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O solo
Ao trabalhar intensivamente num solo, dois pontos são de fundamental importância para
evitar a compactação: o conteúdo de água no momento em que se opera e a possibilidade de
manutenção ou aumento do teor de matéria orgânica.
A) Conteúdo de água
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Nesse caso, recomenda-se esperar de um a três dias sem chuva para se proceder às
operações agrícolas mecanizadas. Sendo a operação profunda, como subsolagem, por exemplo,
tanto a superfície quanto a subsuperfície devem estar relativamente mais secas. Sendo uma
operação que envolva cargas leves ou baixas pressões, pelo menos os primeiros 20-30 cm
devem estar numa faixa de umidade adequada. O trabalho de máquinas em agricultura irrigada
precisa levar este item em consideração, pois é comum trabalhar o solo em umidade ótima
para compactação, podendo acarretar sérios danos às culturas.
B) Matéria orgânica
Em trabalho conduzido em solos do Estado do Paraná, Kemper & Derpsch (1981) tiram
interessante conclusão, que pode ser extrapolada para muitos solos brasileiros: o
melhoramento no preparo mecânico dos solos, por si só, não é condição suficiente para evitar a
compactação, a menos que seja suplementada com rotação de culturas e com o uso de plantas
para cobertura do solo. A cobertura morta, advinda de restos culturais, é considerada o fator
mais importante para explicar o maior conteúdo de água num solo sob plantio direto, quando
comparado ao sistema convencional (Derpsch et al., 1986).
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Uso de máquinas
Raghavan et al. (1976) avaliaram um pulverizador de 3.624 kg, com pneus de 28,6 cm
de largura por 61,0 cm de diâmetro e pressão de inflação igual a 1,4 MPa, acoplado a um trator
com 4.670 kg, pneus de dimensões 46,7 x 76,2 cm e pressão de inflação 0,07 MPa. O
pulverizador causou maior compactação do solo que o trator, devido à maior carga sobre a área
de contato. Após analisar as isolinhas de densidade e observar que o pneu do pulverizador
compactou maior volume de solo, os autores concluíram que a utilização de pneus mais largos,
como no caso do trator, distribuiu a massa sobre uma área maior, resultando num menor grau
de compactação.
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B) Controle do tráfego
Entretanto, adverte-se que este sistema não deve ser empregado. Por exemplo, em
solos com 400 g.kg-1 ou mais de arguas 2:1, o conteúdo de água e de nutrientes pode ficar na
faixa disponível para as plantas, mesmo sob tráfego intenso do maquinário agrícola, devido aos
planos de fratura dos solos. Daí o sistema não ser recomendado para essa condução. Dumas et
al. (1973) encontraram um desenvolvimento radicular bastante limitado para o algodoeiro, de 0
a 20 cm, em linhas onde houve tráfego sobre um solo areno-siltoso, mas realçaram a
vantagem do sistema em relação ao convencional, devido ao aumento na mobilidade do veículo
e na eficiência de tração, a despeito da dificuldade de penetração das raízes nas faixas
compactadas.
Uma das culturas em que muitas máquinas e implementos são projetados e testados
com este objetivo é a de cana-de-açúcar, na qual a mecanização chega a representar 20% ou
mais do custo total de produção. Alguns destes implementos foram projetados para realizar as
operações de preparo e sulcação do solo, a custos menores do que os normalmente
contabilizados pelas usinas e destilarias. Assim, por exemplo, pode-se utilizar o sistema de
cultivo mínimo, no qual a soqueira da cana é eliminada quimicamente com herbicida. Em
seguida, é realizada a operação de sulcação, com vistas a um novo plantio de cana. No caso de
haver problemas de compactação, é possível incorporar um subsolador na haste do sulcador,
visando quebrar a camada subsuperficial compactada, facilitando, desse modo, a propagação
do sistema radicular em profundidade. Salata et al. (1987) obtiveram resultados positivos e
superiores aos do método convencional, com o uso do sulcador-subsolador em solos arenosos
da região de Quatá (SP).
