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DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2012, p. 470
2
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm.
Salvador, 2015, p. 708
Aqui, o conceito abrange, ainda, os empregados pœblicos, estagi‡rios, mes‡rios
da Justi•a Eleitoral, Jurados, etc.
Entretanto, n‹o confundam Òfun•‹o pœblicaÓ com mœnus pœblico. A Doutrina
entende que aqueles que exercem um mœnus pœblico n‹o s‹o considerados
funcion‡rios pœblicos. Assim, os tutores, os curadores dativos, os inventariantes
judiciais NÌO SÌO CONSIDERADOS FUNCIONçRIOS PòBLICOS pela maioria
esmagadora da Doutrina.3
O ¤ 1¡ estabelece que se considera funcion‡rio pœblico por equipara•‹o que
exerce cargo, emprego ou fun•‹o em entidade paraestatal4 ou empresa
contratada para execu•‹o de atividade t’pica da administra•‹o pœblica.5
Tal equipara•‹o n‹o abrange os funcion‡rios de empresas contratadas para
exercer atividades at’picas da administra•‹o pœblica (empresa contratada
eventualmente para realiza•‹o de um coquetel para recep•‹o de uma autoridade
estrangeira, por exemplo6).
O ¤ 2¡ prev• uma majorante (causa de aumento de pena), caso o funcion‡rio
pœblico seja ocupante de cargo em comiss‹o ou Fun•‹o de Dire•‹o e
Assessoramento na administra•‹o pœbica. Contudo, o legislador n‹o incluiu as
autarquias no ¤2¼ do art. 327, de forma que tal majorante n‹o se aplica
aos funcion‡rios destas entidades.7
A maioria da Doutrina, bem como o STF8, entende que esta majorante
tambŽm se aplica aos agentes pol’ticos, detentores de cargo eletivo (prefeitos,
governadores, etc.), por entender que se trata de uma interpreta•‹o l—gica do
artigo. Uma minoria, no entanto, defende n‹o ser extens’vel a majorante aos
detentores de cargos pol’ticos.9
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte especial. Volume 5. Ed. Saraiva,
9¼ edi•‹o. S‹o Paulo, 2015, p. 189
4
O conceito de "paraestatal" para fins penais Ž tortuoso. Alguns doutrinadores se limitam a utilizar
a express‹o como sin™nimo de administra•‹o indireta, como RogŽrio Greco e JosŽ Paulo Baltazar
Jœnior, por exemplo. Outros, como CŽzar Roberto Bitencourt, s‹o mais espec’ficos (e corretos),
entendendo que esta express‹o corresponde ˆs entidades que n‹o fazem parte da administra•‹o
pœblica (da’ porque s‹o PARAestatais), mas que desempenham servi•os de utilidade pœblica,
como o Òsistema SÓ (SESI, SESC, SENAI, etc.).
O STJ, ao que parece, vem se filiando ˆ segunda corrente. H‡ decis›es entendendo que atŽ
mesmo as OSCIPs s‹o entidades paraestatais para fins penais (Ver, por todos, REsp
1519662/DF).
5
EXEMPLO: Os mŽdicos de Hospital particular conveniado ao SUS, quando est‹o atendendo
pacientes pelo SUS. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 189/190
6
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 711
7
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 191
8
Inq. 1769-PA
9
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 711
IREITO PENAL P/ PM-GO (2018) Ð CADETE
Teoria e quest›es
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
1.1! Peculato
O peculato pode ser praticado de diversas maneiras: a) peculato-
apropria•‹o e peculato-desvio (art. 312 do CP); b) peculato-furto (art. 312,
¤ 1¡ do CP); c) peculato culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP); d) peculato mediante
erro de outrem (art. 313 do CP);
O peculato-apropria•‹o e o peculato-desvio s‹o faces do crime de
peculato comum, estabelecido no art. 312 do CP:
Art. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
m—vel, pœblico ou particular, de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-lo, em
proveito pr—prio ou alheio:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.
Como vimos, Ž necess‡rio que o agente seja funcion‡rio pœblico, mas nada
impede que haja concurso de pessoas com um particular, desde que este
saiba da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do agente. Trata-se, portanto, de crime
pr—prio.
