitage, comerciante inglês que chegou ao Brasil, com 21 anos, em 1828, e escreveu uma
perspicaz História do Brasil, ao referir-se à Independência, registrou os temores dos escravistas:
"Quaisquer tentativas prematuras para o estabelecimento da república teriam sido seguidas de
uma guerra sanguinolenta e duradoura, na qual a parte escrava da população teria pegado em
armas, e a desordem e a destruição teriam assolado a mais bela porção da América Meridional."
21 Velada ou abertamente, a questão servil traspassou as discussões senhoriais sobre como
20
! . COSTA, Emília Viotti da. Coroas de glória, lágrimas de sangue: a rebelião dos escravos de Demerara em 1823. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998.
21
! . JOHN, Armitage. (18071856). História do Brasil: desde a chegada da real família de Bragança, em 1808, até a
abdicação do Imperador dom Pedro I, em 1831. 6 ed. São Paulo: Melhoramentos; Brasília, INL; 1977. p. 226;
CONRAD, Robert. Tumbeiros. Ob.cit. p.230; FREITAS, Décio. FREITAS, Décio. Escravos e senhores-de-escravos.
Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul,
1977. pp. 37-40.
! 22 SOUSA, Octávio Tarquíneo de. A vida de D. Pedro I. Rio de Janeiro: José Alípio, 1972. p.129. Vol. II.
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escravizadores brasileiros tenham se inspirado — em parte — no mundo romano e não na
tradição lusitana e européia, ao fundarem um 'império', e não um 'reinado', que desconheceu,
sempre, a nobreza hereditária. Nesse sentido, A utopia do poderoso império, a historiadora
pernambucana Maria de Lourdes Viana Lyra exige uma melhor interpretação do nascimento do
novo Estado brasileiro como um "império". 23
Tempos Conturbados
A submissão das classes livres e proprietárias `periféricas` ao centralismo imperial e aos
interesses da nova Corte foi temporária. Em 1824, a Confederação do Equador retomou os
grandes objetivos da Revolução Pernambucana, mostrando que, para grande parte das classes
dominantes nordestinas, pouca diferença fazia se as rendas regionais financiavam a iluminação
de Lisboa ou do Rio de Janeiro. No interior das fronteiras ‘nacionais’, a centralização do poder
e dos recursos do novo Estado pela Corte sediada no Rio de Janeiro reproduzia a antiga ordem
colonial.
Os movimentos de 1817 e de 1824 não contaram com o apoio dos proprietários de terra e
de homens nordestinos. Eles temiam a agitação social e um não revelado ideário abolicionista
por parte dos revolucionários. De nada serviram as garantias de respeito à escravidão dadas
pelos insurretos. Um manifesto revolucionário lembrava: "Patriotas pernambucanos A suspeita
tem-se insinuado nos proprietários rurais: eles crêem que a benéfica tendência da presente
liberal revolução tem por fim a emancipação indistinta dos homens de cor e escravos." Isso era
mentira, segundo o panfleto revolucionários. Os liberais pernambucanos acreditavam que a
"base de toda sociedade regular é a inviolabilidade de qualquer espécie de propriedade."
Portanto, a república e a liberdade não eram coisas pra negros.25
23
! . Cf. LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império : Portugal e o Brasil : bastidores da política :
1798 – 1822. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994. PP. 116-9; MAESTRI, Mário . O Sobrado e o cativo: a arquitetura
urbana erudita no Brasil escravista. Passo Fundo: EdiUPF, 2001. 247 pp .
24
! . Cf. BETHEL, Leslie. A abolição do tráfico de escravos no Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo,
EDUSP, 1976.
26
! Cf. LEITMAN, Spencer. Raízes sócio-econômicas da guerra dos Farrapos : um capítulo da história do Brasil no
século XIX. Rio de Janeiro: Graal, 1979. P. 125.
