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REFLEXÕES SOBRE O

HOMEM E O TRABALHO

* Rubens MlgUacclo Filho

Considerações filosóficas aliadas aos conhecimentos e experiências empresariais


ampliam os horizontes da relação homem-trabalho.

Philosophical rejlections joined to administrative knowledge and experience extend lhe


horizons of the man-work relationship.

PALAVRAS-CHAVE:
Homem, humanismo, trabalho,
empresa, ge~ncia, ~tica.

KEYWORDS:
Man, humanism, work, firm,
management, ethic .

• , de Emp~
pela EAESP/FGV, Mestrando
em Administração Pública e
f
Professor do Programa de Edu-
cação ContInuada em Adminis-
tração de Emprasas da EBAPI
FGV.

18 Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 34, n. 2, p. 18-32 Mar./Abr. 1994


REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

McGregor, no clássico The humam side e Humanismo", que reúne a Universi-


of Enterprise, não deixou dúvidas sobre dade de Navarra (Espanha), através do
a importância dos fatores humanos na seu Instituto de Estudos Superiores da
atividade empresarial. Empresa (lESE)- uma das cinco melho-
É fácil constatar que não trataremos res escolas de negócios da Europa se-
de um tema inédito. gundo a revista Foriune - com conheci-
Além disso, não temos, pessoalmen- das empresas transnacionais como IBM,
te, nenhuma pretensão de originalida- Pirelli, Coca-Cola, Nestlé, Xerox, Nix-
de, pelo contrário, apresentamos nesse dorf, entre outras.
trabalho um conjunto de idéias que não No programa de apresentação do Se-
são "propriamente" nossas, mas feitas minário, encontram-se as seguintes pa-
próprias pela desconcertante profundi- lavras: "A Empresa é uma instituição deci-
dade com que nos foram apresentadas.
Desde que começamos a nos interes-
sar pela literatura empresarial em 1979,
não nos lembramos de termos lido algo
tão marcante como os trabalhos elabora-
dos pelo Instituto de Estudos Superio-
res da Empresa (lESE), e, nos últimos
anos, pelo Seminário Permanente Em-
presa e Humanismo, que congrega a Fa-
culdade de Filosofia e Letras e a Facul-
dade de Ciências Econômicas da Uni-
versidade de Navarra com empresas e
instituições como: IBM, Alcatel, Stan-
dard Eletric, Pirelli, Coca-Cola, Hidroe-
léctrica Espafí.ola,entre outras.
Sobretudo, interessou-nos a forma de
integrar uma sólida experiência empre-
sarial com conhecimentos e reflexões fi-
losóficas, numa clara opção pelo ser hu-
mano frente aos desafios de uma socie-
dade que, com freqüência, subjulga o
homem. siva para o desenvolvimento econômico, pa-
O fruto dessas considerações - apa- ra a dinamização da sociedade e a promoção
rentemente dispersas - poderá abrir no- das liberdades pessoais e públicas. Sua vita-
vos horizontes para o exercício do tra- lidade expressa a criatividade da trama so-
balho humano: um olhar interior que cial e a capacidade dos cidadãos para enfren-
ultrapassa o fazer para refletir sobre o tar os desafios econômicos, sociais e cultu-
fazer melhor, de um modo prático e rais do presente momento. As raízes da ca-
realista. pacidade de empreender se encontram na
pessoa humana. Hoje já sabemos que os pro-
INTRODUÇÃO blemas mais importantes da Empresa não
são os tecnológicos, e sim os antropológicos
Durante os anos 80, o prestígio da e sociológicos. O atual dirigente empresarial
ética subiu muitos pontos. Depois de não é só um exper.t em estratégia; tem que
uma série de escândalos, compreende- ser, sobretudo, um humanista capaz de co-
se a urgência de revalorizar a ética dos nhecer com profundidade e rigor os homens
negócios e de transmiti-la aos futuros e as suas circunstâncias sociais 1
1/.

managers. Tudo indica o nascimento de Este trabalho procura apresentar um


um novo humanismo. O homem que pequeno mosaico do pensamento pre-
restou do fracassado projeto moderno sente nesse Seminário e, principalmen-
precisa ser reconstruído a partir dos te, levar os dirigentes de recursos hu-
postulados de uma nova sensibilidade. manos a uma reflexão sobre a caracte- 1. LLANO, Carlos et ai. La ver-
Esse caminho é o que vem sendo trilha- rística peculiar do objeto do seu traba- tiente humana deI trabajo en la
do no "Seminário Permanente Empresa lho: seres humanos. empresa, Madrid: Rialp, 1990.

© 1994, Revista de Administração de Empresas / EAESP/ FGV, São Paulo, Brasil. 19


iJ~lJARTIGO
FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS: Ao responder pelo sentido da vida
DISCUSSÕES A RESPEITO DO HOMEM deste homem geramos diversas respostas
que Gómez Pérez" sintetiza em quatro
o que é o homem possibilidades:
Ocupar-nos do homem como ser vi-
vente e racional, com história e com cultu- 1. o sentido da vida individual, finita, é a pró-
ra é, sobretudo, responder o que é ser ho- pria vida finita e individual;
mem. A antropologia projeta-nos uma luz 2. o sentido da vida é a totalidade da história,
sobre essas indagações sem propriamente a imortalidade da espécie, o insondável do
as responder. Várias concepções, por ve- espírito humano;
zes contraditórias, foram elaboradas, pro- 3. o sentido da vida é a realização da perti-
curando elucidar o fenômeno humano. A nência do homem a um gênero - o humano
teoria do conhecimento e a metodologia - chamado a reconciliar-se com a Natureza
da ciência nos ajudam a perceber que o material;
pensamento científico está determinado 4. o sentido da vida individual é a união com
por concepções, consciente ou inconscien- Deus, na história e, depois da história, na
temente defendidas. Poderíamos até eternidade.
afirmar que para dar origem a uma antro-
pologia é preciso ter previamente uma Podemos distinguir claramente dois
concepção antropológica. A neutralidade grupos nas respostas acima. As três pri-
do pensamento é uma ficção. meiras implicam a negação do transcen-
Gómez Pérez-, em seu estudo sobre an- dente: Deus e a imortalidade do homem
tropologia política, assinala duas possíveis como realidade. Diferem na análise das
respostas para nossa pergunta: "A primei- dicotomias individualidade/comunidade
ra: o homem é um ser natural, vivente supe- e indivíduo/espécie que ao longo da his-
rior, produto da Natureza e reintegrável ao na- tória assumiram posturas agrupadas por
tural orgânico, sem resíduo; a segunda: o ho- Gómez Pérez>, como veremos a seguir.
mem é um ser natural, vivente superior, criado
por Deus e dotado de uma alma que transcen- Antropologias da insuperável finitude
de imortalmente o natural orgânico". 3 individual
O que se entende ordinariamente por Nascem de uma especial sensibilidade
antropologia - veja-se, por exemplo, o com o fenômeno vida: o movimento, o
trabalho de Claude Lévi-Strauss! em seu vir a ser, a impossibilidade de enquadrar
livro Antropologia Estrutural - está com- o vivo em esquemas racionais e fixos ...
preendido na primeira resposta. É a an- Modernamente, as possibilidades reais
tropologia natural. A segunda concepção da ciência causaram certas derivações
recebe o nome de antropologia filosófica. nestas posturas rumo ao positivismo.
Antes que possamos fazer uma escolha
entre uma concepção ou outra, convém Antropologias políticas do homem-
aprofundar-se em seus aspectos essenciais. liberdade
É possível formular algum juízo sobre Estas antropologias devem sua origem
o ser humano, incapaz de ser refutado? e desenvolvimento a Kant. Na base das
O bom senso nos faz admitir que o ho- posturas de eminentes filósofos como
mem tem limitações: não consegue che- Hegel, Marx, Comte, Husserl, Heidegger
2. GÓMEZ PÉREZ, Rafael. An- gar a tudo a que se propõe. E ainda pode- e outros estão os pressupostos kantianos.
tropologia política in represíon y mos dizer que há especialmente uma li- O mais importante - ou, ao menos, o
libertad. Pamplona: EUNSA, mitação que preocupa o ser humano co- mais permanente - é a superioridade
1975, p. 161-88.
mo nenhuma outra: a temporalidade da que reconhece a razão prática, e, nela, o
3. Idem, ibidem, p. 163. sua existência, em outras palavras, a descobrimento autônomo da lei moral
mortalidade do homem. É interessante do homem.
4. LÉVI-STRAUSS, Claude. An-
thopologie structurale. Paris: observar que convive com essa compro- A "Crítica da Razão Prática" leva Kant
Plon, 1958. vação de finitude uma aspiração a supe- a postular a presença no homem da idéia
rar-se, a transcender-se. E o mistério e o do mundo, da alma e de Deus. Dessas
5. GÓMEZ PÉREZ, Rafael. Op.
cit., p.164.
fascínio da busca do sentido da vida. Sur- idéias surgirá o que definia como liberda-
ge, então, o impasse, e acaba o que pode- de criadora do homem no âmbito da
6. Idem, ibidem, p. 165 -73. ria ser de consenso geral. imortalidade da espécie. A Razão é a reli-