N‹o Ž necess‡rio que o dinheiro ou outro bem m—vel apropriado ou
desviado seja pœblico, podendo ser particular10, desde que lhe tenha sido
entregue em raz‹o da fun•‹o. ƒ o caso, por exemplo, do funcion‡rio que tem a
guarda de um ve’culo que se encontra em um dep—sito pœblico.
O sujeito passivo ser‡ sempre o Estado, embora possa ser tambŽm o
particular, caso se trate de bem particular o objeto material do crime.
11
HC 94.168/MG
12
Ver, por todos, BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49
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Importante lembrar que para que possamos falar em peculato de uso Ž
necess‡rio que estejamos diante de bem INFUNGêVEL (que n‹o pode ser
substitu’do por outro da mesma espŽcie, qualidade e quantidade) e NÌO
CONSUMêVEL (cujo uso importa em destrui•‹o IMEDIATA da sua pr—pria
subst‰ncia).
Assim, n‹o existe Òpeculato de usoÓ de dinheiro, por exemplo, por ser bem
fung’vel.
CUIDADO! Se o agente pœblico em quest‹o for um PREFEITO (ou quem
esteja atuando em substitui•‹o a ele), n‹o haver‡ qualquer dœvida, a
conduta ser‡ crime! Isto porque h‡ previs‹o espec’fica no DL 201/67 (art.
1¼, II e ¤1¼).
O peculato culposo, por sua vez, est‡ previsto no art. 312, ¤ 2¡ do CP:
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano.
13
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49/50
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ignorar tal fato, havendo hist—rico de cobran•a de quest›es nas quais se entendeu
que, mesmo neste caso, haveria peculato culposo.
14
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 63
15
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 721
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Par‡grafo œnico. As penas s‹o aumentadas de um ter•o atŽ a metade se da
modifica•‹o ou altera•‹o resulta dano para a Administra•‹o Pœblica ou para o
administrado.(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 72
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!
1.5! Concuss‹o
O crime de concuss‹o est‡ previsto no art. 316 do CP, que assim disp›e:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida:
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.
17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 90
18
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 91
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A exig•ncia pode ser direta, quando o agente atua diretamente em rela•‹o ˆ v’tima, de forma
expressa, ou indireta, quando se vale de interposta pessoa ou, ainda, realiza a exig•ncia de forma
velada, impl’cita. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 98
20
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 97/98
de 16
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CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente
TENTATIVA efetivamente pratica a conduta de exigir a vantagem
indevida, pouco importando se chega a receb•-la.21
Assim, trata-se de crime formal, n‹o se exigindo o
resultado natural’stico, que Ž considerado mero
exaurimento. A Doutrina admite a tentativa, pois Ž
plenamente poss’vel o fracionamento da conduta do
agente. Assim, por exemplo, se o agente envia um e-mail
ou carta exigindo vantagem indevida, mas essa carta ou e-
mail n‹o chega ao conhecimento do destinat‡rio, h‡
tentativa.
21
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 105. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 732
22
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 734
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O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma qualificadora, no caso do agente que,
alŽm de exigir indevidamente o tributo ou contribui•‹o social, desvi‡-lo
dos cofres da administra•‹o pœblica, em proveito pr—prio ou de terceiros:
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio desvia, em proveito pr—prio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres pœblicos:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.
23
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 116
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ser impr—pria, quando o ato a ser praticado pelo funcion‡rio
pœblico em troca da vantagem for leg’timo (o funcion‡rio
recebe a vantagem, por exemplo, para agilizar o andamento
de uma certid‹o). Por outro lado, considera-se como
corrup•‹o pr—pria aquela na qual o agente recebe a
vantagem ou aceita a promessa de vantagem para praticar
ato il’cito (o agente, por exemplo, recebe vantagem para
deixar de aplicar uma multa, por exemplo).
TIPO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade
SUBJETIVO espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma
culposa.
