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O Xamanismo de Carlos Castaneda

*Professor Mestre Marcos Spagnuolo Souza

O presente artigo foi fundamentado nos seguintes livros de Carlos Castaneda: "Uma Estranha Realidade".
Terceira Edição. Rio de Janeiro/São Paulo. Distribuidora Record. 1971. "Viagem a IXTLAN". Rio de Janeiro.
Editora Record. 1972. "O Presente da Águia". Rio de Janeiro. Editora Record. 1981. . "O Fogo Interior". Rio de
Janeiro. Editora Record. 1984. "A Arte de Sonhar". Rio de Janeiro. Editora Record. 1993. "Segundo Círculo do
Poder". Rio de Janeiro. Editora Record. 1995. " A Roda do Tempo". Rio de Janeiro. Editora Nova Era. 2000. O
Poder do Silêncio". Rio de Janeiro. Editora Nova Era. 2001. "O Lado Ativo do Infinito". Rio de Janeiro. Editora
Nova Era. 2002. "A Erva do Diabo". Rio de Janeiro. Editora Nova Era. 2002.Para elaborar esse artigo utilizei a
seguinte metodologia: cada parágrafo escrito por Carlos Castaneda que, na minha concepção fosse importante,
foi fichado e o assunto recebeu uma denominação de fácil identificação. Terminado o trabalho de fichamento,
relacionei as denominações de cada assunto, o que me possibilitou a especificação das áreas abordadas por
Castaneda. Depois de delinear as áreas, procurei inserir em cada área os assuntos pertinentes, transcrevendo as
próprias palavras do autor. Em caríssimas ocasiões fiz pequenas modificações em alguns parágrafos, para
melhorar o entendimento. Penso que esse trabalho vai possibilitar uma visão abrangente das principais colocações
feitas por Carlos Castaneda.
Áreas de Abordagem

Capítulo I

Quem é Carlos Castaneda.


Toltecas
Xamanismo
Regulamento

Capítulo II

A Águia
O Intento
O Cosmo
Destino

Capítulo III

O Infinito
O Desconhecido
O Incognoscível
Os Mundos
O Espaço
O Espaço entre os Mundos
A Fresta Entre os Mundos
O Tempo

Capítulo IV

Mestres
Nagual
Conselhos do Nagual
O Guerreiro

Capítulo V

O Poder
Lugares de Poder
Objetos de Poder
Exercícios

Capítulo VI

Os Ventos
As Plantas
As Outras Pessoas
Capítulo VII

Tipos de Seres
Seres Orgânicos e Inorgânicos

Capítulo VIII

Predadores
Os Aliados
Entes da Noite
Quatro Inimigos

Capítulo IX

Humanidade
O Homem
Dualismo Humano
Pontos de Aglutinação
Formas do Corpo Humano
Adotar outras Formas
O Homem Moderno
A Busca do Conhecimento
O Homem de Conhecimento
Ser Funcional
O Ponto mais Elevado da Evolução
O Principal Erro do Ser Humano

Capítulo X

A Consciência
Racionalidade
Intensão e Desejo
Desejo
Sexo
Ver
Percepção
O Medo

Capítulo XI

Campo de Batalha
Meditação
O Espreitador
Pequenos Tiranos
Escudos
História Pessoal
Diálogo Interno
Conhecimento Silencioso
Nada Fazer
Ponto de Ruptura
Loucura Controlada
Liberdade

Capítulo XII

O Sonho
O Corpo Sonhador

Capítulo XIII

A Morte
Final da Vida
O Fim de Uma Era
Capítulo I

Quem é Carlos Castaneda

Carlos Castaneda era um antropólogo. Nasceu no Arizona em 1925 e faleceu em 1998. Em 1960 quando ainda era
estudante de antropologia, encontrou numa cidadezinha mexicana, um índio velho que se apresentou com o nome
de Juan Matus, nascendo do encontro toda uma iniciação mística para Carlos Castaneda, onde passou a ter uma
percepção ampliada de outros mundos e outras realidades. O mestre de Dom Juan Matus foi Julian Osório. O
mestre de Julian foi Elias Ulloa que pertencia a uma linhagem de feiticeiros que viviam no México em tempos
antigos, durante vinte e cinco gerações. Dom Juan possuía quatro discípulos: Taisha Abelar, Florinda Donner-
Grau, Carol Tiggs e Carlos Castaneda.

Os Toltecas

Séculos antes da chegada dos espanhóis ao México havia extraordinários videntes toltecas. Eram os últimos elos
de uma cadeia de conhecimento que se estendia por milhares de anos. Conheciam a arte de manipular a
consciência, eram os mestres supremos dessa arte, o mistério de estar consciente. Tolteca significa o
receptador e conservador dos mistérios. Um feiticeiro é um tolteca quando recebe os mistérios de espreitar e
sonhar. O modo como os toltecas começaram a seguir a trilha do conhecimento foi consumindo plantas de poder.
Tolteca significa homem de conhecimento. Alguns deles empenharam-se em usar a visão de modo positivo e
ensiná-la aos seus semelhantes. Diz Castaneda que sob a direção dos toltecas, as populações de cidades inteiras
passaram para outros mundos e nunca mais voltaram, antes da chegada dos espanhóis. Castaneda recebeu os
ensinamentos dos antigos Toltecas através do seu mestre Dom Juan.

Xamanismo

Xamanismo é um estado de consciência, a capacidade de usar campos de energia que não são empregados para
perceber o mundo cotidiano que conhecemos.

Regulamento

O regulamento é um mapa para procurar e encontrar uma abertura no mundo, uma passagem. Regulamento é todo
o ensinamento transmitido por Dom Juan Matus. Regulamento é o conhecimento dos Toltecas.
Capítulo II

A Águia

Os videntes viam a força indescritível que é a fonte de todos os seres conscientes. Chamaram-na de Águia.
Viam-na como algo que se parecia com uma águia branca e preta, de tamanho infinito. Viram que a Águia concede
consciência. A Águia cria os seres conscientes para que estes vivam e enriqueçam a consciência que ela lhes
proporciona com a vida. É a Águia que devora essa mesma consciência enriquecida, depois de fazer com que os
seres conscientes abandonem o corpo no momento da morte. A consciência dos seres conscientes levanta vôo no
momento da morte e flutua como um tufo de algodão luminoso diretamente para o bico da Águia, onde é
consumida. A consciência é o alimento da Águia.

As emanações da Águia são imutáveis, englobando tudo que existe, do conhecido ao incognoscível. São uma
presença, quase uma espécie de massa, uma pressão que cria uma sensação de deslumbramento. A Águia é a fonte
de todas as emanações. Mas não existe Águia nem emanações. O que existe é algo que nenhuma criatura viva pode
compreender. É algo incognoscível, que se assemelha vagamente a algo conhecido. Existe uma força que atrai
nossa consciência, como um ímã atrai a limalha de ferro. No momento da morte, todo nosso ser se desintegra sob
a atração dessa força misteriosa. Ver as emanações da Águia é beirar o desastre. Apenas uma pequena porção
daquelas emanações está ao alcance da consciência humana, e essa pequena porção é reduzida ainda mais, a uma
fração diminuta, pelas exigências de nossas vidas diárias. Essa fração diminuta das emanações da Águia é o
conhecido é a pequena porção ao alcance da consciência humana. O desconhecido, o incalculável restante, é o
incognoscível.

Não existe mundo objetivo, mas apenas um universo que é um campo de energia, o qual os videntes chamam de
emanações da Águia. Os seres humanos são feitos das emanações da Águia. Os seres humanos são feitos das
emanações da Águia e são essencialmente bolhas de energia luminosas. Cada um de nós está envolto em um casulo
que aprisiona uma pequena porção dessas emanações. A consciência é adquirida pela pressão constante que as
emanações externas aos nossos casulos, chamadas emanações livres, exercem sobre as que se encontram dentro
dos mesmos. Essa consciência dá origem à percepção, o que acontece quando as emanações no interior dos nossos
casulos alinham-se com as emanações livres correspondentes.

As emanações da Águia estão sempre reunidas em aglomerados. Os antigos videntes chamavam esses
aglomerados de grandes faixas de emanações. Não são realmente faixas, mas o nome pegou. Existem infinitas
faixas. Na terra existem apenas quarenta e oito de tais faixas. Há quarenta e oito tipos de faixas ou estruturas
na terra. A vida orgânica é uma delas. Sete faixas produzem bolhas inorgânicas de consciência. Existem quarenta
faixas que produzem bolhas sem consciência, faixas que geram apenas organizações.

O poder que governa o destino de todos os seres vivos é chamado de Águia. Aparece ao observador como uma
incomensurável Águia negra, na sua postura ereta, com o corpo voltado para o infinito. Quatro labaredas de luz
revelam como a Águia é. Primeira labareda: como um relâmpago, ajuda o observador a perceber os contornos do
seu corpo. A segunda labareda revela as asas ao vento em sua negrura. A terceira labareda o observador nota o
olho penetrante, impiedoso. A quarta labareda vê o que a Águia está fazendo. A Águia está devorando a
consciência de todas as criaturas que, vivas até pouco antes ou já mortas, flutuaram para o seu bico, como um
enxame incessante de vaga-lumes indo ao encontro de seu dono. A Águia as consome, porque a consciência é o seu
alimento. Não há nenhum modo, portanto, do homem suplicar a Águia, pedir favores, esperar sua misericórdia. A
Águia concede um presente a cada um desses seres. Qualquer um deles, se desejar, tem o poder de manter a
chama da consciência, o direito de transgredir os apelos de morrer e ser consumido. Toda coisa humana recebe o
poder, se desejar, de buscar um abertura para a liberdade e atravessar a referida abertura. A Águia concede
esse presente a fim de perpetuar a consciência. Com a finalidade de guiar as consciências até a abertura, a Águia
criou o Nagual. O Nagual é um ser duplicado para quem o regulamento foi revelado. Seja na forma de um ser
humano, um animal, uma planta, ou qualquer coisa viva, o Nagual, em virtude de sua duplicidade, é levado a buscar
aquela passagem secreta. O Nagual aparece como um ovo luminoso com quatro compartimentos. O lado esquerdo
dividido em duas longas seções e o lado direito dividido em dois. O ser humano padrão, tem apenas dois lados, o
esquerdo e o direito. O Nagual vem aos pares, macho e fêmea. A Águia criou o primeiro homem Nagual e a
primeira mulher Nagual como observadores. Deu-lhes quatro guerreiras, as espreitadoras, três guerreiros e um
mensageiro, aos quais são encarregados de nutrir, desenvolver e levar as outras consciências para a liberdade. As
guerreiras são chamadas de as quatro direções, os quatro cantos de um quadrado, os quatro ventos, refletindo as
quatro personalidades existentes na raça humana. Leste: ordem, leve, suave, persistente como uma brisa. Oeste:
sentimento, introspectiva, arrependida, astuta, dissimulada, rajada fria de vento. Sul: crescimento, criativa,
tímida, calorosa como o vento quente. Norte: força, rude, direta, tenaz como um vento forte. Os três guerreiros
e o mensageiro são representantes dos quatro tipos de temperamento masculino. O primeiro é o homem de
conhecimento, o estudiosos nobre e capaz, sereno, dedicado, realiza a sua tarefa. O segundo é ação, altamente
volátil e engraçado. O terceiro é organizador por trás dos bastidores, o homem misterioso e desconhecido. O
quarto é o mensageiro, é o assistente, taciturno e sombrio, incapaz de agir por si próprio.

Tudo que nos rodeia é um mistério insondável. Devemos tentar desvendar esse mistério insondável, mas sem
jamais esperar conseguir isso. O guerreiro vê a si mesmo como um mistério. Uma pessoa é igual a tudo o que
existe. O mistério de ser não tem fim, seja uma pedra, uma formiga ou o próprio homem.

Já me entreguei ao poder que rege o meu destino. Não me prendo a nada, para não ter nada a defender. Não
tenho pensamentos, por isso verei. Não receio nada, por isso me lembrarei de mim mesmo. Sou totalmente
desprendido. Passarei como um jato pela Águia para me tornar livre.

Intento

(Intento é sinônimo de Águia, Espírito, Nagual, indescritível, o abstrato, mar escuro da consciência.)

No universo há uma força imensurável e indescritível que os feiticeiros chamam intento, e que absolutamente
tudo o que existe no cosmo inteiro está ligado ao intento por um elo de conexão.

Intento é a força que muda e reordena as coisas ou as mantém como são. A única maneira de conhecer o intento é
conhecê-lo diretamente através de uma conexão viva que existe entre o intento e todos os seres sencientes. Os
feiticeiros chamam o intento de o indescritível, o espírito, o abstrato, o nagual.

O espírito ou intento se revela a todos com a mesma intensidade e consistência, mas apenas os feiticeiros estão
sintonizados a tais revelações.

O espírito é parecido com um animal selvagem, mantinha distância de nós até o momento em que algo atraía-o . É
então que o espírito manifesta.

O Espírito é um abstrato simplesmente porque ele o conhece sem palavras ou mesmo pensamentos. É um abstrato
porque não pode conceber o que seja o espírito.
Como resultado da minha educação católica pensei que o intento fosse Deus, mas disseram que o intento não
podia ser Deus, porque intento era uma força que não podia ser descrita, muito menos representada.

A nossa grande falha é que vivemos nossas vidas negligenciando completamente a conexão com o intento. O
fervilhar de nossas vidas, nossos incessantes interesses, preocupações, esperanças, frustações e medo têm
precedência, e no dia-a-dia não percebemos que estamos ligados a tudo o mais. A idéia cristã de termos sido
expulsos do jardim do Édem era uma alegoria para o fato de havermos perdidos nosso conhecimento silencioso, o
conhecimento do intento. A feitiçaria é uma volta ao princípio, um retorno ao paraiso.

O Espírito é a força que sustenta o universo. O intento não é algo que alguém possa usar e comandar ou mover de
algum modo, não obstante, podia-se usá-lo, comandá-lo ou movê-lo como se desejasse.

Para que a magia tome conta da gente é somente banir de nossa mente a dúvida. Depois que a dúvida é banida,
tudo é possível.

Para fazer o ponto de aglutinação mover deve empenhar por intento. Uma vez que não há maneira de saber o que
é o intento, o feiticeiro deixa que os seus olhos chamem o intento. Os olhos estão diretamente ligados ao intento.
Os olhos estão apenas superficialmente ligados ao mundo da vida cotidiana. Sua conexão mais profunda é com o
abstrato. O nagual move o ponto de aglutinação de outras pessoas com o olhar. Os olhos de todos os seres vivos
podem mover o ponto de aglutinação de outros, especialmente se os seus olhos estiverem focalizados no intento.

O intento é experimentado com os olhos, não com a razão.

O intento é o espírito e é o espírito que move seu ponto de aglutinação.

O intento houve quando o discurso é feito através de gestos, que não significa sinais ou movimentos corporais,
mas atos de abandono verdadeiro, atos de liberalidade.

O intento é uma força que o nagual pode visualizar quando vê a energia fluindo no universo. É uma força que
permeia tudo e intervém em todos os aspectos do tempo e do espaço. É um ímpeto por trás de tudo . A única
maneira de afetar essa força é por meio de um comportamento impecável.

Para que o mistério do xamanismo se torne disponível para alguém, o espírito deve descer sobre aquele que
estiver interessado. O espírito permite que sua presença, por si mesma, mova o ponto de aglutinação do homem
para sua posição específica. Este ponto determinado é conhecido pelos xamãs como o lugar da não-piedade.

Não há um procedimento envolvendo no fazer o ponto de aglutinação se mover para o lugar da não-piedade. O
espírito toca a pessoa e seu ponto de aglutinação se move.

Intento é uma força que existe no universo. Os feiticeiros chamam o intento e o intento prepara o caminho para
as realizações dos feiticeiros e os feiticeiros concretizam aquilo a que se propõem. O intento só vem a eles para
algo que é abstrato

O mar escuro da consciência é responsável não só pela consciência dos organismos, mas também pela consciência
das entidades que não têm um organismo.

O Cosmo
O cosmo inteiro é feito de filamentos luminosos que se estendem infinitamente. Os filamentos vão a todas as
direções sem jamais se tocarem uns nos outros. Existem filamentos individuais, e que, ao mesmo tempo, esses
filamentos se agrupam em massas inconcebivelmente colossais. O universo inteiro era um universo de intento, e
intento é o equivalente a inteligência.

Estamos sendo continuamente puxados, empurrados e testados pelo próprio universo. O universo em geral é
predatório ao máximo, mas não predatório no sentido em que entendemos esse termo. A condição predatória do
universo significa que o intentar do universo é estar continuamente testando a consciência. O universo cria
quantidades incalculáveis de seres orgânicos e de seres inorgânicos. Exercendo pressão sobre todos esses seres,
o universo os força a expandir a própria consciência deles, e dessa forma o universo se esforça para se tornar
mais consciente de si próprio. A consciência é o resultado final. Consciência é o ato de estar deliberadamente
consciente de todas as possibilidades perceptivas do homem, não apenas as possibilidades perceptivas ditadas
por qualquer determinada cultura, cujo papel parece ser o de restringir a capacidade perceptiva de seus
membros. Liberar a capacidade perceptiva total dos seres humanos não interferiria de nenhuma forma em seu
comportamento funcional. O comportamento funcional passaria a ter um novo resultado extraordinário, porque
iria adquirir um novo valor.

Destino

O Nagal disse que o nosso encontro tinha sido marcado com anos de antecedência e que nenhum de nós tinha
poder suficiente para apressá-lo nem para rompê-lo.

Dona Soledade me perguntou se o Nagal tinha me ensinado a aceitar o meu destino?

O Nagal já me tinha ensinado a não resistir o vento. Tinha-me ensinado a ceder ao vento e a deixar que ele me
guiasse.

A força que governa os nossos destinos está fora de nós e não tem nada a ver com as nossas ações ou vontades.
As vezes essa força pode determinar que paremos de caminhar e nos baixemos para amarrar os cordões dos
sapatos. Fazendo-nos parar, aquela força pode estar nos fazendo ganhar um momento precioso.

Dom Juan disse que, diante de minha falta total de controle sobre as forças que decidem o meu destino, a minha
única liberdade possível consiste em amarrar os cordões do meu sapato de modo impecável.

Um guerreiro aceita seu destino, seja ele qual for, e o aceita na mais total humildade. ,Aceita com humildade
aquilo que ele é, não como fonte de remorso, mas como um desafio vivo.

O curso do destino de um guerreiro é inalterável.O desafio é de até onde ele pode ir e quanto ele será impecável
dentro desses limites rígidos.

O poder que governa o destino de todos os seres vivos é chamado a Águia,não porque seja uma águia ou tenha
alguma coisa a ver com uma águia, mas porque aparece aos olhos do vidente como uma incomensurável águia negra,
em pé e ereta como as águias ficam em pé, com sua altura atingindo o infinito.
Capítulo III

O Infinito

O infinito é tudo o que nos rodeia. Os feiticeiros o chamam de infinito, o espírito, o mar escuro da consciência, e
dizem que é algo que existe ali fora e que rege as nossas vidas.

O Desconhecido

O desconhecido é simplesmente as emanações descartadas pela primeira atenção. É vasto, mas a aglomeração
ainda pode ser feita.

Delimitar o desconhecido significa torná-lo acessível à nossa percepção.

O desconhecido é alguma coisa velada para o homem, coberta talvez por um contexto terrível mas que, não
obstante, está ao alcance do homem. O desconhecido se torna conhecido em determinado tempo. O incognoscível,
por outro lado, é o impensável, o imperceptível. É algo que nunca será conhecido por nós e, ainda assim , está lá,
fascinante e ao mesmo tempo aterrador em sua vastidão.

O desconhecido está sempre presente, mas está fora da possibilidade de nossa consciência normal. O
desconhecido é a parte supérflua do homem comum. E é supérflua porque o homem comum não tem energia livre
suficiente para percebê-lo.

O Incognoscível

Nossa familiaridade com o mundo que percebemos, compele-nos a acreditar que estamos rodeados de objetos que
existem de fato, sendo que na realidade, não há mudo de objetos, mas um universo formado pelas emanações da
Águia.