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REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

gião. a imperativo da moralidade é desco- na de otimista, pessimista e relativista.


berto pelo próprio homem em si mesmo. As três têm em conta o fazer-se histórico,
o movimento social, porque superaram o
Antropologias do materialismo-dialético fixismo do liberalismo-histórico. No en-
Hegel é o primeiro filósofo que não tanto, diferem na interpretação desse
simplifica a experiência humana no senti- movimento. A otimista sustenta que é
do metafísico, uma vez que inclui tudo sempre possível chegar a uma situação
num sistema que é, para ele, o próprio melhor que a anterior, já que há um pro-
desenvolvimento do real: desde a vida gresso implícito no ser-homem, se ocor-
vegetal à liberdade, da farru1iaà morali- rerem determinadas condições sociais.
dade, do demoníaco ao mistério da Trin- Rousseau iniciou esta corrente: o homem
dade, tudo está incluído nos afãs e nas vi- é indefectivelmente bom quando encon-
cissitudes do Espírito, que é o Espírito de tra os pressupostos naturais do seu de-
cada homem e o Espírito de Deus. senvolvimento.
Depois de Santo Agostinho, não se co-
nhecia uma concepção semelhante de
história como um único processo. No en-
tanto, enquanto que o pensador de Hipo-
na concebe a única história como a histó-
ria do homem criatura de Deus, Hegel
entende a história como história de Deus
imanente ao mundo, já que sem o mundo
Deus não seria Deus.
a rico e complexo pensamento de He-
gel gerou seguidores aparentemente
opostos, classificados em direita e es-
querda hegeliana, e propriamente esta úl-
tima dará origem à antropologia materia-
lista histórico-dialética.
Feuerbach começa a limpeza da escó-
ria espiritual hegeliana: o Espírito de He-
gel não é outro que o espírito humano.
Marx radicalizaria ainda mais as idéias A antropologia pessimista sustenta
de Feuerbach materializando o Espírito. que, por trás dos graves problemas so-
A matéria feita homem tem um vir a ser ciais, observa-se uma possível regressão,
dialético até a suprema reconciliação do quando não se previnem determinadas
homem com a natureza, da liberdade condições. A esperança sobre a perfeição
com a necessidade. da natureza humana é débil. A relativista
Sinteticamente, a antropologia dialéti- não concede valor permanente aos ter-
ca materialista afirma que a existência do mos progressão ou regressão, já que to-
espírito depende da do corpo, sendo a ma o presente corno o único ponto de re-
natureza do homem matéria orgânica al- ferência. Trata-se de uma antropologia
tamente evoluída como resultado da luta resultante das duas anteriores e esconde
dos contrários. Só a luta dos contrários, um certo verniz de ceticismo frente às de-
que se excluem, tem caráter absoluto, co- mandas sociais dos mais variados tipos.
mo sucede com o movimento e a evolu- Na análise empreendida até o momen-
ção; esta é a razão pela qual o materialis- to, apenas consideramos três das quatro
mo deve ser dialético, isto é, deve negar- respostas relacionadas por Gómez Pé-
se a reconhecer qualquer essência imutá- rez ," Passaremos, então, a analisar a
vel das coisas. quarta possibilidade: o sentido da vida
individual é a união com Deus, na histó-
Antropologia liberal ria e, depois da história, na eternidade.
No âmbito das sociedades liberais cos- Esta hipótese define um humanismo que 7. Idem, ibidem p.l77.
tumam existir três correntes antropológi- denominaremos do homem-superior", 8. Idem, lbldernp, 181.
cas, que têm como denominador comum composto por duas inseparáveis e com-
o naturalismo. Gómez Pérez? as denomi- plementares antropologias. 9. Idem, ibidem p. 181.