CONSUMA‚ÌO Na modalidade de aceitar e solicitar promessa de
E TENTATIVA vantagem, trata-se de crime formal, n‹o se exigindo o
efetivo recebimento da vantagem. Na modalidade de
receber vantagem il’cita, o crime Ž material, exigindo-se o
efetivo recebimento da vantagem.24 Em todos esses casos
n‹o se exige que o funcion‡rio pœblico efetivamente
pratique ou deixe de praticar o ato em raz‹o da vantagem
ou promessa de vantagem recebida. PorŽm, se tal ocorrer,
incidir‡ a causa de aumento de pena prevista no ¤ 1¡ do
art. 317, aumentando-se a pena em 1/3.
24
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 317. BITENCOURT sustenta que o crime Ž formal apenas
na modalidade de solicitar, sendo crime material nas modalidades de ÒaceitarÓ e ÒreceberÓ.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 125
25
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 739
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Art. 318 - Facilitar, com infra•‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando ou
descaminho (art. 334):
Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137,
de 27.12.1990)
26
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 129
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conduta do agente na facilita•‹o for ativa (a•‹o), pois se
pode fracionar a execu•‹o do crime em v‡rios atos.
Este crime n‹o deve ser confundido com a corrup•‹o passiva privilegiada,
na qual o agente deixa de praticar ato de of’cio ou pratica ato indevido atendendo
a pedido de terceiros. Aqui, o agente faz por conta pr—prio, para satisfazer
interesse pr—prio.
LEMBREM-SE:
FAVORZINHO GRATUITO = CORRUP‚ÌO PASSIVA PRIVILEGIADA
SATISFA‚ÌO DE INTERESSE PRîPRIO = PREVARICA‚ÌO
Existe, ainda, uma modalidade espec’fica de prevarica•‹o, que Ž a prevista
no art. 319-A, inserido recentemente pela Lei 11.466/07:
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenci‡ria e/ou agente pœblico, de cumprir seu dever
de vedar ao preso o acesso a aparelho telef™nico, de r‡dio ou similar, que permita a
comunica•‹o com outros presos ou com o ambiente externo: (Inclu’do pela Lei n¼
11.466, de 2007).
Pena: deten•‹o, de 3 (tr•s) meses1a 1 (um) ano.
29
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 146
30
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 148. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 746
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pœblico toma conhecimento de que seu colega praticou uma infra•‹o funcional
e nada faz a respeito, NÌO PRATICA ESTE CRIME.
1.10!Advocacia administrativa
Est‡ previsto no art. 321 do CP:
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administra•‹o pœblica, valendo-se da qualidade de funcion‡rio:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.
!
0
BEM JURêDICO A moralidade na administra•‹o pœblica.
TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de
pessoas, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do
agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž patrocinar interesse privado perante a
administra•‹o pœblica. O agente deve se valer das
facilidades que a sua condi•‹o de funcion‡rio pœblico lhe
proporciona31. Entende-se, ainda, que o agente deve
praticar a conduta em prol de um terceiro.
TIPO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o
SUBJETIVO crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta. Admite-
TENTATIVA se a tentativa quando a conduta do agente puder ser
fracionada, como na hip—tese pr‡tica da conduta
mediante correspond•ncia ou outro ato escrito que n‹o
tenha chegado ao conhecimento do destinat‡rio. No
entanto, alguns entendem que nesse caso o crime foi
consumado.
31
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 155
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A lei prev•, ainda, uma espŽcie de qualificadora, ao estabelecer que, se
o interesse patrocinado n‹o Ž leg’timo, a pena ser‡ mais grave. Nos termos
do ¤ œnico do CP:
Par‡grafo œnico - Se o interesse Ž ileg’timo:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, alŽm da multa.
Assim:
Interesse leg’timo Ð Crime de advocacia administrativa na forma simples
Interesse ileg’timo Ð Crime de advocacia administrativa na forma
qualificada.
32
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 160
33
(...) 1. O crime de viol•ncia arbitr‡ria n‹o foi revogado pelo disposto no artigo 3¼, al’nea "i",
da Lei de Abuso de Autoridade. Precedentes da Suprema Corte.
2. Ordem denegada.
(HC 48.083/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2007, DJe
07/04/2008)
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TIPO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. Parte da Doutrina, no
SUBJETIVO entanto, entende que deve haver a finalidade especial de
pretender abusar de sua autoridade (entendimento
minorit‡rio). N‹o se admite o crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta. A tentativa
E TENTATIVA Ž plenamente poss’vel.
