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Projeto Pós-graduação

Curso Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal


Disciplina Finanças Públicas
Tema Definições Conceituais
Professor Alcides Mário Amaral de Oliveira Júnior

Introdução
Neste tema, estudaremos as finanças públicas, as quais abrangem a
emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua
gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio
Estado.
Na captação dos recursos, são estudadas as diversas formas de
receitas, obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu
endividamento ou por força do seu poder tributário. Uma vez captados os
recursos impõe-se a sua administração até o efetivo dispêndio.
Agora vá até o material digital e veja o que mais o professor Alcides tem
a dizer sobre o conteúdo que veremos hoje. Não perca!

Problematização
Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo,
tendo a caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um
grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais sujeitos.
Destaca-se que mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros,
todos podem desfrutar do bem. De outra forma, pode-se afirmar que os bens
públicos são aqueles em que o seu consumo é indivisível ou mesmo “não rival”,
dado que não existe rivalidade quanto a quem consumirá mais de um ou outro
bem.
Temos como exemplos de bens públicos tangíveis (que podem ser

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tocados) as praças e as ruas, e bens públicos intangíveis a segurança pública,
a justiça e a defesa nacional.
No que diz respeito aos bens públicos, semipúblicos e privados, indique
a opção que não se aplica aos bens públicos. Antes disso, leia o material para
escolher a alternativa que melhor se aplica ao enunciado.

Definição das finanças públicas, seus objetivos, suas metas e


abrangências
De acordo com Musgrave (1974), “finanças públicas é a terminologia que
tem sido tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política
econômica que envolve o uso de medidas de tributação e de dispêndios
públicos”.
Essa definição baseia-se no fato de que a necessidade da atuação
econômica do Poder Público prende-se na constatação de que a simples
existência do sistema de mercado (consumidores X produtores) não consegue
cumprir adequadamente algumas tarefas e funções que visam o bem-estar da
população. A maneira pela qual o Estado intervém no processo econômico é
dependente da série de instrumentos que dispõe, inclusive em termos do
financiamento de suas atividades.
As fontes geradoras de receitas são a tributação, classificada como
receita derivada do poder coercitivo do Estado, e o endividamento público,
representado pela emissão e pelo resgate de títulos da dívida pública.
A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente
determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, tem
condições de mobilizar a sociedade. Aqui, ressalta-se o porquê da tributação
constituir um dos principais condicionantes do endividamento público.
As funções do Estado e sua intervenção na economia derivam de duas
correntes de pensamento econômico, você sabe quais são elas? As duas
correntes são a visão clássica e a visão keynesiana.
A visão clássica, advinda do século XIX, defendia o que se poderia

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chamar de Estado Mínimo, ou seja, a atividade estatal deveria ser voltada
apenas para as funções típicas do Estado, em que a atividade privada não
seria permitida ou não pudesse autoequilibrar a relação existente entre oferta e
demanda. A presença do Estado seria representada apenas pelo controle da
Segurança Nacional do país, da Segurança Pública, bem como dos serviços de
natureza social não atendidos pelo setor privado.
Ainda segundo essa visão, o Estado delimitaria a sua atuação aos
chamados bens públicos e semipúblicos, que seriam os bens em que o
consumo por parte de um indivíduo não limitaria o consumo pelos demais
indivíduos. Um bom exemplo de bem público é a Segurança Nacional, em que
o serviço é disponibilizado a todos os habitantes de determinado país sem
qualquer distinção.
Da mesma forma, podemos nos ater à análise do serviço de Educação
Universitária Pública, o qual se trata de um bem semipúblico (também
chamado de bem meritório), de forma que, mesmo sendo restrito às pessoas
capacitadas em processos seletivos, está disponível a todos que nela
desejarem entrar.
De volta à análise sobre as funções do governo, podemos dizer que com
o grande crescimento da atividade privada já no século XIX, geradora de
lucros, passaram a existir na economia questionamentos referentes à
distribuição da riqueza nas mãos de uma pequena fatia da sociedade.
Tratava-se do chamado pensamento marxista, o qual era fundamentado na
ideia de que o Estado deveria atuar diretamente na redistribuição igualitária da
renda entre a população.
Esse pensamento teve grande eco em países como a França, que
passou a conviver com o chamado socialismo democrático. Não obstante, no
início do século XX, mais especificamente com a chamada Grande
Depressão – período em que a economia norte-americana passou por um
amplo período de recessão econômica, com grande aumento do desemprego e
queda na produção de bens e serviços –, uma nova defesa na dimensão da