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iJ!J/J ARTIGO
Antropologia empírica que a alma é o princípio das ações espe-
A experiência da realidade humana cificamente humanas.
colhida na natureza focaliza duas noções Incorporando os princípios do cristia-
fundamentais: em primeiro lugar, o ho- nismo sobre a natureza humana, a antro-
mem pertence ao reino animal pelo seu pologia do homem-superior adquire a
corpo, no entanto, representa uma espé- sua dimensão mais profunda.
cie única em sentido zoológico, pois to- Duas considerações são especialmente
das as "raças" humanas são capazes de importantes: a primeira prende-se à reali-
se cruzarem ilimitadamente. 10 dade do pecado original, razão da possi-
A segunda noção que tomamos da an- bilidade humana de errar, da perversida-
tropologia empírica afirma que o homem de da vontade e dos erros sucessivos que
é um ser provido de razão. O homem é daí nasceram para a ordem da vida so-
homo faber, o único ser vivo que fabrica cial. A segunda conceme ao fato do pró-
utensílios compreendendo a relação entre prio Deus ter assumido a natureza huma-
causa e efeito, graças à sua capacidade de na para entrar no mundo, corroborando
abstração. Só o ser humano é capaz de de- na alma do homem a semelhança com a
terminar-se conscientemente na sua con- divindade, a testemunhar que o valor da
duta. E o seu poder de conhecer e autode- pessoa, com seu destino vinculado à al-
terminar-se define-o como animal rationale ma espiritual - dignidade da pessoa - é
et homo sapiens, distinguindo-o essencial- superior a todo e qualquer valor terreno.
mente do mundo animal. 11 Assim se explica que nem a sociedade,
nem o Estado, nem a Nação, nem a raça,
Antropologia metafísica nem toda a criação se equiparam a esse
Ao penetrar na essência do homem, valor.
podemos extrair outras duas noções. Pri-
meiro, o homem possui um espírito, algo o HOMEM E O TRABALHO
que não é simplesmente matéria. Em se-
gundo lugar, e em conseqüência da sua O trabalho, essencialmente, é uma
natureza ao mesmo tempo corporal e es- ação própria do homem mediante a qual
piritual, o homem é um ser social, isto é, transforma e melhora os bens da nature-
um ser que só no seio da sociedade en- za, com a qual vive historicamente em in-
contra o seu pleno desenvolvimento. substituível relação. Nesse sentido, pode-
A metafísica fundamenta-se na expe- se afirmar que o homem trabalhou sem-
riência, seguindo a convicção de que só pre e que não existirá momento, na terra,
cumpre metodicamente a sua missão em que não será necessário trabalhar.
quando for capaz de relacionar as suas O primeiro fundamento do valor do
conclusões com todo o domínio da reali- trabalho é o próprio homem, seu sujeito,
dade experimental concernente ao seu o trabalho está em função do homem e
objeto. Sabemos que nenhuma metafísica não o homem em função do trabalho.
poderia pretender resolver todos os seus Conseqüentemente, o fundamento pa-
problemas com uma certeza indiscutível. ra determinar o valor do trabalho não é
Não é menos certo que, qualquer metafí- o tipo de trabalho que se realiza, e sim o
sica que se feche parcialmente à expe- fato de que quem o executa é uma pes-
riência, tentando preterir o esclarecimen- soa. As fontes de dignidade do trabalho
to de fatos da realidade, cai em dogma tis- devem buscar-se, principalmente, não
mos de algum tipo. em sua dimensão objetiva, e sim na sua
A antropologia metafísica sustenta dimensão subjetiva. O valor do trabalho
que a alma humana é de natureza espiri- não reside no fato de que se façam coi-
tual, livre e imortal, sendo também a se- sas, mas de que são coisas feitas pelo
de da razão. Daí vem a distinção essen- homem.
cial entre corpo e espírito: o corpo é de
natureza material, a alma, de natureza o sentido do trabalho
10. MESSNER, Johannes. Ética espiritual; nenhum dos dois pode se Considerando a antropologia do ho-
social. São Paulo: Quadran-
te/EDUSP, s. d., p. 12.
considerar uma resultante do outro. Em mem-superior, a que nos referimos ante-
conjunto, ambos formam a unidade riormente, podemos acrescentar a cons-
11. Idem, ibidem, p. 13. substancial da natureza humana, em ciência que tem o homem de desempe-

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REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

nhar na vida uma tarefa concreta e pes- tornar o homem insubstituível; o que a pro-
soal, derivada do seu caráter de algo úni- fissão faz é simplesmente dar-lhe a oportuni-
co e irrepetível, uma missão. dade para vir a sê-lo".
O conteúdo dessa missão é duplo. Em outras palavras, o caráter insubsti-
Com efeito, a missão não muda apenas tuível da vida humana, aquela impossi-
de homem para homem, em consonância bilidade do homem ser representado por
com o caráter de algo único da pessoa. outrem no que só ele pode e deve fazer,
Muda também de hora a hora, em decor- o seu "caráter de algo único" e irrepetí-
rência do caráter irrepetível de cada si- vel, a que temos nos referido, sempre de-
tuação. Vejamos o que Scheler 12 denomi- pende do homem: não do que ele faz,
nou "valores de situação". Estes valores mas de quem o faz e do modo como o
funcionam como se estivessem à espera faz.
de que sua hora chegasse, à espera de
que um homem aproveite a ocasião irre- Evolução do Trabalho
petível de realizá-los, a ocasião que se Se o trabalho, em sua essência, perma-
deixa passar será perdida irremediavel- nece inalterado, o tipo de trabalho, con-
mente e o valor da situação fica para tudo, transformou-se e con-
sempre irrealizado - o ho- tinua transforman-
mem desperdiçou-o. do-se ao longo da
As teorias de Pla- história. Da pri-
nejamento Estraté- mitiva colheita e
gico, desde os caça, do trabalho
anos 60, desta- industrial para o
caram a impor- pós-industrial, as
tância de uma mudanças fo-
empresa definir ram tão signifi-
claramente a sua cativas que di-
missão e atuar em ficultam prever
conseqüência. Se os novos rumos.
isso é verdade para Em qualquer caso,
uma empresa, muito haverá trabalho, mesmo
mais para o homem, que é a razão de ser que seja simplesmente organizar o ócio.
de uma atividade empresarial. A modernidade recusa a idéia clássica
Em particular, diz Frankl ": "o trabalho de que a contemplação, a teoria - o sim-
pode representar o campo em que o 'caráter ples olhar desinteressado - seja a mais
de algo único' do indivíduo se relaciona com alta atividade humana. A teoria é priva-
a comunidade, recebendo assim o seu sentido da da sua posição dominante, para ser
e o seu valor. Contudo, este sentido e valor reduzida a uma função problematizado-
são inerentes, em cada caso, à realização (à ra e crítica, quase sempre negativa.
realização com que se contribui para a comu- Ao perder a capacidade de distinção e
nidade) e não à profissão concreta como tal. orientação da teoria, as diversas ativida-
Não é, por conseguinte, um determinado tipo des tendem a confundir-se entre si, a re-
de profissão o que oferece ao homem a possi- duzirem-se em atividade transformadora
bilidade de atingir a plenitude. Nesse senti- do mundo físico: a técnica, o trabalho
do, pode-se dizer que nenhuma profissão faz produtivo.
o homem feliz. E, se há muitos, principal- Certamente, a técnica moderna é uma
mente entre os neuróticos, que afirmam que das mais fascinantes conquistas da hu-
se teriam realizado plenamente, caso tives- manidade. A sensatez não nos permite
sem escolhido outra profissão, o que se encer- imaginar o retorno a um mundo bucóli-
co, pré-tecnológico. 12. SCHELER, Max. Ética mate-
ra nessa afirmação é uma deturpação do sen- rial de los valores, In: DERISI,
tido do trabalho profissional ou a atitude de Portanto, não se trata de prescindir da Octávio. Crítica filosófica, Ma-
quem se engana a si mesmo. Nos casos em técnica e sim discutir a validade de to- drid: E.M.E.S.A., 1979, p, 61-
que a profissão concreta não traz consigo ne- má-la como algo absoluto, que pode 80.
nhuma sensação de plena satisfação, a culpa obscurecer outras capacidades do ho- 13. FRANKL, Victor E. Psicote-
é do homem que a exerce, não da profissão. A mem empobrecendo a qualidade da vi- rapia e o sentido da vida. São
profissão em si não é ainda suficiente para da humana. Paulo: Quadrante, 1986, p.160.