O incognoscível é o indescritível, o impensável, o inconcebível. O incognoscível é algo que jamais será conhecido
por nós, e ainda assim está ali, fascinando e ao mesmo tempo horrorizando em sua vastidão. O mundo lá fora não é
realmente como pensamos, achamos que é um mundo de objetos, mas não é.

Tudo que esteja além de nossa capacidade de perceber é o incognoscível.

Diante do incognoscível os videntes sentem-se exauridos, confusos, e sofrem uma terrível opressão. Seus
corpos perdem tônus, raciocínio e sobriedade. Ficam desnorteados. O incognoscível não tem efeito energizante.
Não está ao alcance do homem e por isso não deveria ser invadido totalmente ou mesmo com prudência. Paga-se
um preço exorbitante pelo menor contato com o incognoscível.

Ver é deixar a nu o núcleo de todas as coisas, é testemunhar o desconhecido e ter um vislumbre do incognoscível.
O incognoscível é uma eternidade onde nosso ponto de aglutinação não tem condição de aglomerar.

Os Mundos

O mundo que nos cerca é um mistério e os homens não são melhores do que as outras que existem no mundo.

O mundo é tudo o que está encerrado aqui: a vida, a morte, as pessoas, e tudo o mais que nos cerca. O mundo é
incompreensível. Nunca o compreenderemos; nunca desvendaremos seus segredos. Assim devemos tratar o mundo
como ele é: um puro mistério.

Existem mundos sobre mundos, bem aqui na nossa frente.

O tonal e o nagual são dois mundos diferentes. Num você fala, no outro você age.

Tonal é a consciência que temos do nosso mundo cotidiano e também a ordem pessoal que carregamos pela vida
em nossos ombros. O Tonal pessoal de cada um de nós é uma pequena ilha cheia de coisas que conhecemos.

O nagual é uma fonte inexplicável que mantêm aquela mesa no lugar e faz ela aparecer mesa. É a vastidão do
deserto.

O homem comum não tem o alcance que o feiticeiro possui, porque o homem comum está bem sobre sua mesa,
agarrado a cada artigo que está na mesa. Alcançar a segunda atenção é reunir as duas atenções (tonal e nagual)
numa única unidade e essa unidade é a totalidade do ser. Perder a forma humana é o requisito necessário para
unificar as duas atenções.

A fresta entre os mundos é mais do que uma metáfora. É antes, a capacidade de mudar os planos de atenção.

Em um outro mundo: as rochas são muito velhas e poderosas e possuem uma luz meio esverdeada. Plantas possuem
uma luz branca, os seres vivos possuem uma luz amarela. As pedras não se abrem facilmente aos contempladores.
As rochas possuem segredos especiais, escondidas em seu âmago, segredos que podem ajudar os feiticeiros nos
sonhar.

Alguns seres dizem que o mundo deles é a coisa mais bela e perfeita que pode existir.

O nosso mundo é como parece, e entretanto não é. Não é tão sólido e real como nossa percepção nos faz crer,
mas também não é uma miragem. O mundo é uma ilusão. Ele é real por um lado, e irreal por outro.

Algo lá fora afeta nossos sentidos e esse algo é a parte real. A parte irreal é o que eles dizem estar lá fora. Os
nossos sentidos dizem que uma montanha é um objeto. O objeto tem tamanho, corpo, forma. Os videntes dizem
que pensamos que existe um mundo de objetos, mas o que realmente existe é a emanação ou emanações da Águia.
Essas emanações são fluidos que estão sempre em movimento.

O conhecimento secreto possui cinco conjuntos e em cada conjunto existem duas categorias. As categorias são: a
terra e as regiões escuras; fogo e a água; o acima e o abaixo; o sonoro e o silente; o movimento e o estacionário.

a) Terra: é o conhecimento de tudo que existe sobre o solo.


b) Regiões escuras: é o conhecimento de todas as entidades sem vida orgânica, criaturas vivas que povoam a
terra juntamente com todos os seres orgânicos. O homem comum não os vê porque o casulo do homem está
enrijecido, não tendo uma interação possível com o que existe.

c) Fogo: é o conhecimento do calor e da chama, que são usados para transportar corporalmente o homem. O
fogo se divide em calor e chama.

d) Água: é o conhecimento da umidade e da fluidez e também transporta o homem corporalmente. A água é


dividida em umidade e fluidez.

Observação: a unidade formada pelo calor e umidade é chamada de propriedade menor. A unidade formada pela
chama e fluidez é denominada de propriedade mais elevada. A propriedade mais elevada é o meio de transporte
do reino corpóreo ao reino da vida não orgânico.

e) Acima: conhecimento secreto sobre os vento, as chuvas, os relâmpagos, as nuvens, os trovões e a luz do dia,
que é o sol.

f) Conhecimento do abaixo: nevoeiro, águas das fontes subterrâneas, pântanos, terremotos, noite, o luar e a
lua.

g) Sonoro e silente: conhecimento secreto que tinha a ver com a manipulação do som e da quietude.

A umidade da água apenas molha ou ensopa, mas a fluidez da água move. Ela corre em busca de outros níveis
abaixo de nós. Existem elos entre os níveis, sendo que um elo pode nos leva para outros níveis abaixo. São sete
níveis abaixo.

É possível ser transportado em essência para qualquer lugar. A água corrente é usada para transportar no nível
em que estamos. A água de lagos profundos ou de nascentes transporta para as profundezas, são utilizadas para
nos levar a um encontro face a face com um ser vivente do primeiro nível. A maneira mais segura de encontrar
uma dessas criaturas é através de uma porção de água.

Não existe profundeza, existe apenas manipulação de consciência.

As grandes faixas estão inexplicavelmente entrelaçadas, como um feixe de feno que é mantido coeso em pleno ar
pela força da mão de quem o juntou.

Tudo o que existe na terra está aprisionado. Tudo o que percebemos é construído de partes de casulos ou
vasilhas com emanações. O mundo total é feito de quarenta e oito faixas. O mundo que nosso ponto de aglutinação
aglomera para a nossa percepção normal é construído de duas faixas; uma é a faixa orgânica, a outra é somente
uma faixa que tem apenas estrutura, mas não consciência. As outras quarenta e seis faixas não fazem parte do
mundo que percebemos normalmente. Existem outros mundos completos que nossos pontos de aglutinação podem
aglomerar. São sete tais mundos, um para cada faixa de consciência. Dois desses mundos, ao lado do mundo da
vida cotidiana, são fáceis de concatenar. Os outros cinco são outra coisa.

O deslocamento do nosso ponto de aglutinação para área abaixo de sua posição normal, costuma permitir uma
visão detalhada e estreita do mundo que conhecemos. Essa visão é tão detalhada que parece ser um mundo
inteiramente diferente. É uma visão fascinante.
A vida orgânica não é a única vida presente na Terra, a própria Terra é um ser vivo. A Terra tem um casulo,
existe uma bola circundando a Terra, que é um casulo luminoso que contêm as emanações da Águia. A Terra é um
gigantesco ser consciente. A chave mágica que abre as portas da Terra é feita de silêncio interno e mais qualquer
coisa que brilhe.

A Terra é um ser consciente e, como tal, pode dar aos guerreiros um grande impulso, um empurrão que vem da
consciência da própria Terra no instante em que as emanações do interior dos casulos dos guerreiros alinham-se
com as emanações apropriadas do interior do casulo da Terra. A Terra possui todas as emanações presentes em
todos os seres conscientes, orgânicos e inorgânicos. Os guerreiros podem usar esse alinhamento para perceber,
como todos os demais, ou usá-lo como um impulso que lhes permita entrar em mundos imagináveis.

Nosso mundo, que acreditamos ser único e absoluto, é apenas um meio a um conjunto de mundos consecutivos,
arrumados como camadas de uma cebola. Apesar de sermos energeticamente condicionados a perceber apenas
nosso mundo, ainda temos a capacidade de entrar nas outras regiões, que são tão reais, únicas, absolutas e
envolventes como o nosso mundo.

Por causa do nosso condicionamento somos compelidos a presumir que o mundo de nossa vida cotidiana é o único
mundo possível.

Perceber a essência nos fará compreender o mundo em termos completamente novos.

A essência do universo lembra fios incandescentes, esticados até o infinito em todas as direções concebíveis,
filamentos luminosos com consciência de si. A essência do universo é impossível de ser compreendida pela mente
humana.

O nosso atual mundo existe devido a uma determinada posição do nosso ponto de aglutinação. Existem outros
mundos relacionados com outras posições do nosso ponto de aglutinação.

O mundo é como uma cebola. Tem muitas peles. O mundo que conhecemos é apenas uma delas. Algumas vezes
atravessamos fronteiras e entramos em outra pele: outro mundo, muito parecido com este, mas não o mesmo.

No universo só existe energia; o mal é simplesmente uma concatenação da mente humana, esmagada pela fixação
do ponto de aglutinação em seu posicionamento habitual.

O mundo é tudo o que está encerrado aqui: a vida, a morte, pessoas, aliados e tudo o mais que nos cerca. O mundo
é incompreensível. Nunca o compreenderemos, nunca o desvendaremos seus segredos. Assim temos de tratá-lo
como ele é, um simples mistério. Mas o homem comum não faz isto, o mundo nunca é mistério para ele e, quando
chega a velhice, está convencido de que não tem mais nada por que viver. Um velho não esgotou o mundo, só
esgotou o que as pessoas fazem. Mas, em sua estúpida confusão, acredita que o mundo não tem mais mistérios
para ele. Que preço triste para pagar por nossos escudos.

Fumei: abri os olhos ao máximo que pude. Dom Juan falou que eu tinha de esperar um pouco e ficar de olhos
abertos o tempo todo e que, em dado momento, eu veria o guarda do outro mundo. Vi, é um animal gigantesco e
monstruoso. Este é o guarda. Se você quiser ver tem que dominar o guarda. O guarda, as vezes, é para alguns de
nós, uma fera terrível, alto como o céu. Você não pode fazer o guarda desaparecer por um ato de vontade. Mas a
sua vontade pode impedir que ele lhe faça mal. Poderá passar pelo guarda. Fumar não é o único meio de ver o
guarda, pode ver sem o fumo. Prefiro o fumo porque é menos perigoso para a gente e mais eficaz.
O universo é uma aglomeração infinita de campos de energia, semelhantes a filamentos de luz. Esses campos de
energia, chamados de emanações da Águia, radiam de uma fonte de proporções inconcebíveis, metaforicamente
denominada Águia.

O universo é feito de campos de energia que desafiam a descrição ou a análise. Disse que pareciam filamentos de
luz comum, exceto pelo fato de ser inanimada comparada às emanações da Águia, que exsudam consciência.

A terra é consciente e sua consciência pode afetar a consciência dos humanos.

O universo é feito de campos de energia que desafiam a descrição ou a análise. Disse que pareciam filamentos de
luz comum, exceto pelo fato de ser inanimada comparada às emanações da Águia, que exsudam consciência.

O universo é uma aglomeração infinita de campos de energia, semelhantes a filamentos de luz. Esses campos de
energia, chamados de emanações da Águia, radiam de uma fonte de proporções inconcebíveis, metaforicamente
denominada Águia.

O Universo é composto de um número infinito de campos energéticos que existem no universo como filamentos
luminosos. Esses filamentos luminosos agem no homem como um organismo. A resposta do organismo é
transformar esses campos energéticos em informações sensoriais. As informações sensoriais são então
interpretadas, e essa interpretação se torna o nosso sistema cognitivo. Minha compreensão da cognição me força
a acreditar que isso é um processo universal.

O Espaço

O espaço é uma região abstrata da atividade, é o infinito.

Espaços Entre os Mundos

O deserto é um lugar fora do mundo, um espaço entre o mundo que conhecemos e o outro mundo. O deserto é uma
área entre as linhas paralelas. Podemos ir no deserto em sonhos. Mas a fim de deixar esse mundo e alcançar o
outro, o que fica além das linhas paralelas, temos que atravessar essa área com nosso corpo todo. O deserto é
rodeado de pequenos montes arredondados, verdadeiras dunas de areia em todas as direções, indo até a linha do
horizonte. É semelhante a um arenito amarelo-pálido, ou grânulos rugosos de enxofre. O céu também possui a
mesma cor e fica baixo e opressivo. Existem rolos de neblina amarela, ou uma espécie de vapor amarelado caindo
de certos pontos do céu. Para mover precisa-se de muita energia, como que pequenas explosões, seguidas de uma
pausa.

A sensação que temos ao entrar pela parede de névoa, é como o nosso corpo estivesse sendo torcido como as
tranças de uma corda. Do outro lado existe uma planície horrível e desoladora com dunas de areia pequenas e
redondas. Existem nuvens amarelas muito baixas, mas não havia céu ou horizonte, barreiras de vapor amarelo-
pálido prejudicam a visibilidade. É muito difícil andar. A pressão parece muito maior do que o corpo está
habituado a sofrer. Quanto mais se afasta da parede mais escuro fica e mais difícil de manter a posição ereta e
tem que se arrastar. O Nagual tem que nos puxar para nos retirar desse lugar.
A Fresta Entre Dois Mundos

A coisa especial a se aprender é como chegar a fresta entre os mundos e como entrar no outro mundo. Existe
uma fresta entre os dois mundos, o mundo dos diableros e o mundo dos homens vivos. Existe um lugar onde os
dois mundos se sobrepõem. A fresta está ali. Abre e fecha como uma porta ao vento. Para chegar lá, o homem
tem de exercer sua vontade. Posso dizer que ele deve ter um desejo invencível de fazer isso, uma dedicação
total. Mas ele tem de fazê-lo sem o auxílio de qualquer poder, ou de qualquer homem. O indivíduo sozinho deve
ponderar e desejar, até o momento em que seu corpo esteja pronto para empreender a jornada. Esse momento é
anunciado por um tremor prolongado nos membros e vômitos violentos. Geralmente, o homem não consegue dormir
nem comer e vai minguando. Quando as convulsões não param, o homem está pronto para ir e a fresta entre os
mundos aparece bem diante dos olhos dele, como uma porta monumental, uma fresta que sobe e desce. Quando a
fresta se abre, o homem tem de deslizar por ela. É difícil enxergar do outro lado dos limites. É ventoso, como
uma tempestade de areia. O vento rodopia. Então, o homem tem de andar,em qualquer direção. Será uma viagem
curta ou longa, dependendo de sua força de vontade. Um homem de muita força faz uma viagem breve. Um homem
indeciso e fraco faz uma viagem longa e perigosa. Depois dessa viagem, o homem chega a um tipo de planalto. É
possível distinguir algumas de suas características claramente. É uma planície acima do solo. É possível
reconhecê-lo pelo vento, que se torna ainda mais violento, batendo e uivando em volta. Em cima daquele
planalto,está a entrada para aquele outro mundo. E ali está uma película que separa os dois mundos; os homens
mortos passam por ela sem barulho, mas nós temos de rompê-la com um grito. O vento torna-se mais forte, o
mesmo vento rebelde que sopra no planalto. Quando o vento já está bastante forte, o homem tem de gritar e o
vento o empurra para atravessar. Aqui também ele tem de ser inflexível, para poder lutar contra o vento. Só
precisa de um empurrãozinho; não precisa ser soprado para os confins do outro mundo. Uma vez do outro lado,o
homem terá de vagar por ali. Se tiver sorte, encontrará um auxiliar por perto, não muito longe da entrada. O
homem tem de lhe pedir ajuda. Em suas próprias palavras, tem de pedir ao auxiliar que lhe ajude e o torne um
diablero. Quando o auxiliar concorda, ele mata o homem no mesmo lugar e, enquanto está morto, ensina-lhe.
Quando você fizer a viagem, dependendo de sua sorte, poderá encontrar um grande diablero no auxiliar que o
matará e lhe ensinará. Mas em geral a pessoa encontra brujos sem importância, que têm pouca coisa a ensinar.
Mas nem você nem eles têm o poder de recusar. O melhor é encontrar um auxiliar masculino, para não se tornar
presa de uma diablera, que fará a pessoa sofrer de uma maneira incrível. As mulheres são sempre assim. Mas isso
só depende da sorte, a não ser que o benfeitor da pessoa seja ele mesmo um grande diablero, e nesse caso terá
muitos auxiliares no outro mundo, e pode dirigir a pessoa para ver um determinado auxiliar. Depois que
voltar,você não será mais o mesmo. Está comprometido a voltar para ver seu auxiliar freqüentemente. E
compromete-se a viajar cada vez mais longe da entrada, até que um dia irá longe demais e não poderá voltar. Às
vezes, um diablero pode pegar uma alma e empurrá-la pela entrada e deixá-la em custodia de seu auxiliar,até
roubar a pessoa de toda a sua força de vontade. Em outros casos,como o seu, por exemplo, a alma pertence a uma
pessoa forte, e o diablero pode guardá-la dentro de sua sacola, pois ela é muito pesada para carregar de outro
modo. Em tais casos, como no seu,uma luta pode resolver o problema... uma luta em que o diablero ou ganha tudo
ou perde tudo.

O Tempo

O tempo é como o pensamento; um pensamento pensado por alguma coisa inconcebível em sua magnitude. O
homem sendo parte desse pensamento, preserva uma pequena percentagem desse pensamento. O tempo é como
um túnel de comprimento (roda do tempo) e largura infinitos, um túnel com sulcos de reflexão. Cada sulco é
infinito e existem um número infinito deles. A criatura viva é obrigada, pela força da vida, a contemplar um
determinado sulco. Contemplar um sulco significa se agarrar a ele, para viver aquele sulco.
Capítulo IV

Mestres

O feiticeiro vêem para nos ensinar e depois que nos ensinam eles partem.

O feiticeiro mestre é uma águia, que pode transformar-se em águia.

O feiticeiro mestre pode levar seu discípulo com ele e atravessar as dez camadas do outro mundo, começando da
camada mais inferior e depois passar por cada mundo sucessivo até chegar ao topo.

O toque do Nagual modifica as pessoas, o toque modifica o seu corpo, penetra dentro do seu corpo e coloca
alguma coisa dentro dele, deixa alguma coisa lá dentro e essa coisa toma conta e hoje eu sou o vento do norte.

O Nagual é dividido em dois. A qualquer momento que ele precisar, algo sai de dentro dele, algo que não é um
sósia, mas sim uma forma horrenda e ameaçadora, que parece com ele, mas é o dobro do tamanho dele. Chamamos
essa forma de nagual. Essa forma sai da cabeça dele.

O Nagual não possui mais sentimentos humanos, para ele, tudo é igual, aceita o seu destino.

O segundo ciclo do feiticeiro é quando ele não é mais humano.

Ser Nagual, significa não ter nenhuma posição a defender.

Carlos Castaneda diz que o seu benfeitor (mestre) era um homem sereno, que dava tudo o que possuía, incluindo
sua energia. Para ele, não era difícil permitir que os aliados usassem sua energia para materializarem-se. Houve
um aliado, em particular, que podia assumir uma forma humana grotesca.

O Nagual

O homem comum não tem energia necessária para lidar com feitiçaria. Se usar apenas a energia que tem, não
pode perceber os mundos que os feiticeiros percebem. Para fazê-lo, os feiticeiros precisam usar um grupo de
campos de energia não usado normalmente. A medida que o tempo passa, você está aprendendo a economizara
energia. E essa energia irá capacitá-lo a manipular alguns dos campos de energia que lhe são agora inacessíveis.
Feitiçaria é a habilidade de usar campos de energia que não são empregados para perceber o mundo normal que
conhecemos. Feitiçaria é um estado de consciência. Feitiçaria é a capacidade de perceber algo que a percepção
comum não consegue.

O Nagual é um líder natural, uma pessoa capaz de ver fatos energéticos sem prejuízo para seu bem-estar. Fatos
energéticos é uma visão obtida por ver a energia diretamente.

Não necessitamos de ninguém para nos ensinar feitiçaria, porque de fato não há nada a aprender. O que
necessitamos é de um professor para nos convencer de que há poder incalculável ao alcance de nossos dedos.
Cada guerreiro pensa que está aprendendo feitiçaria, mas tudo que está fazendo é permitir a si mesmo ser
convencido do poder oculto em seu ser, e que pode alcançá-lo.

