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Ana a profetisa
Introdução:
Quero começar esta reflexão fazendo uma confissão pessoal: uma das maiores
dificuldades que tenho na vida é a de esperar. Esperar é uma dessas palavras
que me apavora, me angustia, rouba-me a paz. Na verdade, paciência é uma
virtude em extinção. A maioria das pessoas tem uma verdadeira repulsa da
espera.
O Davi que testemunhou: “Esperei com paciência pelo Senhor...” (Sl. 40:1)
1. O seu nome (v.36). Ana (heb., hanah, significa “graça”). A Bíblia faz
referencia a duas Anas - Ana, mulher de Elcana e mãe de Samuel (1
Sm. 1:2 – 2:21), e Ana, a profetisa.
2. A sua filiação e origem. O texto diz que ela era filha de Fanuel, da tribo
de Aser. Aser foi o oitavo filho de Jacó, o segundo pela ama de Lia, Zilpa
(Gn. 30:13; 35:26). Depois da morte de Aser, seu nome cunhou-se à
uma tribo (aldeia) entre a fronteira de Manassés e Efraim, de localização
incerta. Na época de Jesus a tribo de Aser era tida como uma tribo
perdida. (Js.17:7).
3. Era profetisa (v.36) Willian Hendriksen diz que durante muitos anos a
voz profética estivera em silêncio. Agora, aqui de repente, aparece esta
profetisa! Apesar de não termos em registro nenhuma de suas profecias,
sabemos, à luz do texto, que ela era de fato, profetisa. As mulheres ao
contrário do que se possa ensinar recebiam esse dom. A Bíblia, em
diferentes passagens apresenta mulheres profetisas genuinamente
vocacionadas por Deus: Miriã, irmã de Arão (Ex. 15:20) Débora, a juíza
de Israel (Jz.4:4); Hulda, mulher de Salum (2Rs. 22:14); As filhas de
Filipe, o evangelista, eram quatro e todas profetizavam (At. 21:9). Na
igreja de Corinto havia mulheres que detinham esse dom (1Co. 11:5).
4. Era viúva. Lemos que ela vivera apenas sete anos com seu cônjuge até
ele morrer (v. 36). A viuvez nessa época era um problema de gravidade
monumental. Geralmente as viúvas nesse período eram negligenciadas,
ignoradas e esquecida. Ser viúva era ser fadado ao esquecimento e
ignomínia a não ser que tivesse um filho ou um parente que a remisse.
Por essa razão é que tanto o AT quanto o NV dar forte ênfase a se
demonstrar bondade para com as viúvas e ajuda-las em suas aflições.
Tiago diz que “a religião pura e imaculada consiste em visitar os órfãos
e as viúvas em suas tribulações” (Tg. 1:27).
5. Era de idade avançada. Lucas diz que ela era de “idade muito
avançada”, ou, como diríamos: “bem idosa”. Os anos haviam se
passado agora ela contabilizava 84 aniversários. Seus cabelos já
estavam descoloridos e sua face marcada pelas rugas que o tempo
esculpiu. Os anos haviam passado rapidamente e ela não havia se dado
conta. Como no poema de Cecília Meireles: “em que espelho ficou
perdida a sua face?”
6. Era uma mulher piedosa. O versículo 37 que ela “não deixava o
templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações”. Após a morte
do seu marido Ana passou a dedicar-se em servir a Deus em tempo
integral, com orações e jejuns. Devoção e piedade eram as marcas
distintivas desta mulher. A expressão “nunca se apartava do templo”
significa que ela atendia regularmente no templo. Ana não perdia um
culto. Seja no culto público ou privativo, lá estava a velha Ana.
7. A sua atitude em relação a Jesus. Lemos sobre Ana no versículo 38
que: “Tendo chegado ali naquele exato momento...” Que momento era
esse? Momento em que Jesus estava sendo apresentado no templo.
Momento em que Simeão cuidadosamente toma em seus braços Jesus
que estava com oito dias, e louva a Deus. Ela está convencida de que o
menino é deveras o Messias. Que emoção! Ela está diante do
cumprimento completo da promessa em que ela crera durante toda a
sua vida. O grande sonho se tornara realidade. A espera havia chegado
ao fim.
Cheia de gratidão, imediatamente expressa seu agradecimento a Deus.
Terminada a sua oração, ela começa a falar a todos àqueles que
esperavam igualmente e com solicitude a redenção de Jerusalém, ou
seja, a “consolação de Israel” (v.25).
Transição:
O que podemos aprender com a história de Ana? A história de Ana nos ensina
algumas verdades de valor grandioso. Há aqui alguns pricípios que devemos
nos lembrar sempre.
1. versículo 37: diz que ela “Não deixava o templo, servindo a Deus dia e noite
com jejuns e orações”.
2. Quem era Ana? Ana não era nenhuma heroína como Joana Darc e Simone
Weill, uma menina prodígio em ciência e literatura. Ana não fazia parte da elite
sacerdotal de Israel. Não aparece em sua genealogia nenhum rei; nenhum
rabino, nenhum figurão. Seu pai, Fanuel é um personagem desconhecido na
história. A tribo a qual ela descendia era uma das tribos tidas como “perdidas”.