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~~[J ARTIGO
Sobretudo, há um esquecimento práti- trumentos de trabalho no seu sentido
co da prudência, a capacidade de com- mais amplo, o que proporciona ao tra-
preender sabiamente as circunstâncias balho todo o ingente conjunto de condi-
concretas da vida e, como conseqüência, ções externas para poder exercer sua
de agir de um modo ético. A técnica sem ação transformadora no mercado, e sus-
prudência se converte em poder incon- tentar os trabalhadores até que o ciclo
trolado que pode ser utilizado para o renda as conseqüências econômicas pre-
bem ou para o mal, a favor ou contra o tendidas.
homem. Nessa estrutura, o capital continua
Esta redução antropológica, este es- sendo imprescindível, e até mais do que
treitamento do horizonte humano, aca- antes, mas não como caput, e sim como
bou por conduzir também a um empo- instrumento a serviço objetivo do traba-
brecimento da técnica, que perdeu seu lho, qualquer que seja a intenção subjeti-
impulso criativo e sua capacidade de re- va do capitalista.
solução dos autênticos problemas so- A organização já não se entende como
ciais. A rigidez e a insuficiência do modo alheia ao trabalho, ou dominadora dele,
moderno de pensar e trabalhar requisi- mas como resultado de um trabalho, ou
tam uma superação. uma modalidade de trabalho: o trabalho
gerencial.
As tarefas gerenciais e operacionais: um A empresa é compreendida, então, co-
enfoque humanista 14 mo um conjunto de trabalhos gerenciais
O conceito de empresa sofreu um giro e de instrumentos que o facilitam. O si-
diametral nos últimos anos. A empresa nal que distingue o trabalho gerencial é
era definida como uma estrutura de capi- o fato de não apresentar regras fixas e
tal, organização e trabalho para a conse- produzir resultados incertos. Em contra-
cução de um fim árduo. Trata-se de uma posição, o trabalho operacional é aquele
definição causal que apresenta implicita- que segue regras fixas e conhecidas e
mente um conflito entre o capital e o tra- apresenta resultados, pelo menos, esta-
balho. O capital era o mais importante e tisticamente seguros. Nos dois casos,
se distinguia do trabalho como um ele- não estamos diante de uma definição es-
mento estrutural, mas diverso ou estra- sencial ou causal, e sim diante de carac-
nho ao próprio trabalho. terísticas diferenciais de um tipo ou ou-
A organização não objetivava coorde- tro de trabalho. Pensando na relação en-
nar o trabalho e o capital, para converter tre trabalho gerencial e operacional, a fi-
a estrutura num organismo. Sua aspira- losofia nos leva a uma consideração
ção era menor: tratava-se simplesmente mais profunda. Uma vez diferenciadas
de que a força de trabalho estivesse or- as naturezas da-direção ou gerência e da
denada para obter os fins do capital. operação, a tendência administrativa
A organização era o indicativo de co- tem sido também separar os que diri-
mo o capital determinava o modo de gem dos que operam, em outras pala-
trabalhar: organizar era impor ou dis- vras, que uns sejam os gerentes e outros
por, por parte do capital, a forma de tra- os operadores. Evidentemente, essa dis-
balho. Marx apontou com razão - consi- tinção ou classificação de pessoas des-
derando esse aspecto analítico - que considera o que a filosofia conseguiu sa-
eram os trabalhadores que deveriam or- ber sobre o homem.
ganizar-se, pois o capital não constituía Quando o homem é somente opera-
o fator da empresa mais apropriado pa- dor, isto é, quando não trabalha confor-
ra fazê-lo: o capitalista, por definição, me as regras fixadas por ele mesmo ou
não era um trabalhador. assumidas como próprias, seu trabalho
não se distingue do animal, que se con-
As transformações na dinâmica interna duz atavicamente por forças naturais,
da empresa mas estranhas, no sentido de impostas, e
Nos últimos vinte anos, estamos as- inclusive compulsivas. A separação de
sistindo a importantes transformações diretores e operadores poderá animali-
14. Baseado nas idéias de LLA- na dinâmica interna da empresa. O ca- zar os segundos em favor dos primeiros.
NO, Carlos, Op. cit., p. 15-32. pital passou a ser o fornecedor dos ins- O trabalho gerencial se assemelha, nestas

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REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

circunstâncias, à domesticação. Em con- A divisão dos trabalhos e a divisão do


trapartida, quando o homem é apenas trabalho
gerente, tampouco trabalha como ho- Uma pergunta poderia ser feita nesse
mem, porque impõe uma regra, normal- momento: como reparar o prejuízo antro-
mente a sua própria, sem que tenha re- pológico causado pela separação das ta-
gra a que submeter-se. Mais do que um refas?
gerente é um semi-deus. Llano IS nos esclarece ao afirmar que a
a exclusivo papel operacional faz o natureza distinta da direção e da opera-
homem perder sua condição de racional, ção não implica necessariamente que se-
e o mesmo exclusivismo no papel geren- jam praticadas por pessoas diferentes.
cial pretende libertar o homem de sua Pois, por mais controles que se estabele-
condição de criatura com limites impos- çam, os operadores acabarão por exercer
tos pela sua própria natureza.

o trabalho de controle
Não podemos ignorar o prejuízo an-
tropológico causado nos indivíduos
quando separamos do seu agir dois as-
pectos que o integram essencialmente. É
como dividir o próprio homem. A cons-
ciência do custo antropológico que acar-
reta essa divisão está ligada à consciência
do custo utilitário: menor confiança e en-
volvimento por parte dos executores, im-
perícia executiva por parte dos planeja-
dores, surgimento de um antagonismo
mútuo entre os dois grupos, situação dis-
juntiva, segundo a qual uns ganham e
outros perdem.
Este custo utilitário tem uma conse-
qüência relevante para a organização. No
meio do trabalho gerencial, que assinala algum tipo de função gerencial, isto é, es-
as regras, e do trabalho operacional, que tarão deixando a sua marca pessoal num
procede conforme as regras assinaladas, trabalho, aparentemente, só operacional.
aparece, necessariamente, o trabalho de Além disso, por mais que um gerente
controle que procura fazer com que os procure encastelar-se na sua torre de
operadores se comportem conforme as marfim, terminará mistificando a gerên-
indicações do gerente. cia com trabalhos operativos múltiplos.
À medida que o operador se faz mais Se é inevitável, às vezes, sob certos aspec-
homem, mais racional, adquire capaci- tos mencionados, separar o gerencial do
dade para questionar as regras assinala- operacional, por força da organização,
das e pôr à prova a sua validade. a ge- também é inevitável, por força da estru-
rente não hesitará, a fim de manter a de- tura do ser humano, que essa separação
sejável ou inevitável separação dos tra- conviva com uma mescla de ambos os ti-
balhos, em convocar os trabalhadores de pos de trabalhos, seja querida ou não, de-
"colarinho branco"com o inconveniente sejada ou não, desde o ponto de vista es-
de que o controle não é produtivo por si tritamente administrativo e tecnológico.
mesmo: não deve confundir-se o contar Poderíamos dizer que não existem só
o produzido, com produzir o que se dirigentes, nem só operadores, mas que
conta. Desta forma, a organização do todos dirigem e operam em seu nível. O
trabalho gera uma não desejada qualifi- trabalhador como homem deve exercer
cação de pessoas: os gerentes, os opera- ambas dimensões do trabalho.
dores e os controladores, os quais, por Como ainda adverte Llano ", "a divisão
força do antagonismo antes menciona- dos trabalhos, necessária para a eficaz dinâ- 15. LLANO, Carlos. Op. cit. p. 28
do, consideram-se uns aos outros sábios, mica da sociedade, não nos autoriza a divisão
párias e espiões. do trabalho, que constitui a alienação radical. 16. Idem, ibidem, p. 28-9.