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unitarista de 1822. A força das partes sobrepunha-se ao débil todo. Porém, movimentos como a
Cabanagem, Balaiada, Revolução Farroupilha, etc. frustraram-se, em maior ou menor grau,
devido à mesma razão que levou à derrota os movimentos pernambucanos de 1817 e 1824. 27
duque de Caxias tratava os cativos revoltados, enquanto concedia quartel aos liberais e aos
balaios, esclarece quem eram os verdadeiros inimigos das classes dominantes escravistas. 29
27
! DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e bem-te-vis : a guerrilha sertaneja. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor
Chaves, 1996; FLORES, Moacyr. Modelo político dos farrapos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1978; LEITMAN,
Spencer L. Raízes sócio-econômicas da Guerra dos Farrapos: um capítulo da História do Brasil no século XIX. Rio
de Janeiro: GRAAL, 1979; PAOLO, Pasquale Di. Cabanagem: a revolução popular da Amazônia. 3ª ed. Belém:
CEJUP, 1990; SERRA, Astolfo. A Balaiada. Rio de Janeiro: Badeschi, 1946.
28
! . MAESTRI, Mário. Uma história do Rio Grande do Sul: o Império. Passo Fundo: EdiUPF, 2000. p. 32.
29
! . Cf. SERRA, Astolfo. A Balaiada. Rio: Bedeschi,1946; MAGALHÃES, D.J.G. de. "Memória histórica da revolução
da província do Maranhão". in: Opúsculos históricos e literários. 2 ed. Rio de Janeiro: Garnier, 1865; SANTOS,
Maria Januária Vilela. A Balaiada e a insurreição de escravos no Maranhão. São Paulo: Ática, 1983.
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pilar da Segundo Reinado, transformaramse na classe nacionalmente hegemônica. Um terço dos
títulos nobiliários, distribuídos nos 66 anos de monarquia, foi concedido a cafeicultores,
comissários e banqueiros envolvidos com a produção cafeicultora escravista. 30 A estabilidade
30
! . Cf. SILVA, Eduardo. Barões e escravidão: três gerações de fazendeiros e a crise da estrutura escravista. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira; Brasília, INL, 1984. p.35.
31
! Apud MONTI, Verônica Aparecida Martini. O abolicionismo: sua hora decisiva no Rio Grande do Sul: 1884. Porto
Alegre: Martins Livreiro, 1985. pp. 51.
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zonas cafeicultoras gerou fenômenos sociais revolucionários. Em inúmeras regiões e províncias,
o escravismo passou de forma dominante a forma subordinada de produção e fortaleceram-se
formas de trabalho livre. 32
Fim do consenso
No Brasil, por primeira vez, importantes facções sociais viviam à margem ou em
contradição com o escravismo. A vitória do Norte na Guerra da Secessão, em 1865, e o
desenvolvimento da opinião antiescravista européia explicam também o surgimento, nos anos
1860, de um importante movimento, inicialmente emancipacionista e, vinte anos mais tarde,
abolicionista, que teve na poesia de Castro Alves sua mais límpida expressão ideológico-
cultural. 33 Os cafeicultores fluminenses e paulistas constituíam a facção social hegemônica no
país. Isto permitiu que o escravismo permanecesse nacionalmente vigente mesmo quando
processo objetivo de desescravização já ocorrera em diversas regiões, como no Pará e no Ceará,
em 1883, e no Rio Grande do Sul, em 1984. O Estado monárquico escravista reservou-se a
questão servil e impediu que a instituição fosse juridicamente abolida regionalmente ali onde
deixara praticamente de existir, econômica e socialmente.
A ação centralizadora do Estado monárquico escravista, expressada através da gestão
governamental do Imperador e da Regente, retardou a divisão do Brasil em territórios
escravistas e não-escravistas antagônicos, como nos USA, e atrasou a superação do escravismo
e o desenvolvimento da produção livre no Brasil. Nesse sentido, contribuiu para que, por longos
anos, não se dissolvesse o nó que bloqueava o desenvolvimento da sociedade brasileira. Não é
aqui o momento de analisar as manobras com que as instituições monárquicas mantiveram em
pé, até os fins dos anos 1880, a ordem escravista. Basta lembrar que a Guerra do Paraguai
(1864-70), a Lei do Ventre Livre (1871), a Lei dos Sexagenários (1885), e o exercício do mal-
chamado “poder moderador” foram justificativas e recursos com os quais se postergou o fim da
ordem negreira.
