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1!

CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONçRIO PòBLICO


CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO EM GERAL

Os crimes praticados por funcion‡rio pœblico contra a administra•‹o em geral


s‹o espŽcies do g•nero ÒCrimes contra a administra•‹o pœblicaÓ, e encontram-se
regulamentados no Cap’tulo I do T’tulo XI (Crimes contra a administra•‹o
pœblica) do CP.
Trata-se de crimes funcionais, ou seja, devem ser praticados por
funcion‡rio pœblico1. Os crimes funcionais dividem-se em crimes funcionais
pr—prios (puros) ou impr—prios (impuros) (GRAVEM ISSO POIS SERç
IMPORTANTE MAIS Ë FRENTE!).
Nos crimes funcionais pr—prios (puros), ausente a condi•‹o de
Òfuncion‡rio pœblicoÓ ao agente, a conduta passa a ser considerada a um
indiferente penal2 (atipicidade absoluta). Exemplo: No crime de prevarica•‹o
(art. 319 do CP), se o agente n‹o for funcion‡rio pœblico, n‹o h‡ pr‡tica de
qualquer infra•‹o penal.
No entanto, nos crimes funcionais impr—prios (impuros), faltando a
condi•‹o de Òfuncion‡rio pœblicoÓ ao agente, a conduta n‹o ser‡ um indiferente
penal, deixar‡ apenas de ser considerada crime funcional, sendo
desclassificada para outro delito (atipicidade relativa). Imaginem o crime de
peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP). Nesse crime, o agente deve ser funcion‡rio
pœblico. No entanto, se lhe faltar esta condi•‹o, sua conduta n‹o ser‡ at’pica,
deixar‡ apenas de ser considerada peculato-furto, passando a ser classificada
como furto (art. 155 do CP).
O conceito de funcion‡rio pœblico para fins penais est‡ no art. 327 do CP:
Art. 327 - Considera-se funcion‡rio pœblico, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remunera•‹o, exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblica.
¤ 1¼ - Equipara-se a funcion‡rio pœblico quem exerce cargo, emprego ou fun•‹o em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servi•o contratada
ou conveniada para a execu•‹o de atividade t’pica da Administra•‹o Pœblica. (Inclu’do
pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2¼ - A pena ser‡ aumentada da ter•a parte quando os autores dos crimes previstos
neste Cap’tulo forem ocupantes de cargos em comiss‹o ou de fun•‹o de dire•‹o ou
assessoramento de —rg‹o da administra•‹o direta, sociedade de economia mista,
empresa pœblica ou funda•‹o institu’da pelo poder pœblico. (Inclu’do pela Lei n¼ 6.799,
de 1980)

Assim, podemos perceber que o conceito de funcion‡rio pœblico utilizado pelo


CP Ž bem diferente do conceito que se tem no Direito Administrativo. L‡,
funcion‡rios pœblicos s‹o apenas aqueles detentores de cargo pœblico efetivo.

1
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2012, p. 470
2
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm.
Salvador, 2015, p. 708
Aqui, o conceito abrange, ainda, os empregados pœblicos, estagi‡rios, mes‡rios
da Justi•a Eleitoral, Jurados, etc.
Entretanto, n‹o confundam Òfun•‹o pœblicaÓ com mœnus pœblico. A Doutrina
entende que aqueles que exercem um mœnus pœblico n‹o s‹o considerados
funcion‡rios pœblicos. Assim, os tutores, os curadores dativos, os inventariantes
judiciais NÌO SÌO CONSIDERADOS FUNCIONçRIOS PòBLICOS pela maioria
esmagadora da Doutrina.3
O ¤ 1¡ estabelece que se considera funcion‡rio pœblico por equipara•‹o que
exerce cargo, emprego ou fun•‹o em entidade paraestatal4 ou empresa
contratada para execu•‹o de atividade t’pica da administra•‹o pœblica.5
Tal equipara•‹o n‹o abrange os funcion‡rios de empresas contratadas para
exercer atividades at’picas da administra•‹o pœblica (empresa contratada
eventualmente para realiza•‹o de um coquetel para recep•‹o de uma autoridade
estrangeira, por exemplo6).
O ¤ 2¡ prev• uma majorante (causa de aumento de pena), caso o funcion‡rio
pœblico seja ocupante de cargo em comiss‹o ou Fun•‹o de Dire•‹o e
Assessoramento na administra•‹o pœbica. Contudo, o legislador n‹o incluiu as
autarquias no ¤2¼ do art. 327, de forma que tal majorante n‹o se aplica
aos funcion‡rios destas entidades.7
A maioria da Doutrina, bem como o STF8, entende que esta majorante
tambŽm se aplica aos agentes pol’ticos, detentores de cargo eletivo (prefeitos,
governadores, etc.), por entender que se trata de uma interpreta•‹o l—gica do
artigo. Uma minoria, no entanto, defende n‹o ser extens’vel a majorante aos
detentores de cargos pol’ticos.9

3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte especial. Volume 5. Ed. Saraiva,
9¼ edi•‹o. S‹o Paulo, 2015, p. 189
4
O conceito de "paraestatal" para fins penais Ž tortuoso. Alguns doutrinadores se limitam a utilizar
a express‹o como sin™nimo de administra•‹o indireta, como RogŽrio Greco e JosŽ Paulo Baltazar
Jœnior, por exemplo. Outros, como CŽzar Roberto Bitencourt, s‹o mais espec’ficos (e corretos),
entendendo que esta express‹o corresponde ˆs entidades que n‹o fazem parte da administra•‹o
pœblica (da’ porque s‹o PARAestatais), mas que desempenham servi•os de utilidade pœblica,
como o Òsistema SÓ (SESI, SESC, SENAI, etc.).
O STJ, ao que parece, vem se filiando ˆ segunda corrente. H‡ decis›es entendendo que atŽ
mesmo as OSCIPs s‹o entidades paraestatais para fins penais (Ver, por todos, REsp
1519662/DF).
5
EXEMPLO: Os mŽdicos de Hospital particular conveniado ao SUS, quando est‹o atendendo
pacientes pelo SUS. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 189/190
6
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 711
7
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 191
8
Inq. 1769-PA
9
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 711
IREITO PENAL P/ PM-GO (2018) Ð CADETE
Teoria e quest›es
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
1.1! Peculato
O peculato pode ser praticado de diversas maneiras: a) peculato-
apropria•‹o e peculato-desvio (art. 312 do CP); b) peculato-furto (art. 312,
¤ 1¡ do CP); c) peculato culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP); d) peculato mediante
erro de outrem (art. 313 do CP);
O peculato-apropria•‹o e o peculato-desvio s‹o faces do crime de
peculato comum, estabelecido no art. 312 do CP:
Art. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
m—vel, pœblico ou particular, de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-lo, em
proveito pr—prio ou alheio:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.

Como vimos, Ž necess‡rio que o agente seja funcion‡rio pœblico, mas nada
impede que haja concurso de pessoas com um particular, desde que este
saiba da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do agente. Trata-se, portanto, de crime
pr—prio.
N‹o Ž necess‡rio que o dinheiro ou outro bem m—vel apropriado ou
desviado seja pœblico, podendo ser particular10, desde que lhe tenha sido
entregue em raz‹o da fun•‹o. ƒ o caso, por exemplo, do funcion‡rio que tem a
guarda de um ve’culo que se encontra em um dep—sito pœblico.
O sujeito passivo ser‡ sempre o Estado, embora possa ser tambŽm o
particular, caso se trate de bem particular o objeto material do crime.