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i1!JlJ ARTIGO
Esta não se realiza, como dizia Marx, quando posição decorrente da ruína dos sistemas
o homem se projeta em seu produto e se sub- de valores criados e cultivados pelo mo-
trai ao convertê-lo em mercadoria. A aliena- dernismo. Nos últimos decênios, estamos
ção radical tem lugar quando se despoja o tra- assistindo a grandes desilusões fáusticas.
balho - pelo sistema ou pela organização - de Desaparece gradualmente a confiança ce-
sua dimensão gerencial. Porque o gerencia- ga na técnica, no progresso sem limites.
mento é a expressão da autonomia pessoal no Esfumaça-se a esperança firme na histó-
trabalho, é reflexo de sua racionalidade, da ria e na ciência. Igualmente se volatiza a
qual o homem, em momento algum, poderia fé no poder ilimitado de uma razão capaz
ser despojado". de construir a sociedade perfeita. O dou-
Há, no entanto, uma outra forma de tor Fausto, símbolo goethiano de uma
reintroduzir o gerenciamento no trabalho modernidade que não duvidava em pac-
operacional, mantendo sua distinção: não tuar com o demônio com o intuito de sa-
só alentando na pessoa um espaço para a ciar sua sede de sabedoria e de domínio
autodireção do seu trabalho, mas procu- sobre o homem, agora se encontra deso-
rando que faça suas as regras a que terá rientado, sem horizontes para as suas an-
que sujeitar-se. tigas motivações.
Não necessariamente a melhor idéia é a Não é estranho que, diante dos peri-
própria. Pelo contrário, a prática tem de- gos que trazem consigo um desenvolvi-
monstrado que as idéias vencedoras deri- mento selvagem da modernidade e do
vam de um. trabalho de equipe, onde in- progresso, exista quem tente propor uma
tervêm muitas pessoas que sabem ceder norma reguladora nos diversos campos
nos critérios pessoais aceitando as regras do comportamento humano, uma espé-
indicadas por outro, na medida da racio- cie de pacto social que garanta a estabili-
nalidade que contêm. Podemos acrescen- dade frente às conseqüências não deseja-
tar uma segunda dimensão na análise an- das de um comportamento pessoal e so-
terior, quando pensamos que a adesão a cial irresponsável.
uma regra se encontra em função da con- Podemos perguntar-nos: qual é o fun-
sonância pessoal com as regras do jogo, e damento dessa espécie de pacto social?
esta última consideração aponta para um Poderemos denominá-lo de ética?
maior domínio antropológico que tecno- É tarefa urgente aprofundar no pró-
lógico: o desenvolvimento de uma orga- prio conceito de ética, uma vez que é lu-
nização não se polarizará na busca e apli- gar comum rotular posturas limites sem
cação de sistemas operacionais adequa- uma maior reflexão sobre as mesmas. Por
dos, mas, também, no crescimento da in- exemplo, tradicional e progressista, libe-
teligência e da prudência das pessoas pa- ral e conservadora, direita e esquerda ... A
ra que tenham a capacidade de fazê-los esse pretexto caberia reproduzir uma es-
próprios, influenciando a natureza, dese- torieta 17 que pode nos ajudar a raciocinar
nho ou composição do sistema, que de- analogicamente:
vem configurar atendendo à sua conexão Um garoto assiste todas as tardes a fil-
técnica e também à possibilidade de ser mes de faroeste, e, quando chega uma vi-
apropriável por aqueles que devem ope- sita, pergunta-lhe imediatamente: "Você é
rá-lo. Os operadores são pessoas concre- mocinho ou bandido?" Perplexa com a si-
tas, dotadas de uma psique individual e tuação de "beco sem saída"a visita reflete
de uma conformação moral determinada. um pouco e responde com uma ponta de
A regra ou sistema, todo o aparelho orga- ironia: "Olha meu filho, eu moro em outro
nizativo da empresa, não é um mero as- país, nasci 200 anos depois e simpatizo com
sunto da tekné, e sim do ethos, do modo os índios."
humano de ser da própria empresa. Em outras palavras, a realidade é mui-
to mais rica do que os rígidos esquemas
A DIMENSÃO ÉTICA DO TRABALHO analíticos, e deve ser respeitada se qui-
NA EMPRESA sermos evitar um lamentável reducionis-
mo da natureza humana.
17. CINTRA, Jorge P. Adaptada
do livro Evolucionismo, mito e
A recente preocupação pela ética, e de O ético é algo que tem a ver com valo-
realidade, São Paulo: Quadran- um modo mais focalizado pela ética em- res e tem sentido quando se pode reco-
te, 1988, p. 4-5. presarial, pode ser considerada uma im- mendar que alguns valores sejam mais

26 RAE • v. 34 • n. 2 • Mar./Abr. 1994


REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

adequados que outros, para compor o mos" continuamente com a verdade.