O nagual sempre esta ativa e permanentemente atento às manifestações do espírito. Tais manifestações eram
chamadas gestos do espírito ou, de modo mais simples, indicações ou presságios. A intuição é a ativação de nosso
elo com o intento.

Os guerreiros preocupavam-se em discutir, compreender e utilizar o elo de conexão com o intento. Estavam
empenhados em limpar o elo de conexão dos efeitos atordoantes causados pelas preocupações comuns de suas
vidas cotidianas.

É um homem ou uma mulher com energia extraordinária. Eles são intermediários e canalizam paz, harmonia,
alegria e conhecimento diretamente da fonte, do intento, para os seus companheiros. O nagual é o intermediário
entre o indivíduo e o intento.

O feiticeiro manipula o espírito. Reconhece-o, acena-lhe, convida-o, familiariza-se com ele, e expressa-o através
de seus atos. O feiticeiro encontra o abstrato sem pensar a respeito, sem vê-lo, tocá-lo ou sentir sua presença.

É aquele que sabe mover seu ponto de aglutinação para uma nova posição. A partir dessa nova posição, pode fazer
todos os tipos de coisas boas e más aos seus semelhantes. Os feiticeiros não se encontram mais no mundo dos
afazeres diários, porque não são mais presa de sua auto-reflexão. Não está mais preso pelas preocupações do
mundo cotidiano. Permanecem num mundo cotidiano, mas não pertencem mais a ele.

Os feiticeiros amadurecidos são capazes de mover-se para além do mundo que conhecemos, o que não ocorria com
pessoas inexperientes.

O Nagual é o conduto do espírito. Ele, o Nagual, gasta uma vida inteira redefinindo de modo impecável seu elo de
conexão com o intento, e uma vez que tem mais energia que o homem comum, pode permitir que o espírito se
expresse através através de si. A primeira coisa que o aprendiz de feiticeiro experimenta é uma mudança em seu
nível de consciência, uma mudança provocada simplesmente pela presença do espírito. Não há procedimento
envolvido em fazer o ponto de aglutinação mover-se. O espírito toca o aprendiz, e seu ponto de aglutinação move.

O feiticeiro é o único ser na terra que treina a si mesmo a fazer duas coisas transcendentais: primeiro em
conceber a existência do ponto de aglutinação e, segundo, fazer o ponto de aglutinação mover.

O feiticeiro para ter completa certeza sobre seus atos, sobre sua posição no mundo dos feiticeiros, ou de ser
capaz de utilizar com inteligência sua nova continuidade, deve invalidar a continuidade de sua antiga vida.

O feiticeiro nunca pode construir uma ponte para juntar-se às pessoas do mundo.

O feiticeiro é capaz de injetar movimento na esfera de luminosidade estática. Num milésimo de segundo o
feiticeiro pode mover o seu ponto de aglutinação a qualquer lugar em sua massa luminosa. Esse movimento e a
velocidade com o qual é realizado envolve um deslocamento instantâneo para a percepção de outro universo
totalmente diferente. Ou pode mover seu ponto de aglutinação, sem parar, através de seus campos inteiros de
energia luminosa. A força criada por tal movimento é tão intensa que consome instantaneamente sua massa
luminosa inteira.

Os naguais sempre estavam ativa e permanentemente atentos às manifestações do espírito. Tais manifestações
eram chamadas gestos do espírito ou, de modo mais simples, indicações ou presságios. A intuição é a ativação de
nosso elo com o intento.
O feiticeiro comanda sua morte. Morre apenas quando precisa morrer.

Ser Nagual significa alcançar um nível de consciência que dá acesso a coisas inconcebíveis. A ação do Nagual
existe exclusivamente no reino do abstrato, do impessoal. O Nagual luta para alcançar uma meta que nada tem a
ver com as buscas do homem comum. As aspirações do Nagual é alcançar o infinito e ser consciente dele. A
tarefa do Nagual é enfrentar o infinito e submergir nele diariamente, tal como um pescador submerge no mar. O
Nagual tem que pronunciar o seu nome antes de entrar nele, dessa maneira, sua individualidade é mantida diante
do infinito.

O que faz o ser humano se converter em um Nagual é a capacidade de perceber a energia tal como ela flui no
universo e que quando percebe um ser humano dessa maneira, vê uma bola luminosa,ou uma figura luminosa em
forma de ovo.

O Nagual é vazio, e que esse vazio não reflete o mundo, mas reflete o infinito.

Os feiticeiros estão divididos em dois grupos: os Sonhadores que são aqueles que possuem grande facilidade em
deslocar o ponto de aglutinação. Os Espreitadores que são aqueles que possuem grande facilidade em manter o
ponto de aglutinação fixado na nova posição. Sonhadores e espreitadores se complementam um ao outro e eles
trabalham juntos com suas inclinações inatas.

A arte do Nagual é manipular o ponto de aglutinação e fazê-lo mudar de posição, à vontade, nas esferas luminosas
que são os seres humanos.

Uma das grandes artes do feiticeiro é saber quando parar.

Conselhos do Nagual

Preocupa-se em pensar antes de tomar qualquer decisão, porém, uma vez tomada, siga seu caminho, livre de
preocupação e pensamento.

Aquele que pensa que está acima dos animais vive pior do que eles.

Para ser um guerreiro é preciso ser claro como o cristal.

Quando o homem apreender a ver, ele se encontrará.

Quando o homem aprende a ver, entende que não pode mais pensar a respeito das coisas que ele olha, e se não
pode mais pensar sobre as coisas que olha, tudo fica sem importância.

Uma vez que o homem aprendeu a ver, tudo no mundo passa a não ter importância. Tudo é igual, e dessa forma
sem importância.

"Tive tempo de olhar para trás e examinar minha vida. Hoje, os problemas do meu tempo são apenas histórias; e
nem mesmo uma história interessante. Talvez eu tenha desperdiçado anos de vida perseguindo uma coisa que
nunca existiu. Ultimamente, tenho a impressão que acreditei numa farsa" (palavras de um advogado político)
Os opressores e os oprimidos se encontram no fim, e a única coisa que prevalece é que a vida foi muito curta para
ambos.

Não somos meramente o que nosso bom senso quer que acreditemos que somos. Somos na verdade seres
luminosos, capazes de nos tornar conscientes de nossa luminosidade.

Como seres luminosos conscientes de nossa luminosidade somos capazes de ter consciência dos diferentes e
separados aspectos de nossa existência.

Deixar de lado a vontade e de se prender a ela. Não se prender as coisas tais como: as comidas de que gosta, as
montanhas onde vive, as pessoas de quem gosta de conversar e ao desejo de ser querida (o).

O curandeiro nos trouxe a realidade de que somos nada.

Como estou longe do céu onde nasci. Uma imensa nostalgia me invade o pensamento. Agora que estou só e triste,
qual folha ao vento, às vezes quero chorar, as vezes quero rir da saudade.

Não adianta ficar triste, queixar-se, procurar justificativas, ou acreditar que alguém está sempre nos fazendo
alguma coisa. Ninguém faz nada a ninguém, muito menos a um guerreiro.

"E as pessoas que eu amo?" Perguntei a Dom Juan. "O que lhes acontecerá". Serão deixadas para trás, disse ele.
"Mas não há um meio de recuperá-las.Eu não poderia salvá-las e levá-las comigo". Não.

Genaro deixou sua paixão e Ixlan: seu lar, sua gente, todas as coisas de que gostava. E agora ele vagueia em seus
sentimentos, e as vezes, como ele mesmo disse, quase alcançou Ixlan.

Parti e os pássaros ficaram cantando.

Tente analisar os seus sentimentos.

Durante toda a vida temos de lutar contra os nossos antigos seres.

O nosso grande inimigo é o fato de que nunca acreditamos no que está acontecendo. Quando compreendemos o
que se está acontecendo, geralmente é tarde demais para voltar atrás. É sempre o intelecto que nos engana.

Não há nada mais importante para nós, seres vivos, do que entrar naquele mundo.

Para entrar no outro mundo a pessoa tem de ser completa. Para ser feiticeiro, tem de ter luminosidade, nem
buracos, nem remendos e todo o fio do espírito. Um feiticeiro que for vazio tem de tornar a ser completo. Para
recuperar o fio Ele me orientou que a primeira coisa a fazer e rejeitar o amor dos filhos, a não se interessar nem
a gostar. No dia em que meus filhos não significassem nada para mim, eu tinha de tornar a vê-los, por os olhos
sobre eles e as minhas mãos também. Tinha de afagá-los delicadamente sobre a cabeça e deixar que o meu lado
esquerdo lhes roubasse o fio.

Entrei no outro mundo ainda em vida. Precisa ser completo. Para ser completo, tem de rejeitar tanto a mulher
que o esvaziou quanto o menino que tem o seu amor.

Nada no mundo pode significar alguma coisa a não ser para cada um de nós pessoalmente.

Renunciar ao mundo e no entanto estar nele.


É preciso todo o tempo e toda a energia que temos para vencer a idiotice dentro de nós. É isso que importa, o
resto não tem importância.

O Nagual ensina a ser desapaixonado(a).

O Nagual disse que o mundo dos homens sobe e desce e as pessoas sobem e descem com seu mundo: como
feiticeiros, não temos nada de acompanhá-los em suas subidas e descidas. A arte do feiticeiro é estar por fora
de tudo e passar despercebido. É nunca desperdiçar o seu poder.

Se eu não focalizar a minha atenção sobre o mundo, o mundo desmorona.

Só podemos escolher uma vez. Escolher entre ser guerreiro ou homem comum. Não existe uma segunda escolha.
Não nesta terra.

O Nagual exige que nos tornemos leves como a brisa.

Temos que ter controle, disciplina, paciência, oportunidade e vontade.

Agir com raiva, sem controle sem disciplina e não ter paciência é ser derrotado.

As possibilidades humanas pertencem ao desconhecido.

Não são aquilo que somos capazes de escolher, mas aquilo que temos capacidade de atingir.

De todos os itens do caminho o mais eficaz é perder a auto-importância.

Ser impecável significa aceitar sua vida, objetivando reforçar suas decisões, e em seguida dar muito mais do que
o máximo de si para realizar essas decisões.

Quando a gente não está decidindo nada, está meramente jogando roleta com a vida.

Mover o ponto de aglutinação é tudo, mas não significa nada se não for um movimento sóbrio e controlado.
Portanto, feche a porta da auto-reflexão. Seja impecável e terá a energia para atingir o lugar do conhecimento
silencioso

A auto-importância é o maior inimigo do homem. O que o enfraquece é sentir-se ofendido pelos atos e omissões
de seus semelhantes. A auto-importância exige que se passe a maior parte da vida ofendido por alguma coisa ou
por alguém.

Zangar-se com as pessoas significa que se considera o ato delas importantes.

Um guerreiro deve sempre manter em mente que um caminho é apenas um caminho; se achar que não deve seguí-
lo, não deve permanecer nele em nenhuma circunstâncias. Sua decisão de permanecer no caminho ou abandoná-lo
deve estar livre de medo ou ambição.

Nós não nos damos conta de que podemos cortar qualquer coisa de nossas vidas, a qualquer momento, num piscar
de olhos.

Todos os caminhos são iguais: não levam a lugar algum.


Enquanto um homem acha que ele é a coisa mais importante no mundo, não pode apreciar de verdade o universo
em volta de si. É como um cavalo com antolhos, só vê a si próprio separado de tudo o mais.

A única limitação dessa viagem maravilhosa é que para entrar nas maravilhas deste mundo, ou nas maravilhas de
um outro mundo, um homem tem de ser um guerreiro: calmo, senhor de si, indiferente, amadurecido pelas
investidas do desconhecido.

O Guerreiro

O campo de batalha do guerreiro é a segunda atenção, uma espécie de campo de treinamento para atingir a
terceira atenção.

Quando o guerreiro aprendem a focalizar o lado fraco da segunda atenção, torna-se caçador de homens,
vampiros, mesmo depois de mortos podem atingir sua presa através do tempo, como estivessem presentes aqui
agora, e nos transforma em presas se entrarmos em uma daquelas pirâmides.

A recomendação para os guerreiros é não ter nenhuma coisa material na qual focalizar seu poder, mas focalizá-lo
no espírito, no verdadeiro vôo ao desconhecido, e não em campos triviais.

O curso do destino de um guerreiro é inalterável. O desafio é o quão longe ele pode ir dentro desses rígidos
destinos, o quão impecável ele pode ser dentro desses limites rígidos. Se há obstáculos no seu caminho, o
guerreiro luta impecavelmente para ultrapassá-los. Se acha dificuldades e dores insuportáveis no seu caminho ele
chora, mas todas as suas lágrimas juntas não movem a linha do destino nem um milímetro.

Ser um guerreiro é quando a pessoa sabe muita coisa. Significa que a pessoa vê o mundo de diversas maneiras.
Para ser guerreiro, é preciso estar em equilíbrio perfeito com todo o universo visível e invisível. O guerreiro deve
ser indivíduo muito ajustado.

Ser guerreiro significa que a pessoa toca o mundo que o cerca moderadamente. Não danifica, não expõe, não
utiliza e não espreme as pessoas. Evita esgotar-se a si e aos outros. Significa que não está faminto nem
desesperado. Não significa esconder-se, nem ser misterioso, não significa que o guerreiro não possa lidar com as
pessoas. Um guerreiro usa seu mundo com parcimônia e ternura, trata intimamente com seu mundo. O guerreiro
toca o mundo de leve, fica o tempo que precisa, e depois passa adiante rapidamente, quase sem deixar marca.

A fim de ser um caçador, a pessoa tem que romper as rotinas de sua vida.

Um guerreiro procura o poder e um dos caminhos para o poder é sonhar. A diferença entre um caçador e um
guerreiro é que este está a caminho do poder, enquanto aquele não sabe nada, ou muito pouco a respeito do
poder.

Um guerreiro calcula tudo, isso é controle. Mas uma vez terminados os seus cálculos, ele age. Um guerreiro não é
uma folha à mercê do vento. Ninguém pode empurrá-lo, ninguém pode obrigá-lo a fazer coisas contra si ou contra
o que ele acha certo. Um guerreiro é preparado para sobreviver e ele sobrevive da melhor maneira possível. Um
guerreiro pode ser ferido, mas não ofendido. Para um guerreiro, não há nada de ofensivo nos atos de seus
semelhantes, enquanto ele estiver agindo dentro da disposição correta.
O guerreiro constrói a gaiola e depois desliza para dentro dela e a lacra por dentro. Se enterram para ter
esclarecimento e poder.

Procurar a perfeição do espírito do guerreiro, é o único empreendimento digno do guerreiro.

O Nagal disse: agora deve focalizar sua atenção sobre tudo o que existe nesse topo de morro, pois este é o lugar
mais importante de sua vida. Este é o lugar em que você morrerá. No dia em que terminar o seu prazo de estada
na terra e sentir o toque da morte em seu ombro esquerdo, seu espírito, que está sempre pronto, voa para o lugar
de sua predileção e ali o guerreiro dança até a sua morte. Se um guerreiro agonizante tem um poder limitado, sua
dança é curta, se seu poder for grandioso, sua dança é magnífica. A morte tem de parar para assistir a sua última
posição na terra. A morte não pode alcançar o guerreiro que está cantando a luta de sua vida pela última vez, até
ele terminar a dança.

Um guerreiro é impecável quando confia em seu poder pessoal, sem considerar que ele seja pequeno ou grande.

Olhei para Dom Genaro e vi que ele devia ter tido muitos laços do coração, muitas coisas de que gostava e que
deixou para trás. Só como guerreiro pode-se sobreviver no caminho do conhecimento. A arte de um guerreiro é
equilibrar o terror de ser homem com a maravilha de ser homem.

Um guerreiro não procura nada para consolar-se.

A impecabilidade do guerreiro é deixar os outros como são e apoiá-los no que forem.

O guerreiro trata o mundo como um mistério infindável.

A guerra para um guerreiro é a luta total contra aquele eu individual que privou o homem de seu poder.

O guerreiro sempre faz o máximo, e então, sem qualquer remorso ou arrependimento, relaxam e deixam que o
espírito decida o desfecho.

Estágios pelo qual passa o guerreiro na sua longa trilha do conhecimento. Em termos de sua conexão com o
intento, o guerreiro passa por quatro estágios. O primeiro é quando tem um elo enferrujado, não confiável, com o
intento. O segundo, quando consegue limpá-lo. O terceiro, quando aprende a manipulá-lo. O quarto estágio é
quando aprende a aceitar os desígnios do abstrato.

Um guerreiro deve amar este mundo para que este mundo, que parece tão trivial, abra-se e mostre suas
maravilhas.

As ações das pessoas não afetam mais um guerreiro quando ele não tem mais expectativas de nenhuma espécie.
Uma paz estranha se torna a força que governa sua vida. Ele adotou um dos conceitos da vida do guerreiro - o
desapego.

Um guerreiro sabe que é apenas um homem. Ele só lamenta que sua vida seja tão curta que ele não possa agarrar
todas as coisas que gostaria. Mas, para ele, isso não é um problema: é só uma pena.

Um guerreiro tem de saber, antes de mais nada, que seus atos são inúteis e que, no entanto, ele tem de proceder
como se não soubesse. Esta é a loucura controlada de um xamã.

Um guerreiro vive pelo agir, não por pensar em agir, nem por pensar no que ele vai pensar depois de acabar de
agir.
Um guerreiro não tem honra, nem dignidade, nem família, nem nome, nem país; ele tem apenas a vida para ser
vivida e, nessas circunstâncias, sua única ligação com seus semelhantes é sua loucura controlada.

Um guerreiro não precisa de história pessoal. Um dia ele descobre que ela não é mais necessária para ele, e
abandona.

Como nada é mais importante do que qualquer outra coisa, um guerreiro escolhe qualquer ato e age como se lhe
importasse. Sua loucura controlada o faz dizer que o que ele faz importa e o faz agir como se importasse, e
contudo ele sabe que não é assim; de modo que, quando completa seus atos, ele se retira em paz e quer seus atos
tenham sido bons ou maus, dado certo ou não, isso absolutamente não o preocupa mais.

Um guerreiro pode escolher permanecer totalmente impassível e nunca agir, e comportar-se como se ser
impassível realmente lhe importasse; ele também estará certo agindo assim porque isso também seria a sua
loucura controlada.

O homem comum está demasiado preocupado em gostar das pessoas ou que elas gostem dele. Um guerreiro gosta,
e pronto. Gosta do que ou de quem quiser, e dane-se o resto.

Quando um homem entra no caminho dos guerreiros, fica consciente, aos poucos, de que a vida comum ficou para
trás para sempre. Isso significa que o mundo comum não é mais um escudo para ele; e que ele deve adotar uma
nova maneira de viver, para poder sobreviver.

Somente a idéia da morte torna o guerreiro suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a
qualquer coisa. Ele sabe que a morte o espreita e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo que ele
experimenta, sem ansiedade, tudo de todas as coisas.

Sentir-se importante faz a pessoa tornar-se pesada, desajeitada e vaidosa. Para ser um guerreiro, é preciso ser
leve e fluido.

Somente a idéia da morte torna o guerreiro suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a
qualquer coisa. Ele sabe que a morte o espreita e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo que ele
experimenta, sem ansiedade, tudo de todas as coisas.

O espírito do guerreiro não está preparado para a indulgência ou a queixa, nem o está para ganhar ou perder. O
espírito do guerreiro está preparado somente para a luta, e cada luta é a última batalha do guerreiro sobre a
terra. O resultado importa pouco para ele. Em sua última batalha na terra um guerreiro deixa seu espírito fluir
livre e claro. Enquanto sustenta sua batalha, sabendo que seu intento é impecável, um guerreiro ri e ri.

Falamos incessantemente a nós mesmos sobre nosso mundo. De fato, mantemos nosso mundo com nossa conversa
interna. E sempre que terminamos de falar a nós mesmos sobre nós mesmos, o mundo continua sempre como
devia. Nós o renovamos, o animamos com vida, o sustentamos com nossa conversa interna. Não apenas isso,
também escolhemos nossos caminhos quando conversamos com nós mesmos. Assim repetimos as mesmas escolhas
até o dia em que morremos, porque ficamos repetindo a mesma conversa interna sempre, até o dia em que
morremos. Um guerreiro está consciente disso e se esforça para silenciar sua conversa interna.