ATEN‚ÌO! O conceito de ÒdesvioÓ Ž pol•mico na Doutrina. H‡ quem


entenda que Ž necess‡rio que o bem, valor ou coisa seja desviado para o
PATRIMïNIO de alguŽm (do agente ou de terceiros). Seria o chamado
animus rem sibi habendi. Outra parcela doutrin‡ria entende que o termo
ÒdesviarÓ est‡ sendo utilizado no sentido de Òdar destina•‹o diversa da que
deveriaÓ e, neste caso, o mero USO INDEVIDO do bem, valor ou coisa, j‡
caracterizaria o delito.
Ex.: JosŽ utiliza um ve’culo pertencente ao —rg‹o pœblico em que
trabalha para levar sua esposa ao cinema.
Esta mesma situa•‹o pode gerar consequ•ncias distintas no campo penal,
a depender da corrente doutrin‡ria adotada.
1¼ corrente Ð N‹o h‡ peculato, pois o bem n‹o foi desviado para o
patrim™nio de JosŽ (Para esta corrente, JosŽ deveria pretender tomar para
si o bem, ou seja, ficar com ele).
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2¼ corrente Ð H‡ peculato, pois JosŽ DESVIOU o bem pœblico de sua
finalidade (a finalidade seria a utiliza•‹o em prol do servi•o, e n‹o para
levar sua esposa ao cinema, finalidade meramente particular).
JURISPRUDæNCIA Ð O STJ, atŽ o momento, adota a primeira corrente.11
O STF j‡ decidiu adotando a primeira corrente (que Ž majorit‡ria12), ao
argumento de que esta conduta configuraria mero Òpeculato de usoÓ (HC
108.433). Entretanto, mais recentemente, o STF adotou entendimento
contr‡rio, ou seja, aderiu ˆ segunda corrente. Vejamos:
(...) O peculato desvio caracteriza-se na hip—tese em que terceiro recebe
armas emprestadas pelo juiz, deposit‡rio fiel dos instrumentos do crime,
acautelados ao magistrado para fins penais, enquadrando-se no conceito de
funcion‡rio pœblico. 2. In casu, Juiz Federal detinha em seu poder duas pistolas
apreendidas no curso de processo-crime em tramita•‹o perante a Vara da qual
era titular. Ao entregar os armamentos a policial federal desviou bem de que
tinha posse em raz‹o da fun•‹o em proveito deste, emprestando-lhe
finalidade diversa da pretendida ao assumir a fun•‹o de deposit‡rio fiel. 3. O
artigo 312 do C—digo Penal disp›e: ÒArt. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio
pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem m—vel, pœblico ou particular,
de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-lo, em proveito pr—prio ou
alheio: Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multaÓ. 4. ƒ cedi•o que Òo
verbo nœcleo desviar tem o significado, nesse dispositivo legal, de
alterar o destino natural do objeto material ou dar-lhe outro
encaminhamento, ou, em outros termos no peculato-desvio o
funcion‡rio pœblico d‡ ao objeto material aplica•‹o diversa da que lhe
foi determinada, em benef’cio pr—prio ou de outrem. Nessa figura n‹o
h‡ o prop—sito de apropriar-se, que Ž identificado como animus rem
sibi habendi, podendo ser caracterizado o desvio proibido pelo tipo,
com simples uso irregular da coisa pœblica, objeto material do
peculato.Ó (BITTENCOURT, Cezar. Tratado de direito penal. v. 5.
Saraiva, S‹o Paulo: 2013, 7» Ed. p. 47). 3. ƒ poss’vel a atribui•‹o do
conceito de funcion‡rio pœblico contida no artigo 327 do C—digo Penal a Juiz
Federal. ƒ que a fun•‹o jurisdicional Ž fun•‹o pœblica, pois consiste atividade
privativa do Estado-Juiz, sistematizada pela Constitui•‹o e normas
processuais respectivas. Consequentemente, aquele que atua na presta•‹o
jurisdicional ou a pretexto de exerc•-la Ž funcion‡rio pœblico para fins penais.
Precedente: (RHC 110.432, Relator Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
18/12/2012). 4. A via estreita do Habeas Corpus n‹o se preza ˆ discuss‹o
acerca da valora•‹o da prova produzida em a•‹o penal. ƒ que, nos termos da
Constitui•‹o esta a•‹o se destina a afastar restri•‹o ˆ liberdade de locomo•‹o
por ilegalidade ou por abuso de poder. 5. Recurso desprovido.
(RHC 103559, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
19/08/2014, ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-190 DIVULG 29-09-2014 PUBLIC
30-09-2014)
O que fazer? ƒ dif’cil dar um ÒnorteÓ infal’vel, pois o Direito n‹o Ž uma
ci•ncia exata, mas acredito que apesar do precedente recente, a
jurisprud•ncia e a doutrina majorit‡rias ainda adotam o primeiro
entendimento. Vamos aguardar cenas dos pr—ximos cap’tulos...

11
HC 94.168/MG
12
Ver, por todos, BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49
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Importante lembrar que para que possamos falar em peculato de uso Ž
necess‡rio que estejamos diante de bem INFUNGêVEL (que n‹o pode ser
substitu’do por outro da mesma espŽcie, qualidade e quantidade) e NÌO
CONSUMêVEL (cujo uso importa em destrui•‹o IMEDIATA da sua pr—pria
subst‰ncia).
Assim, n‹o existe Òpeculato de usoÓ de dinheiro, por exemplo, por ser bem
fung’vel.
CUIDADO! Se o agente pœblico em quest‹o for um PREFEITO (ou quem
esteja atuando em substitui•‹o a ele), n‹o haver‡ qualquer dœvida, a
conduta ser‡ crime! Isto porque h‡ previs‹o espec’fica no DL 201/67 (art.
1¼, II e ¤1¼).

O peculato-furto (tambŽm chamado de peculato impr—prio) caracteriza-se


n‹o pela apropria•‹o ou desvio de um bem que fora confiado ao agente em raz‹o
do cargo, mas da subtra•‹o de um bem que estava sob guarda da administra•‹o.
Nos termos do art. 312, ¤ 1¡ do CP:
¤ 1¼ - Aplica-se a mesma pena, se o funcion‡rio pœblico, embora n‹o tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtra’do, em proveito
pr—prio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcion‡rio.

Nesse crime o agente n‹o possui a guarda do bem, praticando verdadeiro


furto, que, em raz‹o das circunst‰ncias (ser o agente funcion‡rio pœblico e valer-
se desta condi•‹o para subtrair o bem), caracteriza-se como o crime de peculato-
furto.

BEM JURêDICO O patrim™nio da administra•‹o pœblica ou do particular


TUTELADO lesado pela subtra•‹o do bem.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. No entanto, Ž plenamente poss’vel
o concurso de pessoas, respondendo tambŽm o
particular pelo crime, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do
agente.
SUJEITO PASSIVO A administra•‹o pœbica, e eventual particular
propriet‡rio do bem subtra’do, se for bem particular.
TIPO OBJETIVO A conduta prevista Ž a de subtrair o bem ou valor, ou
concorrer para sua subtra•‹o. Exige-se que o
funcion‡rio pœblico se valha de alguma facilidade
proporcionada pela sua condi•‹o de funcion‡rio pœblico.
TIPO SUBJETIVO Dolo. A forma culposa est‡ prevista no ¤ 2¡ do art. 312.
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CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente adquire
TENTATIVA a posse do bem mediante a subtra•‹o. Admite-se
tentativa, pois n‹o se trata de crime que se perfaz num
œnico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð
caminho percorrido na execu•‹o). ƒ plenamente
poss’vel, portanto, que o agente inicie a execu•‹o,
adentrando ˆ reparti•‹o pœblica, por exemplo, e seja
surpreendido pelos seguran•as. Nesse caso, o crime
ser‡ tentado.