comportamento. Mas isto seria insusten- Ninguém quer ser enganado ou, como
tável, se partíssemos do princípio de que diz o ditado popular, comprar gato por
a verdade é algo só e exclusivamente sub- lebre. Pode-se vislumbrar que a verdade
jetivo. Por isso, a primeira e fundamental completa seja praticamente impossível.
questão a ser respondida no estudo da Ordinariamente chegamos a uma certa
ética é a da possibilidade da verdade. composição gradual, mais ou menos cal-
culável, de verdade.
A verdade possível Há coisas e situações cuja verdade pro-
O homem é um ser histórico e se, por visória e contingente nos satisfaz porque
vezes, assistimos a história condicionan- nos basta para seguir vivendo, para sa-
do o homem, não podemos ignorar que é bermos a que nos ater. Há outras situa-
o homem quem faz a história, isto é, há
uma escolha de realização dentro de um
sistema de exigências e possibilidades
que lhe é dado. 18
Os homens vivem num mundo e po-
demos defini-lo "como um sistema de cren-
ças ordenadas numa perspectiva coeren te" 19.
Por um lado, essa definição tem o caráter
de clausura pela índole sistemática e to-
tal, por outro, o aspecto da liberdade do
homem imprime nesse mundo um cará-
ter essencialmente aberto. Falar do ho-
mem é falar de pretensões que podem ou
não realizar-se.
O sistema de vigências que constitui o
mundo faz com que o homem saiba a que na construção.
se ater, a respeito da sua situação, naqui-
lo que ela tem de estável; diante dos pro-
blemas que essa situação propõe a cada
instante, o homem reage vivendo, isto é, ções, nas quais não utilizamos o conceito
com sua própria ação vital, que é a solu- de verdade porque são temas que variam
ção normal e primária dos problemas. conforme o gosto do indivíduo. Alguém
Esse sistema, entretanto, apresenta fis- poderia refutar a afirmação: "o abacaxi é
suras e, com certa freqüência, o homem uma fruta deliciosa"; pela simples razão
sente-se perplexo e inseguro em relação a de achá-la demasiadamente ácida, por-
alguma coisa. A conseqüência imediata é tanto, nada deliciosa. Há poucas verda-
que não saberá a que se ater diante dessa des sobre o gosto. Além disso, grande
situação e surge nele a necessidade vital parte das coisas em que o gosto intervém
de algo que não possui e que podemos passa por verdadeira em determinadas
denominar verdade. épocas, por uma questão circunstancial,
As fissuras na mundivivência do indi- um modismo.
víduo são geradoras de incerteza ou do
não saber a que se ater. Se essas fissuras A verificação científico-experimental
não existissem, e o homem estivesse sem- Não faz muito tempo, a Ciência era
pre esclarecido sobre sua situação, não detentora das verdades definitivas e ir-
necessitaria da verdade. reformáveis. A filosofia da Ciência aca-
Quando lemos no jornal "Toda a ver- bou com esse mito. As ciências experi-
dade sobre o caso de Paulo César Farias mentais - aquelas que habitualmente
e o ex-presidente Collor", temos a inten- são citadas quando se [ala de Ciência -
ção de inteirar-nos do que aconteceu na avançam entre incertezas e provisorie-
realidade. E, como premissa, assumimos dades. As verdades provisórias não dei- 18. MARIAS, Julian. Introdução
à filosofia. São Paulo: Duas ci-
que o jornalista que fez a matéria xam de ser verdades e demonstram sua dades, 1966, p. 116-32.
conhece a verdade e está capacitado pa- eficácia quando são aplicadas. Porém,
ra contá-la. É um fato que "funciona- não há um cientista sério que sustente - 19. Idem, ibidem, p 129.

RAE • v. 34 • n.2 • Mar./Abr. 1994 27


i1~~ARTIGO
como era pensamento comum no século • por que a verdade estaria proibida a
XIX - que o homem conseguiu resolver esses temas se nos demais campos,
os enigmas do Universo. ainda que de maneira incompleta e
O fato de que os resultados das ciên- imperfeita, chega-se à verdade? Se a
cias foram e são úteis à humanidade, não verdade é possível em muitos cam-
é um critério de verdade absoluta. As pos da experiência humana - e de fa-
ciências conduzem às verdades, mas pro- to "funcionamos"com ela - por que a
visórias e incompletas, sem deixar de se- investigação seria interrompida num
rem verdades. determinado ponto, precisamente nos
Algo semelhante ocorre no âmbito das problemas de maior envergadura?
ciências sociais, da história, da economia, Em qualquer caso, fica claro, ao ad-
da sociologia e outras mais diretamente mitir a liberdade, que a busca da ver-
ligadas ao estudo do homem. Existem dade será também uma atividade li-
constantes claras que permitem formular vre. Por isso, o fato de que, sobre
juízos e arriscar previsões. Porém, fica questões humanas cruciais, existam
mais patente nessas ciências o caráter posições distintas, não quer dizer, ne-
provisório e sobretudo incompleto das cessariamente, que tenham o mesmo
verdades. valor e sim que a busca da verdade é
De uma forma vital funcionamos com algo livre.
o esquema de verificação: algo nos pare-
ce verdadeiro quando a hipótese pode Considerando esse raciocínio, qual é a
ser confirmada ou, no dizer de K. Pop- resposta para a pergunta: isso é verdade
per, quando algo "pode suportar, sem cair, para você, mas será para mim? Em outras
as tentativas de demonstrar a sua falsiâa- palavras, a verdade é relativa?
de"20. Entra em cena a especial relevância A postura de quem afirma que algo é
que adquire a tangibilidade. Algo seria verdadeiro para um e não verdadeiro
verdadeiro quando pudesse ser expresso para outro poderá ser válida quanto à
de forma tangível. liberdade da busca da verdade. Mas,
não é válida se existe a pretensão de
A verdade e o relativismo que algo possa ser, ao mesmo tempo,
Vimos que, nem sequer nas ciências verdadeiro e falso. Com esse critério não
que mais controlamos, podemos falar de "funcionamos" nunca, nem na vida real,
verdades completas e definitivas. Se- nem na atividade científica. O relativis-
guindo a mesma linha de raciocínio, não mo - a verdade depende de cada atitu-
é difícil concluir que mais incompletas e de, segundo cada qual a veja - não se
mais imperfeitas e não definitivas serão sustenta.
as verdades daqueles temas cuja tangibi- [ulian Marias P define a realidade co-
lidade seja mais obscura e não se possa mo tudo aquilo que encontra-se e tal co-
apalpar. As perguntas essenciais sobre o mo se encontra e seu modo próprio de
homem não seriam tema para uma ver- ser é estar oculta. "É função da verdade
dade e sim para distintas e contrapostas pôr a descoberto o que as coisas são, trans-
opiniões. cender toda a mera aparência e desvelar a
No entanto, existem argumentos con- própria realidade, arrancar o homem da sua
trários a essas conclusões, que analisare- subjetividade, do círculo mágico de suas im-
mos a seguir: 21 pressões ou idéias para colocar à sua frente
as próprias coisas, e permitir, desse modo,
• alguns temas como a liberdade, a imor- que ele saiba a que se ater, como tudo isto é
talidade, a existência do absoluto preo- função da verdade, o relativismo anula, se
cuparam e seguem preocupando o ho- não a 'essência', pelo menos alguma coisa
mem como realidades de outra ordem, que lhe seria ainda mais penoso se ele fosse
20. GÓMEZ PÉREZ, Rafael. In-
frodución a la ética social. Ma-
mas realidades, com as quais haveria conseqüente consigo mesmo: a função vital
drid: Rialp, 1988, p. 22. algo a fazer; da verdade. Com efeito, 'minha' verdade não
• esses temas são de tal modo cruciais me basta e para que ela seja efetiva e real-
21. Idem, ibidem, p. 23.
que deles dependem atitudes e com- mente 'minha', para que eu possa aderir a
22. MARIAS, Julian. Qp. cit., portamentos que têm repercussões em ela e nela me apoiar, é necessário que não se-
p.121. quase todos os âmbitos da vida; ja 'minha'e sim das coisas".