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atuação do Estado passa a existir.
Com o nível de oferta agregada – representada pela oferta de bens e
serviços das empresas; muito superior ao da demanda agregada; e o consumo
realizado pelas famílias –, John Maynard Keynes, influente economista inglês,
realizou a proposição, posteriormente chamada de visão keynesiana, de que o
Estado deveria intervir na economia de forma a estimular a demanda agregada.
Essa intervenção daria-se pelo que hoje chamamos de Política Fiscal,
na qual o Estado, antes apenas regulador e oferecedor de bens públicos,
deveria aumentar os seus gastos, comprando o excedente de produção, como
forma de minimizar e, se possível, contribuir para a geração de emprego e
renda.
A visão de Keynes defendia que o governo deveria intervir de forma a
evitar o aparecimento de crises sistêmicas, atuando diretamente na demanda
agregada por meio da realização de investimentos e no controle inflacionário
diante de excessos de procura por bens e serviços pelos consumidores.
O Estado que antes se voltava apenas ao atendimento das demandas
que não encontravam oferta na atividade privada (visão clássica) – como
defesa, justiça, saúde – passa agora a ser importante ator do processo
econômico (visão keynesiana), estimulando e contraindo a demanda agregada
conforme as necessidades de estímulo ao processo econômico.
A evolução da atuação estatal ao longo do século XX permitiu o
estabelecimento de funções básicas a que os governos, responsáveis pela
adoção de políticas econômicas e sociais, deveriam direcionar suas atividades,
buscando atuar diretamente no intuito de minimizar os impactos negativos
gerados pelo que a literatura define como “falhas de mercado”.
Você entendeu tudo o que comentamos acerca da definição das
finanças públicas, seus objetivos, suas metas e abrangências? Para não ficar
nenhuma dúvida, temos a solução, basta assistir ao vídeo do professor Alcides
que se encontra no material on-line.

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Funções governamentais

A evolução das funções do governo


O Estado necessita realizar atividades de cunho intervencionista nas
relações existentes no restante da sociedade. Essa atuação é devida à
existência do que denominamos de “falhas de mercado”, situação na qual a
simples interação entre consumidores e produtores não leva a melhor alocação
possível dos recursos econômicos.
A base de intervenção do Estado no processo econômico é associada
às funções básicas que ele deve exercer, assim denominadas de função
alocativa, distributiva e estabilizadora.
Agora que tal vermos um pouco a respeito de cada uma delas? Vamos
lá!

Função alocativa
A função alocativa é aquela que atribui ao Estado a responsabilidade
pela alocação dos recursos existentes na economia quando, pela livre iniciativa
de mercado, isso não ocorrer.
Um bom exemplo dessa função é quando o Estado realiza obras que
trarão grandes benefícios à população. Um caso polêmico, mas revestido da
função básica de alocação dos recursos pelo Estado, é a transposição do Rio
São Francisco, que, mesmo trazendo custos ambientais e sociais negativos
para parte da população do sertão nordestino, resulta em um significativo
aumento do bem-estar da própria população, levando água, saúde e riqueza a
uma região bastante castigada pela seca.

Função distributiva
A função (re)distributiva é representada de fato pela melhoria na
chamada distribuição da renda gerada na economia. Políticas de tributação
progressiva da renda com a consequente adoção por parte do governo de
programas como o “Bolsa Família” representam claramente uma política

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distributiva do governo, retirando, a princípio, daqueles que ganham mais e
repassando àqueles que ganham menos.

Função estabilizadora
A função estabilizadora está diretamente associada às Políticas Fiscal e
Monetária realizadas pelo governo. A Política Fiscal é implementada tanto por
meio do aumento dos gastos do governo quanto pela redução dos tributos, a
diferença encontra-se apenas em qual será a variável impactada diretamente.
No caso do aumento dos gastos, a variável estimulada inicialmente é o
próprio gasto:

( DA = Y = C + I + G + X – M)

Sua disseminação dá-se pelos diferentes ramos da economia, e o ciclo é


baseado no gasto inicialmente realizado em determinado setor (por exemplo,
construção civil), gerando emprego e renda. Como resultado disso, os
trabalhadores aumentam a sua demanda nos demais setores da economia,
gerando novos impactos em termos de crescimento da renda. No caso da
redução dos tributos, o resultado dá-se nas variáveis de consumo dos
trabalhadores e no investimento das empresas:

( DA = Y = C + I + G + X – M)

Com maior renda disponível, os trabalhadores aumentam o seu


consumo, estimulando as empresas a investirem mais, o que gera impactos
sobre a oferta de bens e serviços (oferta agregada). Esse ciclo multiplica-se e
gera impactos sobre toda a economia novamente.
Adicionalmente à Política Fiscal, a Política Monetária realizada pelo
Banco Central visa controlar o excesso de moeda na economia, fazendo com
que a circulação desta seja suficiente para se propagar às transações de bens
e serviços no mercado real. O resultado dessa política é a busca pela
manutenção do nível constante dos preços e o estímulo à geração de renda e
emprego por meio da utilização de crédito.

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Digno de destaque são as diferenças existentes entre as Políticas Fiscal
e Monetária e seus impactos diretos sobre a economia. A Política Fiscal tem
seu objetivo direcionado, atingindo inicialmente o setor no qual o governo
deseja estimular, porém, toda essa política deve ser pautada na estruturação
do orçamento anual, necessitando de tempo e aprovação por parte do Poder
Legislativo.
De forma contrária, ao apontarmos as vantagens da Política Monetária,
podemos verificar que sua eficácia é imediata, uma vez que as decisões da
autoridade monetária quanto ao controle da liquidez são tomadas diariamente.
No entanto, as desvantagens estão no fato de que a Política Monetária tem
caráter nacional, não atingindo um setor econômico específico nos moldes da
Política Fiscal.

A função reguladora
Com o processo de desestatização implementado pelo Estado brasileiro
no fim dos anos 1970, e intensificado a partir dos anos 1990, surgiu a
necessidade de que esse mesmo Estado passasse a controlar as atividades
em que antes atuava diretamente, constituindo para isso uma série de
Agências Reguladoras. Estas passaram a ter como missão a regulação dos
serviços públicos concedidos à iniciativa privada nos moldes dos regimes de
concessão de rodovias, portos, distribuição de energia elétrica e telefonia.
Vimos toda a evolução das funções do governo, certo? Então, agora,
procure no material digital o vídeo do professor Alcides, pois ele comentará
cada uma delas para que você entenda com mais clareza esse assunto.

Bens públicos, semipúblicos, privados e outros: “falhas de


mercado”
Podemos interpretar como “falha” tudo aquilo que acontece de modo
ineficiente. Da mesma forma, podemos interpretar “mercado” como o local
onde indivíduos e empresas transacionam bens e serviços com o objetivo de
atingir, respectivamente, o maior bem-estar possível – derivado da sua renda

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de trabalhador – e a maximização do lucro – obtida pela produção e venda dos
mesmos bens e serviços.
Temos a seguinte definição dada pela Organização para Cooperação
Econômica e Desenvolvimento (OCDE) às “falhas de mercado”:
“Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o
processo econômico a uma situação social ótima. Um aspecto
importante disto é que se deixa de incluir, nos custos e nos preços, os
efeitos externos (externalidades) ou a redução dos lucros de outros
agentes que não aqueles diretamente envolvidos nas transações de
mercado e atividades afins. Com relação aos bens e serviços
ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes à
poluição, à exploração dos recursos e à degradação de
ecossistemas. Assim, as falhas de mercado impedem o mercado de
alocar os recursos no mais alto interesse da sociedade” (OECD,
1994).

As “falhas de mercado” são representadas por toda alocação ineficiente


de recursos econômicos derivada das transações ocorridas entre todos os
componentes da sociedade.
Assim sendo, como você acha que o Estado deveria intervir na
economia de forma a evitar distorções prejudiciais a consumidores e
produtores?
A chamada teoria do bem-estar econômico, conhecida como welfare
economics, afirma que os mercados perfeitamente competitivos, sem
interferência governamental, promovem a alocação eficiente de recursos entre
os agentes econômicos, de tal maneira que é impossível melhorar a situação
de um indivíduo sem piorar a de outro. Isso se trata de um conceito chamado
“Ótimo de Pareto”.