Ser guerreiro é uma maneira de viver, e essa maneira de viver é a única forma de deter o medo, e o único canal
que um praticante pode usar para deixar o fluxo de sua atividade se mover livremente. Sem o conceito de
guerreiro, é impossível superar as dificuldades do caminho do conhecimento.
Guerreiro é aquele que toma a idéia da morte como uma companheira, uma testemunha dos seus atos. Uma vez
aceita essa premissa, mesmo de uma forma mitigada, se forma uma ponte que se estende sobre o vazio entre o
mundo de nossos afazeres mundanos e alguma coisa que está diante de nós, embora não tenha nome; alguma coisa
que está perdida na neblina e não parece existir; alguma coisa tão terrivelmente obscura que não pode ser usada
como ponto de referência e, no entanto, está ai, inegavelmente presente. O único ser na terra capaz de cruzar
essa ponte é o guerreiro: silencioso em sua luta, ele é o homem que não pode ser detido porque não tem nada a
perder.

Um guerreiro não precisa de história pessoal.

O guerreiro deve ser impecável em seu caminho para mudar, a fim de assustar a forma humana e expulsá-la.
Depois de anos de impecabilidade, chega um momento em que a forma não pode suportar mais e parte. Quer dizer
que chega um momento em que os campos de energia distorcidos por ma vida inteira de hábitos são endireitados.
O guerreiro é profundamente afetado e pode até morrer por causa dessa arrumação nos campos de energia, mas
um guerreiro impecável sempre sobrevive.

O caminho do guerreiro oferece a um homem uma nova vida, e essa vida tem de ser completamente nova. Ele não
pode trazer para essa nova vida os seus velhos e horríveis hábitos.

A recomendação para os guerreiros é não possuir quaisquer coisas materiais nas quais focalizem seu poder, mas
focalizá-lo no espírito, no verdadeiro vôo para o desconhecido, não em trivialidades. Qualquer um que queira
seguir a senda do guerreiro tende se livrar da compulsão para possuir e se apegar as coisas.

O guerreiro que deliberadamente atinge a consciência total é uma visão que deve ser presenciada. É nesse
momento que queima de dentro. O fogo interior o consome. E, em plena consciência, ele se funde à emanações da
Águia e desliza para a eternidade.

Não é que, à medida que o tempo passa, o guerreiro aprenda xamanismo; antes, o que ele aprende enquanto o
tempo passa é economizar energia. Esta energia vai capacitá-lo a manipular alguns campos de energia que são
normalmente inacessíveis a ele.

O impulso do caminho do guerreiro é para derrubar a auto-estima. E tudo o que os guerreiros fazem é no sentido
de alcançar essa meta.

Os xamãs arrancam a mascar da auto-importância e descobriram que ela é a autopiedade disfarçada em outra
coisa.
Capítulo V

O Poder

O poder só vem depois que aceitamos o nosso destino sem recriminação.

Precisamos de todo o nosso poder, de toda a nossa integridade a fim de entrar naquele outro mundo.

O mundo dos homens sobe e desce e as pessoas sobem e descem com o mundo. O feiticeiro não acompanha a
subida e a descida do mundo. A arte do feiticeiro é estar fora de tudo e passar despercebido, e nunca
desperdiça poder, com a subida e a descida do mundo.

Lugares de Poder

Os lugares de poder são buracos para o desconhecido, para o outro mundo. Aquele mundo e este que vivemos são
duas linhas paralelas, as vezes o alcançamos através do sonho. Em determinados lugares existem aberturas
naturais.

A única abertura para o mundo de um nagual é através do sul. O portal é guardado por duas guerreiras. As duas
guerreiras nos cumprimentam e nos deixam passar, se assim elas desejarem.

O Nagual apontou para o campo bem abaixo de nós, ao pé do penhasco. Explicou que o campo em questão era
rodeado por um curral natural de rochas. De onde eu estava sentado, podia ver uma área de talvez uns cem
metros de diâmetro e que parecia um circulo perfeito. Eu não teria notado a redondeza perfeita se Dom Juan não
a mostrasse. Quanto mais perfeita sua redondeza, maior o poder. O Nagual falou que ali é um lugar de poder, que
neste lugar, há muito tempo foi enterrados guerreiros. Falou que não era um cemitério e que ninguém está
sepultado ali. Ao falar que antigamente os guerreiros se enterravam ali, quis dizer que eles vinham aqui para se
enterrarem por uma noite, ou por dois dias, ou pelo tempo que precisassem. O Nagual disse que os ossos dos
mortos não estão enterrados ali. Disse que não preocupa com os cemitérios, não há poder neles. Há poder nos
ossos de um guerreiro, porem eles nunca estão nos cemitérios. E ainda há mais poder nos ossos de um homem de
conhecimento e, no entanto, seria quase impossível encontrá-los.

Certas áreas geográficas não apenas ajudam o precário movimento do ponto de aglutinação, mas também
selecionam direções específicas para esse movimento. O deserto de Sonora ajuda o ponto de aglutinação a
mover-se para baixo.

A maior parte dos animais se assusta com esses lugares (áreas especiais de energia) e evita-os, com exceção dos
leões da montanha e coiotes, que se deitam e até mesmo dormem em tais lugares. Esses lugares emitem
imperceptíveis cargas de energia revigorante.

Objetos de Poder
Existem dezenas de objetos de poder que são criados por homens poderosos, com auxílio de espíritos benignos.
Esses objetos são ferramentas, não ferramentas comuns, mas sim ferramentas da morte. São instrumentos; não
tem poder de ensinar. São objetos de guerra destinados a luta: são feitos para matar, para serem lançados

Exercícios

Primeiro Exercício: Queixo no ombro direito e lentamente inspira a medida que vai virando a cabeça em 180
graus. A respiração termina no ombro esquerdo. Terminada a inspiração, a cabeça fica relaxada. Expira olhando
para frente. A próxima expiração é da esquerda para a direita.

Segundo Exercício: Existem três técnicas básicas de espreita. 1) recapitular acontecimentos. 2) respiração. 3)
engradamento. A recapitulação é a técnica mais profunda para se perder a forma humana. Fazer uso do não
fazer, apagar sua história pessoal, perder a auto-importância, quebrar as rotinas. Ficar sempre por trás dos
bastidores se houver conflito.

Terceiro Exercício: Nunca levar nada a sério, rir de si próprio, ter paciência sem limite, nunca ter pressa, nunca
se desesperar, capacidade de improvisar.

Quarto Exercício: Olhar para as coisas indefinidamente.

Quinto Exercício: Estabelecer um lugar conhecido para ir. Obriga-se a ir lá. Procure controlar o tempo de sua
viagem.

Sexto Exercício: Arrumar uma tira para colocar na cabeça quando for dormir. É você mesmo é que tem que faze-
la, do princípio ao fim. Faze-la depois que tiver uma visão dela no sonho. Pode ser um gorro apertado. Sonhar fica
mais fácil quando a gente usa um objeto de poder em cima da cabeça.

Sétimo Exercício: Para recuperar força tenho que dormir com a cabeça para o leste.

Oitavo Exercício: Não se alimentar com comida preparada por mulher fracas.

Nono Exercício: As mulheres possuem o seu próprio abismo, o abismos que é o período menstrual. O Nagual disse
que essa é a porta para elas. Durante a menstruação elas se tornam outra coisa, o Nagual insiste para que as
meninas prestem atenção a tudo quanto lhes acontecem no período menstrual. Nesses dias ele as levava as
montanhas e ficava lá com elas até que vissem a fresta entre as montanhas.

Décimo Exercício: sentado e olhando para os morros. Ficar sentado dias e dias até a fresta abrir-se.

Décimo Primeiro Exercício: Deixar o sol entrar pelos seus olhos, especialmente o esquerdo, é a melhor maneira
para adquirir energia.

Décimo Segundo Exercício: Ficar contemplando a chuva, o nevoeiro.

Décimo Terceiro Exercício: Dominar totalmente a consciência, a espreita e a atenção.

Décimo Quarto Exercício: Os procedimentos chaves são os sonhos, a espreita e a intenção.


Décimo Quinto Exercício: Três técnicas para deslocar o ponto de aglutinação: Primeira é a espreita que é o
controle sistemático do comportamento, do comportamento diante das pessoas. Segunda técnica é a intenção que
é a orientação da vontade. A terceira técnica é o sonho. O modo mais eficiente de deslocar o ponto de
aglutinação é aprender a sonhar. Nos sonhos o ponto de aglutinação se desloca ligeiramente para a esquerda, de
maneira natural. O ponto de aglutinação relaxa quando o homem dorme. Sonhar é o controle do deslocamento
natural que o ponto de aglutinação sofre durante o sono. O deslocamento do ponto de aglutinação é que produz os
sonhos. Interferir nos sonhos é interferir com o deslocamento natural do ponto de aglutinação. Exercícios como
encontrar as mãos nos sonhos, destina manter o ponto de aglutinação fixo num lugar para o qual se desloca
durante o sonho. O lugar para onde o ponto de aglutinação se desloca nos sonhos é chamado de posição de sonho.

Décimo Sexto Exercício: Quando tiver impaciente, desesperado, raivoso ou triste, gire os olhos na direção dos
ponteiros do relógio, o movimento dos olhos faz o ponto de aglutinação deslocar por um momento.

*Especialista em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília e Mestre em História pela Universidade Federal
de Goiânia.
Capítulo VI

Os Ventos

Existem quatro ventos: o primeiro é a brisa na parte da manhã, traz a esperança e a luz, é o vento do leste. O
vento do meio dia é duro, é quente, sopra cheio de energia, mas também cheio de cegueira, é o vento do sul. O
terceiro vento é o vento frio da tarde, triste e difícil, esfria as pessoas e as fazem chorar, é o vento do oeste. O
quarto vento não é quente e nem frio, é o vento que protege e envolve tudo, é o vento do norte, o poder dele anda
junto com as trevas. Os quatro ventos são mulheres. O vento do leste é alegre, o vento do oeste é melancólico e
pensativo. O vento quente do sul é feliz, largado e saltitante. O vento duro da noite é dominador.

Plantas

Deve-se falar com as plantas antes de colhê-las. Para poder ver as plantas, tem de falar com elas pessoalmente,
tem de conhecê-las individualmente, então as plantas lhe dirão tudo o que você quiser saber sobre elas.

Fui repreendido por não ter falado com as plantas que colhi. O Nagual salientou que as plantas que eu matei
também poderiam ter me matado, elas me fizeram ficar doentes. Adoeci por ter ferido as plantas.

As plantas são coisas muito especiais, elas são vivas e sentem.

Não importa o que você disse para as plantas, o que é importante é o sentimento de gostar delas, de tratá-las
como igual. Nem nós nem elas são mais ou menos importantes.

Os eucaliptos são árvores dos naguais.

O casulo de uma árvore gigante não é muito maior do que a própria árvore. Algumas pequenas plantas tem um
casulo quase tão grande quanto o corpo de um homem e três vezes a sua largura. São as plantas de poder.
Possuem as plantas tonalidades diferentes. São rosadas em geral. Rosa amarelada pálido são as plantas
venenosas. Rosa violáceo brilhante são as plantas medicinais. Rosa esbranquiçadas são as plantas de poder. O
ponto de aglutinação das plantas ficam na parte inferior do casulo, enquanto em outros seres orgânicos fica na
parte superior.

Peiote, mescalito e mitote são nomes da mesma planta.

Mescalito leva a pessoa a loucura. O mescalito leva a pessoa para a loucura quando a pessoa a procura sem saber o
que está fazendo.

Há um espírito no peiote.

Mescalito muda tudo. Existe um espírito dentro do Mescalito. É um espírito que produz a modificação nos
homens. Um espírito que pode ser visto e tocado. Mescalito nos ensina a maneira certa de viver. O mescalito
protege quem o conhece, e quem o conhece passa a ter um protetor. Se Mescalito aceita em ser seu protetor,
você terá de atende-lo, quer queira quer não queira. Mescalito o fará aproximar-se dele com respeito. Não
podemos aproximar do Mescalito do jeito que estamos habituados a aproximar de outros protetores. Você tem
de querer conhecê-lo, e eu acho que isso é o mais importante. Depois, tem de ser oferecido a ele, e tem de o
encontrar muitas vezes, só depois de muito tempo é que poderá dizer que o conhece. Deve-se ir até ele sem medo
e, pouco a pouco, ele lhe ensinará a levar uma vida melhor.

O Mescalito revela seus segredos em particular a cada homem.

O corpo do Mescalito machuca a boca da gente, possui um gosto horrível e faz a gente vomitar e urinar por toda
parte.

O corpo do Mescalito é um botão e temos que mastigar bem devagar e mascar por muito tempo. Dom Juam
começou a cantar em voz alta, ofereceu outro botão a Elígio e depois, que o rapaz terminou, ofereceu-lhe frutas
secas, mandando que mastigasse bem devagar. Elígio levantou varias vezes dirigindo-se para o mato. Em certo
ponto pediu água. Dom Juan disse que não a bebesse e sim bochechasse com ela. Eligio mastigou mais dois botões
e Dom Juan lhe deu carne-seca. Elígio mastigou o décimo botão e caiu para frente e bateu com a testa no chão.
Rolou e teve convulsões, remexeu, tremeu, gemeu por mais de uma hora, deitado no chão. Mescalito lhe ensinou
uma canção da primeira vez que o encontrou e isso era realmente extraordinário.

Importa para Mescalito que você se torne homem de conhecimento.

Mescalito é uma divindade, ou uma força contida nos botões de peiote. Somente um feiticeiro, por meio de sua
cabaça, pode fazer você conhecer Mescalito.

Você fuma tudo e depois descansa. Então o guarda do outro mundo virá. Você não fará nada a não ser observar.
Repare como ele se move. Veja tudo o que ele faz. O guarda, guarda o outro mundo.

As plantas de poder afastam o ponto de aglutinação de sua posição normal. O efeito das plantas de poder sobre o
ponto de aglutinação é, em princípio, muito semelhante ao dos sonhos: os sonhos fazem-no deslocar-se, mas as
plantas de poder conseguem um deslocamento numa escala maior e mais abrangente.

Mescalito é um protetor, é um mestre. Não pode ser domesticado está fora da gente. Ele resolve mostrar-se em
muitas formas para quem estiver na frente dele. Ele mostra com se deve viver. Ele tira a pessoa dela mesma para
ensinar-lhe.

O Mescalito assume qualquer forma. Ele aparece em qualquer forma para aqueles que só o conhecem um pouco,
mas para aqueles que o conhecem bem, é sempre constante. Na sua constância ele aparece como homem, como
nós, ou como uma luz. Apenas uma luz. Se algum dia ele o aceitar, ele lhe dirá seu nome. Esse nome será só para
você usar, ou para chamá-lo em voz alta ou para murmurar baixinho para si.

Mescalito é um protetor porque fala com você e pode guiar seus atos. Mescalito ensina a maneira certa de você
viver. E você pode vê-lo, porque ele está fora de você. A erva por outro lado,é um aliado, transforma você e lhe
dá poder sem jamais mostrar a sua presença. Não pode conversar com ele, mas sabe que ele existe porque ele
leva embora seu corpo e o torna leve como o ar.

Mescalito pode te ensinar uma canção, ensina letra e melodia.

A Erva-do- Diabo não é para aqueles que querem o poder. O fumo é para aqueles que desejam contemplar e ver.

O fumo não é para aqueles que buscam o poder. Só para aqueles que querem ver.
O cachimbo e a mistura devem ser tratados com um cuidado íntimo. E o homem que quiser aprender deve
preparar-se levando uma vida sossegada e dura. Seus efeitos são tão tremendos que só os homens mais fortes
podem suportar a mais leve fumarada. Tudo é aterrador e confuso a princípio, mas cada nova baforada torna as
coisas mais precisas. E de repente o mundo se abre de novo! Imaginável! Quando isso acontece, o fumo torna-se
nosso aliado e resolve qualquer problema permitindo-nos a entrada em mundos inconcebíveis.

O cachimbo e o fumo são uma coisa só. Um não pode passar sem o ouro. Este cachimbo e o segredo dessa mistura
pertenciam a meu bem feitor. Foram passados a ele da mesma maneira que o meu benfeitor os deu a mim. A
mistura, embora difícil de preparar, é possível de ser reposta. Seu segredo reside em seus ingredientes e na
maneira de eles serem tratados e misturados. O cachimbo, por sua vez, é coisa de toda uma vida. Deve ser
tratado com o máximo cuidado. É resistente e forte, mas nunca se deve bater nem esbarrar nele. Deve ser
manuseado com mãos secas, nunca quando as mãos estão suadas e só deve ser usado quando se está só. E ninguém,
ninguém absolutamente, deve vê-lo, a não ser que você pretenda dá-lo a alguém.

Vai fumar toda a mistura no fornilho e vai esperar. A fumaça virá. Você a sentirá. Ela o libertará para ver tudo o
que quiser. Mas quem o procurar tem de ter um propósito e uma vontade irrepreensíveis. Ele precisa disso porque
tem de pretender e querer sua volta, do contrário o fumo não o deixará voltar. Em segundo lugar, ele tem de
pretender e querer lembrar-se de tudo o que o fumo lhe permitiu ver, do contrário tudo não passará de uma
neblina em sua mente.

A erva é apenas um entre um milhão de caminhos. Tudo é um entre um milhão dês caminhos. Deve ter sempre em
mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele,
sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você
saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para cós outros, em largá-lo,
se é isso o que seu coração lhe manda fazer. Todos os caminhos são os mesmos: não conduz a lugar algum.

Deixe que o fumo lhe ensine tudo o que puder aprender. O fumo é tão forte que a gente só pode enfrentá-lo com
força; se não, a vida da pessoa será despedaçada.

Chega-se a um ponto que não precisa mais fumar, porque o aliado vem mesmo que você não fume. Isto é, pode-se
ir a ele livremente, sem fumar.

As Outras Pessoas

Toda ajuda a outras pessoas deve ser de forma desinteressada.

A maior parte das vezes, todos os esforços para ajudar outras pessoas, são atos arbitrários, guiados somente
pelos nossos próprios interesses.
Capítulo VII

Tipos de Seres

Existem três tipos de seres. Primeiro: aqueles que não podem dar nada, porque não tem nada para dar. É apenas
uma sombra. Segundo: aqueles que só podem causar medo, sempre paira junto da morada do silêncio, torna a vida
insuportável, aparecem como uma sombra escura, fazendo uma barulhada danada ou produzindo o som de vozes.
Terceiro: aqueles que possuem dons, existem em lugares desertos e abandonados, quase inacessíveis.

Seres Orgânicos e Inorgânicos

Existem dois tipos de seres conscientes perambulando na terra, os orgânicos e os inorgânicos. Ambos são massas
luminosas atravessadas, de todos os ângulos imagináveis, por milhões de filamentos de energia do universo. São
diferentes na forma e no brilho.

Os seres inorgânicos são longos, parecidos com velas, porém opacas.

Os inorgânicos a vida é infinitamente longa, possuem consciência calma e profunda, mas é uma consciência lenta
em comparação com a nossa.

Os orgânicos são redondos e brilhantes, sendo que a vida e a consciência são curtas.

A energia necessária para mover o ponto de aglutinação dos feiticeiros vem do mundo dos seres inorgânicos.