28 RAE • v. 34 • n. 2 • Mar./Abr. 1994


REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

Os reducionismos éticos e o formalismo o problema de fundo é que, aofixar-se uni-


moral camente no valor social (o valor para os ou-
Sem uma adequada definição de ver- tros) das ações com valor ético (o valor para o
dade não se pode esperar uma postura próprio decisor), prescinde-se de fato da Ética,
ética consistente. É freqüente encontrar optando por uma sociologia normativa sem
entre os autores que escrevem sobre Busi- fundamentação ética. A partir desse ponto, o
ness Ethics23 - de um modo especial nos que sucede não será mais que uma aplicação
Estados Unidos - um enfoque pragmáti- do velho teorema: da mesma forma que não
co, uma carta de intenções com certas re- pode haver Ética sem Liberdade, não é possí-
gras do que a empresa deve fazer, ou dei- vel, tampouco, existir Liberdade sem Ética.
xar de fazer.
Em muitos casos, o critério decisivo
para considerar uma decisão como ética
ou não é determinado pela 1/ aceitabilida-
de social" das conseqüências dessa deci-
são. À exceção de certos casos em que in-
genuamente se supõe estar perfeitamente
claro o conceito de socialmente aceitável,
grande parte da discussão está centrada
precisamente nesse ponto: a análise da
"aceitabilidade social", sem uma avalia-
ção da eticidade da decisão em si.
Por estas razões, as colocações intelec-
tualmente mais rigorosas buscam susten-
tação nos postulados kantianos, aplican-
do o imperativo categórico e os princí-
pios da Razão Prática, bem ao gosto nor-
te-americano.
O produto final dessas elaborações
consiste num conjunto de "regras éticas", A segunda frente de limitações refere-se à
e a maior parte do trabalho dos especia- possibilidade de previsão, a priori, das distin-
listas concentra-se em como aplicá-las tas conseqüências de uma ação. Assim, como a
nas situações concretas. Essa aplicação primeira limitação afeta um problema motiva-
não é fácil. cional do decisor, esta afeta um problema cog-
O enfoque - com independência da ra- noscitivo. Em síntese, o problema é o seguinte:
cionalidade ou verdade das regras abs- a previsão das conseqüências externas de uma
tratas que com ele obtenham - tem duas ação - suscetíveis de observação empírica - é
limitações intrínsecas que :podem invali- impossível quando na execução da ação inter-
dar sua utilidade prática. E o que obser- vêm decisores humanos. Somente seria possí-
va a seguir López: 24 vel se existissem as seguintes condições:
"A primeira dessas limitações se refere aos
motivos que levariam um gerente a aceitar a • o previsor tem informação perfeita das re-
norma que lhe é proposta. Mesmo que essa gras de decisão que usarão todos e cada um
norma buscasse garantir o valor social das de- dos decisores;
cisões, em nenhum momento se lhe explica • essas regras de decisão não se alteram com
porque deve aceitá-la, quando é possível não a atuação dos decisores, isto é, não há
fazê-lo. aprendizagem no decorrer das decisões.
A consciência dessa debilidade leva não
poucos teóricos a sustentar que as regras por É evidente que, salvo casos triviais, qual-
eles deduzidas deveriam ser objeto de imposi- quer avaliação de uma ação baseada na previ-
ção coercitiva, via legal. Será interessante ver são de suas coneequências externas - e obser-
em que termina todo esse processo social por- váveis - será não só incompleta, como nada 23. LÓPEZ, J. A. Pérez. La ver-
que, uma vez mais, vamos assistir à velha tra- impede que seja absolutamente errada. tente humana dei trabajo en la
empresa. Madrid: Rialp, 1990,
gédia de uns intelectuais bem intencionados A avaliação, a priori, das ações humanas p.36.
advogando - sem ser conscientes disso - a ti- é o eixo de qualquer elaboração normativa so-
rania, em nome do bem comum. bre o comportamento humano. Uma avalia- 24. Idem, ibidem, p. 37-9.

RAE • v.34 • n. 2 • Mar./Abr. 1994 29


iJ~lJARTIGO
ção que pretenda fundamentar-se sobre as ao deficiente conceito de empresa a que
previsões das conseqüências externas dessas já nos referimos ao tratar do trabalho ge-
ações - como é o caso do enfoque que nos rencial e operacional: a empresa como
ocupa - está supondo uma teoria da decisão um conjunto de pessoas que se esforça
humana reducionista: ignora toda a delicada para conseguir, apenas, algum fim com
articulação do conhecimento humano no pro- valor econômico.
cesso decisório. Com uma definição tão elementar e
O pior é que, além de reducionista é peri- abstrata não podemos conseguir chegar
gosa, pois está fechada ab initio à avaliação ao parâmetro ético essencial: o que é ser
especificamente ética das ações humanas, um bom gerente?
uma vez que o valor ético de uma ação não Para podermos deduzir quais são as
depende de suas conseqüências externas, e decisões próprias de um gerente enquan-
sim das que causa no interior do próprio su- to tal, necessitamos de uma teoria autên-
jeito que a realiza." tica sobre a empresa, porque as descri-
ções das funções gerenciais depende da
As raízes das limitações Teoria da Organização que se utilize para
Percebemos que estas duas limitações deduzi-las. Por outra parte, qualquer teo-
têm uma dupla raiz. A primeira - e mais ria implica - ou se fundamenta - uma
danosa - vem da redução ética a seus as- concepção antropológica.
pectos sociológicos, dando lugar a elabo- É interessante notar que este enfoque é
rações normativas de caráter sociológico, essencialmente distinto do que se aplica
sem um autêntico fundamento ético. A quando se reduz a ética da empresa à
segunda raiz vem da simploriedade do análise de certas decisões freqüentes en-
modelo que manipula para a decisão hu- tre os homens de empresa.
mana. Falta fundamento antropológico. Isto ocorre, em grande parte, porque a
Juntas, geram enfoques equivocados que maioria dos problemas sociais não tem
não ajudam, na prática, o exercício da éti- sua origem no que esses homens fazem
ca. Por um lado, cai-se no formalismo mo- mal e sim naquilo que eles deixam de fa-
ral que não passa de uma classificação zer, isto é, nas suas omissões. Não é que
abstrata de ações humanas corretas ou in- resolvam mal - modo não ético - os pro-
corretas, lícitas ou ilícitas, que não explica blemas. É que são mal colocados - par-
o porquê da validade do esforço para ob- cialmente, de forma míope, com horizon-
ter um ideal ético, ou mesmo, o que moti- tes estreitos - os problemas que se resol-
varia um indivíduo a decicir pela ética. vem. Por exemplo, um êxito econômico
Faz falta mostrar, do modo mais práti- pode ter sido conquistado com o despre-
co possível, as conseqüências que o pró- zo das conseqüências sociais e ecológi-
prio sujeito padecerá ou desfrutará se- cas. Sem desconsiderar a validade dos
gundo a qualidade ética das suas ações. É resultados econômicos, interessa-nos
tarefa importante da própria ética a bus- perguntar, será que o custo social não foi
ca de conclusões que permitam dar con- alto demais? 25
teúdo empírico ao que significa para uma
pessoa a carência ou a posse de qualida- A intuição sai na frente
des morais. Abster-se dessa tarefa é dar Nota-se, nesse início de década, um
um tratamento unidimensional para uma vislumbre de que transformações radi-
realidade tridimensional. Implica um cais se avizinham. São muitos os homens
modo de fazer ciência que aborda separa- de empresa que verificam que as realida-
damente a elaboração de critérios de ra- des éticas - talvez nem denominem as-
cionalidade ética - o homem ético - de sim, pois atuam mais por intuição - per-
racionalidade sociológica - o homem so- tencem ao núcleo mais profundo e deter-
cial - e de racionalidade econômica - o minante das tarefas das organizações hu-
homem econômico. manas que dirigem. São conscientes de
que, a longo prazo, os próprios benefícios
o gerentee a dimensão ética econômicos dependem mais diretamente
O outro lado da questão passa pela da qualidade ética dos seus homens, do
abordagem incompleta do que podería- que do ambiente não controlável. Cada
25. Idem, ibidem, p. 46. mos chamar ética empresarial e se deve vez fica mais evidente que construir uma