Poder de mercado
O poder de mercado pode ser interpretado com a posição dominante
exercida por uma empresa ou grupo de empresas em um determinado
mercado, seja ele de bens ou de serviços.
Para esclarecer melhor o significado de poder de mercado, podemos
citar a posição exercida pela Microsoft no que se refere à produção e venda de
softwares (sistema operacional, aplicativos) utilizados em computadores. A

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concentração nas mãos de uma única empresa tende a diminuir a capacidade
de barganha dos consumidores, impactando diretamente no bem-estar da
sociedade.
O poder exercido por uma única empresa não é, por si só, a
caracterização de poder de mercado em termos de prejuízos à sociedade,
sendo necessário considerar o mercado em que determinada empresa ou
grupo de empresas opera e, assim, estabelecer a forma de atuação, em termos
de regulação, a que as empresas estarão obrigadas a seguir.
A definição do poder de mercado pode ser retirada a partir da definição
dada pelo Departamento de Justiça Americano, fazendo assim uma relação
com o caso Microsoft:
“Um mercado é definido como um produto ou um grupo de produtos e
uma área geográfica na qual ele é produzido ou vendido, tal que uma
hipotética firma maximizadora de lucros, não sujeita a regulação de
preços, que seja o único produtor ou vendedor, presente ou futuro,
daqueles produtos naquela área, poderia provavelmente impor pelo
menos um ‘pequeno, mas significativo e não transitório’ aumento no
preço, supondo que as condições de venda de todos os outros
produtos se mantêm constantes. Um mercado relevante é um grupo
de produtos e uma área geográfica que não excedem o necessário
para satisfazer tal teste”.

Essa definição envolve o possível efeito anticompetitivo, expresso em


termos de poder de mercado sobre os preços, derivados de operações que
acarretem aumento de concentração econômica ou de condutas praticadas por
empresas presumidamente detentoras de tal poder, em mercados que são
economicamente significativos.
A intervenção governamental deve buscar inibir a formação de
estruturas de mercado que eliminem o poder de barganha da população
consumidora. Ressalta-se que não se trata de inibir a geração de lucros por
essas atividades produtivas, até porque, se assim fosse, não haveria estímulos
para essas empresas oferecerem bens e serviços.
A regulação interposta pelo governo, com vistas à correção dessa “falha
de mercado”, deve objetivar a geração de lucros considerada normal para a
atividade produtiva, de forma que o Estado exerça o seu papel de gerador de

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bem-estar econômico a toda a sociedade, via atendimento de suas funções
alocativa, distributiva e estabilizadora.

Bens públicos
Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo,
tendo a caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um
grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais sujeitos.
Destaca-se que mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros, todos
podem desfrutar do bem.
De outra forma, pode-se afirmar que os bens públicos são aqueles em
que o seu consumo é indivisível ou mesmo “não rival”, dado que não existe
rivalidade quanto a quem consumirá mais de um ou outro bem. São exemplos
de bens públicos tangíveis (que podem ser tocados) as praças e as ruas, e de
bens públicos intangíveis a segurança pública, a justiça e a defesa nacional.
Uma questão importante sobre os bens públicos é que o seu consumo
não pode estar passivo de exclusão – princípio da não exclusão –, de tal forma
que, por exemplo, quando o policiamento extensivo é colocado à disposição da
população de um determinado bairro, todos serão beneficiados pela decisão
governamental.
A existência do princípio da não exclusão no consumo dos bens públicos
é que leva à existência das “falhas de mercado”. Isso ocorre pelo fato de que
como o governo não consegue mensurar o quantum do bem público está
sendo consumindo por cada indivíduo, ele não conseguirá repartir o ônus
imposto à sociedade na forma da tributação, que é justamente a fonte de
recursos para o oferecimento de bens públicos. A partir desse conceito é
possível afirmar que o custo marginal de provisão de bens públicos é igual a
zero, uma vez que o custo por si só já é dado.
Devido ainda ao princípio da não exclusão, passam a existir na
economia os chamados “free riders” ou “caronas”, os quais se beneficiam dos
bens públicos sem pagar nada por isso, alegando que não precisam do bem

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oferecido ou simplesmente por não pagarem a tributação imposta a eles.
Assim sendo, podemos afirmar que, para que o mercado possa
funcionar adequadamente, um dos quesitos será a validade do princípio da
exclusão, podendo o consumo ser mensurado para cada um dos
consumidores.