Todo o universo é composto de forças gêmeas, forças que são ao mesmo tempo opostas e complementares entre
si. É inevitável que o nosso mundo seja um mundo gêmeo. Seu mundo oposto e complementar é habitado por seres
que têm consciência, mas não um organismo e são chamados de seres inorgânicos. O mundo gêmeo está
intimamente relacionado com o nosso mundo. Dois tipos de consciência coexistem sem nunca colidir uma com a
outra, pois cada tipo é completamente diferente do outro.
Capítulo VIII

Os predadores

Possuímos um companheiro por toda a vida. Possuímos um predador que veio das profundezas do cosmo, e assumiu
o controle dos preceitos de nossa vida. Os seres humanos são seus prisioneiros. O predador é nosso senhor e
mestre. Nos faz dóceis, indefesos. Se quisermos protestar, ele suprime os nossos protestos. Se quisermos agir
independentemente, exige que não o façamos. Somos mantidos prisioneiros. Eles assumiram o controle porque
somos alimentos para eles, e eles nos esmagam sem piedade porque somos seu sustento. Assim como criamos
galinhas em galinheiros, os predadores nos criam em humaneros. Por tanto seu alimento está sempre disponível
para eles. Os predadores nos deram nossos sistemas de crença, nossas idéias do bem e do mal, nossos costumes
sociais. Eles são os que causaram nossas esperanças e expectativas, e sonhos de sucesso ou fracasso. Nos deram
ganância, avareza e covardia. São os predadores que nos tornaram complacentes, rotineiros e egomaníacos. Para
nos manter obedientes, submissos e fracos, os predadores se envolvem numa estupenda manobra. Os predadores
nos dão as mentes deles, que se tornam nossas mentes. A mente do predador é contraditória, morosa, cheia de
medo de ser descoberta a qualquer momento. Através da mente,que afinal é a mente deles, os predadores
injetam nas nossas vidas de seres humanos o que lhes é conveniente. Os bebês humanos são bolas luminosas de
energia, cobertas de cima a baixo com uma capa brilhante, algo como um casaco de plástico que é ajustado e bem
apertado sobre seu casulo de energia. Essa capa brilhante de consciência é o alimento dos predadores. Quando o
ser humano alcança a idade adulta, tudo o que sobrava daquela capa brilhante de consciência era uma franja que
ia do chão até acima dos dedos dos pés. Essa franja permitia a humanidade continuar vivendo, mas apenas
vivendo. Essa franja de consciência é o epicentro da auto-reflexão. Ao jogar com a nossa auto-reflexão, que é o
único ponto de consciência que nos sobrou, os predadores criaram lampejos de consciência que eles passaram a
consumir de forma implacável e predatória. Nos deram problemas fúteis que forçam esses lampejos de
consciência a surgir, e dessa forma eles nos mantêm vivos em boa condição para que possam se alimentar com o
lampejo energético de nossas pseudopreocupações. Tudo o que podemos fazer é nos disciplinarmos ao ponto de
não deixar que eles nos toquem. Os predadores também são chamados de voadores porque eles saltam através do
ar. É uma enorme sombra, impenetravelmente escura, uma sobra preta, que pula através do ar. Hoje os homens da
terra estão sedados por causa dos predadores. O homem, o ser mágico que ele está destinado a ser, não é mais
mágico. É um mero pedaço de carne. Não há mais sonhos para o homem, mas os sonhos de um animal que está
sendo criado para se tornar um pedaço de carne: banal, convencional, imbecil. A única alternativa para a
humanidade é a disciplina. Disciplina é o único meio de detê-lo. Os feiticeiros entendem por disciplina a
capacidade de enfrentar com serenidade obstáculos que não estão incluídos nas nossas expectativas, é a arte de
enfrentar o infinito sem titubear. A disciplina torna a capa brilhante da consciência não palatável ao voador. Se
os predadores não comerem nossa capa brilhante de consciência durante um período, ela continua crescendo. Por
meio da disciplina, afastam os predadores por tempo suficiente para permitir que a capa brilhante da consciência
cresça além do nível dos dedos dos pés. Uma vez ultrapassado esse nível, ela cresce de novo até seu tamanho
natural. À medida que a consciência atinge níveis mais altos, as manobras de percepção se tornam um fato
natura. Sobrecarregar a mente dos voadores com silêncio interior, a instalação forânea fugirá. Os voadores são
assombrosos e monstruosos. Cada ser humano nesta Terra parece ter exatamente as mesmas reações, os mesmos
pensamentos, os mesmos sentimentos. Parecem responder mais ou menos da mesma forma aos mesmos estímulos.
Essas reações parecem ser um pouco obscurecidas pela linguagem que eles falam, mas se eliminarmos isso, são
exatamente as mesmas reações que assediam todos os seres humanos na Terra, sendo que os voadores são as
causas da homogenização.
Os Aliados

O aliado não está no fumo. O fumo leva a pessoa para onde está o aliado e depois nunca mais precisa fumar.

Os aliados não são bons nem maus, mas são utilizados pelos feiticeiros para qualquer fim que eles queiram. Os
aliados assumem formas diferentes, podem parecer cães, coiotes, pássaros etc.. Os aliados só podem ser vistos
na forma que aparecem e está forma serve para tapear a vista, isto é, a nossa vista. Os aliados em companhias de
homens, comportam-se como homens. Os aliados na companhia de animais, comportam-se como animais. Algumas
pessoas na rua não são pessoas, mas aliados.

Os aliados são bolhas amorfa de luz opaca e toma inúmeras formas.

Os aliados são forças que os feiticeiros aprendem a controlar. São forças chamadas de aliadas. Os quatro aliados
do Nagual: o primeiro aliado é uma massa escura, retangular com três metros de altura e um metro e meio de
largura; o segundo aliado é um homem de cara cumprida, calvo, extraordinariamente alto e brilhante e com calças
curtas; o terceiro aliado é uma onça negra com olhos amarelos e brilhantes; o quarto aliado é um coiote enorme e
faminto.

Os aliados em si, não possuem forma, são como uma presença, um brilho, uma luminosidade. É apenas uma
presença que não é nada e no entanto é tão real quanto você e eu.

A cabaça, depois de encontrada, tem de ser tratada com muito cuidado. Depois que o feiticeiro tiver a sua
cabaça, tem de oferecê-la aos aliados e induzi-los a morarem lá. Se os aliados consentirem, a cabaça desaparece
do mundo dos homens e os aliados tornam um auxílio do feiticeiro.

Os aliados se alimentam diretamente da nossa força de vida, existente no meio do estômago.

Os aliados são seres de outras dimensões e são atraídos pelas nossas emoções: pelo amor, pelo ódio, pela tristeza
e pelo medo.

Quando a barreira é quebrada, os seres inorgânicos mudam e tornam-se o que os videntes chamam de aliados. A
partir desses momentos, os seres inorgânicos podem prever o mais sutis pensamentos, estados de espírito ou
temores dos videntes.

Os aliados não possuem brilho interno, não possuem mobilidade interna e não existe vida neles, no entanto eles
são vivos. São estranhas formas grotescas que pareciam sacos de dormir fechados com fecho ecler. Os aliados
não são figuras agradáveis, se movem com se estivessem saltando para cima e para baixo, havendo um pequeno
brilho em seu interior. O brilho cresce em intensidade até que fique realmente brilhante.

Algumas vezes estas entidades energéticas vêm dos outros mundos até nós.

Os seres inorgânicos são compelidos a interagir conosco, são atraídos nos sonhos. Quando mudamos o nosso ponto
de aglutinação, criamos uma carga energética especial que atrai a atenção dos aliados.

Os seres inorgânicos são separados de nós por barreiras gigantescas. Estas barreiras são energias que se movem
em diferentes velocidades. Algumas vezes eles se materializam no mundo cotidiano bem na nossa frente.

O segredo, com os seres inorgânicos, é não ter medo deles.


Os seres inorgânicos são chamados de aliados. Os aliados nos ensinam a mover o ponto de aglutinação para fora
dos limites do ovo, para o universo não humano.

Essa amizade com os aliados consiste numa troca mutua de energia. Os seres inorgânicos dão sua alta consciência
e os feiticeiros lhes dão sua alta energia. É uma troca eqüitativa.

Duas figuras de aparência estranha. Eram finas, menos de trinta centímetros de largura, compridas, com dois
metros e trinta de largura. Estavam curvadas sobre mim, como duas minhocas gigantes. A partir de então as duas
formas estranhas apareciam em todas as minhas sessões de sonhar. Chegou a ser como se eu sonhasse apenas
para encontrá-los.

Aliado é um ser sem essência corporal que existe no universo, é também conhecido como seres inorgânicos. Os
aliados estão aqui, como nós; e talvez estivessem aqui antes de nós.

O aliado é um poder que o homem pode introduzir em sua vida para ajudá-lo, aconselhá-lo e dar-lhe a força
necessária para executar atos, grandes ou pequenos, certos ou errados. Este aliado é necessário para realçar a
vida de um homem, orientar suas ações e aumentar seus conhecimentos. Um aliado é o auxiliar indispensável do
conhecimento. Um aliado faz o homem compreender coisas a respeito das quais nenhum ser humano poderia
esclarecer.

Um aliado é um poder capaz de transportar o homem além dos limites dele mesmo.

O aliado é um poder capaz de transportar o homem além dos limites dele próprio, isto é, um aliado é um poder que
permite a pessoa transcender o reino da realidade comum. Conseqüentemente, ter um aliado implica ter poder; e
o fato de que um homem de conhecimento tem um aliado é em si prova de que o objetivo operacional dos
ensinamentos foi atingido.

O aliado é uma entidade que existe fora e independentemente da pessoa, e no entanto, a despeito de ser uma
entidade separada, ele não possui forma. Sem forma como condição oposta a "com forma definida". A condição
sem forma do aliado significa que não possui uma forma distinta, ou vagamente definida, ou mesmo reconhecível,
isto significa que o aliado não é visível em momento algum. O aliado é percebido apenas como uma qualidade dos
sentidos, sua presença é observada somente por seus efeitos sobre o feiticeiro.

Os encontros com os aliados eram feitos para se aprenderem os segredos deles.

Entes da Noite

Entes que existem no mundo e que agem sobre as pessoas. Talvez fosse mais apropriado chamá-los de entes das
montanhas; não pertencem realmente à noite. São percebidos no escuro com uma maior facilidade. De dia, porém,
é mais difícil percebê-los. São seres reais, são tão reais que normalmente matam pessoas. Estão no mato, onde
não há pessoas em volta, especialmente o mato de altas montanhas. A morada natural dos entes da noite são as
rochas e fendas. Os entes da noite se movem a esquerda procurando fundir-se com sua morte. Imitar o pio das
corujas o faz aparecer. Eles se tornam malévolos não porque sejam naturalmente malévolos, mas porque você não
é impecável. Eles anunciam a presença por um ronco.
Quatro Inimigos Naturais.

O Homem tem de desafiar e vencer seus quatros inimigos naturais. O medo, aa clareza de espírito, o poder e a
velhice. O medo: cada passo da aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer
impiedosamente,sem ceder. Deve desafiar o medo e, a despeito dele, deve dar o passo seguinte na aprendizagem,
e o seguinte, e o seguinte. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra. Clareza de
espírito: o homem já conhece os seus desejos; sabe como satisfazê-lo. O homem sente que nada se lhe oculta. Dá
segurança ao homem, pois ele vê tudo claramente. Mas tudo isso é um engano e se o homem sucumbir a esse poder
de faz-de-conta, sucumbiu a seu segundo inimigo. Deve pensar que sua clareza é quase um erro. Deve compreeder
que sua clareza é apenas um ponto diante de sua vista. Poder: o poder transforma o homem em um ser cruel e
caprichoso. Tem de compreender que o poder nunca é seu. A Velhice: é o momento em que o homem sente o
desejo de descansar. Se ele deitar e esquecer, se ele se afundar na fatiga, terá perdido o ultimo round.
Capítulo IX

Humanidade

Carlos Castaneda disse que sente pena da humanidade.

O Homem

O homem é um ovo luminoso, quer seja ele um mendigo ou um rei. Os videntes vêem o homem como um campo de
energia que parece um ovo luminoso.

O ser humano é uma bola luminosa de energia e nessa bola luminosa existe um ponto brilhante na já brilhante bola
luminosa de energia. O ponto brilhante é o ponto de aglutinação, uma percepção aglutinada. No ponto brilhante é
que nosso conhecimento do mundo é fabricado.

O ser humano é um ovo luminoso ou uma bola luminosa de energia, com um ponto brilhante na já brilhante bola
luminosa de energia, que eles chamam de ponto de aglutinação. A percepção é aglutinada. É no ponto de
aglutinação que o nosso conhecimento é fabricado.

O Homem é visto como campo de energia, aparecem como fibras de luz, como teias brancas de aranha, fios muito
finos que circulam da cabeça aos pés. É um ovo de fibras circulantes. Os homens estão em contato com tudo o
mais por meio de um punhado de fibras compridas que saem do centro de seu abdome. O homem é um ovo
luminoso.

O ser humano não é objeto; não têm solidez. É um ser redondo, luminoso. O mundo dos objetos e da solidez é
somente uma descrição que foi criada para ajudar a tornar mais cômoda a passagem sobre a terra.

O Homem é visto como campo de energia, aparecem como fibras de luz, como teias brancas de aranha, fios muito
finos que circulam da cabeça aos pés. É um ovo de fibras circulantes. Os homens estão em contato com tudo o
mais por meio de um punhado de fibras compridas que saem do centro de seu abdome. O homem é um ovo
luminoso.

O homem total possui dois segmentos perceptíveis. O primeiro é o corpo físico, o segundo é o corpo luminoso. O
corpo luminoso é o casulo que só os videntes conseguem perceber, um casulo que nos dá a aparência de ovo
luminoso gigantesco. Uma das metas mais importante da feitiçaria é alcançar o casulo luminoso; uma meta que é
conseguida pelo uso do sonho e por um empreendimento rigoroso e sistemático a que se da o nome de não fazer.

O casulo luminoso é uma bolha de luz com uma altura de dois metros e dez centímetros e uma largura de um
metro e vinte centímetros.

Com o corpo objeto aborda-se o mundo conhecido, com o ovo luminoso aborda-se o mundo desconhecido.

O ovo luminoso é o nosso Eu energético.


No interior da bola luminosa, existe em seu centro, uma outra bola do tamanho de uma bola de tênis. Em relação
ao corpo físico, ela fica cerca de sessenta centímetros atrás da omoplata direita da pessoa, é chamado ponto de
aglutinação.

A luminosidade do casulo é feita daquela porção das emanações da Águia que está englobada pelo casulo ovóide.
Essa porção particular, essa porção de emanações que está englobada, é o que nos torna homens. As emanações
são filamentos de luz e os filamentos tem consciência. Os filamentos têm consciência de si mesmo, são vivos e
vibram.

As cascas em forma de ovo que parecem tão brilhantes para nós, são na realidade opacas. A luminosidade emana
do núcleo brilhante e a casca diminui de fato a radiosidade do núcleo. A casca deve ser quebrada a fim de liberar
o núcleo. Deve ser quebrada de dentro para fora no tempo certo. Se não for quebrada, o núcleo fica sufocado e
morre. Não há meio do guerreiro quebrar a casca de sua luminosidade antes do tempo certo. Perder a forma
humana é o único meio de quebrar a casca, o único meio de liberar o núcleo luminoso assustador, o núcleo da
conscientização, que é o alimento da águia. Quebrar a casca significa lembrar-se do outro eu, chegando a sua
própria totalidade.

Ter vida significa consciência, ter um ponto de aglutinação e o brilho da consciência ao redor.

O ponto central no corpo humano é o verdadeiro centro de energia em todos nós.

A essência humana é uma forma cheia de brilho que lembra ovos gigantes, ovos luminosos. Nossa forma
energética muda com o correr do tempo. Os seres humanos tinham mais a forma de bolas ou mesmo de lápides.

É necessário uma força enorme para desprender a intenção do primeiro anel de poder. Deve-se colocar a atenção
na casca luminosa.

Devemos fazer o corpo energético mover-se sozinho.

As criaturas humanas são criaturas frágis, compostas de muitas camadas de luminosidades. Quando você as vê,
parecem ter fibras, mas essas fibras na verdade são camadas, como uma cebola. Choques de qualquer tipo
separam essas camadas e podem até causar a morte dos seres humanos. Morremos porque as nossas camadas se
separam. Os choques estão sempre separando-as, mas elas se afastam de novo. Mas as vezes, o choque é tão
grande que as camadas se soltam e não podem mais juntar-se. Quando os seres humanos estão sadios, parecem
ovos luminosos, mas se sofrem de alguma coisa, começam a descascar-se, como uma cebola.

Os seres humanos possuem dois aspectos, um lado direito e um lado esquerdo. O lado direito é denominado de
tonal, englobando tudo o que o intelecto pode conceber. O lado esquerdo é chamado de nagual, é um reinado de
aspectos indescritíveis, um reinado impossível de ser descrito em palavras.

Nas duas margens das faixas de emanações do homem existem um estranho acúmulo de refugos, uma incalculável
pilha de lixo humano. É um depósito muito mórbido e sinistro. Na margem direita, encontramos infindáveis visões
de atividades físicas, violência, assassinato, sensualidade. Na margem esquerda, encontramos espiritualidade,
religião, Deus.

O homem é apenas a soma de seu poder pessoal, e essa soma determina como ele vive e como morre.

O homem de conhecimento que, sem se precipitar nem se deter, foi tão longe quanto possível para decifrar os
segredos do poder pessoal.
O ser humano nasce com uma quantidade finita de energia que é sistematicamente desdobrada, começando no
momento do nascimento, de modo que possa ser usada de modo mais vantajoso pela modalidade do tempo.

As emanações da Águia formam uma aglomeração encapsulada que se manifesta como uma bola de luz do tamanho
do corpo da pessoa com os braços estendidos lateralmente, como um ovo luminoso gigante. Apenas um grupo
muito pequeno de campos de energia no interior dessa bola luminosa são acesos por um ponto de intenso brilho
localizado na superfície da bola. A percepção ocorre quando os campos de energia desse pequeno grupo
imediatamente ao redor do ponto de brilho estendem sua luz para iluminar campos de energia idênticos no
exterior da bola. Os únicos campos de energia perceptíveis são aqueles iluminados pelo ponto brilhante, esse
ponto é chamado de ponto de aglutinação.

O ser humano é uma massa luminosa, longa ou esférica, de incontáveis, estáticos, e no entanto vibrantes campos
de energia.

As emanações da Águia formam uma aglomeração encapsulada que se manifesta como uma bola de luz do tamanho
do corpo da pessoa com os braços estendidos lateralmente, como um ovo luminoso gigante. Apenas um grupo
muito pequeno de campos de energia no interior dessa bola luminosa são acesos por um ponto de intenso brilho
localizado na superfície da bola. A percepção ocorre quando os campos de energia desse pequeno grupo
imediatamente ao redor do ponto de brilho estendem sua luz para iluminar campos de energia idênticos no
exterior da bola. Os únicos campos de energia perceptíveis são aqueles iluminados pelo ponto brilhante, esse
ponto é chamado de ponto de aglutinação.

Dualismo Humano

Pela primeira vez em minha vida tive o conhecimento de um dualismo em mim. Duas partes separadas estão dentro
do meu ser. Uma é muito velha, à vontade, indiferente. É pesada, escura, e conectada a tudo mais. É a parte de
mim que não se importa, porque é igual a qualquer coisa. Desfruta das coisas sem expectativa. A outra parte é
leve, nova, agitada. É nervosa, rápida, preocupa-se consigo mesma, incapaz de concentrar-se em qualquer coisa
Está só e vive na superfície, é a parte pela qual a gente olha para o mundo. O lado mais velho, escuro, silencioso é
a visão dos antecedentes da razão. A parte mais velha do homem é chamada de conhecimento silencioso. É um
conhecimento ao qual ainda não conseguimos dar voz. Para localiza o conhecimento escuro e silencioso é
necessário uma quantidade enorme de energia. O conhecimento silencioso é algo que todos nós temos, mas
perdemos a visão desse saber. Esse conhecimento silencioso é o intento, o espírito, o abstrato. O homem
renunciou o conhecimento silencioso pelo mundo da razão. Quanto mais se agarra ao mundo da razão, tanto mais
efêmero se torna o intento. O conhecimento silencioso é uma posição geral do ponto de aglutinação, que eras
atrás havia sido a posição normal do homem, mas que por razões que seriam impossíveis de determinar, o ponto de
aglutinação do homem moveu-se daquela localização específica e adotou uma nova, chamada razão.

Cada ser humano tem duas mentes. Uma é totalmente nossa, e é como uma voz fraca que sempre nos traz ordem,
integridade, propósito. A outra mente é uma instalação forânea. Nos traz conflito, auto-estima, dúvidas,
desesperança.