30 RAE • v. 34 • n. 2 • Mar./Abr. 1994


REFLEXÕES SOBRE O HOMEM E O TRABALHO

organização, ignorando as realidades éti- guir atingir os objetivos - inclusive eco-


cas, é algo tão suicida como construir um nômicos - das empresas. A resistência
edifício ignorando as propriedades e re- prática, para aceitá-las, é fruto de uma
sistências dos materiais que se utilizam postura vital, cuja irracionalidade é pa-
na construção. tente: a possibilidade de obter qualquer
É fundamental que a teoria avance coisa do meu interesse, de outras pes-
substancialmente, uma teoria que anali- soas, através da simples aplicação do po-
se as decisões humanas atendendo as di- der coercitivo.
mensões - as conseqüências - éticas, psi-
cossociológicas e econômicas da ação.
Esse tratamento unificado das decisões
deve ajudar a própria ética a avançar na
melhor compreensão do seu objeto de
estudo.

Construindo uma ética gerencial


Inicialmente temos que pensar na em-
presa como um sistema aberto, que rece-
be influências e influencia, e que López "
sintetiza da seguinte forma:

a. o êxito das metas e objetivos econômicos


1/

dependem da adaptação da empresa às


condições ambientais. O parâmetro que
determina que ações conjuntas da empre-
sa se pode prever, produzindo sua adap-
tação, denominaremos estratégia;
b. aquilo que determina as ações conjuntas Na realidade, as metas coletivas po-
que é capaz de realizar uma empresa dem ser obtidas: 27

num dado momento é o que constitui seu


objeto ou competência específica, cujo 1. através de uma coordenação formal
fundamento süu as capacidades operacio- que explicite todos os aspectos das
nais das pessoas que formam parte da ações individuais que são significati-
empresa; vos para essa obtenção, unida ao sufi-
c. o valor real que a empresa almeja realizar ciente poder coercitivo para motivar os
no mercado - clientes ou consumidores sujeitos que se comportem do modo
dos seus produtos ou serviços - é o que explicitamente requerido;
constitui a sua missão externa. A missão 2. aceitando os limites práticos de qual-
externa vem definida pelas necessidades quer sistema de controle externo e su-
humanas que a empresa procura satisfa- pondo que, ao menos uma parte dos
zer no seu ambiente; resultados, se conseguirá obter através
d. sem urna clara consciência da missão, do autocontrole dos sujeitos.
não é possível o desenvolvimento de um
objeto - de uma competência específica - A primeira possibilidade é muito mais
e as estratégias não serão mais que tenta- lógica do que real. Curiosamente é o pa-
tivas oportunistas de respostas aos parâ- radigma da ação humana que está implí-
metros fixados externamente; cito em todos os desenvolvimentos cien-
e. a missão externa implica necessariamen- tíficos dos últimos anos. Trata-se da hi-
te urna missão interna, que inclui a sa- pótese mecanicista.
tisfação de certas necessidades e o desen- A segunda possibilidade gera infinitas
volvimento de certas capacidades tanto alternativas práticas, das quais a maioria
operacionais como afetivas nas pessoas não é viável a não ser que se dê um de-
que constituem a empresa. " terminado conjunto de condições. Um ca-
so particular de alternativa inviável, na 26. Idem, ibidem, p. 49.
Essas conclusões pressupõem a neces- maioria das situações, é, precisamente, a
sidade de sistemas informais para conse- alternativa ótima: aquela em que o êxito 27. Idem, ibidem, p. 51.

RAE. v.34 • n.2 • Mar./Abr.1994 31


~m ARTIGO

das metas coletivas se consegue na base e o êxito dos objetivos organizacionais é

°
do autocontrole.
grau de necessidade do controle ex-
terno vem determinado pela qualidade
uma realidade.
À luz dessas considerações podemos
intuir que uma autêntica "Teoria Geren-
do sistema informal, que, por sua vez, é cial" é, sobretudo, uma "Teoria da Lide-
determinado pela qualidade ética dos rança", que deve possibilitar a um geren-
sujeitos. E ela determina o valor social - te a capacidade de nos diversos campos
o valor para os outros - das ações que o da atividade empresarial:
sujeito informahnente decide executar.
1. desenhar estratégias que permitam
CONCLUSÃO atingir os objetivos por parte de todos
os que participam da empresa;
Analisar o trabalho humano dentro 2. desenvolver as capacidades operacio-
das organizações exige como premissa nais das pessoas que trabalham na em-
definir o que é o ser humano. presa de tal modo que se obtenha uma
Nossa definição foi extraída da antro- competência específica, uma capacida-
pologia do homem-superior: uma criatu- de de fazer bem uma série de coisas
ra racional de matéria e espírito - única e determinadas, o que constitui o objeto
irrepetível - com uma missão de caráter dessa empresa;
transcendente. 3. configurar e comunicar uma missão ca-
Esse homem-superior, protagonista paz de mover as pessoas pelo sentido,
principal das transformações sociais a pelo valor, que reconhecem na sua
que assistimos, já não aceita viver nas contribuição à tarefa coletiva que reali-
ruínas da modernidade. za a empresa.
É preciso algo novo. Os valores mo-
dernos esgotaram-se. Essa liderança terá que subordinar a
As organizações, como arenas do exer- racionalidade econômica ao desenvolvi-
cício do trabalho humano, cedem a esse mento humano dos subordinados. A lon-
homem os instrumentos de realização. A go prazo, e dada a necessidade dos siste-
organização será cada vez melhor organi- mas informais para o êxito da empresa, o
zação, quando o homem que nela atua único racional é investir no desenvolvi-
for cada vez mais homem. A conexão en- mento ético das pessoas que formam par-
tre o desenvolvimento da qualidade étíca te de uma organização .

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32 Artigo recebido pela Redação da RAE em abril/93, avaliado em 20/04/93, 19/05/93, 05/08/93 e 15/10/93, aprovado para publicação em outubro/93.

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