O peculato culposo, por sua vez, est‡ previsto no art. 312, ¤ 2¡ do CP:
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano.

Essa modalidade culposa se verifica quando o agente, sem ter a inten•‹o de


participar do crime funcional praticado por outro funcion‡rio, acaba, em raz‹o do
seu descuido, colaborando para isso. 13
EXEMPLO: JosŽ, funcion‡rio pœblico, ao final do expediente, deixa o notebook
pertencente ao —rg‹o sobre a mesa, e n‹o tranca a porta. Paulo, outro
funcion‡rio, que trabalha no mesmo —rg‹o, aproveita-se da facilidade encontrada
(porta aberta) e subtrai o notebook. Neste caso, Paulo praticou o crime de
peculato-furto, e JosŽ responder‡ pelo crime de peculato culposo.

⇒! Mas, e se o funcion‡rio pœblico contribui culposamente para a


pr‡tica de um crime praticado por um estranho, alguŽm que n‹o Ž
funcion‡rio pœblico? Neste caso, h‡ diverg•ncia doutrin‡ria. Parte da
Doutrina entende que o funcion‡rio pœblico n‹o responde por peculato
culposo (que s— se configuraria quando o agente contribu’sse culposamente
para o peculato praticado por outro funcion‡rio). Outra parcela da Doutrina
sustenta que mesmo neste caso haver‡ peculato culposo.

EXEMPLO: JosŽ, funcion‡rio pœblico, durante seu hor‡rio de almo•o, deixa o


celular funcional (pertencente ao —rg‹o pœblico) sobre o balc‹o de atendimento,
e sai para comer. Pedro, um particular que estava no local esperando
atendimento, se aproveita da situa•‹o e furta o celular. Neste caso, parte da
Doutrina entende que h‡ peculato culposo por parte de JosŽ, e outra parte
entende que n‹o, pois o crime praticado por Pedro (o particular) n‹o foi um
peculato (e sim um simples furto).

O que decidir na prova objetiva? Apesar de a doutrina levemente


majorit‡ria entender que n‹o h‡ peculato culposo neste caso, as Bancas parecem

13
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 49/50
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ignorar tal fato, havendo hist—rico de cobran•a de quest›es nas quais se entendeu
que, mesmo neste caso, haveria peculato culposo.

O CP estabelece, ainda, que no caso do crime culposo (somente neste!), se


o agente reparar o dano antes de proferida a senten•a irrecorr’vel (ou
seja, antes do tr‰nsito em julgado), estar‡ extinta a punibilidade. Caso
o agente repare o dano ap—s o tr‰nsito em julgado, a pena ser‡ reduzida
pela metade (Ž metade, e n‹o ÒatŽÓ a metade!). Nos termos do art. 312, ¤ 3¡:
¤ 3¼ - No caso do par‡grafo anterior, a repara•‹o do dano, se precede ˆ senten•a
irrecorr’vel, extingue a punibilidade; se lhe Ž posterior, reduz de metade a pena
imposta.

MUITO CUIDADO! A repara•‹o do dano s— gera estes efeitos no peculato


culposo, n‹o nas suas demais modalidades!

O peculato por erro de outrem Ž uma modalidade muito assemelhada ao


peculato-apropria•‹o. No entanto, nessa modalidade, o agente recebe o bem ou
valor em raz‹o de erro de outra pessoa. ƒ o que disp›e o art. 313 do CP:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerc’cio do cargo,
recebeu por erro de outrem:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.

ATEN‚ÌO! Este delito tambŽm Ž conhecido como Òpeculato-estelionatoÓ,


pois o agente mantŽm em erro o particular. PorŽm, se tivŽssemos que tra•ar um
paralelo com os crimes comuns, este delito se parece mais com o do art. 169,
caput, do CP (apropria•‹o de coisa havida por erro).

BEM JURêDICO O patrim™nio e a moralidade da administra•‹o pœblica.


TUTELADO Se houver particular lesado pela conduta, ser‡ sujeito
passivo secund‡rio.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. No entanto, Ž plenamente poss’vel
o concurso de pessoas, respondendo tambŽm o
particular pelo crime, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do
agente.
SUJEITO PASSIVO A administra•‹o pœbica, e eventual particular
propriet‡rio do bem apropriado, se for bem particular.
TIPO OBJETIVO A conduta prevista Ž a de se apropriar de bem
recebido por erro de outrem. Exige-se que o
funcion‡rio pœblico se valha de alguma facilidade
proporcionada pela sua condi•‹o de funcion‡rio pœblico.
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Essa facilidade pode ser o simples exerc’cio de sua
atividade funcional.
CUIDADO! A Doutrina entende que se o erro foi
provocado dolosamente pelo funcion‡rio pœblico, com o
intuito de enganar o particular, ele dever‡ responder
pelo delito de estelionato.14
TIPO SUBJETIVO Dolo. O dolo n‹o precisa existir no momento em que o
agente recebe a coisa, mas deve existir quando, depois
de recebida a coisa, o agente resolve se apropriar desta,
sabendo que ela foi parar em suas m‹os em raz‹o do
erro daquele que a entregou.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente altera
TENTATIVA seu ÒanimusÓ, passando a comportar-se como
dono da coisa apropriada, sem inten•‹o de
devolu•‹o. A Doutrina admite a tentativa, embora seja
de dif’cil caracteriza•‹o.

1.2! Inser•‹o de dados falsos em sistema de informa•›es e


modifica•‹o ou altera•‹o n‹o autorizada de sistema de
informa•›es
Parte da Doutrina chama o delito do art. 313-A de Òpeculato eletr™nicoÓ15,
embora esta nomenclatura n‹o seja un‰nime.
Foram acrescentados ao CP pela Lei 9.983/00, que acrescentou os arts.
313-A e 313-B ao CP:
Inser•‹o de dados falsos em sistema de informa•›es (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcion‡rio autorizado, a inser•‹o de dados falsos,
alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administra•‹o Pœblica com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
Modifica•‹o ou altera•‹o n‹o autorizada de sistema de informa•›es (Inclu’do pela Lei
n¼ 9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcion‡rio, sistema de informa•›es ou programa
de inform‡tica sem autoriza•‹o ou solicita•‹o de autoridade competente: (Inclu’do
pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena - deten•‹o, de 3 (tr•s) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼
9.983, de 2000)

14
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 63
15
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 721
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Par‡grafo œnico. As penas s‹o aumentadas de um ter•o atŽ a metade se da
modifica•‹o ou altera•‹o resulta dano para a Administra•‹o Pœblica ou para o
administrado.(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)