Nossas mesquinharias e contradições, na verdade, são os resultados de um conflito transcendental que aflige
cada um de nós, mas que somente os feiticeiros são dolorosa e irremediavelmente conscientes deles: o conflito
entre as nossas duas mentes.
Uma mente é a nossa verdadeira mente, o produto de todas as experiências de nossa vida, aquela que raramente
fala porque foi vencida e relegada a obscuridade. A outra, a mente que nós usamos diariamente para tudo o que
fazemos, é uma instalação forânea.

O Ponto de Aglutinação

A percepção é governada pela localização do ponto de aglutinação. Se o ponto muda de posição, a percepção de
mundo do homem muda de acordo. O feiticeiro conhece exatamente onde colocar seu ponto de aglutinação para
transformar-se em qualquer coisa que deseja.

Mover o ponto de aglutinação é tudo que importa. Esse movimento depende de acúmulo de energia e não de
instrução. Quem move o ponto de aglutinação é o Espírito. Nenhum procedimento pode ocasionar a movimentação
do ponto de aglutinação. O Nagual atrai o ponto de aglutinação ao movimento ajudando a destruir o espelho da
auto-reflexão. Mas isso é tudo que o Nagual pode fazer. Quem move de fato é o espírito, o abstrato; algo que não
pode ser visto ou sentido; algo que não parece existir, e no entanto existe. Por essa razão, os feiticeiros afirmam
que o ponto de aglutinação move-se inteiramente por conta própria.. Ou dizem que o Nagual o move. O Nagual
move o ponto de aglutinação, e no entanto não é ele próprio quem provoca realmente o movimento. Seria mais
apropriado dizer que o espírito se expressa de acordo com a impecabilidade do Nagual. O Espírito pode mover o
ponto de aglutinação com a simples presença de um Nagual impecável.

Para o homem racional é impensável que haja um ponto invisível onde a percepção é aglutinada.

Quando um feiticeiro move seu ponto de aglutinação ao local exato onde estava, revive a experiência total. Essa
recordação do feiticeiro é a maneira de recuperar toda a informação armazenada no movimento do ponto de
aglutinação.

O equilíbrio mental nada mais é que a fixação do ponto de aglutinação num lugar ao qual estamos acostumados.

O pensamento do tipo cotidiano tinha que parar para permitir que o ponto de aglutinação se movesse.

Qualquer comportamento que escapa à rotina causa um efeito incomum em nosso ser total. Esse efeito incomum
produz um tremor no ponto de aglutinação e força o movimento do ponto de aglutinação.

Os seres humanos são como conglomerados de campos de energia que têm a aparência de bolas luminosas. Cada
uma das bolas luminosas está individualmente conectada a uma massa energética de proporções inconcebíveis que
existe no universo; uma massa que é chamada de o mar escuro da consciência. Cada bola individual está ligada ao
mar escuro da consciência por um ponto que é mais luminoso que a própria bola luminosa. O ponto é chamado de
ponto de aglutinação e é onde a percepção acontece. O fluxo de energia é transformado, nesse ponto, em dados
sensoriais.

O tamanho do ponto de aglutinação é determinado como sendo o equivalente a uma bola de tênis
moderna,somente um número finito de campos de energia, ainda assim numa quantidade incalculável, convergem e
passam através do ponto.

O impacto dos campos de energia que passam através do ponto de aglutinação é transformado em dados
sensoriais; dados que são interpretados pela cognição do mundo da vida cotidiana. A homogeneidade da cognição
entre os seres humanos é devida ao fato de que o ponto de aglutinação de toda raça humana está localizada no
mesmo lugar nas esferas luminosas energéticas que nós somos: na altura das omoplatas, a distância de um braço
por trás delas, nos limites da bola luminosa.

O ponto de aglutinação muda de lugar sob condições de sono normal ou extrema fatiga, doença ou ingestão de
plantas psicotrópicas. Quando o ponto de aglutinação está em uma nova posição, um feixe diferente de energia
passa através dele, trazendo como resultado um mundo novo e real para se perceber. Cada novo mundo que surge
dessa maneira é um mundo totalmente inclusivo, diferente do mundo da vida cotidiana, mas absolutamente similar
a ele no fato de que se pode viver e morrer nele.

A possibilidade de se viajar para qualquer um desses mundos, ou para todos eles, é a herança de todos os seres
humanos. Estes mundos estão lá à vontade para serem perguntadas, e que tudo o que um ser humano precisa para
chegar até esses mundos é intentar o movimento do ponto de aglutinação.

A Forma do Corpo Humano

A forma humana é uma força, é um molde. Tudo tem um molde, e todo molde pode ser visto quando estamos
imbuídos de poder, e certamente por todos nós no momento de nossa morte. Os moldes da forma humano brilha e
é sempre encontrado nos olhos d'água e nas gargantas estreitas. Os moldes se alimentam de água. Quando não
tivermos forma, então nada possuirá forma e no entanto tudo está presente. O Nagual salienta que cada um
guerreiro deve ser impecável em seus esforços para mudar de forma, a fim de assustar a forma humana e
expulsá-la. Assim a forma humana não pode suportar mais e parte. Estas mudanças de forma por parte do Nagual,
prejudica o corpo e pode até fazê-lo morrer, mas um guerreiro impecável sempre sobrevive.

O molde do homem é um imenso feixe de emanações na grande faixa da vida orgânica. Esse feixe aparece apenas
no interior do casulo do homem. É a porção das emanações da Águia que os videntes podem ver diretamente sem
qualquer perigo para si mesmo.

O molde do homem é uma matriz gigantesca que imprime os seres humanos continuamente. Cada espécie tem um
molde próprio. O molde é o nosso Deus, porque somos aquilo com que nos estampa. Somos simplesmente o produto
de sua estampa, somos sua impressão. O molde de homem é um padrão, uma forma, uma matriz que dá forma a um
certo punhado de elementos semelhantes, que chamamos de homem.

O molde do homem é como uma luz resplandecente, cálida e ambarina. Podemos ver o molde do homem de duas
maneiras, podemos vê-lo como homem ou vê-lo como uma luz. Isso depende do deslocamento do ponto de
aglutinação.

A nossa percepção tem uma parte social que é adaptada a um molde. Devemos separar a parte da percepção
social, porque o molde está adaptado a esse tipo de percepção. Esse molde é a parte social da percepção. A parte
social da percepção reduz o âmbito do que pode ser percebido e faz com que acreditemos que o que é percebido
seja tudo o que existe.

A fim de perder a forma humana, devemos desprender de todo lastro. O perder a forma humana traz liberdade.
A liberdade de lembrar-se de você próprio.

Castaneda disse que tinha perdido a forma humana, tinha deixado cair todos os seus escudos ou a maior parte
deles. Sentia-se desprendido, solto. Não importava mais o que as pessoas faziam. Não havia nenhum rancor
aberto ou oculto nele. Não era uma indiferença negativa ou negligência ao agir, nem uma solidão desesperada ou
nem mesmo desejo, o desejo de estar sozinho. Era um sentimento de afastamento, uma capacidade de imergir
dentro de si mesmo por um momento e não ter pensamentos de espécie alguma. As atividades das pessoas não
mais o afetavam, pois não tinha mais nenhuma expectativa. Uma estranha paz tinha se tornado a força mestra de
sua vida. Ele sentia que de alguma forma tinha adotado um dos conceitos da vida de guerreiro: desprendimento.

Enquanto a gente se agarra a forma humana, só podemos refletir essa forma e a viver no mundo das formas.

Adotar Outras Formas

Para ser um especialista em adotar a forma de animais, é necessário saber mover o ponto de aglutinação para a
incomensurável área abaixo. Escolhe-se diferentes animais como ponto de referência e chamam esses animais de
seu nagual. Movendo os pontos de aglutinação para áreas específicas adquirir características do animal de sua
escolha e também a sua sabedoria, astúcia, agilidade ou ferocidade. É uma transformação total.

Quando um feiticeiro se transforma num corvo é uma grande realização, mas isso implica uma vasta e grosseira
mudança do ponto de aglutinação. Entretanto, movê-lo para a posição de um homem gordo, ou um homem velho,
requer a mudança mínima e o conhecimento mais aguçado da natureza humana.

A percepção é governada pela localização do ponto de aglutinação. Se o ponto muda de posição, a percepção de
mundo do homem muda de acordo. O feiticeiro conhece exatamente onde colocar seu ponto de aglutinação para
transformar-se em qualquer coisa que deseja.

O Homem Moderno

O homem moderno, um homicida egoísta é o devido a localização do ponto de aglutinação, envolvido com a sua
alto-imagem. Qualquer movimento do ponto de aglutinação significa um movimento afastando-se da excessiva
preocupação com aquele eu individual que é a marca do homem moderno. O homem moderno está envolvido com a
sua Auto-estima. Auto-estima é uma força gerada pela auto-imagem do homem e esta força mantém o ponto de
aglutinação fixo onde está atualmente. Por esta razão, o ataque do caminho dos guerreiros é voltado a destronar
a Auto-estima. Assim que o ponto de aglutinação se move a auto-estima se desmorona, a auto-estima não pode
mais ser sustentada. Auto-estima é a força que mantém o ponto de aglutinação fixo. Quanto a auto-estima é
podada, a energia que requer não é mais gasta. Essa energia serve então como o trampolim que lança o ponto de
aglutinação, automaticamente e em premeditação, para uma viagem inconcebível. A auto-reflexão foi que
desconectou o homem do espírito.

O mundo de nossa auto-reflexão ou de nossa mente era muito inconsistente e era mantido coeso por algumas
poucas idéias-chaves que serviam como sua ordem subjacente. Idéias-chaves é a continuidade. A idéia de que
somos um bloco sólido. Em nossa mente, o que sustenta o nosso mundo é a certeza de que somos imutáveis.
Podemos aceitar que nosso comportamento pode ser modificado, que nossas reações e opiniões podem ser
modificadas, mas a idéia de que somos maleáveis a ponto de mudar de aparência, a ponto de ser alguma outra
pessoa, não é parte da ordem subjacente de nossa auto-reflexão. Sempre que um feiticeiro interrompe essa
ordem, o mundo da razão para.
A Busca do Conhecimento.

O homem vai para o conhecimento como vai para a guerra, bem alerta, com medo, com respeito e com uma
segurança absoluta. Ir para o conhecimento ou ir par a guerra de qualquer outra maneira é um erro,e quem o
cometer há de se arrepender de sua atitude.

O Homem de Conhecimento

O homem de conhecimento escolhe um caminho do coração e segue. Sabe que sua vida terminará muito depressa,
sabe que ele, como todos os outros, não vai a parte alguma, sabe, porque vê, que nada é mais importante do que
qualquer coisa. Um homem de conhecimento pode escolher o caminho do nada fazer, permanecendo totalmente
neutro, sem agir, comportando de uma maneira como se seu caminho fosse realmente importante. O homem de
conhecimento agindo assim, está sendo sincero, pois sabe que é a sua loucura controlada.

A fim de se tornar um homem de conhecimento, a pessoa tem de ser um guerreiro. É preciso lutar sem desistir,
sem reclamar, sem hesitar, até compreender que nada importa.

Um homem de conhecimento não pensa e não procura pensar. O homem de conhecimento é o homem que sabe ver
e que fica confuso com o que vê.

Clareza é o segundo inimigo do homem de conhecimento.

O homem de conhecimento obtém conhecimento através da aprendizagem; possui um objetivo inflexível; possui
clareza de espírito; trabalha exaustivamente para obter o conhecimento; ele é um guerreiro; está em um
processo incessante e finalmente possui um aliado. A clareza de espírito da ao homem um sentido de direção.

Ser Funcional

Ser funcional é obter a função de ver a energia diretamente, conforme ela flui no universo. Se a energia flui de
uma certa maneira, devemos seguir o fluxo da energia.

A ponto mais elevado da evolução.

A culminação da busca dos xamãs é a jornada definitiva. Por jornada definitiva entende-se a possibilidade de que
a consciência individual, ampliada ao seu limite máximo, quando pode ser sustentada além do ponto no qual o
organismo é capaz de funcionar como uma unidade coesiva, o que quer dizer além da morte. Essa consciência
transcendental é a possibilidade de que a consciência ultrapasse tudo o que é conhecido, e chegue ao nível de
energia que flui no universo. A busca chega no final quando o homem se transforma em um ser inorgânico, energia
cônscia de si mesma, atuando como uma unidade coesiva, mas sem um organismo. Nesse nível atinge a liberdade
total, um estado no qual a consciência existe livre das imposições de socialização e síntese.

O Principal Erro do Ser Humano.

O que está errado com os seres humanos, e está errado desde tempos imemoriais, é acreditar que está no reino
da imortalidade. Comportamos como nunca fossemos morrer e apresentamos uma arrogância infantil.

Somos seres a caminho da morte. Não somos imortais, mas nos comportamos como se fôssemos. Essa é a falha
que derruba como indivíduo e que um dia nos derrubará como espécie.
Capítulo X

A Consciência

Em dado momento do crescimento dos seres humanos, uma faixa das emanações interiores de seus casulos torna-
se muito intensa; a medida que seres humanos acumulam experiências, ela começa a brilhar. Em certos casos, o
brilho dessa faixa de emanações aumenta tão drasticamente que se funde com as emanações do exterior. A
consciência é a matéria prima, enquanto a atenção é o produto final do amadurecimento. A atenção é o controle e
a intensificação da consciência através do processo de estar vivo. É a maior realização singular do homem.

A nossa consciência é dividida em três partes desiguais. A menor é chamada "primeira atenção", é a consciência
que toda pessoa normal desenvolve a fim de lidar com o mundo diário, ela abrange o conhecimento do mundo
físico. A outra parte maior é chamada de "segunda atenção" que é o conhecimento de que precisamos para
perceber nosso casulo luminoso e para agir como seres luminosos. A segunda atenção permanece como pano de
fundo durante toda a nossa vida, ela abrange o conhecimento do nosso corpo luminoso.

O campo de batalha dos guerreiros é a segunda atenção, uma espécie de campo de treinamento para atingir a
terceira atenção.

A fixação na segunda atenção tem duas faces. A primeira e a mais fácil é a do mal. É quando os sonhadores usam
os seus sonhos para focalizar a segunda atenção sobre os itens do mundo, como dinheiro e poder sobre as
pessoas. A outra face é a mais difícil de ser alcançada, é quando os sonhadores focalizam sua segunda atenção
nos itens que não são deste mundo, tais como a viagem ao desconhecido. Os guerreiros precisam de
impecabilidade total para alcançar este lado.

A segunda atenção pertence ao corpo luminoso e a primeira atenção ao corpo físico. A nossa primeira atenção é
presa às emanações da terra, enquanto que a segunda atenção é presa às emanações do universo.

A segunda atenção é como um oceano. É estar consciente de mundos inteiros, tão totais quanto o nosso. A
atenção sonhadora é estar consciente dos itens de nossos sonhos.

Ao morrer, nossa conscientização entra na terceira atenção, mas só por um instante, como uma ação purgatória,
logo antes da Águia devorá-la.

A essência do nosso ser é o ato de perceber, e que a magia de nosso ser é o ato da consciência. A percepção e a
consciência é uma unidade única, uma unidade que possui dois domínios. O primeiro é a atenção do tonal, isto é, a
capacidade das pessoas comuns perceberem e situarem sua consciência no mundo comum da vida cotidiana
( primeiro círculo do poder). É a nossa capacidade de dar ordem à nossa percepção do mundo de todo dia. O
segundo domínio é a atenção do nagual, isto é, a capacidade dos feiticeiros situarem a sua consciência no mundo
não-comum (segundo círculo do poder).

O Nagual disse que para ter a segunda atenção, basta tentar e tentar.

Os seres humanos possuem três níveis de atenção. Cada uma delas é um campo independente, completo em si
mesmo. Primeira atenção: é a consciência animal. Tudo em que se pode pensar é parte da primeira atenção. É um
brilho fixado na superfície do casulo. É o brilho que cobre o conhecido. Segunda atenção tem a ver com o
desconhecido. Estar consciente de um sonho é o prenúncio da segunda atenção. A concentração é uma forma de
consciência que não está na mesma categoria que a consciência necessária para lidar com o mundo cotidiano. A
segunda atenção é a consciência do lado esquerdo, e é o campo mais vasto que se pode imaginar, tão vasto que , na
verdade, parece não ter limites. A entrada para a segunda atenção é muito simples e sua atração quase
irresistível. A terceira atenção é atingida quando o brilho da consciência se transforma no fogo interior: o brilho
que acende não uma faixa de cada vez, mas todas as emanações da Águia no interior do casulo do homem. Entrar
na terceira atenção também é um presente, mas que tem uma significação diferente. No momento de morrer,
todos os seres humanos entram no incognoscível, e alguns deles atingem a terceira atenção, embora por um tempo
muito breve e apenas para purificar o alimento da Águia. A realização suprema dos seres humanos é atingir aquele
nível de atenção enquanto retêm a força da vida, antes de se tornarem uma consciência desencarnada, movendo-
se como uma cintilação de luz na direção do bico da Águia para ser devorada.

A primeira atenção bloqueia o desconhecido, ela nega-o. O desconhecido não existe para a primeira atenção. A
primeira atenção consome todo brilho da consciência que os seres humanos têm, e nenhum pingo de energia é
deixado em liberdade. Para entrar no desconhecido, deve economizar sua energia. Economiza energia erradicando
hábitos desnecessários.

Não existem profundezas, existe apenas a manipulação da consciência.

O homem tem dois tipos de consciência. O lado direito e o lado esquerdo. O esquerdo é o estado de consciência
normal, necessário para a vida cotidiana. O segundo é o lado misterioso do homem, o estado de consciência
exigido para ele funcionar como feiticeiro e vidente.

Uma parte de nós sempre é guardada sob chave, porque a tememos. Para a nossa razão, essa parte de nós é como
um parente louco que mantemos trancada numa masmorra. Essa parte é a nossa segunda atenção.

O corpo é a primeira atenção, a atenção do tonal. Quando ele se torna a segunda atenção, simplesmente vai para o
outro mundo.

A percepção é uma condição de alinhamento; as emanações no interior do casulo ficam alinhadas com as
exteriores, que se adaptam a elas. O alinhamento é aquilo que permite que a consciência seja cultivada por toda
criatura viva. As emanações exteriores são os mesmos filamentos de luz. A luminosidade dos seres vivos é
constituída pela porção particular das emanações da Águia que sucede estar dentro de seus casulos luminosos. As
emanações exteriores ao casulo exercem uma pressão particular sobre a porção de emanações interiores. Essa
pressão determina o grau de consciência que cada ser vivo tem. As emanações da Águia são mais do que
filamentos de luz. Cada uma delas é uma fonte de energia ilimitada.

A pressão que as emanações livres exercem sobre as emanações no interior é a mesma em todos os seres
conscientes. Os resultados de tal pressão são imensamente diferentes de um para o outro, porque seus casulos
reagem a ela de todos os modos concebíveis. Existem, entretanto, graus de uniformidade, dentro de certos
limites.

A pressão das emanações livres se aplica às emanações do interior, que estão sempre em movimento, e faz com
que parem de mover-se. As emanações livres se aplicam às de dentro do casulo e fazem-nas parar de mover-se.
As emanações de dentro do casulo estão completamente em descanso, e combinam-se com algumas das que estão
no exterior.

A consciência sempre vêem de fora do casulo. O mistério real não está dentro de nós. As emanações livres fixam
as emanações que está dentro do casulo. As emanações que estão no interior do casulo se fundem com as
emanações livres e se permitimos que isso aconteça, tornamo-nos o que realmente somos: fluidos, sempre em
movimento, eterno.
A consciência é um brilho no casulo dos seres vivos, chamaram-no de brilho da consciência. A consciência do
homem é um brilho de luminosidade ambarina mais intenso do que o resto do casulo. Esse brilho está em uma
faixa estreita e vertical do lado externo direito do casulo, correndo por todo seu comprimento. Os videntes
procuram mover esse brilho, em fazê-lo espalhar-se a partir de seu ponto original na superfície do casulo, para
dentro, por toda sua largura.

