Sunteți pe pagina 1din 3

Direito Autoral: entendendo o

conflito (parte 1)
Álvaro Santi | sábado, 21 agosto 2010

Publicado em http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/direito-autoral-
entendendo-o-conflito-parte-1/

No centro do debate público sobre a reformulação da Lei do Direito Autoral


(9.610/98), conduzido com persistência pelo Ministério da Cultura, emerge o
conflito entre dois "partidos" opostos, conflito que tende a se acirrar com a
publicação recente da proposta de reforma da lei, para consulta pública, e o seu
posterior envio ao Congresso Nacional.

Pretendo aqui argumentar que o desfecho deste debate será tão mais benéfico
para o país na medida em que nenhum desses partidos consiga impor a totalidade
de seu "programa". A polarização tende a simplificar o debate em termos de bem x
mal, e deve ser combatida através de sua ampliação. Contudo, uma análise
dessas posições extremas será útil para entendermos o que está em jogo.
Devido à complexidade do tema, abordarei inicialmente um dos lados da moeda,
ficando o outro para a continuação deste artigo.

O primeiro partido pretende que tudo fique como está. Tem a seu favor, antes de
tudo, o ter estabelecido, em nosso extenso território, um sistema efetivo de
arrecadação e distribuição de direitos musicais, construído ao longo de mais de
um século de esforços. Este sistema é gerido pelo ECAD, criado por lei em 1973,
durante a ditadura, como forma de unificar as ações das diversas sociedades
existentes. Detém o conhecimento profundo da matéria e os recursos financeiros
cuja arrecadação e distribuição a lei lhe atribui. Já outros setores da indústria
cultural não dispõem de sistemas semelhantes.

A principal virtude deste partido é seu posicionamento inequívoco no combate à


pirataria, cobrando das autoridades o cumprimento da lei. Embora o Governo
Federal mantenha, desde 2004, um Conselho Nacional de Combate à Pirataria
(CNCP), coordenado pelo Ministério da Justiça e com participação do MinC, não
há notícia de uma manifestação clara deste Ministério a respeito.
Recentemente o presidente Obama prometeu declarou que os EUA irão "proteger
agressivamente sua propriedade intelectual", a qual "é essencial para nossa
prosperidade e vai se tornar ainda mais neste século" . Obama sabe que o setor
econômico que tem o copyright como base representa entre 6 e 12% do PIB norte-
americano, e emprega entre 4 e 8,4% dos seus eleitores. Não encontrei qualquer
manifestação do presidente Lula ou dos candidatos à sua sucessão sobre o
assunto.
Da mesma forma deve-se razão ao partido do status quo quando denuncia a
inadimplência dos usuários do DA, especialmente emissoras de rádio e televisão,
que são concessionárias públicas. Em nota recente, o ECAD "lamentou" que o
texto da nova Lei pretenda penalizar autores que "de forma injustificada" recusem-
se a autorizar o uso de suas criações, mas "não cria qualquer penalidade para as
empresas de rádio e TV inadimplentes." É preciso aqui ter em mente que muitas
dessas empresas são propriedade de famílias de políticos. E quem sabe pedir ao
Ministério das Comunicações que publique seus nomes, e ao ECAD que promova
uma campanha informativa para que o público, em solidariedade aos autores,
sintonize somente as emissoras que estão em dia.

Por outro lado, em sua estratégia este campo às vezes peca por apostar na
desinformação do leitor. Exemplo recente é o texto assinado pelo compositor
Marlos Nobre , que parece não ter lido a proposta do MinC, que não fala em
"acabar com o ECAD". Outro que não quis perder tempo lendo foi Nelson Motta,
que tirou sabe-se lá de onde a idéia de uma "sociedade arrecadadora estatal",
inexistente no anteprojeto.

Aqui seria o momento de recuperar uma das diretrizes aprovadas em 2005 pela I
Conferência Nacional de Cultura, a de "criar um órgão regulador dos direitos
autorais com conselho paritário formado por representantes do Estado, dos
diversos segmentos artísticos nacionais e da sociedade civil." É disso portanto que
se trata: um órgão fiscalizador, com participação da sociedade, similar ao que por
sinal já existia, o CNDA, extinto pela lei atual, em 1998. No entanto, o MinC, tendo
já anunciado a criação deste órgão (agora sob o nome de IBDA - Instituto
Brasileiro de Direito de Autor), voltou atrás e não o manteve na proposta
publicada, demonstrando pouco respeito com a Conferência que ele próprio
conduziu, da qual participaram mais de 50 mil brasileiros.
Ainda assim, a proposta atual contém uma série de artigos novos que
regulamentam a atividade das associações e do ECAD, ficando a cargo do MinC
assegurar o seu cumprimento. Fica faltando, contudo, a garantia de representação
direta da sociedade neste processo, que a Conferência preconizou. A principal
crítica do ECAD pretende enxergar nessa simples regulamentação um suposto
"dirigismo", crítica de resto já "clássica", pelo seu uso e abuso contra outras
iniciativas do Governo Lula. E que mais uma vez aqui não resiste ao exame dos
fatos.

Pois se o DA é um bem privado, privada seja sua gestão. Convém no entanto


lembrar que foi uma lei que criou o ECAD e lhe atribuiu nada menos que o
monopólio da arrecadação e distribuição do DA. Sofre portanto de amnésia
seletiva quem esquece que a autoridade com que o ECAD atua emana do Estado,
de uma intervenção estatal inspirada pelo mesmo propósito de regular o mercado,
que ora se pretende demonizar. Logo, se o ECAD levasse às últimas
consequências esse raciocínio, deveria propor a revogação da lei atual, deixando
tudo a cargo do mercado. É evidente que isso seria o fim do DA, e é por isso que
todos os países civilizados tem leis sobre o assunto.
Outro argumento que constantemente aparece, ou se percebe implícito nas
manifestações deste campo, e que deve ser relativizado, é o de que ele
representa os autores na sua totalidade. Em primeiro lugar, todos sabem que o
controle do sistema é exercido pelas empresas do ramo (Aliás, o fato de uma
mesma associação congregar empresas e autores já constitui uma aberração).
Em segundo, essas mesmas empresas decidem soberanamente os critérios de
arrecadação e distribuição, que nunca foram objeto de discussão com a ampla
maioria de seus associados. Em outros países, parte desses critérios são fixados
na própria lei.

Mas há também críticas consistentes, de quem de fato leu o anteprojeto. A União


Brasileira de Compositores (uma das maiores associações que integram o ECAD)
alega em nota oficial que "apesar de repetidas alegações de anacronismo em
relação ao texto vigente, a proposta do MinC em nada o supera., ainda que venha
divulgando ser um projeto moderno e em sintonia com a realidade virtual". De fato,
talvez a principal falha do anteprojeto seja ignorar solenemente o fenômeno do
compartilhamento de músicas entre usuários finais, o chamado peer-to-peer, ou
P2P. Diferencia-se da pirataria por não ser feito com finalidade de lucro, porém
isso não quer dizer que não traga prejuízo ao autor. Aqui quem pretende deixar
como está é o governo, cuja proposta não legaliza nem proíbe expressamente a
prática. Uma solução possível seria taxar o provedor, permitindo assim remunerar
o autor por esta prática, de resto generalizada.

Sem pretender esgotar o assunto, o que foi exposto até aqui basta para ilustrar a
posição de um dos campos dessa disputa, em suas razões e limites. Na
sequência deste artigo, iremos considerar o campo oposto.

S-ar putea să vă placă și