BEM JURêDICO O patrim™nio da administra•‹o pœblica. Se houver particular


TUTELADO lesado pela conduta, ser‡ sujeito passivo secund‡rio.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. No primeiro caso, a lei exige, ainda, que
seja o funcion‡rio pœblico autorizado a promover altera•›es
no sistema. No segundo caso, a lei prev• que qualquer
funcion‡rio possa praticar o crime, desde que n‹o seja quem
est‡ autorizado a promover altera•›es no sistema. No
entanto, Ž plenamente poss’vel o concurso de pessoas,
respondendo tambŽm o particular pelo crime, desde que
este particular tenha conhecimento da condi•‹o de
funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica, e eventual particular lesado.
PASSIVO
TIPO OBJETIVO No primeiro caso a conduta Ž a de inserir ou facilitar a
inser•‹o de informa•›es falsas, alterar ou excluir,
indevidamente, dados corretos, com o fim de obter
vantagem ou causar dano. Percebam que no caso de o
funcion‡rio promover, ele pr—prio, a altera•‹o indevida, o
crime Ž monossubjetivo, ou seja, n‹o depende de duas ou
mais pessoas para sua caracteriza•‹o. No entanto, se a
conduta for a de facilitar a altera•‹o por outra pessoa
(particular ou n‹o), o crime ser‡ necessariamente
plurissubjetivo, pois necessariamente haver‡ de ter mais de
um sujeito ativo. H‡, ainda, elemento normativo do tipo no
caso de se tratar de exclus‹o de dados corretos, pois esta
exclus‹o deve ser INDEVIDA. Assim, se o funcion‡rio
autorizado exclui dados corretos porque era esta sua
obriga•‹o (estes dados n‹o eram considerados mais
necess‡rios), n‹o h‡ fato t’pico. No segundo crime, a
conduta Ž a de modificar ou alterar o sistema de
informa•›es, sem autoriza•‹o. H‡, portanto, elemento
normativo do tipo, pois se o agente estiver autorizado a isto,
o fato Ž at’pico.
TIPO Dolo. No caso do art. 313-A, exige-se a finalidade especial
SUBJETIVO de agir, consistente na inten•‹o de obter vantagem ou
causar dano a outrem. No caso do art. 313-B, n‹o ser exige
nenhum dolo espec’fico, bastando que o funcion‡rio n‹o
autorizado promova as altera•›es ou modifica•›es no
sistema.
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CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente
TENTATIVA efetivamente promove as altera•›es ou modifica•›es
narradas pelo tipo penal. A Doutrina admite a tentativa,
pois Ž plenamente poss’vel o fracionamento da conduta do
agente.16

1.3! Extravio, sonega•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento


Este crime est‡ previsto no art. 314 do CP:
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em
raz‹o do cargo; soneg‡-lo ou inutiliz‡-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave.

BEM JURêDICO O patrim™nio da administra•‹o pœblica. Se houver particular


TUTELADO lesado pela conduta, ser‡ sujeito passivo secund‡rio.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. No entanto, Ž plenamente poss’vel o
concurso de pessoas, respondendo tambŽm o particular
pelo crime, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do
agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica, e eventual particular lesado.
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de extraviar, sonegar ou inutilizar livro ou
documento oficial, de que tenha a guarda em raz‹o do
cargo.
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico, nem se admite
o crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente
TENTATIVA efetivamente pratica as condutas descritas no tipo
penal. A Doutrina admite a tentativa, pois Ž plenamente
poss’vel o fracionamento da conduta do agente.

1.4! Emprego irregular de verbas ou rendas pœblicas


Trata-se de crime previsto no art. 315 do CP:
Art. 315 - Dar ˆs verbas ou rendas pœblicas aplica•‹o diversa da estabelecida em lei:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.

16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 72
IREITO PENAL P/ PM-GO (2018) Ð CADETE
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!

BEM JURêDICO O patrim™nio da administra•‹o pœblica.


TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico que possua a fun•‹o de decidir
a destina•‹o das verbas ou rendas pœblicas.
Entretanto, em se tratando de prefeito municipal n‹o
se aplica este artigo, aplicando-se o Decreto-Lei
201/6717, por ser norma de car‡ter especial. No
entanto, Ž plenamente poss’vel o concurso de pessoas,
respondendo tambŽm o particular pelo crime, desde que
este particular tenha conhecimento da condi•‹o de
funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO PASSIVO A administra•‹o pœbica
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de dar ˆs rendas ou verbas pœblicas uma
destina•‹o que n‹o Ž a correta.
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade
espec’fica da conduta), podendo ser atŽ uma finalidade
nobre (destina•‹o a outra ‡rea importante), desde que
seja destina•‹o n‹o prevista para aquela verba. N‹o se
admite o crime na forma culposa. Aqui o agente n‹o
desvia a verba em proveito pr—prio ou alheio, mas apenas
d‡ ˆ verba destina•‹o diversa da prevista em lei, mas
sempre no interesse da administra•‹o.18
OBJETO MATERIAL A verba ou renda irregularmente empregada.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente
TENTATIVA efetivamente pratica a conduta de aplicar
irregularmente a renda ou verba. A Doutrina admite
a tentativa, pois Ž plenamente poss’vel o fracionamento
da conduta do agente. Assim, se o agente altera a
destina•‹o da renda ou verba pœblica, mas n‹o chega a
aplic‡-la irregularmente, o crime ser‡ tentado.

1.5! Concuss‹o
O crime de concuss‹o est‡ previsto no art. 316 do CP, que assim disp›e:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida:
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.

17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 90
18
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 91
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BEM JURêDICO A moralidade na administra•‹o pœblica.


TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico, ainda que apenas nomeado (mas n‹o
empossado). Entretanto, em se tratando de Fiscal de
Rendas, aplica-se o art. 3¡, II da Lei 8.137/90, por ser
norma penal especial em rela•‹o ao CP. No entanto, Ž
plenamente poss’vel o concurso de pessoas, respondendo
tambŽm o particular pelo crime, desde que este
particular tenha conhecimento da condi•‹o de
funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de exigir vantagem indevida. Vejam que o
agente n‹o pode, simplesmente, pedir ou solicitar
vantagem indevida. A Lei determina que deve haver
uma Òexig•nciaÓ de vantagem indevida.19 Assim, deve
o agente possuir o poder de fazer cumprir o mal que
amea•a realizar em caso de n‹o recebimento da vantagem
exigida.
CUIDADO! Entende-se que a Ògrave amea•aÓ n‹o Ž
elemento deste delito. Assim, se o agente exige R$
10.000,00 da v’tima, sob a amea•a de matar seu filho,
estar‡ praticando, na verdade, o delito de extors‹o. A
concuss‹o s— resta caracterizada quando o agente intimada
a v’tima amparado nos poderes inerentes ao seu cargo20.
Ex.: Policial Rodovi‡rio exige R$ 1.000,00 da v’tima,
alegando que se n‹o receber o dinheiro ir‡ lavrar uma multa
contra ela.
Assim:
CONCUSSÌO Ð Amea•a de mal amparado nos poderes do
cargo.
EXTORSÌO Ð Amea•a de mal (viol•ncia ou grave amea•a)
estranho aos poderes do cargo.
TIPO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade
SUBJETIVO espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma
culposa.

19
A exig•ncia pode ser direta, quando o agente atua diretamente em rela•‹o ˆ v’tima, de forma
expressa, ou indireta, quando se vale de interposta pessoa ou, ainda, realiza a exig•ncia de forma
velada, impl’cita. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 98
20
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 97/98

de 16
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CONSUMA‚ÌO E Consuma-se no momento em que o agente
TENTATIVA efetivamente pratica a conduta de exigir a vantagem
indevida, pouco importando se chega a receb•-la.21
Assim, trata-se de crime formal, n‹o se exigindo o
resultado natural’stico, que Ž considerado mero
exaurimento. A Doutrina admite a tentativa, pois Ž
plenamente poss’vel o fracionamento da conduta do
agente. Assim, por exemplo, se o agente envia um e-mail
ou carta exigindo vantagem indevida, mas essa carta ou e-
mail n‹o chega ao conhecimento do destinat‡rio, h‡
tentativa.