O bem privado (não caracterizado como uma “falha de mercado”)


Considerando as informações descritas anteriormente, podemos
conceituar o chamado bem privado como aquele cujo consumo não pode ser
compartilhado simultaneamente por dois ou mais usuários, em função dos
direitos de propriedade bem-demarcados. De outra forma, passa a ser válido o
princípio da exclusão.
Para que você entenda melhor, um bom exemplo de um bem privado
seria a contratação de uma empresa de vigilância privada que atenderia a
determinado condomínio de moradores. Considerando que a segurança deve
atender somente a um círculo restrito de moradores, caso ocorra assaltos na
redondeza do condomínio, mas sem impactos para este, nada se poderá
cobrar da empresa de vigilância.

Bens semipúblicos ou meritórios


Os chamados bens semipúblicos são aqueles que possuem associados
a si o princípio da exclusão. Nas palavras de Vicenti e Neves (2007),
encontramos outra definição para os bens semipúblicos:
“São os bens que, embora possam ser explorados economicamente
pelo setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo
para evitar que a população de baixa renda seja excluída de seu
consumo, por não poder pagar o preço correspondente: é o caso de
educação e saúde”.

Os bens semipúblicos são também chamados de meritórios pelo fato de


serem disponibilizados (oferecidos) às pessoas que adquirem mérito para tal.
Um bom exemplo disso é a Universidade Pública, pois somente aqueles que
passarem no vestibular terão a si concedidos o mérito de cursar gratuitamente
o Ensino Superior.

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Importante: precisamos considerar que, conforme vemos no dia a dia, o
Ensino Superior também é oferecido pela iniciativa privada, sendo, no entanto,
passível de cobrança e ficando assim garantido o princípio da exclusão.
Portanto, o objetivo lógico do governo é garantir à população o direito ao
ensino público gratuito, exigindo, em contrapartida, o mérito de passar no
vestibular.

Externalidades
As externalidades representam a forma como as ações de determinado
indivíduo ou empresa impactam nos demais indivíduos. A existência de
externalidades implica que os chamados custos e benefícios privados –
ocorridos em função da ação da iniciativa privada – sejam diferentes dos
custos e benefícios sociais dessas mesmas ações.
O que queremos dizer é que os preços negociados entre consumidores
e produtores refletem apenas na negociação privada, sendo necessária a
presença do Estado imputando, por exemplo, a tributação ou os subsídios
fiscais como forma de corrigir as externalidades ocorridas.
As externalidades subdividem-se em positivas e negativas. Um bom
exemplo de externalidade positiva, e que nos dias de hoje é tão importante,
seria se um indivíduo fizesse a limpeza geral da casa visando à eliminação de
possíveis focos de reprodução dos mosquitos transmissores da dengue. Nessa
situação, o benefício privado será superior ao custo privado, da mesma forma
que o consequente benefício social será muito maior do que o custo social de
adoção da medida.
Já as externalidades negativas são ações que de forma direta ou indireta
prejudicam os demais indivíduos que participam da sociedade. Um caso
clássico de externalidade negativa é quando as empresas despejam produtos
poluentes nos rios, o que tende a tornar o custo social superior ao custo
privado, especialmente pelo fato de que as comunidades ribeirinhas serão
diretamente atingidas.

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A existência dessas falhas justifica a atuação do governo, que deve
coibir a externalidade negativa por meio da aplicação de uma tributação
desestimuladora da poluição, da mesma forma que deve oferecer subsídios às
atividades geradoras de externalidades positivas.

Assimetria de informações
As informações assimétricas representam um grande problema ao bom
funcionamento do mercado. Modelos claros de assimetria estão presentes em
todos os ramos de negócios que envolvem consumidores e produtores. Assim,
um bom exemplo é aquele referente aos componentes de determinados
alimentos industrializados; a omissão ou o excesso de informações, que são na
verdade inverídicas, tornam o consumidor passivo às manipulações das
empresas, e o resultado natural é a perda de bem-estar do consumidor.
Outra atividade econômica em que a existência de informações
assimétricas torna-se perversa é o mercado financeiro. O mascaramento dos
balanços de empresas que possuem ações negociadas em bolsas tende a
provocar a incorreta precificação, lesando assim os investidores em valores
mobiliários.
Atenção: a regulamentação (imposta por leis) e a regulação
governamental (tribunais, secretarias e conselhos) devem inibir essa prática
ilegal, procurando tornar o mercado o mais “perfeito” possível.
Outro exemplo de informação assimétrica ocorre no mercado de seguros
em geral, inclusive aquele relacionado aos planos de saúde que, por sua
natureza, não deixam de ser um seguro feito por cada participante do plano.
Intrínsecos à assimetria de informações existem os problemas denominados de
risco moral (moral hazard) e de seleção adversa.
Imagine uma pessoa que acaba de fazer um plano de saúde.
Naturalmente, é bem possível que ela tenha menos incentivo para cuidar de
sua saúde do que antes, sendo a esse tipo de comportamento que atribuímos o
conceito de risco moral, ou seja, tende a existir na medida em que o possuidor