3. Era viúva, pobre e já avançada em idade. Seu nome é citado uma única vez
no versículo 36 e nunca mais se ouviu falar dela. Seu nome não é citado nos
livros de história, crônicas e literatura. Nunca fizeram um memorial em sua
honra. Não há nenhum interesse de qualquer arqueólogo em encontrar o
túmulo de Ana.
4. No entanto, diz o texto bíblico que ela profetisa. Ana tem um dom; tem uma
chamada, uma vocação. Ela não era heroína. Ela era uma profetisa do Deus de
Israel. Era porta voz do próprio Deus. Apesar de ser uma mulher sem cacife,
sem histórias de heroísmos, Deus a escolheu.
5.Ao contrário do que se possa pensar Ana não era uma fanática
inconseqüente ou uma ratazana de sacristia. Ana era uma mulher disponível
que decidiu investir os últimos anos de sua vida servindo aos propósitos de
Deus.
8. Nosso mundo tem pouco espaço para os fracos, para os pequenos. Nosso
sistema de empreendimento centrados no êxito é ideal para os bem sucedidos,
para os ganhadores, para os grandes, para os heróis. Vivemos numa geração
em que as pessoas são descartadas, inferiorizadas e, muitas vezes
marginalizadas porque são pobres, por causa da cor da pele ou porque não
tem um visual que seja de acordo com as expectativas da sociedade.
9. Com isso eu aprendo que Deus não busca heróis e heroínas, Deus busca
gente disponível. Deus tem um lugar para os pequenos. No seu livro, os
últimos se tornam os primeiros e até mesmo o perdedor recebe mérito.
Pergunto:
Que honra há em morar numa pequena cidade por nome Tisbé, uma
cidadezinha inexpressiva no município de Gileade? Não há nenhum honra,
mas foi de lá que Deus buscou Elias sem títulos, sem diplomas, sem
referências e sem projeção social para ser um profeta e um golpe no orgulho
dos poderosos. (1 Rs.17:1).
11. Alguns de nós jamais seríamos escolhidos pra coisa alguma. Alguns de
voces jamais seriam selecionados pra nada! Você não nasceu em berço de
ouro; não corre em suas veias sangue azul; você não tem um grande nome,
mas é exatamente pessoas desta estirpe que Deus escolhe, chama, vocaciona
e usa em suas mãos. Na verdade, Deus não precisa de show mem, de estrelas
para fazer a sua obra, Deus precisa de pessoas disponíveis.
1. Qual era o grande sonho de Ana? Qual era o seu grande ideal de vida? Em
que residia o alvo de suas expectativas? - o grande sonho de Ana, assim como
o de Simeão, era ver cumpridas as antigas profecias do nascimento do
Messias. Ana viveu mais de oitenta anos nessa expectativa.
2. Ana, mesmo com 85 anos de idade, ainda sonhava com o momento em que
Deus enviaria a redenção de Israel, a libertação do pecado por meio do
Salvador, a saber, Jesus.
Pra você que já sepultou os seus sonhos mais legítimos na cova do tempo, do
esquecimento;
Pra você que acha que já está velho demais para engajar-se em um projeto
nobre, escute isso:
Foi aos 75 anos que Abraão recebeu de Deus o maior desafio de sua vida –
ser pai de uma grande nação. (Gn. 12:4);
Calebe aos 85 anos de idade ainda tinha sonhos latentes na alma: “...aqui
estou hoje, com 85 anos de idade! Ainda estou tão forte como no dia em que
Moisés me enviou; tenho agora tanto vigor para ir à guerra como tinha naquela
época”. Josué 14:10-11
Ilustração:
Quero lhe dizer querido que o jogo ainda não acabou. O que o técnico disse
Roy Rogels Deus está dizendo pra você hoje: Coragem! Levante a cabeça, o
jogo ainda não acabou. Você ainda tem o segundo tempo. Volte ao campo, lute
e vença.
1. Versículo 37b diz que Ana “nunca deixava o templo; adorava a Deus
jejuando e orando dia e noite”. Em outras palavras, ela constantemente, estava
no templo; constantemente, adorava a Deus; constantemente orava e jejuava.
A palavra constantemente vem da palavra constância que é antônima de
inconstância.
2. Isso nos faz afirmar convictamente que existe uma estreita relação entre a
constância e o cumprimento das promessas de Deus.
5. Ana em vez de olhar para as circunstancias, ela fita os olhos nas promessas.
O tempo na verdade, era o maior de todos os seus inimigos. Ele estava
conspirando contra a promessa de Deus. Mas a despeito do tempo, Ana
continua inabalável orando, jejuando, adorando a Deus e esperando
ansiosamente o cumprimento de promessa.
Aos 75 anos, Deus prometeu a Abraão um filho. Isaq eue nasceu quando
Abraão tinha 100 anos. Abraão esperou 25 anos o cumprimento da promessa
de Deus.
Cecília Meireles: poesia. Por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro, Agir. p. 19-20)
LOPES, Hernandes Dias, Não Desista dos Seus Sonhos, São Paulo: Candeia,
2003, p. 59