Este crime Ž muito confundido com o de corrup•‹o passiva, mas ISSO


NÌO PODE ACONTECER COM VOCæS! Se o agente EXIGE, teremos
concuss‹o! Se o agente apenas solicita, recebe ou apenas aceita promessa
de vantagem, teremos corrup•‹o passiva.

1.6! Excesso de exa•‹o


O crime de excesso de exa•‹o, previsto no art. 316, ¤ 1¡ do CP, prev•
uma espŽcie de concuss‹o, s— que espec’fica em rela•‹o ˆ exig•ncia de tributo
ou contribui•‹o social indevida:
¤ 1¼ - Se o funcion‡rio exige tributo ou contribui•‹o social que sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido, emprega na cobran•a meio vexat—rio ou gravoso, que a
lei n‹o autoriza: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclus‹o, de tr•s a oito anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de
27.12.1990)

O CP exige que o agente saiba que est‡ cobrando tributo ou contribui•‹o


social indevida, ou, ainda, que este ao menos deva saber que Ž indevida.
O dispositivo estabelece como conduta pun’vel, tambŽm, a conduta de exigir
tributo ou contribui•‹o social devida, mas mediante utiliza•‹o de meio de
cobran•a vexat—rio ou gravoso, n‹o autorizado por lei. Portanto, s‹o dois
nœcleos diferentes previstos neste tipo penal.
Parte da Doutrina entende que esta express‹o Òdeveria saberÓ indica que,
nessa conduta, admite-se a forma culposa. No entanto, a maioria da Doutrina
entende que esta express‹o tambŽm indica forma dolosa, s— que na modalidade
de dolo eventual22 (art. 18, I, segunda parte, do CP).
Admite-se a tentativa sempre que puder ser fracionada a conduta do agente
em mais de um ato, como na exig•ncia indevida por escrito, por exemplo.

21
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 105. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 732
22
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 734
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O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma qualificadora, no caso do agente que,
alŽm de exigir indevidamente o tributo ou contribui•‹o social, desvi‡-lo
dos cofres da administra•‹o pœblica, em proveito pr—prio ou de terceiros:
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio desvia, em proveito pr—prio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres pœblicos:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.

1.7! Corrup•‹o passiva


A corrup•‹o passiva est‡ tipificada no art. 317 do CP:
Corrup•‹o passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
10.763, de 12.11.2003)
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um ter•o, se, em conseqŸ•ncia da vantagem ou
promessa, o funcion‡rio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de of’cio ou o pratica
infringindo dever funcional.

BEM JURêDICO A moralidade na administra•‹o pœblica.


TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico, ainda que apenas nomeado (mas n‹o
empossado). No entanto, Ž plenamente poss’vel o concurso
de pessoas, respondendo tambŽm o particular pelo crime,
desde que este particular tenha conhecimento da
condi•‹o de funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de solicitar, receber vantagem ou aceitar
promessa do recebimento de vantagem futura. Parte
da Doutrina entende o mero recebimento de vantagens ou
d‡divas por quest›es de gratid‹o ou amizade n‹o
configuram corrup•‹o, por n‹o lesarem a moralidade
administrativa. Assim, por exemplo, o atendente do INSS
que no final do ano recebe uma cesta de natal de um dos
aposentados, como gratid‹o pelo excelente atendimento,
n‹o estaria cometendo crime para esta corrente23. Outra
parte da Doutrina entende que a Lei n‹o distinguiu as
condutas, sendo ambas (com finalidade espœria ou sem ela)
consideradas corrup•‹o passiva. A corrup•‹o passiva pode

23
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 116
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ser impr—pria, quando o ato a ser praticado pelo funcion‡rio
pœblico em troca da vantagem for leg’timo (o funcion‡rio
recebe a vantagem, por exemplo, para agilizar o andamento
de uma certid‹o). Por outro lado, considera-se como
corrup•‹o pr—pria aquela na qual o agente recebe a
vantagem ou aceita a promessa de vantagem para praticar
ato il’cito (o agente, por exemplo, recebe vantagem para
deixar de aplicar uma multa, por exemplo).
TIPO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade
SUBJETIVO espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma
culposa.
CONSUMA‚ÌO Na modalidade de aceitar e solicitar promessa de
E TENTATIVA vantagem, trata-se de crime formal, n‹o se exigindo o
efetivo recebimento da vantagem. Na modalidade de
receber vantagem il’cita, o crime Ž material, exigindo-se o
efetivo recebimento da vantagem.24 Em todos esses casos
n‹o se exige que o funcion‡rio pœblico efetivamente
pratique ou deixe de praticar o ato em raz‹o da vantagem
ou promessa de vantagem recebida. PorŽm, se tal ocorrer,
incidir‡ a causa de aumento de pena prevista no ¤ 1¡ do
art. 317, aumentando-se a pena em 1/3.

O ¤ 2¡, por fim, estabelece uma forma ÒprivilegiadaÓ do crime. ƒ a


hip—tese do ÒfavorÓ, aquela conduta do funcion‡rio que cede a pedidos de amigos,
conhecidos ou mesmo de estranhos, para que fa•a ou deixe de fazer algo ao qual
estava obrigado, sem que vise ao recebimento de qualquer vantagem ou ˆ
satisfa•‹o de interesse pr—prio:
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de of’cio, com infra•‹o
de dever funcional, cedendo a pedido ou influ•ncia de outrem:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, ou multa.

Percebam que a pena prevista para esta modalidade do delito Ž bem


menor que a prevista para as outras hip—teses de corrup•‹o. Aqui temos um
crime material.25

1.8! Facilita•‹o de contrabando ou descaminho


Est‡ previsto no art. 318 do CP:

24
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 317. BITENCOURT sustenta que o crime Ž formal apenas
na modalidade de solicitar, sendo crime material nas modalidades de ÒaceitarÓ e ÒreceberÓ.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 125
25
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 739
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Art. 318 - Facilitar, com infra•‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando ou
descaminho (art. 334):
Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137,
de 27.12.1990)

Aqui se pune a conduta do agente que deveria evitar a pr‡tica do


contrabando ou descaminho, mas n‹o o faz, facilitando-a.

BEM JURêDICO A moralidade e o patrim™nio da administra•‹o pœblica.


TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico, exigindo-se, ainda, que seja o
funcion‡rio pœblico que tinha o dever funcional de
evitar a pr‡tica do contrabando ou descaminho. Aqui
h‡ uma exce•‹o ˆ teoria monista do concurso de pessoas,
prevista no art. 29 do CP, pois o funcion‡rio pœblico
responde por este crime, enquanto o particular responde
pelo crime de contrabando ou pelo descaminho (a depender
da conduta). Se, porŽm, o funcion‡rio pœblico que
facilitar a pr‡tica do contrabando ou descaminho n‹o
tiver a obriga•‹o de evit‡-la, responder‡ como
part’cipe do crime praticado pelo particular, e n‹o
pelo crime do art. 318 do CP26. MUITO CUIDADO COM
ISSO! ƒ plenamente poss’vel o concurso de pessoas,
respondendo tambŽm o particular (ou funcion‡rio pœblico
que n‹o tenha o dever de evitar o crime) pelo crime do art.
318, desde que este particular tenha conhecimento
da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica.
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž a de facilitar a pr‡tica de qualquer dos dois
crimes (contrabando ou descaminho), seja por a•‹o ou
omiss‹o.
TIPO Dolo. N‹o se exige qualquer dolo espec’fico (finalidade
SUBJETIVO espec’fica da conduta). N‹o se admite o crime na forma
culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva facilita•‹o para o crime, ainda
TENTATIVA que este œltimo (contrabando ou descaminho) n‹o
venha a se consumar.27 Admite-se a tentativa quando a

26
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 129
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conduta do agente na facilita•‹o for ativa (a•‹o), pois se
pode fracionar a execu•‹o do crime em v‡rios atos.