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do seguro sente-se mais protegido contra os riscos da doença que podem
culminar em perdas financeiras.
Diferentemente do risco moral, a seleção adversa está relacionada ao
fato de que apenas as pessoas com a saúde debilitada optarão por contratar
um plano de saúde.
Importante: o mercado de planos de saúde no país é regulado pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar, a quem cabe estabelecer as
diretrizes que regem a relação contratual entre o plano e o segurado.

Monopólios naturais
Partimos do princípio de que os mercados competitivos são os que
melhor representam as inter-relações entre consumidores e produtores, com o
objetivo de atingir o maior nível de bem-estar econômico e social. Esses
mercados seriam aqueles menos propícios à existência de “falhas de mercado”
pela própria noção de atomização, ou seja, nem os consumidores nem as
empresas possuem poder de barganha para impor custos adicionais aos
demais participantes.
Os mercados competitivos caracterizam-se por apresentarem baixos
custos à entrada de novas empresas, de tal maneira que nenhuma empresa
tenha condições de manipular os preços dos bens e serviços oferecidos. De
forma contrária, existem na economia os chamados monopólios naturais, que
seriam mercados em que apenas uma única empresa produzindo geraria
custos mais baixos para a formação dos preços de venda do que várias
empresas produzindo.
Bom, o que ocorre na verdade é que, no caso dos monopólios naturais,
os custos de entrada no mercado são altíssimos, de forma que o custo por
unidade de produção (custo médio) diminui à medida que aumenta a escala de
produção da empresa. Setores de produção de gás, energia e telefonia são
bons exemplos dessa estrutura de mercado.
No que concerne às “falhas de mercado”, a existência de monopólios

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naturais leva o governo a adotar medidas no intuito de evitar abusos na
formação dos preços de vendas. Segundo Além e Giambiagi (2000), o governo
pode exercer apenas a regulação dos monopólios naturais, evitando assim
uma perda ainda maior de bem-estar da sociedade. Ainda segundo os autores,
o governo pode responsabilizar-se diretamente pela produção do bem ou
serviço caracterizado como monopólio natural.
A responsabilidade do Estado pela produção deriva-se, muitas vezes,
não só para evitar abusos na formação de preços de produtos, mas também
por essas atividades produtivas serem estratégicas para o país.
Destaca-se, conforme podemos ver hoje, que o Estado tem adotado a
linha do enxugamento das suas atividades atípicas, de tal maneira que os
controles dos monopólios naturais têm sido repassados à iniciativa privada,
fazendo com que o mesmo Estado limite a sua atuação por meio da regulação
dos setores (elétrico, telecomunicação etc.).

Mercados incompletos
O mercado completo é aquele em que o custo de produção é inferior aos
preços que os consumidores estão dispostos a pagar. Em outras palavras,
trata-se do mercado em que existe a possibilidade de ganhos por parte dos
produtores. Já o mercado incompleto é aquele em que, mesmo com os custos
de produção abaixo dos preços que os consumidores estão dispostos a pagar,
os bens ou serviços não são ofertados.
A “falha de mercado” representada pelos mercados incompletos existe
principalmente nos países em desenvolvimento, em que o sistema financeiro
não é suficientemente desenvolvido, em termos de riscos, para financiar no
longo prazo as atividades produtivas.
Observação: perceba que para todo investimento deve existir um prazo
mínimo de carência para que o produtor possa gerar caixa e honrar seus
compromissos. Caso o sistema financeiro não aceite a tomada de risco da
carência dos investimentos, será inexistente o oferecimento de fundos para as

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empresas produzirem.
No Brasil, a intervenção governamental nos mercados incompletos é
feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
que realiza a concessão de crédito de longo prazo objetivando o financiamento
das atividades produtivas.