O processo de desescravização determinado pela mortalidade e envelhecimento da
população escravizada diminuía a sua importância e aumentava a do trabalho livre. O trabalho
cativo decaía, absoluta e relativamente, como forma hegemônica de trabalho, apesar de dominar
a produção cafeicultora, coração da atividade produtiva. Fortaleciam-se o movimento
abolicionista, em geral, e seus setores radicalizados, em especial. A luta centenária dos cativos
passou a encontrar apoio em facções sociais livres. Os trabalhadores escravizados não lutavam
mais pateticamente sós.
Insurreição Escrava
Em inícios do primeiro semestre de 1887, sentindo o fortalecimento do abolicionismo, a
massa escravizada iniciou o abandono maciço e pacífico das fazendas paulistas, sobretudo, e
passou a reivindicar relações contratuais de trabalho. Sentindo a nova situação, os cafeicultores
paulistas converteram-se ao emigrantismo. Quando a manutenção da ordem escravista mostrou-
se inviável, o Partido Republicano Paulista aderiu ao abolicionismo. A Igreja permaneceu
negreira até o dia seguinte, apoiando o abolicionismo apenas após a Abolição. Em setembro de
32
! . Cf. COSTA, Emília Viotti. Da senzala à colônia. 2 ed. São Paulo: Ciências Humanas, 1982.
33
! . Cf. A segunda morte de Castro Alves: genealogia crítica de um revisionismo. Passo Fundo: EdiUPF, 2000; COSTA,
Emília Viotti da. A abolição. São Paulo: Global, 1982.
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1887, os fazendeiros de Campinas começam a alforriar seus cativos desde que trabalhassem
gratuitamente até 1890. Desde 1884, os fazendeiros sul-rio-grandenses haviam manumitido seus
negros, em geral sob a condição da prestação de trabalho, sem pagamento, por sete anos.34
escravizados rendeu frutos. Dias após, em 26 de outubro, o Clube Militar pedia respeitosamente
à Regente que o Exército não interviesse mais na captura de fujões, restringindo a utilização das
forças armadas a situações em que a ‘ordem’ se encontrasse ameaçada. Ou seja, para casos de
sublevação e questionamento maciços da ordem.
Em poucos meses, a produção escravista cafeicultora encontrava-se destruída, já que as
fazendas paulistas, semi-desertas de cativos, reconvertiam-se ao trabalho livre. Com menos
força, esse processo sentiu-se em outras regiões do Brasil, ali onde a escravidão subsistia. No
Rio de Janeiro, a fuga de escravos aumentou durante esses meses, no contexto de violento
confronto entre abolicionistas, trabalhadores escravizados, escravizadores e ‘forças da ordem’.
O caráter multitudinário do movimento servil e o apoio com que ele contava entre setores
da população livre, sobretudo urbana, levaram os cafeicultores a abandonarem veleidades
restauradora e a abraçarem a proposta de importação de trabalhadores estrangeiros. Nos últimos
meses, mesmo os renitentes escravistas do Rio de Janeiro, senhores de terras exauridas e de
grandes plantéis de negros, pleiteavam apenas a abolição da instituição com indenização.36
Mais tarde, ao mandar que se queimassem os registros dos cativos do ministério das finanças,
Rui Barbosa quis apenas pôr fim às reivindicações de indenização, com a destruição das provas
legais de propriedade.