CUIDADO! A reda•‹o do tipo penal fala em Òart. 334Ó porque anteriormente os


delitos de contrabando e descaminho faziam parte do mesmo tipo penal (art.
334). Atualmente o contrabando foi deslocado para o art. 334-A.
Contudo, n‹o me parece que o funcion‡rio que facilite a pr‡tica do contrabando
v‡ ficar impune, ele ir‡ continuar respondendo pelo crime do art. 318, eis que
o tipo penal fala claramente em Òcontrabando ou descaminhoÓ. Apenas a
refer•ncia ao art. 334 Ž que passou a estar incompleta.

1.9! Prevarica•‹o, prevarica•‹o impr—pria e condescend•ncia


criminosa
O crime de prevarica•‹o Ž tipificado no art. 319 do CP, que diz:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de of’cio, ou pratic‡-lo
contra disposi•‹o expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.

BEM JURêDICO A moralidade na administra•‹o pœblica.


TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de
pessoas, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico
do agente.
SUJEITO PASSIVO A administra•‹o pœbica
TIPO OBJETIVO A conduta Ž retardar ou deixar de praticar ato de of’cio,
ou, ainda, pratic‡-lo contra disposi•‹o expressa da lei.
TIPO SUBJETIVO Dolo. Exige-se que o agente pratique o crime para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal (dolo
espec’fico). N‹o se admite o crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta.
TENTATIVA Admite-se a tentativa quando a conduta do agente puder
ser fracionada, como na hip—tese de pratic‡-lo contra
disposi•‹o expressa da lei. Na hip—tese, por exemplo,
de deixar de praticar, por n‹o poder se fracionar a
conduta, n‹o cabe a tentativa.28
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Este crime n‹o deve ser confundido com a corrup•‹o passiva privilegiada,
na qual o agente deixa de praticar ato de of’cio ou pratica ato indevido atendendo
a pedido de terceiros. Aqui, o agente faz por conta pr—prio, para satisfazer
interesse pr—prio.
LEMBREM-SE:
FAVORZINHO GRATUITO = CORRUP‚ÌO PASSIVA PRIVILEGIADA
SATISFA‚ÌO DE INTERESSE PRîPRIO = PREVARICA‚ÌO
Existe, ainda, uma modalidade espec’fica de prevarica•‹o, que Ž a prevista
no art. 319-A, inserido recentemente pela Lei 11.466/07:
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenci‡ria e/ou agente pœblico, de cumprir seu dever
de vedar ao preso o acesso a aparelho telef™nico, de r‡dio ou similar, que permita a
comunica•‹o com outros presos ou com o ambiente externo: (Inclu’do pela Lei n¼
11.466, de 2007).
Pena: deten•‹o, de 3 (tr•s) meses1a 1 (um) ano.

Assim, nessa hip—tese, o crime n‹o Ž o de prevarica•‹o comum, mas sim a


espŽcie pr—pria de prevarica•‹o prevista no art. 319-A do CP, chamada pela
Doutrina de prevarica•‹o impr—pria.
Nessa hip—tese, diferentemente da prevarica•‹o comum (ou pr—pria),
n‹o se exige dolo espec’fico (finalidade especial de agir).29 Cuidado com
isso! A Doutrina n‹o admite, ainda, a tentativa nesta hip—tese, pois a lei prev•
apenas uma conduta omissiva pr—pria, n‹o havendo possibilidade de
fracionamento da conduta.
TambŽm n‹o se deve confundir o crime de prevarica•‹o com o crime de
condescend•ncia criminosa. Nesse crime, o agente tambŽm deixa de fazer
algo a que estava obrigado em raz‹o da fun•‹o, mas o faz por indulg•ncia
(sentimento de pena, de comisera•‹o). Nos termos do art. 320 do CP:
Art. 320 - Deixar o funcion‡rio, por indulg•ncia, de responsabilizar subordinado que
cometeu infra•‹o no exerc’cio do cargo ou, quando lhe falte compet•ncia, n‹o levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.

Se o chefe deixa de responsabilizar o subordinado por outro motivo que n‹o


seja a indulg•ncia (medo, frouxid‹o, neglig•ncia, pouco caso, etc.), o crime pode
ser o de prevarica•‹o ou o de corrup•‹o passiva privilegiada, a depender do caso.
Cuidado com isso, povo!
CUIDADO! O tipo penal exige que o agente seja hierarquicamente superior ao
outro funcion‡rio30, aquele que cometeu a falta funcional. Existe certa
diverg•ncia doutrin‡ria quanto a isso, mas a posi•‹o predominante Ž de que,
de fato, o agente deve ser hierarquicamente superior. Assim, se um funcion‡rio

29
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 146
30
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 148. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 746
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pœblico toma conhecimento de que seu colega praticou uma infra•‹o funcional
e nada faz a respeito, NÌO PRATICA ESTE CRIME.

ƒ imposs’vel a tentativa no crime de condescend•ncia criminosa, pois se


trata de crime omissivo puro.

1.10!Advocacia administrativa
Est‡ previsto no art. 321 do CP:
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administra•‹o pœblica, valendo-se da qualidade de funcion‡rio:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.
!
0
BEM JURêDICO A moralidade na administra•‹o pœblica.
TUTELADO
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de
pessoas, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do
agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž patrocinar interesse privado perante a
administra•‹o pœblica. O agente deve se valer das
facilidades que a sua condi•‹o de funcion‡rio pœblico lhe
proporciona31. Entende-se, ainda, que o agente deve
praticar a conduta em prol de um terceiro.
TIPO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o
SUBJETIVO crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta. Admite-
TENTATIVA se a tentativa quando a conduta do agente puder ser
fracionada, como na hip—tese pr‡tica da conduta
mediante correspond•ncia ou outro ato escrito que n‹o
tenha chegado ao conhecimento do destinat‡rio. No
entanto, alguns entendem que nesse caso o crime foi
consumado.

31
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 155
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A lei prev•, ainda, uma espŽcie de qualificadora, ao estabelecer que, se
o interesse patrocinado n‹o Ž leg’timo, a pena ser‡ mais grave. Nos termos
do ¤ œnico do CP:
Par‡grafo œnico - Se o interesse Ž ileg’timo:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, alŽm da multa.

Assim:
Interesse leg’timo Ð Crime de advocacia administrativa na forma simples
Interesse ileg’timo Ð Crime de advocacia administrativa na forma
qualificada.

1.11! Viol•ncia arbitr‡ria


2
ƒ o delito tipificado no art. 322 do CP:
Art. 322 - Praticar viol•ncia, no exerc’cio de fun•‹o ou a pretexto de exerc•-la:
Pena - deten•‹o, de seis meses a tr•s anos, alŽm da pena correspondente ˆ viol•ncia.