Desemprego e inflação
O funcionamento dos mercados por meio das inter-relações entre
consumidores e produtores é insuficiente para que sejam evitados os
problemas de inflação, caracterizado pelo aumento geral e contínuo dos
preços, e de desemprego, definido como a parte da população
economicamente ativa que se encontra desempregada involuntariamente.
As pressões de demanda realizadas pelos consumidores tende a
suplantar a oferta de bens e serviços, o que ocasiona a elevação dos preços.
Políticas de controle do crédito ou de aumento das taxas de juros são bons
instrumentos de intervenção governamental para corrigir a “falha de mercado”
chamada inflação.
O desemprego existe em toda a economia e ocorre porque o mercado
não é capaz de gerar vagas suficientes para todos aqueles que entram no
mercado de trabalho a cada dia. No entanto, destaca-se que o governo pode
minimizar tais problemas, realizando atividades interventivas que visem à
colocação de novos trabalhadores no mercado de trabalho.
Programas como o primeiro emprego do Governo Federal – que trazem
em contrapartida benefícios às empresas, especialmente em termos de carga
tributária – são ações voltadas à minimização dos problemas da “falha de
mercado” chamada desemprego.

Riscos pesados
Sabe-se que o setor privado tem como objetivo a geração de lucro,
apesar de determinadas atividades, mesmo potencialmente geradoras de lucro
futuro, não serem efetivadas. O problema em si é muito parecido com o

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ocorrido nos mercados imperfeitos, mas com uma conotação diferenciada.
A existência de riscos nos negócios é associada ao grande custo
envolvido no projeto de tal maneira que, mesmo podendo obter benefícios
futuros, esta não se arriscará. A partir do exemplo de Vicenti e Neves (2007),
podemos melhor ilustrar o problema.
Segundo os autores, um bom exemplo seria o caso da produção de
energia elétrica a partir da energia atômica. O custo total de pesquisa será
enorme, vários anos serão necessários antes mesmo de o projeto ser oferecido
em nível econômico e, mesmo que a empresa se dispusesse a correr o risco,
teria dificuldade em colher os benefícios por possivelmente não obter o
monopólio de uma patente e assim recuperar o investimento feito.
Além do fato de o risco econômico ser pesado com a realização do
investimento, as empresas no país têm sempre a preocupação com a chamada
insegurança jurídica dos contratos, especialmente no que se refere à quebra de
patentes. A intervenção governamental, no sentido de quebra de direitos, só
deverá existir caso os benefícios sociais gerados com a ação sejam superiores
aos custos ocorridos com a medida.
Complementando a análise, destacamos que as ações tomadas pelo
governo, de forma a contornar essa “falha de mercado”, seriam aquelas
relacionadas aos programas de Parcerias Público Privadas (PPPs) e ao
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os quais representam as
propostas de parcerias em investimentos feitos pelo Governo Federal,
especialmente por meio de suas empresas estatais, para suavizar os pesados
riscos associados aos projetos de grande aspecto financeiro.
A partir disso, verificamos que, para que o Estado possa realizar a
intervenção necessária à correção das “falhas de mercado”, é preciso criar
mecanismos que possibilitem o financiamento de suas atividades,
especialmente por meio da imposição do seu Poder de Império. Assim, a partir
da tributação incidente sobre a renda auferida pela sociedade, o Estado realiza
a necessária intervenção no processo econômico.

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Para tornar essa intervenção a menos onerosa possível à própria
sociedade, o Estado deve balizar o financiamento de suas atividades segundo
os chamados Princípios Teóricos da Tributação.
Portanto, para entrarmos no estudo desses princípios, importa-nos
destacar que o próprio processo de tributação deve adotar determinados
pressupostos, em especial aquele que diz que a Utilidade Marginal da Renda
(UMg) é decrescente.
O conceito de UMg decrescente é quanto maior a renda adicional
recebida pelos componentes da sociedade, menor é a utilidade que essa
mesma renda propicia ao seu recebedor. Como os indivíduos de classes de
renda mais altas já possuem, em tese, melhores condições de vida, o ganho
adicional de renda será utilizado na compra de bens e serviços que são, não
exaustivamente, supérfluos para uma qualidade de vida digna.
Para mais detalhes sobre o assunto, o professor Alcides repassará tudo
acerca dos bens públicos, semipúblicos, privados e outros, fazendo
comentários que irão ajudá-lo caso tenha dúvidas. O vídeo encontra-se no
material digital.