Tempos de crise
Nos últimos anos da escravidão, o próprio desenvolvimento da produção cafeicultora e
da economia nacional entrara em contradição com as relações sociais escravistas que, de
sustentáculo da produção do Brasil, tornavam-se um sério entrave a sua expansão. A população
escravizada não sustentava mais a expansão das necessidades da cafeicultura e dificultava um
ingresso maciço de imigrantes europeus capaz de formar o exército de reserva necessário ao
estabelecimento de um regime de produção apoiado em relações livres e contratuais. A
aceleração das transformações sócio-econômicas em curso desde a abolição do tráfico internacional,
34
! Cf. MONTI, Verônica. O abolicionismo: 1884. Ob.cit.; BAKOS, Margaret. RS: Escravismo e Abolição. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1982;
35
! . CONRAD, R. Os últimos anos da escravidão no Brasil. 18501888. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília,
INL, 1975; COSTA, E.V. Da senzala à colônia. Op.cit.; SANTOS, Ronaldo Marcos dos. Resistência e superação do
escravismo na província de São Paulo. 18851888. São Paulo: IPE-USP, 1980.
36
! . Cf., entre outros, CONRAD, R. Os últimos anos da escravidão no Brasil. 18501888. Op.cit..; SANTOS, Ronaldo
Marcos dos. Resistência e superação do escravismo na província de São Paulo. 18851888. São Paulo: IPE-USP,
1980.
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em 1850, ensejara que, em 1887-8, as contradições entre as relações sociais de produção escravistas
e o próprio desenvolvimento da economia, agudizadas devido ao agir social, abrissem período
revolucionário que se concluiu com a destruição da produção escravista – ainda que tardia – devido
à ação direta da massa servil, sobretudo paulista, apoiada pelos abolicionistas.
Com a Abolição, ruía, para sempre, a instituição que governara, por mais de três séculos, a
sociedade no Brasil e dominara as formas de produção subordinadas. A revolução abolicionista
– que teve como principal agente os trabalhadores escravizados e os abolicionistas radicalizados
– deu o golpe de misericórdia na instituição, abrindo caminho para novas relações de produção
baseadas no trabalho livre. Tardiamente, desbloqueava-se o impasse em que vivia a cafeicultura
e a sociedade brasileira.37 Como vimos, para que a transição se completasse, era necessário
indústria moderna e a apropriação privada dos frutos desse trabalho produz as condições
necessárias, mas não suficientes, para que as classes oprimidas transitem de situação de classe
em si para uma de classe para si, compreendendo a necessidade da destruição do poder
burguês. Nem que seja em forma embrionária, o desenvolvimento objetivo da produção e da
sociedade capitalista é condição necessária à construção da nova ordem.39
37
! . Cf. sobre a necessidade da superação escravista: MOURA, Clóvis. Rebeliões na senzala: quilombos, insurreições,
guerrilhas. São Paulo: Zumbi, 1959; PÉRET, Benjamin. O quilombo de Palmares. [1956] Introduções e notas de
MAESTRI, M. & PONGE, R. Porto Alegre: EdUFRGS, 2002. pp. 47-74.
38
! . Cf. MAESTRI, Mário. “Escravidão, luta de classes, transição”. In: O escravo gaúcho: resistência e trabalho. 2 ed.
Porto Alegre: EdiUFRGS, 1993. pp. 49-54; MAESTRI, Mário. Servidão negra : Porto Alegre: Mercado Aberto,