Com o objetivo de estender o cultivo mínimo a solos argilosos, foi desenvolvido pela
Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) o
sulcador-subsolador-destorroador, que efetua, simultaneamente, os operações de subsolagem,
sulcação e destorroamento através da enxada rotativa, permitindo uma boa brotação da muda
(Perticarrari & Ide, 1988). Existe outro implemento chamado sulcador Rossetti, semelhante ao
modelo da Copersucar, diferenciando-se deste por possuir a enxada rotativa atrás da haste e
internamente, entre as asas do sulcador. Em ensaio realizado num podzólico vermelho amarelo
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endoálico de Piracicaba (SP), foi observado em áreas onde se utilizou este sulcador, maior
número de perfilhos, maior altura e maior peso de colmos de cana-de-açúcar, (variedade IAC
64-257), quando comparado ao sulcador convencional (Alleoni & Beauclair, 1996).
Devido ao custo do herbicida no sistema de cultivo mínimo, foi idealizado pela mesma
cooperativa o eliminador mecânico de soqueira, com objetivo de picar a soqueira e atirá-la
fortemente sobre uma grelha, separando-a da terra e evitando sua rebrota. De acordo com
Perticarrari & Ide (1988), a eliminação mecânica apresenta vantagens em relação à eliminação
convencional com grades, em função da menor movimentação de solo, impedindo a formação
da camada subsuperficial compactada. A próxima figura mostra o sulcador-subsolador, o
sulcador-subsolador-destorroador, o sulcador Rossetti e o eliminador mecânico de soqueira.
Cultivos
caso não haja mecanismos de segurança, com desarme automático (Gadanha Júnior et al.,
1991). O arado de discos é menos vulnerável a estas obstruções, pois o movimento giratório
dos discos faz com que eles girem sobre o solo e a vegetação, cortando-os. A figura abaixo traz
esquemas de arados de discos e de aivecas.
Derpsch et al. (1991) avaliaram um escarificador de sete braços, com 25 cm de vão livre
entrebraços, e observaram que houve boa cobertura dos rastros deixados pelas rodas de um
trator com 180 cm de largura de trabalho. Como os braços eram reguláveis, foi possível testar
uma alternativa deixando o implemento com seis braços e utilizando tratores com potências na
faixa de 44,8 kW (60 CV).
A) Subsolagem
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Alguns autores entendem que são raríssimos os casos em que os subsoladores devem
ser utilizados. Derpsch et al. (1991) afirmam que a grande maioria dos oxissolos e alfissolos do
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B) Plantas descompactadoras
Mesmo considerando que para a maioria das culturas, o crescimento das raízes é
drasticamente reduzido na presença de camadas compactadas, algumas diferenças entre as
espécies são observadas. Materechera et al. (1991), observaram a penetração de raízes de
diversas plântulas num solo de textura média com e sem compactação, sendo que algumas
delas aparecem na tabela abaixo.
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A elongação das raízes de espécies dicotiledôneas foi um pouco maior que a das
monocotiledôneas (5,4 x 3,4 mm.dia-1), enquanto o aumento no diâmetro de suas raízes foi
bem maior (86 x 41%) e está diretamente relacionado à pressão máxima que as raízes são
capazes de exercer, segundo a relação estabelecida por Misra et al. (1986):
em que Pm = pressão máxima das raízes em MPa, e dr = diâmetro das raízes em mm.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma observação importante feita por Gerald et al. (1972) que deve sempre nortear o
comportamento do agricultor é de que o acompanhamento ou a avaliação periódica da
resistência mecânica do terreno - de modo análogo ao feito na análise de solo para fins de
fertilidade - é uma maneira excelente de se determinar, para cada local, as necessidades de
cultivo profundo e avaliar os efeitos do manejo, como cultivo mínimo ou seqüência de culturas,
sobre as condições físicas do solo. Procedendo desta maneira, o agricultor estará conhecendo
cada vez mais os efeitos causados no solo pelo sistema de produção adotado e, acima de tudo,
estará coletando subsídios importantes para conservação de seu maior patrimônio, que é o
solo.
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