Parte da Doutrina e da Jurisprud•ncia entendem ter sido este artigo


revogado pela Lei 4.898/65.32 No entanto, existem decis›es no ‰mbito do STJ
e do STF reconhecendo a plena vig•ncia deste artigo.33
BEM O regular desenvolvimento das atividades da administra•‹o
JURêDICO pœblica e a integridade f’sica de eventual particular lesado
TUTELADO pela conduta.
SUJEITO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
ATIVO funcion‡rio pœblico. ƒ plenamente poss’vel o concurso de
pessoas, desde que este particular tenha conhecimento
da condi•‹o de funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica, e, secundariamente, o particular.
PASSIVO
TIPO A conduta Ž praticar viol•ncia no exerc’cio da fun•‹o, ou em
OBJETIVO raz‹o dela. Logo, n‹o se exige que o agente esteja em hor‡rio
de trabalho, ou dentro da reparti•‹o, desde que a viol•ncia
ocorra em raz‹o da fun•‹o do agente.

32
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 160
33
(...) 1. O crime de viol•ncia arbitr‡ria n‹o foi revogado pelo disposto no artigo 3¼, al’nea "i",
da Lei de Abuso de Autoridade. Precedentes da Suprema Corte.
2. Ordem denegada.
(HC 48.083/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 20/11/2007, DJe
07/04/2008)
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TIPO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. Parte da Doutrina, no
SUBJETIVO entanto, entende que deve haver a finalidade especial de
pretender abusar de sua autoridade (entendimento
minorit‡rio). N‹o se admite o crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta. A tentativa
E TENTATIVA Ž plenamente poss’vel.

Atente-se para o fato de que, alŽm da pena aplicada em raz‹o deste crime,
o agente responde tambŽm pelas penas decorrentes das les›es corporais que
causar, ou atŽ mesmo pela morte da v’tima.

1.12!Abandono de fun•‹o
Assim disp›e o art. 323 do CP: a
Art. 323 - Abandonar cargo pœblico, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos, e multa.

BEM JURêDICO O regular desenvolvimento das atividades da administra•‹o


TUTELADO pœblica.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico. Aqui a Doutrina entende que o conceito
de funcion‡rio pœblico Ž restrito34, s— podendo ser
praticado este crime pelo ocupante de cargo pœblico.
ƒ plenamente poss’vel o concurso de pessoas, desde que
este particular tenha conhecimento da condi•‹o de
funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica.
PASSIVO
TIPO OBJETIVO A conduta Ž abandonar o cargo. A defini•‹o do que seria
abandono do cargo (por quantos dias, em que situa•›es,
etc.), dever‡ ser extra’da do estatuto ao qual o servidor
esteja vinculado. No entanto, a Doutrina entende que o
exerc’cio do direito de Greve n‹o pode ensejar este
crime. Parte da Doutrina entende, ainda, que pode

34
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 168/169. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 754
ocorrer o abandono se o servidor, ainda que
compare•a ˆ reparti•‹o, se recuse a trabalhar.35
TIPO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o
SUBJETIVO crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta. A
TENTATIVA Doutrina n‹o admite a tentativa.

O CP estabeleceu, ainda, duas qualificadoras, previstas nos ¤¤ 1¡ e 2¡,


quando do fato resultar algum preju’zo ˆ administra•‹o pœblica e quando
o fato ocorrer em faixa de fronteira:
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
d
Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos, e multa.

Entende-se por faixa de fronteira a extens‹o de 150 km de largura ao longo


das fronteiras terrestres, nos termos do art. 20, ¤ 2¡ da Constitui•‹o).

1.13!Exerc’cio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado


Aqui, trata-se de hip—tese na qual o agente est‡ para se tornar servidor
pœblico, ou j‡ deixou de s•-lo, e mesmo assim exerce as fun•›es ˆs quais est‡
impedido de exercer, seja porque ainda n‹o tomou posse, seja porque j‡ foi
desligado do servi•o pœblico. Nos termos do art. 324 do CP:
Art. 324 - Entrar no exerc’cio de fun•‹o pœblica antes de satisfeitas as exig•ncias
legais, ou continuar a exerc•-la, sem autoriza•‹o, depois de saber oficialmente que
foi exonerado, removido, substitu’do ou suspenso:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.

BEM JURêDICO O regular desenvolvimento das atividades da administra•‹o


TUTELADO pœblica.
SUJEITO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
ATIVO funcion‡rio pœblico. Contudo, Ž bom frisar que na
modalidade de exerc’cio ilegalmente antecipado antes da
posse (mas depois da nomea•‹o) e na modalidade de
exerc’cio prolongado ap—s exonera•‹o (ou demiss‹o), o
sujeito n‹o Ž mais funcion‡rio pœblico, embora esteja direta

35
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 169. Bitencourt sustenta a tese de que o cargo dever‡
ficar acŽfalo, ou seja, desocupado. Se h‡ algum substituto para ocupar o cargo, o delito n‹o
estaria caracterizado (posi•‹o do prof. BITENCOURT). A doutrina majorit‡ria n‹o defende esta
tese.
Aula 11 Prof. Renan Araujo
ou indiretamente ligado ˆ administra•‹o.36 Se o agente n‹o
possui qualquer v’nculo, comete o crime de usurpa•‹o
de fun•‹o pœblica, previsto no art. 328 do CP37. ƒ
plenamente poss’vel o concurso de pessoas, desde que
este particular tenha conhecimento da condi•‹o de
funcion‡rio pœblico do agente.
SUJEITO A administra•‹o pœbica.
PASSIVO
TIPO A conduta Ž exercer a fun•‹o pœblica, sem autoriza•‹o
OBJETIVO (elemento normativo do tipo), antes de satisfeitas as
exig•ncias ou ap—s ter sido desligado da fun•‹o (por
remo•‹o, substitui•‹o, exonera•‹o, etc.). Exige-se, ainda,
que o agente saiba que est‡ agindo nesta condi•‹o.
TIPO Dolo. N‹o se exige
0 especial fim de agir. N‹o se admite o
SUBJETIVO crime na forma culposa.
CONSUMA‚ÌO Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta de exercer
E TENTATIVA a atividade indevidamente. A tentativa Ž admiss’vel.38

1.14!Viola•‹o de sigilo profissional


Est‡ previsto no art. 325 do CP:
Art. 325 - Revelar fato de que tem ci•ncia em raz‹o do cargo e que deva permanecer
em segredo, ou facilitar-lhe a revela•‹o:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato n‹o constitui crime
mais grave.

BEM JURêDICO O sigilo das informa•›es relativas ˆ administra•‹o


TUTELADO pœblica.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime pr—prio, s— podendo ser praticado pelo
funcion‡rio pœblico que possua o dever de manter a
informa•‹o em sigilo. ƒ plenamente poss’vel o concurso
de pessoas, desde que este particular tenha
conhecimento da condi•‹o de funcion‡rio pœblico
do agente.
SUJEITO PASSIVO A administra•‹o pœbica.

36
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 175
37
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 756
38
Como exemplo, imagine-se o caso do agente que se apresente para trabalhar, mas seja
impedido pelo chefe da reparti•‹o. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 757
Teoria e quest›es
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
TIPO OBJETIVO A conduta Ž revelar ou facilitar a revela•‹o de fato
sigiloso que o agente tenha tomado conhecimento em
raz‹o do cargo. ƒ indiferente se o fato Ž revelado a um
particular ou a outro servidor pœblico. ƒ imprescind’vel,
porŽm, que o fato tenha sido levado ao conhecimento do
agente em raz‹o da sua fun•‹o pœblica. Se a revela•‹o
do segredo se der em rela•‹o ˆ opera•‹o ou servi•o
prestado por institui•‹o financeira, estaremos diante de
crime contra o sistema financeiro nacional, previsto no
art. 18 da Lei 7.492/8639.
TIPO SUBJETIVO Dolo. N‹o se exige especial fim de agir. N‹o se admite o
crime na forma culposa, pois se exige que o agente tenha
ci•ncia de que o fato Ž sigiloso.
CONSUMA‚ÌO E Consuma-se com a efetiva realiza•‹o da conduta de
TENTATIVA revelar o segredo ou facilitar sua revela•‹o. A Doutrina
admite a tentativa, nas hip—teses em que se puder
fracionar a conduta do agente, como na hip—tese de o
agente enviar carta a um terceiro revelando-lhe o
segredo40, e ser a carta interceptada por outra pessoa,
n‹o chegando ao conhecimento do destinat‡rio.

