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DA LEITURA E DA ESCRITA
Resumo
As mudanças Sociais trouxeram novas exigências de formação, ampliando o espaço
de educação formal. Reflexo disso é o número elevado de pessoas jovens e adultas
que estavam fora da Educação Básica, voltam aos bancos escolares e aos
programas de EJA. Acredita–se que a não conclusão das etapas de escolarização
estejam ligadas a vários fatores de diferentes naturezas: sociais, culturais,
políticas, econômicas, pedagógicas consideradas determinantes para a não
democratização da educação. Estudiosos como Gadotti(2000) destacam que dentre
as consequências desse fatores, a evasão escolar é “a vilã”. Estatísticas revelam
que é elevada nessa modalidade. Nesse sentido, o presente estudo objetiva fazer
uma análise das possíveis causas dessa evasão a partir de um referencial teórico
que possa dar subsidio para essa análise, partindo dos fundamentos legais,
confrontando o que está neles expresso, principalmente em relação ao direito a
Educação como garantia de cidadania e, o que acontece na efetivação desse direito.
O estudo parte de algumas indagações entre essas: como a sociedade brasileira
produziu historicamente esse número de analfabetos ou desescolarizados,
interferindo na não democratização da educação e na preparação do trabalhador
para atuação pessoal e profissional, nessa sociedade? Por que os jovens e adultos
que têm, atualmente, oportunidade de voltar a estudar, vão á escola e nela não
permanecem, tendo como consequência mais evidente a apropriação, não eficaz
dos códigos da leitura e da escrita? Esse estudo se justifica considerando que, ao
fazer o curso de Pedagogia na FAP, realizei parte da Prática Profissional (obrigatória
no CEEBJA – Centro de educação de jovens e adultos). Senti necessidade de
investigar como está ocorrendo a apropriação da leitura e da escrita, por aqueles
que permanecem nessa escola. Como a sociedade evolui em seu processo
educativo formal é necessário que todos nele permaneçam, tendo acesso a leitura e
a escrita para que não sejam mais excluído desse benefício social que o mundo
letrado produziu, por não dominá–la.
Palavras-chave:
educação, analfabetos , evasão.
INTRODUÇÃO
O Percurso
Segundo Paiva (1987), a educação dos adultos nasceu no Brasil juntamente com a
educação elementar comum. Os jesuítas buscavam atingir os pais, por meio das
crianças. Pela catequese direta dos indígenas adultos, a alfabetização e a
transmissão do idioma português serviam como instrumento de cristianização e
aculturação dos nativos.
Ainda no final dos anos 90, a UNESCO enfatiza a necessidade de que as políticas
educativas promovam a inclusão dos excluídos, não mais por meio de medidas
compensatórias como ocorria no passado, mas introduzindo modificações no
sistema educativo comum que permitam ajustar o ensino às diferenças individuais,
sociais e culturais. Ao mesmo tempo, destaca a importância de fortalecer a função
do Estado para assegurar a igualdade de oportunidades.
A educação hoje é a base para um mundo melhor, portanto, a EJA é um dos fatores
prioritários para os adultos não-alfabetizados. O Brasil ainda tem uma taxa de
analfabetismo elevada, com mais de 15 milhões de pessoas (INEP, março 2006)
que não sabem ler ou escrever um bilhete, podendo ser considerados "analfabetos
funcionais" Esse número varia de acordo com diferenças regionais, que influenciam
no analfabetismo do País.
Freire (1987) destaca que o analfabetismo no Brasil já foi considerado como fator
de marginalidade e causa de pobreza, hoje visto como efeito da situação da
pobreza, gerado pela diferença social. No entanto, mesmo que várias medidas
tivessem sido tomadas ao longo do seu desenvolvimento histórico, com projetos
voltados para o ensino da leitura e da escrita para jovens e adultos como: Mobral,
Ação Integrada, Projeto Educar, alfabetização Solidária, ligados às propostas do
Governo Federal das décadas de 70 a 90, chegou-se nesse novo milênio com alto
índice de analfabetismo e desescolarização.
Nos anos 90, com a extinção da Fundação Educar, ficou um grande vazio político
para a educação de adultos. Essa fundação fornecia recursos para manter o ensino
e, mediante esta extinção, parou de funcionar em alguns municípios por falta de
recursos. Algumas entidades da sociedade civil assumiram programas de
alfabetização, mas ficou longe de alcançar e satisfazer a demanda de adultos
existente. Com a aprovação da LDB 9394/96, ficou sob responsabilidade do
governo das três instâncias administrativas, do sistema, manter essa modalidade
educativa tornando mais viável sua efetivação, destaca que esta deve fazer com
que o homem seja capaz de refletir e agir segundo o bem comum.