A percepção tem lugar porque existe em cada um de nós um agente chamado ponto de aglutinação que seleciona
as emanações internas e externas para alinhamento. O alinhamento particular que percebemos como mundo é
produto da posição específica em que nosso ponto de aglutinação está localizado em nosso corpo. O ponto de
aglutinação não está no corpo físico, mas no invólucro luminoso, no próprio casulo.

A área onde está este ponto de aglutinação não é uma característica permanente, mas está estabelecida por
hábitos naquela região específica. Quando o ponto de aglutinação é desalojado, a consciência muda
dramaticamente. O mundo que percebemos é o resultado da localização dos nossos pontos de aglutinação em uma
área específica do casulo. A área precisa é determinada pelo hábito, pelos atos repetitivos.

Quando olhamos para uma árvore, nosso ponto de aglutinação se alinha com um número infinito de emanações e
executa um milagre. Nosso ponto de aglutinação faz a gente perceber um grupo de emanações que chamamos
árvore.

A fixação ou o deslocamento do ponto de aglutinação é tudo o que existe para nós e para o mundo que
testemunhamos, seja qual for esse mundo.

Somos ensinados a entorpecer-nos de modo a manter o ponto de aglutinação fixo em um lugar. A mudança do
ponto de aglutinação implica numa visão do nosso próprio mundo da vida cotidiana, por uma perspectiva diferente.

Conseguindo alinhar a outro mundo poderemos ir até lá e lá estará o outro mundo. Se eu deslocara meu ponto de
aglutinação em plena rua, no meio do transito de Los Angeles, Los Angeles irá desaparecer como um sopro de ar,
mas eu permanecerei.

A base de percepção deve mudar. Devemos ter um novo modo de perceber. Em primeiro lugar notar que
processamos nossa percepção para adaptá-la a um molde. Em segundo lugar devemos perceber diretamente a
energia. Perceber a essência nos fará compreender o mundo em termos completamente novos. O ato mais
significativo é ver a essência do universo.

O ponto de aglutinação faz com que percebamos. A percepção é aglutinada naquele ponto. Milhões de filamentos
de energia do universo apenas um pequeno número passa diretamente através do ponto de aglutinação.

O ponto de aglutinação pode ser deslocado, percebendo de modo não familiar. Quanto mais o deslocamento do
ponto de aglutinação, mais incomum será o comportamento conseqüente e, claro, a consciência e a percepção
conseqüentes.

O ponto de aglutinação e o seu brilho ao redor são a marca da vida e da consciência. A consciência e a percepção
estão juntas e estão ligadas ao ponto de aglutinação e ao brilho que o rodeia.

Temos dois tipos de deslocamento do ponto de aglutinação: primeiro é o deslocamento no interior da bola
luminosa, vamos perceber mundos pertencentes ao domínio humano. Segundo é o deslocamento fora da bola
luminosa. O movimento vai captar filamentos que estão além da compreensão, mundos inconcebíveis sem nenhum
traço de antecedentes humanos.
A percepção humana é universalmente homogênea porque o ponto de aglutinação de toda raça humana é fixada no
mesmo local.

Os homens modernos tem uma visão absurdamente irreal da percepção e da consciência, porque seus pontos de
vistas decorrem de sua observação da ordem social, e de suas relações com ela.

A grande tarefa dos feiticeiros é trazer a idéia de que, para evoluir, o homem deve primeiro libertar sua
consciência das amarras da ordem social. Uma vez que a consciência estiver livre, o intento irá redirecioná-la
para um novo caminho evolucionário.

A consciência é uma área infinita de exploração. Com o objetivo de aumentar a consciência, não existe risco que
não devamos correr, nenhum meio que devamos recusar. Mas não se esqueça de que a consciência só pode ser
aumentada com a mente sã.

A Racionalidade

O racionalidade abrange apenas uma parte muito diminuta da totalidade do ser.

A psique humana é infinitamente mais complexa do que o nosso raciocínio mundano ou acadêmico nos leva a
acreditar que seja.

A razão é o demônio que mantêm a pessoa acorrentada. Temos que vencer a racionalidade se quisermos realizar
os ensinamentos.

Estado impecável é o estar livre de suposições racionais e medos racionais.

Intenção ou Desejo

A intenção é que constrói o mundo. As pessoas e todas as criaturas vivas, são escravas da intenção. Estamos nas
suas garras. Ela nos obriga a fazer o que quer. Faz com que atuemos no mundo.

O Nagual mostrou que podia fazer as coisas aparecerem quando apelava para a intenção. Ele me disse que se eu
quisesse voar tinha de instigar a intenção de voar.

Evocar a intenção. O segredo é o olhar, são os olhos que acenam para a intenção. O ver parece visual porque
precisamos dos olhos para focalizar a intenção. Os olhos são os captadores da intenção.

Desejo

Tudo é possível se a gente deseja com um propósito inflexível.


O alinhamento é uma força que pode ajudar o ponto de aglutinação a se deslocar, ou o manter agarrado à sua
posição costumeira. O aspecto do alinhamento que mantém o ponto estacionado é a vontade, e o aspecto que o faz
mudar é o desejo.

Para perceber as outras realidades, precisamos não apenas desejá-las. Precisamos de energia suficiente para
agarrá-las. A inacessibilidade é conseqüência do nosso condicionamento energético.

Sexo

Uma pessoa completa, todas as fibras estão completas, parecem cordas esticadas. Numa pessoa vazia, as fibras
são amassadas nas bordas do buraco. Quando uma pessoa teve dois filhos, as fibras não aparecem mais fibras,
essas pessoas parecem dois pedaços de luminosidade, separadas por uma ponte preta. É um espetáculo terrível.

Um menino rouba a maior parte do fio do pai, a menina da mãe. O Nagual disse que a pessoa que teve filho perde
algum poder que tinha antes. Os pais perdem os fios. As pessoas vazias são como vermes que olham em volta
antes de se mexerem um pouco e depois recuam e depois se mexem mais um pouco de novo.

A energia sexual é algo de extrema importância, e que deve ser controlada e usada com grande cuidado,
economizar e recanalizar a energia sexual. Temos que ter muita energia armazenada para suportar o impacto do
outro mundo.

A Águia ordena que a energia sexual seja usada para que haja vida. Através da energia sexual a Águia confere a
consciência.

Quando seres conscientes estão engajados em relações sexuais, as emanações dentro de seus casulos fazem o
possível para conferir consciência ao novo ser que estão criando. Durante o ato sexual, as emanações contidas
dentro do casulo dos dois parceiros passam por uma profunda agitação, cujo ponto culminante é uma junção, uma
fusão de duas partes do brilho da consciência, uma de cada parceiro, que se separam dos seus casulos. A relação
sexual sempre é uma doação de consciência. As emanações do interior do casulo dos seres humanos não conhecem
o sexo por prazer. Se os guerreiros desejam ter energia suficiente para ver, devem tornar-se avaros com sua
energia sexual. Ao terem um filho, o brilho da consciência dos pais diminuem e o da criança aumenta. Á medida
que as crianças aumentam a consciência, uma grande mancha preta se desenvolve no casulo luminoso dos pais, no
exato lugar do qual o brilho foi retirado. Isso ocorre geralmente na seção média do casulo.

Para mover o ponto de aglutinação a pessoa necessita de energia e não pode desperdiçar esta energia
sexualmente.

O sonho faz o ponto de aglutinação mover e a energia sexual é necessária para sonhar. A energia sexual deve ser
utilizada no sonho. Quando o ponto de aglutinação move desordenadamente é porque a energia sexual não está
equilibrada. Para os sonhadores a energia sexual tem que estar liberada do mundo. Os espreitadores são os
opostos.

Ver
Ver não é um assunto dos olhos, ver é alinhamento. O alinhamento das emanações usadas rotineiramente é a
percepção do mundo do dia-a-dia, mas o alinhamento de emanações que nunca são usadas ordinariamente é ver. É
uma voz que lhe conta no ouvido o que é o que. Errado afirmar que ver era ouvir, porque era infinitamente mais
que isso. A voz de ver para os novos videntes é algo praticamente incompreensível; dizem que é o brilho da
consciência tangendo as emanações da Águia.

Ver é diferente do que olhar para as coisas. Os olhos do homem pode desempenhar ambas as funções, mas
nenhuma das duas, olhar e ver é melhor do que uma da outra; no entanto, treinar os olhos apenas para olhar, é um
desperdício desnecessário.

Pensar é a idéia constante que temos de tudo no mundo. Ver elimina esse hábito. Um homem de conhecimento vive
pelos atos, não pelo pensar nos atos.

No caso de ver o pensar não é a questão.

Se você quer ver tem que deixar o fumo guiá-lo.

Quando um feiticeiro tenta ver, ele está tentando conseguir poder.

Para quem vê, os seres humanos são seres luminosos compostos de uma coisa como fibras de luz e conservam a
aparência de um ovo e uma série de fibras longas que saiam da região próxima do umbigo. Essas fibras são da
maior importância na vida do homem. Pessoas fracas tem fibras muito curtas e quase invisíveis. Pessoas fortes
tem tentáculos longos e brilhantes.

Quando o homem apreende a ver, ele se encontra sozinho no mundo, apenas com a sua loucura.

Percepção

Os seres humanos são percebedores, mas o mundo que percebem é uma ilusão criada pela descrição que lhes foi
ensinada desde o momento que nasceram.. Assim a essência, o mundo que a razão deles quer sustentar é o mundo
criado por uma descrição e suas regras dogmáticas e invioláveis, que a razão deles aprende a aceitar e a
defender.

O resultado dessa manipulação é a mudança no ponto de contato com o mar escuro da consciência, que traz
concomitantemente um aglomerado diferente de milhões de campos energéticos na forma de filamentos
luminosos que convergem no ponto de aglutinação. A conseqüência de novos campos energéticos convergindo no
ponto de aglutinação é que a consciência de um tipo diferente da que é necessária para perceber o mundo da vida
cotidiana entra em ação, transformando os novos campos energéticos em dados sensoriais, dados sensoriais que
são interpretados e percebidos como um mundo diferente, porque os campos energéticos que o engendram são
diferentes dos habituais.

A feitiçaria é a manipulação do ponto de aglutinação com a finalidade de mudar o seu ponto focal de contato com
o mar escuro da consciência, tornando-se assim possível perceber outros mundos.

Milhões de campos energéticos do universo em liberdade, na forma de filamentos luminosos, convergem e


atravessam o ponto de aglutinação dos seres humanos. Esses campos energéticos são convertidos em dados
sensoriais, e os dados sensoriais são então interpretados e percebidos como o mundo que conhecemos. O que
transforma as fibras luminosas em dados sensoriais é o mar escuro da consciência Os feiticeiros vêem essa
transformação e a chama de brilho da consciência, uma luminosidade que se estende como um halo em volta do
ponto de aglutinação.

Existem seiscentos pontos na esfera luminosa que nós somos, e quando alcançados a vontade pelo ponto de
aglutinação pode nos dar um mundo totalmente inclusivo; o que significa que, se o nosso ponto de aglutinação é
deslocado para qualquer desses pontos e permanecer fixo nele, perceberemos um mundo como inclusivo e total,
como o mundo da vida cotidiana, porém, mesmo assim,um mundo diferente.

Manter o ponto de aglutinação fixo na nova posição assegura aos feiticeiros a percepção do novo mundo que eles
entram em sua absoluta plenitude, exatamente como nós fazemos no mundo dos assuntos corriqueiros. O mundo
da vida cotidiana não é mais do que uma camada de um mundo total consistindo em pelo menos seiscentas
camadas.

O Medo

Temos medo quando temos alguma coisa, quando a gente nada tem, perdemos o medo. O grande objetivo é
expulsar o medo dos nossos sonhos e da vida.
Capítulo XI

Campo de Batalha do Homem

O mundo da vida cotidiana não pode jamais ser considerado uma coisa pessoal, que tenha poder sobre nós, algo
que possa nos criar ou nos destruir, porque o campo de batalha do homem não se encontra na sua luta com o
mundo ao seu redor. Seu campo de batalha está além do horizonte , numa área que é inimaginável para um homem
comum, a área onde o homem deixa de ser homem.

A verdadeira luta do homem não é a disputa com seus semelhantes, mas com o infinito, e isso nem chega a ser
uma luta, é, na sua essência, uma aquiescência. Nós devemos voluntariamente nos submeter ao infinito. Nossas
vidas se originam no infinito, e terminam exatamente onde se originou: no infinito.

Meditação

Meditar: sentar num tapete fino e macio, com as solas do pé juntas e coxas encostadas no tapete. A melhor hora
para sonhar é tarde da noite ou bem cedo de manha. Nesses horários temos melhores condições de solidão e
ausência de inúmeras interferências.

Relaxe, solte-se, não tenha medo de nada. Só então os poderes que nos guiam abrem o caminho e nos ajudam.

Deitar na cama e se esvaziar de todos os pensamentos e sentimentos e depois deixar que as linhas do chão puxem
as rugas e as apaguem. Não deixar os pensamentos interferirem.

Contemplar um monte de folhas durante horas, os pensamentos vão se aquietando. Sem pensamentos a atenção
do tonal se enfraquece e de repente a sua segunda atenção agarram-se as folhas e elas se tornam outra coisa. O
mundo para. Contemplar é apreender aquietar os pensamentos. O único meio de fazer parar o mundo é tentar
fazê-lo parar .

Contemplar é aquietar os movimentos, desligar o diálogo interno, desligar a atenção do tonal. Uma vez que
paramos o diálogo interno, também paramos o mundo.

Relaxe, deixe o diálogo interno cessar.

A maneira de parar de conversar com nós mesmos é usar exatamente o mesmo método: precisamos exercer nossa
vontade, precisamos ter esta intenção.

Quando o silêncio interior é atingido, os laços que ligam o ponto de aglutinação, fazendo com que o ponto de
aglutinação permaneça no lugar em que ele está localizado, começam a soltar-se, e o ponto de aglutinação fica
livre para se movimentar.

A dificuldade para o homem médio é o diálogo interno. A pessoa só pode usar o impulso (impulso da terra) quando
atinge um estado de silêncio total.
Sentar-se sozinho e deixar os pensamentos, memórias e idéias brotarem livremente.Deixar a voz das
profundezas falar.

O Espreitador

Espreitador é aquele que faz a recapitulação. Consiste em recordar a vida até os mínimos detalhes. O
espreitador usa engradado ou caixa de terra a fim de se trancar dentro enquanto estiver revendo. O espreitador
deve recapitular sua vida completamente. O sonho e a espreita tem a mesma finalidade, entrar na terceira
atenção. É importante que o guerreiro pratique os dois. O elemento chave da recapitulação é a respiração. A
respiração produz memória cada vez mais profundas. O espreitador tem de lembrar de cada sentimento que teve
em sua vida e esse processo inicia com a respiração.

A recapitulação consiste em um escrutínio sistemático da própria vida, segmento por segmento, um exame feito
não ã luz da crítica e da descoberta de falhas, mas à luz de um esforço para entender a própria vida e mudar o
seu curso

A recapitulação consiste em um escrutínio sistemático da própria vida, segmento por segmento, um exame feito
não à luz da crítica e da descoberta de falhas, mas à luz de um esforço para entender a própria vida e mudar o
seu curso. Uma vez que o praticante olhe sua própria vida da maneira distanciada que a recapitulação exige, não
existe mais a possibilidade de voltar à mesma vida.

A consciência é o alimento da Águia e ela, a Águia, pode ficar satisfeita com uma recapitulação perfeita em lugar
da consciência. Soledade tinha ficado dentro do engradado de recapitulação durante cinco anos e a Águia aceitou
sua recapitulação no lugar de sua conscientização e libertou Soledade.

A tarefa de lembrar é ajuntar o nosso lado direito com o esquerdo, de trazer essas duas formas separadas de
percepção a um todo, é a tarefa de consolidar a totalidade do eu através da reorganização numa seqüência linear.

No momento em que a pressão das emanações livres fixa as emanações do interior, a primeira atenção começa a
observar a si mesma. Nota tudo a respeito de si mesma. O fazer o inventário é a ordem da Águia. O que está
sujeito a vontade do homem é a maneira como a ordem é obedecida. Ordem é emanação da Águia e é uma
emanação que ninguém pode desobedecer.

Nós seres humanos somos na realidade um ponto de aglutinação fixo em certa posição. Nosso inimigo e ao mesmo
tempo nosso amigo é o nosso diálogo interno, nosso inventário. Desligue seu diálogo interno, faça seu inventário e
depois atire-o fora. Sem o inventário, o ponto de aglutinação torna-se livre.

Um dos aspectos mais inflexíveis de nosso inventário é a nossa idéia de Deus.

Espreitar a si mesmo ou limpar o elo.

Relembrar é ditado pelo tipo de pensamento cotidiano, enquanto recordar é ditado pelo movimento do ponto de
aglutinação. Uma recapitulação da vida é a chave para mover o ponto de aglutinação. O feiticeiro começa sua
recapitulação pensando, relembrando os atos mais importantes de suas vidas. Após apenas pensar a respeito
deles, move-se então para estar realmente no local do evento. Quando conseguem fazer isso, estar no local do
evento, foi porque moveram com sucesso seu ponto de aglutinação ao lugar preciso onde estava quando o evento
teve lugar. Trazer de volta o evento total por meio do movimento do ponto de aglutinação é conhecido como a
recordação dos feiticeiros.

A coleção de eventos memoráveis é o veículo para o ajuste emocional e energético necessário a fim de se
aventurar, em termos de percepção, no desconhecido.

A recapitulação consiste em fazer uma lista de todas as pessoas que conheceu, desde o presente até o início da
sua vida. Uma vez feita essa lista, pegue a primeira pessoa da lista e lembra-se de tudo o que puder sobre a
pessoa. Lembre de tudo, de cada detalhe.

Ao recapitularmos a nossa vida, todo o entulho chega à superfície. Percebemos a nossa inconsistência, nossas
repetições.

Pequeno Tirano

Controle é dominar-se quando alguém está pisando em você. Paciência é esperar calmamente, sem pressa e sem
ansiedade.

Todo esforço deve ser feito para erradicar a vaidade da vida dos guerreiros. A vaidade figura como atividade
que consome a maior quantidade de energia, daí o esforço para erradicá-la. Energia para poder encarar o
desconhecido com ela. A ação de recanalizar aquela energia é a impecabilidade.

Dominar o pequeno tirano: é ter controle, é ter disciplina, é ter paciência, é esperar pelas oportunidade, é ter
vontade.

O guerreiro que tropeça num pequeno tirano é um guerreiro afortunado. Se os videntes conseguem manter-se
inteiros ao defrontar-se com pequenos tiranos, podem certamente encarar o desconhecido com impunidade, e
então podem suportar até mesmo a presença do incognoscível.

Os guerreiros que sucumbem a um minúsculo pequeno tirano são eliminados pelo seu próprio senso de fracasso e
inutilidade. Isto significa alta mortalidade.

Lidar com os pequenos tiranos ajuda os videntes a realizarem uma manobra sofisticada: essa manobra destina-se
a mover seus pontos de aglutinação. O fato de eu ter percebido um aliado significa que havia movido meu ponto
de aglutinação de sua posição costumeira. Meu brilho da consciência move-se além de certo umbral, apagando
também meu medo. Acontece porque eu tinha energia suplementar suficiente.

Escudo

O grande problema das pessoas é que elas confundem o mundo com que as pessoas fazem. As coisas que as
pessoas fazem são os escudos contra as forças que nos cercam. O que as pessoas fazem é muito importante em
si, mas apenas como escudo. Nunca aprendemos que as coisas que fazemos como pessoas são apenas escudos e
deixamos que elas dominem e transformem nossas vidas. Para a humanidade, aquilo que as pessoas fazem é maior
e mais importante do que o próprio mundo.
História Pessoal

Não tenho história pessoal. Um dia descobri que a história pessoal não me era mais necessária, eu a deixei de
lado.

Você tem necessidade de renovar sua história pessoal para contar a seus pais, seus parentes e amigos, tem
necessidade de contar tudo o que faz. Se não tiver história pessoal, não há necessidade de explicações e acima
de tudo, ninguém o prende com seus pensamentos.

