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Mas por que Cristo? Por que não um anjo ou um homem justo? Essas
perguntas e outras são respondidas por Anselmo de Cantuária em seu livro Cur
deus Homo (Por que um homem-Deus?), à luz de uma apologética racional muito
forte em formato de diálogo (uma recomendação). Entretanto, usaremos das
descrições de Paulo em sua carta aos Romanos para avaliarmos a condição do
homem e sua insuficiência para alcançar o perdão.
A lei de Deus, para Paulo, é santa e o mandamento santo, justo e bom (Rm
7:12). Entretanto, para todo homem, essa mesma lei é como uma maldição. Não há,
como é bem preciso o apostolo, problema na lei, e, sim, no homem (Rm 7:13). Para
a Lei, se o homem errasse um mandamento sequer, estaria condenado por errar
toda a lei. Não sendo possível ao homem manter-se em santidade, visto que não
consegue ser perfeito-, a lei torna-se uma maldição, onde qualquer deslize humano
o levaria para a morte.
“Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim
mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do
pecado.” (Rm 7:24-25). Paulo termina com a terrível sentença pela perdição da sua
alma por conta da sua natureza pecaminosa. Entretanto, no capítulo 8, iniciamos
com uma conjunção coordenativa conclusiva, o que nos mostra uma conclusão
daquilo discorrido atrás. Então, num ar de alivio, Paulo declara que nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e
da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne,
isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e
no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de
que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito.” (Rm 8:1-4)
Ao homem era impossível escapar da lei, o qual expunha a miserável
condição do homem. Porém, Deus, em sua infinita misericórdia, enviou seu filho
para que cumprisse em si a lei, a fim de podermos hoje sermos salvos pela graça de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Ora, se vivemos em torno da graça, por que sofremos então?
“Vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: É o caso de
José nos perseguir e nos retribuir certamente o mal todo que lhe fizemos. Portanto,
mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo: Assim direis
a José: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te
fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do
Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam. Depois, vieram também seus
irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus
servos. Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de
Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou
em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em
vida. Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos. Assim, os
consolou e lhes falou ao coração. ” (Gn 50: 15-21)
Os cristãos pensam ser um ato de devoção negar o mal que lhes é feito; para
encobri-lo, dizem não ser tão ruim, ou usam um sorriso em público. José não
encobriu a ação dos seus irmãos, antes disse a eles que foram más as suas
intenções. Num mundo coberto de pecado, devemos dizer as coisas como elas são.
Mas podemos tornar isso em bem, conscientizando-nos que o sofrimento dá a
oportunidade de entrarmos na jornada que Jesus nos proporciona: rejeição, morte
(espiritual) e a gloriosa ressureição.
Lendo uma história de Pearcey sobre uma amiga que havia estado
com câncer e pairando entre a vida e a morte durante alguns meses, vi algo
precioso a ser notado: a necessidade de estarmos dispostos a morrer. O dialógo
dizia aproximadamente isto:
“Nestes últimos anos, uma querida amiga teve câncer, a ponto de pairar entre a vida
e a morte durante vários meses. Sabendo que ela é uma pessoa espiritualmente
sensível, perguntei o que tinha aprendido com esta experiência horrível. "Aprendi
que tenho de estar disposta a morrer", respondeu ela, com os olhos marejados de
lágrimas. "Eu procurava me agarrar desesperadamente à vida, à minha família, e
tive de abrir mão de tudo para deixar Deus tomar tudo de mim. ’”
E é a esse ponto que Deus quer nos levar. Quer pelo sofrimento físico, quer
pelo sofrimento psicológico, o método que Deus usa para percebermos o nosso
profundo apego a essa vida é a perda. Quando perdemos a saúde, família, o
trabalho, ou a reputação, ou a boa casa que possuía e vemos que ficamos perdidos
e vazios nesse mundo, é quando percebemos o quanto nossa identidade e senso
de proposito estão presos a essas coisas. É por isso que devemos estar dispostos
que ele tire isso de nos. O senso de eternidade só é enxergado quando a
efemeridade sai de cena.
Esse princípio soa negativo demais, e há correntes que ensinam exatamente
essa corrente de ascetismo inflexível, como se a santidade fosse dizer não a
diversão e o prazer. Mas a morte espiritual não tem essa brisa de ascetismo. Não
tem nada a ver com fuga monástica do mundo. É escolher obedecer os
mandamentos dEle em todos os aspectos da vida, mesmo que isso seja doloroso. É
clamar a Deus quando seu coração for crucificado pelo sofrimento. É abrir mão das
coisas que mais amamos, se isso ao nos agarrarmos a elas ficamos com raiva de
Deus ou atacamos o outro. É acreditar na bondade de Deus perante todo o mal que
rodeia o homem e o domina. É oração sussurrada que Deus nos dá para unirmos a
Cristo e fazermos parte do modelo que ele nos deu.
A realidade significa morrer para aquilo que nos domina. E talvez a coisa que
nos domina não é o que desejamos, mas o que tememos. O medo pode ser um
grande controlado. Pode ser o ódio. Ou orgulho. Ou até desejos fúteis – a pessoa
desapontada com um sonho fracassado e acha ser impossível abrir mão dessas
coisas por desejar sempre que as coisas sejam diferentes. Seja o que for que nos
controle, devemos colocar isso no altar para ser morto. O único domínio existente
na vida de um homem ressurreto é este: "o amor de Cristo nos constrange” (2 Cor
5:14).
Notas
Por ser feito durante o semestre, o tempo foi escasso e a edição, assim como
a análise ortográfica, foram um tanto negligenciadas. Por isso, peço compreensão e
perdão por possíveis erros registrados.
O texto é propriedade do FSC para que possamos, através da troca de ideia,
enriquecer as nossas exposições. Dado isso, a contribuição de cada um é bem-
vinda e extremamente estimada e desejada. Seja como composição de novos
parágrafos ou tópicos, como também na correção e edição do texto.
Por ser uma fase “beta”, as ideias do texto e os tópicos podem não estar
completas, mas, na medida do possível, o será feito.