A lei modificou o conceito de EJA e os objetivos que a ela foram sendo destinados
na sociedade. Na Proposta Pedagógica do EJA, foram retomadas as concepções de
Paulo Freire, nos aspectos sócio-políticos e culturais, para que ela tivesse um
significado para o aluno. De educação compensatória e supletiva passa a ter uma
dimensão mais abrangente - equalizadora e qualificadora - dimensões que
transcendem os marcos escolares, vinculando-as ao desenvolvimento humano em
todas as esferas da vida. Mas, infelizmente, observa-se que ainda há indícios
fortes, em relação à evasão escolar na Educação Básica de Jovens e Adultos, e a
desescolarização.
De acordo com Luck (1998), um grande desafio que se apresenta para a escola nos
dias atuais, é a garantia da permanência das pessoas jovens e adultas no sistema
formal de educação e a conclusão da educação básica. Esta tem início no processo
de alfabetização cujo objetivo é a construção contínua para o desenvolvimento de
uma aprendizagem consciente, a fim de viabilizar e manter alunos que não tiveram
oportunidade de frequentar uma escola quando em idade própria.
Os resultados de enquetes de hábitos de leitura, por sua vez, mostram que é senso
comum falar que ler é importante e que as pessoas têm o desejo de poder ler,
porém muitos dos que leem não conseguem interpretar o texto lido.
Geralmente quando o adulto volta para a escola sente-se um pouco retraído, vê-se
como uma pessoa já velha, que não teve oportunidades. Cabe ao professor
estimulá-lo a fim de que ele possa participar de todas as atividades propostas e que
possa se sentir bem com o seu grupo de estudos.
Quem tem uma turma de EJA sabe das dificuldades: de manter o interesse dos
alunos que chegam cansados do trabalho; de planejar aulas que tenham relação
com a vida deles e que não sejam uma versão empobrecida do que é dado a
crianças e adolescentes. Mas já há inúmeras escolas trabalhando a EJA com
sucesso, oportunizando jovens e adultos a se tornarem cidadãos autônomos e a
transformar a escola na porta de entrada de um mundo a ser descoberto.
Acredita-se que a evasão de jovens e adultos pode ser evitada se algumas medidas
forem tomadas, segundo a diretora do Centro de Educação de Jovens e Adultos,
Profa Elenir da Costa, a qual destaca que: "quem se matricula em uma sala de EJA
tem a autoestima geralmente baixa, sentido vergonha de nunca ter estudado, ou
de ter parado de estudar há muitos anos, e medo do ridículo e do desconhecido.
Sem contar o cansaço e as preocupações que só os adultos têm, como pagar as
contas ou educar os filhos. Mas algumas ações podem ser tomadas para evitar que
tudo isso afaste os alunos da escola:
• Fazer com que perceba que a atitude de voltar a estudar não deve ser motivo de
vergonha, mas de orgulho;
• Ajudar o aluno a identificar o valor e a utilidade do estudo em sua vida por meio
de atividades ligadas ao seu cotidiano;
• Ser receptivo para conversar, pois muitos vão à escola preocupados com
problemas pessoais ou profissionais;
CONCLUSÃO
Com a elaboração desse estudo foi possível constatar que a EJA é um campo fértil
para estudo e pesquisa, pois é grande o contingente populacional que ainda não
concluiu a educação básica. Como esta se atrela aos interesses sociais ao mudar as
demandas do trabalho, muda o perfil do emprego, há solicitação de um trabalhador
que dê conta de acompanhar as mudanças. Quaisquer que sejam suas áreas de
atuação, para todos os trabalhadores rege a exigência de adquirir a capacidade de
adaptação às mudanças, de compreender os novos processos técnicos decorrentes
das novas tecnologias, de saber comunicar-se de forma eficiente e de adquirir
conhecimentos profissionais de base e essas capacidades podem ser desenvolvidas
por meio da educação básica.
No entanto, pode-se dizer que para haver a democratização da educação não basta
apenas a existência de Leis, é preciso que haja comprometimento dos órgãos
públicos, responsáveis diretos pela sua efetivação.
Pode-se destacar que a evasão em EJA é um fator determinante que inviabiliza sua
concretização e com isso o domínio da leitura e da escrita fica comprometido. Na
verdade, os processos de aquisição dos códigos linguísticos passam pelo
envolvimento do sujeito e do seu comprometimento e isso tem ligação com a forma
como está organizado o Projeto Pedagógico da escola, que tem essa perspectiva de
ensino e organiza seus métodos para que a apropriação da escrita e da leitura se
dê de maneira crítica e participativa. Assim, antes de o aluno iniciar-se em sua
escrita, o professor deve ter como proposta fazer com que ele seja sujeito, que vai
a busca do conhecimento, ultrapassando uma compreensão mágica da realidade,
desfazendo a cultura letrada, na qual o educando estará se iniciando.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.