É melhor apagar toda história pessoal porque isso nos deixaria livres dos pensamentos estorvantes dos outros.

Como posso saber o que sou, quando sou tudo isso que existe. Deve apagar tudo em volta de si até que nada possa
ser considerado coisa sabida, até não haver nada de certo nem de real. Seu problema agora é que você é real
demais. Precisa começar a se apagar.

Comece a se apagar com as coisas simples, assim não revela o que está fazendo. Depois deve abandonar todas as
pessoas que o conhece realmente bem. Assim, você construirá uma névoa em torno de si.

Eu tinha de estar ciente da inutilidade de minha importância própria e de minha história pessoal. Aqueles que o
conhecem a muito tempo, você tem de abandoná-los rapidamente.

Não tenho história pessoal e não me sinto mais importante do que alguma outra coisa, e também porque minha
morte está sentada comigo bem aqui.

Diálogo Interno

O diálogo interno é o que prende as pessoas no mundo cotidiano. O mundo é assim e assado, desta ou daquela
maneira, só porque dizemos a nós mesmos que ele é assim e assado, desta ou daquela maneira. A passagem para o
mundo dos xamãs se abre depois que o guerreiro aprendeu a silenciar seu diálogo interno. Mudar nossa idéia
sobre o que é o mundo é o ponto crucial do xamanismo. ,E parar o diálogo interno é o único meio de conseguir isso.

Quando o guerreiro aprende a parar o diálogo interno, tudo se torna possível; as coisas mais difíceis podem ser
alcançadas.

Conhecimento Silencioso

O conhecimento silencioso nada mais é do que o contato direto com o intento.

Silêncio interior significa a suspensão do diálogo interno,sendo um estado de profunda quietude. É um estado que
a percepção não depende dos sentidos. O que funciona durante o silêncio interior é outra faculdade que o homem
tem, a faculdade que o torna um ser mágico. O silêncio anterior se acumula, aumenta. O importante és formar um
núcleo do silêncio interior.

Silêncio interior é o caminho que leva a uma verdadeira suspensão do julgamento, a um momento em que a
informação sensorial que emana do universo em liberdade deixa de ser interpretada pelos sentidos; o momento
em que a cognição cessa de ser a força que, através do uso e da repetição, decide a natureza do mundo.

Devemos viajar através do mar escuro da consciência. O silêncio interior faz isso.

Nada Fazer

O não fazer é parar o diálogo interno. Parar o diálogo interno traz a paz necessária e descansa a mente dos
praticantes, e isso por sua vez ajuda-nos a controlar os sonhos.

Ponto de Ruptura

Em um dado momento a continuidade de suas vidas tem de se quebrar para que o silêncio interior comece esse
torne uma parte ativa de suas estruturas. O ponto de ruptura é interromper a sua vida como você a conhece.
Deve deixar seus amigos, deve dizer adeus a eles para sempre. Não é possível continuar no caminho dos
guerreiros levando sua história pessoal com você. O Nagual só tem um ponto de referência, o infinito.

Não quero que seu corpo morra fisicamente. Quero que sua pessoa morra. Sua pessoa é a sua mente. O critério
que indica que um feiticeiro está morto é quando não faz diferença para ele se tem companhia ou se está só.

Loucura Controlada

Temos que saber que nossos atos são inúteis e, no entanto, temos que proceder como se não soubéssemos. Os
atos devem ser sinceros, mas são atos de um ator. Tudo o que eu faço é loucura controlada. Nada importa e não
devemos ligar realmente a nada ou a ninguém. Devemos continuar a viver com base na vontade, mas uma vontade
limpa e sadia. A vontade é usada para controlar a loucura da vida.

Meu riso é real, é loucura controlada. O meu riso é inútil; não altera nada e, no entanto, continuo a fazê-lo. O
meu riso é uma loucura controlada.

Um homem de conhecimento não tem honra, nem dignidade, nem família, nem nome, nem prática, mas apenas a
vida a ser vivida, e, nessas circunstâncias, sua única ligação com seus semelhantes é sua loucura controlada. O
homem de conhecimento se esforça, transpira e bufa; e, se olhar para ele, parece um homem comum, só que tem
que a loucura de sua vida está controlada. Como nada é mais importante do que outra coisa qualquer, um homem
de conhecimento escolhe qualquer ato e age como se lhe importasse. Sua loucura controlada o leva a dizer que o
que ele faz importa e o faz agir como se importasse. O homem de conhecimento sabe que depois de qualquer ato
ele se retira em paz, quer seja um ato bom ou mau. A bondade e a maldade não o afeta.
Minha loucura controlada só se aplica a mim. O único ato na vida de um homem de conhecimento que não é loucura
controlada é aquele que ele pratica com seu aliado ou com Mescalito. O aliado e Mescalito não estão no plano de
igualdade com os seres humanos.

A loucura controlada é a única maneira que existe de lidar consigo mesmo, em seu estado de consciência e
percepção expandida, e com todos e tudo no mundo dos afazeres diários. A loucura controlada como arte do
engano controlado ou a arte de fingir estar profundamente imerso na ação. A loucura controlada não é um engano
direto, mas um modo sofisticado, artístico, de estar separado de tudo permanecendo ao mesmo tempo uma parte
de tudo. Muitos feiticeiros não suportam a loucura controlada, não porque haja alguma coisa inerentemente
errada com a arte, mas porque é preciso muita energia para exercê-la.

A consciência ocorre quando os filamentos no interior do casulo estão iluminados. A energização dos filamentos é
feito por uma força independente, chamada vontade. A vontade é a força que mantêm as emanações da Águia
separadas, sendo responsável pela nossa consciência e também por tudo no universo. A vontade é outro nome para
intento. O intento possui consciência total e possui uma conexão viva com tudo no universo.

Liberdade

Para ser um Nagual a pessoa precisa amar a liberdade e deve ter um despreendimento supremo.

Busca de liberdade: liberdade de perceber, perceber a essência energética das coisas.

Perceber a essência das coisas é uma capacidade que chamamos de ver. Ver é perceber a energia diretamente.

A liberdade é a força capaz de impulsionar em direção ao infinito. Liberdade de voar até aquele infinito.
Liberdade para se dissolver, para decolar, para ser como a chama de uma vela que mesmo diante da luz de um
bilhão de estrelas, permanece intacta, porque jamais pretendeu ser mais do que é, uma simples vela.

Liberdade total é o momento em que o homem escravo torna-se um ser livre, capaz de ter percepção que
desafiam a nossa imaginação linear.
Capítulo XII

O Sonho

O sonho deve ser iniciado de um ponto de luz que tenha cor.

Se eu estiver sonhando a noite as minhas visões no sonho devem ser de noite. O que a pessoa experimenta
sonhando tem de ser congruente com a hora do dia em que o sonhar realiza.

Sonhar é real quando a gente conseguiu focalizar tudo. Depois, não há diferença entre o que você faz quando
dorme e o que faz quando não esta dormindo.

Focalizar o olhar sobre suas mãos, como ponto de partida. Depois desvia o olhar para outras coisas e olhe para
elas de relance. Focalizar o olhar sobre o máximo de coisas que puder. Olhar só rapidamente. Voltar para suas
mãos. Cada vez que olhar para suas mãos, estará renovando o poder necessário para sonhar. Assim que as imagens
começarem a mudar e você sentir que está perdendo o controle, volte para suas mãos, senão as visões no sonho
poderá ser uma visão de sonho comum.

A arte de sonhar é conservar a imagem de seus sonhos.

Guardar a imagem dos sonhos era uma arte Tolteca: encontrar as minhas mãos em meus sonhos, encontrar
objetos, buscar coisas significativas, olhar para si mesmo dormindo na cama, significa o praticar o sonhar.

O sonhar comprime as camadas do casulo.

Contemplar as sombras das pedras e depois no sonhar descobrir que estas sombras tem luz, de modo que no
sonho vá procurar a luz nas sombras até encontrá-la. Contemplar e sonhar estão juntos. Levei muito tempo
contemplando as sombras para poder conseguir o meu sonhar de sombras.

A arte de sonhar é a arte de deslocar à vontade o ponto de aglutinação com o objetivo de ampliar o âmbito do que
pode ser percebido.

Através dos contatos de sonhos com os seres inorgânicos, os feiticeiros tornaram-se versados na manipulação do
ponto de aglutinação.

Corpo Sonhador

O corpo sonhador é as vezes chamado de sósia ou o outro, porque é uma réplica perfeita do corpo do sonhador. É
basicamente a energia de um ser luminoso, um esbranquiçado, uma emanação fantasmagórica, que é projetada
pela fixação da segunda atenção numa imagem tridimensional do corpo. O corpo sonhador é um fantasma, sendo
tão real quanto qualquer coisa que lidamos no mundo. A segunda atenção é inevitavelmente levada a focalizar
sobre o nosso ser total como um campo de energia, e que transforma essa energia em qualquer coisa apropriada.
A coisa mais fácil é naturalmente, a imagem do corpo físico. O que canaliza a energia do nosso ser total a
produzir qualquer coisa que esteja dentro dos limites de possibilidades é conhecido como vontade. Desta forma a
energia de um ser luminoso pode ser transformada, através da vontade, em qualquer coisa. O corpo sonhador se
envolve e se prende a qualquer coisa. Ele não tem sentido.

Sósia é o outro corpo que a gente adquire ao sonhar, parece exatamente com a pessoa.

Os antigos videntes ficaram tão especializados em manter sua posição de sonho que eram até mesmo capazes de
acordar enquanto seus pontos de aglutinação estavam ancorados ali, usando-o como um corpo mais prático, o que
quer dizer que recriavam-se de maneira cada vez mais estranhas. O corpo sonhador é uma bolha de luz. O
deslocamento do ponto de aglutinação sendo caótico, o sonho será caótico.

O corpo sonhador é conhecido por diferentes nomes: o outro, o duplo e é uma bolha de luz. O deslocamento do
ponto de aglutinação além da linha média do casulo do homem faz com que o mundo inteiro que conhecemos
desapareça instantaneamente de nossas vistas, como se tivesse sido apagado, pois a estabilidade, a
substancialidade que parece pertencer ao nosso mundo perceptível é apenas a força de alinhamento, e nosso
mundo é apenas isso. A integridade do mundo não é miragem; a miragem é fixação do ponto de aglutinação em
qualquer posição. Quando os videntes deslocam seus pontos de aglutinação, não se defrontam com uma ilusão,
defrontam-se com outro mundo, esse novo mundo é tão real como o que estamos olhando agora, mas a nova
fixação de seus pontos de aglutinação, que produz esse novo mundo, é tanto uma miragem quanto a antiga fixação.
Capítulo XIII

A Morte

A morte é nossa eterna companheira, está sempre a nossa esquerda, à distância de um braço. Como é que alguém
pode sentir-se tão importante quando sabe que a morte está no seu encalçoA morte é a única conselheira que
possuímos.

No mundo em que a morte é a caçadora, não há decisões pequenas ou grandes. Só há decisões que tomamos diante
da morte inevitável.

Só há uma coisa errada com a gente, pensamos que temos muito tempo. A felicidade é agir com a plena
consciência de que não temos muito tempo. Os atos tem poder, especialmente quando a pessoa que age sabe que o
ato que está praticando faz parte da sua última batalha. Há uma estranha felicidade em agir com o pleno
conhecimento de que o ato que está praticando agora, pode bem ser o seu último ato sobre a terra.

Concentre sua atenção no elo entre você e sua morte, sem remorsos, nem tristeza, nem preocupação. Focalize sua
atenção sobre o fato de que você não tem mais tempo e deixe que seus atos fluam naturalmente. Deixe que cada
um de seus atos seja sua última batalha na terra. Só nessas condições é que tais atos terão seu devido poder.

A morte não é como uma pessoa, é mais uma presença. Podemos dizer que ela não é nada e, no entanto é tudo. E
ambas as coisas estarão certas. A morte para cada um possui a sua própria característica e para mim, ela é uma
pessoa. A maneira pela qual o guerreiro vê sua morte é um assunto pessoal. Pode ser qualquer coisa, um pássaro,
uma luz, uma pessoa, um arbusto, uma pedra, uma névoa, ou uma presença desconhecida.

Determinados feiticeiros não são colhidos pela morte, mas escolhem o momento e o modo de sua partida deste
mundo. É então que os consome um fogo interior e desaparecem da face da terra, livres, como se nunca tivessem
existido.

Atravessar para a liberdade significa uma vida para sempre. No momento da travessia a pessoa entra na terceira
atenção, e o corpo, em sua totalidade, é iluminado pelo conhecimento. Cada célula torna-se de repente consciente
de si própria, e também consciente da totalidade do corpo.

Nossa morte era um ponto negro exatamente atrás do ombro esquerdo. Quando uma pessoa está próxima para
morrer o ponto negro se transforma em uma sombra móvel do mesmo tamanho e formato da pessoa a quem
pertence.

Sem uma visão clara da morte, não há ordem, nem sobriedade, nem beleza. O feiticeiro luta para ganhar essa
percepção crucial de modo a ajudá-lo a perceber no nível mais profundo possível que não têm segurança sequer de
que sua vida continuará além do momento. Essa percepção dá ao feiticeiro a coragem de ser paciente e no entanto
entrar em ação, coragem de aquiescer sem ser estúpido.

A idéia da morte é a única coisa que pode dar coragem ao feiticeiro. Coragem de ser atencioso sem ser vaidoso,
ser implacável sem ser convencido.
A morte é o único inimigo real que temos. A morte não é um inimigo, embora cause esta sensação. A morte não é
nosso destruidor, embora pensemos que seja. A morte é o único oponente valoroso que temos. A morte é nosso
desafiante. Nascemos para aceitar este desafio, homens comuns ou feiticeiros. A vida é a arena e nessa arena há
apenas dois contendores: o próprio indivíduo e a morte. A morte estabelece o ritmo de nossas ações e
sentimentos e empurra-nos incansavelmente até que nos quebra e ganha o prêmio, ou então nos elevamos acima de
todas as possibilidades e derrotamos a morte. O feiticeiro derrota a morte e a morte reconhece a derrota,
deixando que o feiticeiro parta livre, para nunca mais ser desafiado. Isto não significa que o feiticeiro se torna
imortal. A morte deixa de desafiá-lo, significa que o pensamento deu uma cambalhota para o inconcebível. Uma
cambalhota do pensamento para o inconcebível é a descida do espírito; o ato de quebrar nossas barreiras
perceptíveis. É o momento no qual a percepção do homem atinge seus limites. Descida do espírito, ou ser movido
pelo intento.

Não a deseje, apenas espere até que ela chegue. Não tente imaginar como é a morte. Apenas esteja ali para ser
apanhado em seu fluxo.

Morri naquele campo. Senti minha consciência fluindo para fora de mim e dirigindo-se na direção da Águia. Mas
como eu havia recapitulado impecavelmente minha vida, a Águia não me devorou a consciência. A Águia cuspiu-me
para fora. Por que meu corpo estava morte no campo, ela não me deixou seguir diretamente para a liberdade. Era
como se me dissesse para voltar e tentar outra vez.

A morte é a nossa eterna companheira. Está sempre ã nossa esquerda, à distância de um braço atrás de nós. A
morte é a única conselheira sábia que um guerreiro tem. Toda vez que ele sente que tudo está errado e que ele
está preste a ser aniquilado, pode virar-se para sua morte e perguntar se é assim mesmo. A morte lhe dirá que
ele está errado; que nada realmente importa, além do toque dela. Sua morte dirá a ele: "Ainda não o toquei."

Em um mundo em que a morte é o caçador, não há tempo para remorsos ou dúvidas. Só há tempo para decisões.
Não importa quais decisões. Nada pode ser mais ou menos sério do que qualquer outra coisa. Em um mundo em que
a morte é o caçador, não há decisões pequenas ou grandes. Só há decisões que um guerreiro toma em face de sua
morte inevitável.

Um guerreiro deve focalizar sua atenção no elo entre ele e sua morte. Sem remorso nem tristeza nem
preocupação, ele deve focalizar sua atenção no fato de que ele não tem tempo e deixar que seus atos fluam de
acordo. Ele deve deixar que cada um de seus atos seja sua última batalha sobre a terra. Só nessas condições é
que seus atos terão o devido poder. Senão eles serão, enquanto ele viver, os atos de um tolo.

Um guerreiro-caçador sabe que sua morte o está esperando e o próprio ato que ele está executando agora pode
muito bem ser sua última batalha sobe a terra. Ele o chama de uma batalha porque é uma luta. A maioria das
pessoas passa de um ato para outro sem qualquer luta ou pensamento. Um guerreiro-caçador, ao contrário, avalia
cada ato; e como tem um conhecimento íntimo de sua morte, procede judiciosamente, como se cada ato fosse sua
última batalha. Só um tolo deixaria de perceber a vantagem que um guerreiro-caçador leva sobre seus
semelhantes. Um guerreiro-caçador dá à sua última batalha o devido respeito. É natural que seu último ato sobre
a terra seja o melhor dele. É agradável assim. Amortece o seu medo.

O xamã é capaz depois da morte, reter sua consciência e propósito individual. Para o xamã, o estado idealístico e
vago que o homem moderno chama "a vida depois da morte" é uma região concreta e repleta de questões práticas
de uma ordem diferente das questões práticas da vida cotidiana, porém, com uma praticabilidade funcional
semelhante. Colecionar os eventos memoráveis em suas vidas era para o xamã a preparação para entrar nessa
região concreta que é chamada pelo xamã de o lado ativo do infinito.
Na morte a sua consciência acaba, tanto para os seres orgânicos como para os seres inorgânicos. Existe uma
opção oculta para a morte que é exclusiva para os feiticeiros. Para os seres humanos comuns, morte significa o
fim da consciência, o fim do seu organismo físico. O impacto da morte é o ato de ser sugado para o mar escuro da
consciência. As consciências individuais, carregadas com as suas experiências de vida, quebram as suas
fronteiras, e a consciência enquanto energia se perde no mar escuro da consciência. Para um feiticeiro, a morte é
um fator unificador. Em vez de desintegrar o organismo, como comumente acontece, a morte o unifica. A morte
para um feiticeiro termina o reino dos temperamentos individuais do corpo. A morte para os feiticeiros é um ato
de unificação e quando a unificação ocorre não há cadáver. Não há decomposição. O corpo em sua totalidade se
transforma em energia, e a energia que possui consciência não é fragmentada. Os limites que são causados pelo
organismo são interrompidos pela morte. Ocorre uma transformação, o feiticeiro se transforma em ser
inorgânico de alta velocidade, ser capaz de manobras estupendas de percepção e o infinito se torna o seu reino
de ação.

Pulei no abismo e não morri porque antes de alcançar o fundo do abismo deixei que o mar escuro da consciência
me engolisse. Entreguei-me a ele, sem medos nem arrependimentos. E esse mar escuro forneceu-me tudo o que
era necessário para eu não morrer.

Final da Vida

Durante nossas vidas ativas nunca temos a chance de ir além do nível da mera preocupação, porque desde tempos
imemoriais a rotina dos afazeres diários os entorpeceu. É apenas quando nossas vidas quase se encontram por
terminar que nossa preocupação com o destino começa a assumir um caráter diferente. Começa a fazer-nos ver
através da neblina das ocupações diárias. Infelizmente, esse despertar sempre vem de mãos dadas com a perda
da energia causada pelo envelhecimento, quando não temos mais força para transformar nossa preocupação em
descoberta pragmática e positiva. Nesse ponto, tudo que é deixado é uma angústia amorfa e penetrante, um
desejo por algo indescritível, e simples raiva por ter errado o alvo.

O Fim de Uma Era

O fim de uma era significa que a unidade de uma cognição estrangeira está começando a tomar conta. A unidade
da atual cognição está começando a se desvanecer.

"Que sob a visão de ZELO e AMOR que o GRANDE MISTÉRIO mantém sobre nós, possamos carregar o
SAGRADO ESPÍRITO DA VIDA entre todas as tribos e por todas as Trilhas.
POR TODAS AS NOSSAS RELAÇÕES.
DANAHO!"

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