1988. Pp.85-93.
40
! ENGELS, F. El anti-During. Apud. GODELIER, Maurice. “Hipóteses sobre a natureza e as leis de evolução do
modo de produção asiático”; FIORAVANTE, E. et al. Conceito de modo de produção. Rio de Janeiro; Paz e Terra,
1978. pp. 73-88. [Traduzimos]
41
! STAERMAN, E.M. "La caída del regimen esclavista". BLOCH, Marc et.al. La transición del esclavismo al
feudalismo. Madrid: Akal, 1981. p. 59. [traduzimos]
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Servus que não é servus
Tal foi lentidão da crise e superação do escravismo romano que o produtor direto no modo
de produção feudal, o trabalhador ligado à gleba, continuou sendo denominado da mesma forma
que havia sido quando da produção escravista clássica – servus. O que não quer dizer que o
trabalhador escravizado não estive diretamente envolvido e interessado nessa transição. "Na
época da instalação feudal, as classes mais interessadas na vitória dos métodos de exploração
mais avançados eram as classes em formação, tanto a dos grandes proprietários de terra, como a
dos cultivadores dependentes, uma grande parte da qual estava constituída por escravos
adscritos a terra." 42
O Velho e o Novo
Também é uma especificidade da transição capitalismo/socialismo que os principais
agentes do processo revolucionário tornem-se classes hegemônicas para iniciarem o processo de
dissolução classista. Nos modos de produção pré-capitalistas, as classes revolucionárias, como
um todo, criaram as condições para a superação da velha organização e obtiveram parcos
ganhos na nova ordem. Os produtores diretos do escravismo clássico tornaram-se servos,
penando sob a exploração do senhor feudal. Os bras-nus franceses metamorfosearam-se no
proletariado francês, que se rebelou em 1830, 1848 e 1871, contra a ordem que ajudara a
construir, e que o explorava sem piedade. Porém, nada disso significa que aquelas lutas e
revoluções, que determinaram transição inter-modal, não tenha significado importante avanço
histórico. 44
42
! STAERMAN. Ob.cit. p. 59. [traduzimos]
43
! HILL, Christopher. A revolução inglesa de 1640. Portugal: Presença; Martins Fontes: Brasil, 1977. 22]
45
! . Cf. RICCI, Maria Lúcia S.R. "A Guarda Negra e a Republica". D.O. Leitura. Publicação Cultural da Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo. São Paulo, 8(86), julho de 1988. pp. 67.
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Santo aderiram ao partido. Em abril de 1872, em Itu, um dos maiores centros escravistas do
país, uma convenção republicana, com 33 delegados, em geral donos de cativos, reafirmou que
a questão servil não era responsabilidade dos republicanos mas que, se eles chegassem ao
governo, cada província deveria realizar a reforma “mais ou menos lentamente”, respeitando o
direito de “indenização”.
O ingresso crescente de fazendeiros no Partido Republicano reforçou seu caráter
escravista e socialmente conservador e diluiu o peso e a importância no movimento de
republicanos democratas e anti-escravistas, geralmente provenientes das frágeis classes
intermediárias – Luís Gama, Antônio Bento, Cristiano Ortoni, José do Patrocínio, etc. Nos anos
seguintes, líderes republicanos paulistas como Prudente e Morais e Campos Sales intervieram,
nos debates parlamentares, ativamente, em defesa da escravidão.46 Com a Abolição, a adesão
46
! Sobre a adesão dos escravistas ao republicanismo, ver, sobretudo: CONRAD, Robert E. “A pós-abolição: a reação
dos fazendeiros e a queda do Império”. [ex.datilografado]
47
! Cf. VILLA, Marco Antônio. Canudos : o povo da terra. São Paulo: Ática, 1995. pp. 97-99; CONRAD, Robert E. “A
pós-abolição: a reação dos fazendeiros e a queda do Império”. [ex.datilografado]; . GORENDER, Jacob. A escravidão
reabilitada. São Paulo: Ática, 1990. P. 186.
criava as condições para que, no futuro, a eventual repetição dessas jornadas, num patamar
histórico e social mais elevado, emancipasse as classes subalternas nacionais.
!
MAESTRI, Mário. A Escravidão e a gênese do Estado Nacional Brasileiro. In: ANDRADE, Manuel Correia
de (Org). Além do apenas moderno: Brasil séculos XIX e XX. Seminário Internacional, 2001. Recife:
Fundação Joaquim Nabuco; Brasília, CNPq, 2001. pp. 49-77. [Uma versão inicial desse texto foi
publicada em: MAESTRI, Mário. A coroa e o tronco: escravidão e o Estado nacional brasileiro. Ágora
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, v. 3, n.2, p. 7-33, 1999.
49
! . Cf. GORENDER, Jacob. A burguesia brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1981; GORENDER, Jacob. A escravidão
reabilidada. São Paulo: Ática, 1990. Capítulo 9. A Revolução Abolicisonista. P. 188.
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