Revendo a problematização
Muito bem! Agora que você já estudou melhor o assunto, que tal
responder à pergunta feita no início deste material? A pergunta era a seguinte:
no que diz respeito aos bens públicos, semipúblicos e privados, indique a
opção que não se aplica aos bens públicos.
Opção 1: Bens públicos são os bens que o mecanismo de preços não
consegue orientar os investimentos a fim de efetuar sua produção.
Opção 2: Bens semipúblicos satisfazem ao princípio da exclusão, mas
são produzidos pelo Estado.
Opção 3: Serviços de saúde e saneamento são bens públicos, uma vez
que seus custos podem implicar preços muito altos para que as pessoas
pobres possam ter acesso a eles.

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Síntese
Hoje vimos que o estudo das Finanças Públicas abrange a emissão de
moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua gestão e
seu gasto para atender às necessidades da coletividade e do próprio Estado.
Na captação dos recursos, são estudadas as diversas formas de
receitas, obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu
endividamento ou por força do seu poder tributário.
No seu material digital, procure o vídeo de síntese deste tema com o
professor Alcides, o qual fará um resumo de tudo o que trabalhamos aqui.

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Referências
ALÉM, A. C.; GIAMBIAGI, F. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil.
4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2011.
MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 1974.
VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. das. Introdução à economia. 8. ed. São
Paulo: Frase, 2007.

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Atividades
O sistema de mercado não leva a uma justa distribuição da renda, sendo
necessário que o Estado exerça essa função. Qual seria ela?

a. Alocativa.

b. Estabilizadora.

c. Distributiva.

d. De crescimento econômico.

A aplicação das diversas políticas econômicas a fim de promover o


emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do
mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a
seguinte função do governo:

a. Função estabilizadora.

b. Função distributiva.

c. Função monetária.

d. Função alocativa.

Sobre a escola clássica (liberalismo) é correto afirmar:

a. Trata-se de um sistema econômico baseado na livre-empresa, mas


com acentuada participação do Estado na promoção de benefícios
sociais, com o objetivo de proporcionar padrões de vida mínimos,
desenvolver a produção de bens e serviços sociais, controlar o ciclo
econômico e ajustar o total da produção, considerando os custos e as
rendas sociais.

b. Admite, por princípio, que a ação do Estado deve restringir-se ao


mínimo indispensável, como a defesa militar, a manutenção da ordem,

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a distribuição da justiça e pouco mais, pois a iniciativa privada faz
melhor uso dos recursos públicos.

c. De caráter nacionalista e intervencionista, preconiza para o Estado


uma política econômica e financeira fundada na maior posse de
dinheiro e metais preciosos, acreditando que nisso reside a base da
prosperidade.

d. Corresponde fundamentalmente às diretrizes estatais aplicadas nos


países desenvolvidos por governos social-democratas. Nos Estados
Unidos, certos aspectos de seu desenvolvimento ocorreram,
particularmente, no período de vigência do New Deal.

Baseada na visão clássica das funções do Estado na economia,


identifique qual a opção que foi defendida por J. M. Keynes.

As funções do Estado na economia deveriam ser limitadas à defesa


nacional, à justiça, aos serviços públicos e à manutenção da
soberania.

As despesas realizadas pelo governo não teriam nenhum resultado


prático no desenvolvimento econômico.

A participação do governo na economia deveria ser maior, assumindo


a responsabilidade por atividades de interesse geral, uma vez que o
setor privado não estaria interessado em prover estradas, escolas,
hospitais e outros serviços públicos.

A economia, sem a presença do governo, seria vítima de suas próprias


crises, cabendo ao Estado tomar determinadas decisões sobre o
controle da moeda, do crédito e do nível de investimento.

A atuação do governo na economia tem como objetivo eliminar as


distorções alocativas e distributivas, e de promover a melhoria do padrão

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de vida da coletividade. Tal atuação pode se dar das seguintes formas,
exceto:

a. Complemento da iniciativa privada.

b. Compra de bens e serviços do setor público.

c. Atuação sobre a formação de preços.

d. Fornecimento de bens e de serviços públicos.

O gabarito das questões você encontra no material on-line.

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