Atente-se para o fato de que, alŽm da pena aplicada em raz‹o deste crime,
o agente responde tambŽm pelas penas decorrentes das les›es corporais que
causar, ou atŽ mesmo pela morte da v’tima.
1.12!Abandono de fun•‹o
Assim disp›e o art. 323 do CP: a
Art. 323 - Abandonar cargo pœblico, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos, e multa.
34
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 168/169. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 754
ocorrer o abandono se o servidor, ainda que
compare•a ˆ reparti•‹o, se recuse a trabalhar.35
TIPO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o
SUBJETIVO crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta. A
TENTATIVA Doutrina n‹o admite a tentativa.
35
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 169. Bitencourt sustenta a tese de que o cargo dever‡
ficar acŽfalo, ou seja, desocupado. Se h‡ algum substituto para ocupar o cargo, o delito n‹o
estaria caracterizado (posi•‹o do prof. BITENCOURT). A doutrina majorit‡ria n‹o defende esta
tese.
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ou indiretamente ligado ˆ administra•‹o.36 Se o agente n‹o
possui qualquer v’nculo, comete o crime de usurpa•‹o
de fun•‹o pœblica, previsto no art. 328 do CP37. ƒ
plenamente poss’vel o concurso de pessoas, desde que
este particular tenha conhecimento da condi•‹o de
funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica.
PASSIVO
TIPO A conduta Ž exercer a fun•‹o pœblica, sem autoriza•‹o
OBJETIVO (elemento normativo do tipo), antes de satisfeitas as
exig•ncias ou ap—s ter sido desligado da fun•‹o (por
remo•‹o, substitui•‹o, exonera•‹o, etc.). Exige-se, ainda,
que o agente saiba que est‡ agindo nesta condi•‹o.
TIPO Dolo. N‹o se exige
0 especial fim de agir. N‹o se admite o
SUBJETIVO crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta de exercer
E TENTATIVA a atividade indevidamente. A tentativa Ž admiss’vel.38
36
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 175
37
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 756
38
Como exemplo, imagine-se o caso do agente que se apresente para trabalhar, mas seja
impedido pelo chefe da reparti•‹o. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 757
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TIPO OBJETIVO A conduta Ž revelar ou facilitar a revela•‹o de fato
sigiloso que o agente tenha tomado conhecimento em
raz‹o do cargo. ƒ indiferente se o fato Ž revelado a um
particular ou a outro servidor pœblico. ƒ imprescind’vel,
porŽm, que o fato tenha sido levado ao conhecimento do
agente em raz‹o da sua fun•‹o pœblica. Se a revela•‹o
do segredo se der em rela•‹o ˆ opera•‹o ou servi•o
prestado por institui•‹o financeira, estaremos diante de
crime contra o sistema financeiro nacional, previsto no
art. 18 da Lei 7.492/8639.
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o
crime na forma culposa, pois se exige que o agente tenha
ci•ncia de que o fato Ž sigiloso.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta de
TENTATIVA revelar o segredo ou facilitar sua revela•‹o. A Doutrina
admite a tentativa, nas hip—teses em que se puder
fracionar a conduta do agente, como na hip—tese de o
agente enviar carta a um terceiro revelando-lhe o
segredo40, e ser a carta interceptada por outra pessoa,
n‹o chegando ao conhecimento do destinat‡rio.
39
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 759
40
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 185
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Entretanto, este artigo foi revogado tacitamente pelo art. 94 da Lei
8.666/93, que tipifica a mesma conduta, entretanto, estabelece pena
mais grave (dois a tr•s anos de deten•‹o, e multa).41
41
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 187
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Par‡grafo œnico. As penas s‹o aumentadas de um ter•o atŽ a metade se da
modifica•‹o ou altera•‹o resulta dano para a Administra•‹o Pœblica ou para o
administrado.(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Extravio, sonega•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda
em raz‹o do cargo; soneg‡-lo ou inutiliz‡-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas pœblicas
Art. 315 - Dar ˆs verbas ou rendas pœblicas aplica•‹o diversa da estabelecida
em lei:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.
Concuss‹o
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida:
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exa•‹o
¤ 1¼ - Se o funcion‡rio exige tributo ou contribui•‹o social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobran•a meio vexat—rio ou gravoso,
que a lei n‹o autoriza: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
8.137, de 27.12.1990)
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio desvia, em proveito pr—prio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres pœblicos:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.
Corrup•‹o passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 10.763, de 12.11.2003)
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um ter•o, se, em conseqŸ•ncia da vantagem ou
promessa, o funcion‡rio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de of’cio ou o pratica
infringindo dever funcional.
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de of’cio, com
infra•‹o de dever funcional, cedendo a pedido ou influ•ncia de outrem:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, ou multa.
Facilita•‹o de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infra•‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando
ou descaminho (art. 334):
Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
8.137, de 27.12.1990)
Prevarica•‹o
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de of’cio, ou pratic‡-
lo contra disposi•‹o expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenci‡ria e/ou agente pœblico, de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telef™nico, de r‡dio ou similar, que
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permita a comunica•‹o com outros presos ou com o ambiente externo: (Inclu’do pela
Lei n¼ 11.466, de 2007).
Pena: deten•‹o, de 3 (tr•s) meses a 1 (um) ano.
Condescend•ncia criminosa
Art. 320 - Deixar o funcion‡rio, por indulg•ncia, de responsabilizar subordinado
que cometeu infra•‹o no exerc’cio do cargo ou, quando lhe falte compet•ncia, n‹o
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administra•‹o pœblica, valendo-se da qualidade de funcion‡rio:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.
Par‡grafo œnico - Se o interesse Ž ileg’timo:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, alŽm da multa.
Viol•ncia arbitr‡ria
Art. 322 - Praticar viol•ncia, no exerc’cio de fun•‹o ou a pretexto de exerc•-la:
Pena - deten•‹o, de seis meses a tr•s anos, alŽm da pena correspondente ˆ
viol•ncia.
Abandono de fun•‹o
Art. 323 - Abandonar cargo pœblico, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos, e multa.
Exerc’cio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 - Entrar no exerc’cio de fun•‹o pœblica antes de satisfeitas as exig•ncias
legais, ou continuar a exerc•-la, sem autoriza•‹o, depois de saber oficialmente que
foi exonerado, removido, substitu’do ou suspenso:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
Viola•‹o de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ci•ncia em raz‹o do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revela•‹o:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato n‹o constitui
crime mais grave.
¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
I Ð permite ou facilita, mediante atribui•‹o, fornecimento e emprŽstimo de senha
ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas n‹o autorizadas a sistemas de
informa•›es ou banco de dados da Administra•‹o Pœblica;(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
II Ð se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
¤ 2o Se da a•‹o ou omiss‹o resulta dano ˆ Administra•‹o Pœblica ou a
outrem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
Viola•‹o do sigilo de proposta de concorr•ncia
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorr•ncia pœblica, ou proporcionar
a terceiro o ensejo de devass‡-lo:
Pena - Deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
Funcion‡rio pœblico
Art. 327 - Considera-se funcion‡rio pœblico, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remunera•‹o, exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblica.
¤ 1¼ - Equipara-se a funcion‡rio pœblico quem exerce cargo, emprego ou fun•‹o
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servi•o
contratada ou conveniada para a execu•‹o de atividade t’pica da Administra•‹o
Pœblica. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2¼ - A pena ser‡ aumentada da ter•a parte quando os autores dos crimes
previstos neste Cap’tulo forem ocupantes de cargos em comiss‹o ou de fun•‹o de
dire•‹o ou assessoramento de —rg‹o da administra•‹o direta, sociedade de economia
mista, empresa pœblica ou funda•‹o institu’da pelo poder pœblico. (Inclu’do pela Lei
n¼ 6.799, de 1980)
3! SòMULAS PERTINENTES
3.1! Sœmulas do STJ
Ä Sœmula 599 do STJ Ð O STJ sumulou entendimento no sentido de que o
princ’pio da insignific‰ncia Ž inaplic‡vel aos crimes contra a administra•‹o
pœblica, solidificando o entendimento que j‡ era adotado na Corte h‡ muitos anos:
Sœmula 599 do STJ
O princ’pio da insignific‰ncia Ž inaplic‡vel aos crimes contra a administra•‹o pœblica.