O CP prev•, ainda, uma forma equiparada do delito e outra forma,


qualificada. Nos termos dos ¤¤ 1¡ e 2¡ do art. 325 do CP:
¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
I - permite ou facilita, mediante atribui•‹o, fornecimento e emprŽstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas n‹o autorizadas a sistemas de informa•›es
ou banco de dados da Administra•‹o Pœblica; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2o Se da a•‹o ou omiss‹o resulta dano ˆ Administra•‹o Pœblica ou a outrem:
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)

O art. 326 estabelece um crime aut™nomo, uma modalidade especial de


viola•‹o de segredo funcional. ƒ a viola•‹o de sigilo de proposta
licitat—ria. Nos termos do art. 326:
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorr•ncia pœblica, ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devass‡-lo:
Pena - Deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.

39
CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 759
40
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 185
Teoria e quest›es
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
Entretanto, este artigo foi revogado tacitamente pelo art. 94 da Lei
8.666/93, que tipifica a mesma conduta, entretanto, estabelece pena
mais grave (dois a tr•s anos de deten•‹o, e multa).41

2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES


CîDIGO PENAL
Ä Arts. 312 a 327 do CP Ð Tipificam os crimes praticados por funcion‡rio pœblico
contra a administra•‹o em geral, bem como trazem o conceito de funcion‡rio
pœblico para fins penais (art. 327 do CP):
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcion‡rio pœblico de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem m—vel, pœblico ou particular, de que tem a posse em raz‹o do cargo, ou desvi‡-
lo, em proveito pr—prio ou alheio:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.
¤ 1¼ - Aplica-se a mesma pena, se o funcion‡rio pœblico, embora n‹o tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtra’do, em
proveito pr—prio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcion‡rio.
Peculato culposo
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano.
¤ 3¼ - No caso do par‡grafo anterior, a repara•‹o do dano, se precede ˆ senten•a
irrecorr’vel, extingue a punibilidade; se lhe Ž posterior, reduz de metade a pena
imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerc’cio do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.
Inser•‹o de dados falsos em sistema de informa•›es (Inclu’do pela Lei n¼
9.983, de 2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcion‡rio autorizado, a inser•‹o de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados
ou bancos de dados da Administra•‹o Pœblica com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000))
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼
9.983, de 2000)
Modifica•‹o ou altera•‹o n‹o autorizada de sistema de
informa•›es (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcion‡rio, sistema de informa•›es ou
programa de inform‡tica sem autoriza•‹o ou solicita•‹o de autoridade
competente: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena Ð deten•‹o, de 3 (tr•s) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei
n¼ 9.983, de 2000)

41
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 187
Teoria e quest›es
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
Par‡grafo œnico. As penas s‹o aumentadas de um ter•o atŽ a metade se da
modifica•‹o ou altera•‹o resulta dano para a Administra•‹o Pœblica ou para o
administrado.(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Extravio, sonega•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda
em raz‹o do cargo; soneg‡-lo ou inutiliz‡-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas pœblicas
Art. 315 - Dar ˆs verbas ou rendas pœblicas aplica•‹o diversa da estabelecida
em lei:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.
Concuss‹o
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem indevida:
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exa•‹o
¤ 1¼ - Se o funcion‡rio exige tributo ou contribui•‹o social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobran•a meio vexat—rio ou gravoso,
que a lei n‹o autoriza: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
8.137, de 27.12.1990)
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio desvia, em proveito pr—prio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres pœblicos:
Pena - reclus‹o, de dois a doze anos, e multa.
Corrup•‹o passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da fun•‹o ou antes de assumi-la, mas em raz‹o dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 10.763, de 12.11.2003)
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um ter•o, se, em conseqŸ•ncia da vantagem ou
promessa, o funcion‡rio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de of’cio ou o pratica
infringindo dever funcional.
¤ 2¼ - Se o funcion‡rio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de of’cio, com
infra•‹o de dever funcional, cedendo a pedido ou influ•ncia de outrem:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, ou multa.
Facilita•‹o de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infra•‹o de dever funcional, a pr‡tica de contrabando
ou descaminho (art. 334):
Pena - reclus‹o, de 3 (tr•s) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
8.137, de 27.12.1990)
Prevarica•‹o
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de of’cio, ou pratic‡-
lo contra disposi•‹o expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenci‡ria e/ou agente pœblico, de cumprir
seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telef™nico, de r‡dio ou similar, que
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permita a comunica•‹o com outros presos ou com o ambiente externo: (Inclu’do pela
Lei n¼ 11.466, de 2007).
Pena: deten•‹o, de 3 (tr•s) meses a 1 (um) ano.
Condescend•ncia criminosa
Art. 320 - Deixar o funcion‡rio, por indulg•ncia, de responsabilizar subordinado
que cometeu infra•‹o no exerc’cio do cargo ou, quando lhe falte compet•ncia, n‹o
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administra•‹o pœblica, valendo-se da qualidade de funcion‡rio:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s meses, ou multa.
Par‡grafo œnico - Se o interesse Ž ileg’timo:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, alŽm da multa.
Viol•ncia arbitr‡ria
Art. 322 - Praticar viol•ncia, no exerc’cio de fun•‹o ou a pretexto de exerc•-la:
Pena - deten•‹o, de seis meses a tr•s anos, alŽm da pena correspondente ˆ
viol•ncia.
Abandono de fun•‹o
Art. 323 - Abandonar cargo pœblico, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
¤ 1¼ - Se do fato resulta preju’zo pœblico:
Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
¤ 2¼ - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos, e multa.
Exerc’cio funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324 - Entrar no exerc’cio de fun•‹o pœblica antes de satisfeitas as exig•ncias
legais, ou continuar a exerc•-la, sem autoriza•‹o, depois de saber oficialmente que
foi exonerado, removido, substitu’do ou suspenso:
Pena - deten•‹o, de quinze dias a um m•s, ou multa.
Viola•‹o de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ci•ncia em raz‹o do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revela•‹o:
Pena - deten•‹o, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato n‹o constitui
crime mais grave.
¤ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
I Ð permite ou facilita, mediante atribui•‹o, fornecimento e emprŽstimo de senha
ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas n‹o autorizadas a sistemas de
informa•›es ou banco de dados da Administra•‹o Pœblica;(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
II Ð se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
¤ 2o Se da a•‹o ou omiss‹o resulta dano ˆ Administra•‹o Pœblica ou a
outrem: (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena Ð reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
Aula 11 Ð Prof. Renan Araujo
Viola•‹o do sigilo de proposta de concorr•ncia
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorr•ncia pœblica, ou proporcionar
a terceiro o ensejo de devass‡-lo:
Pena - Deten•‹o, de tr•s meses a um ano, e multa.
Funcion‡rio pœblico
Art. 327 - Considera-se funcion‡rio pœblico, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remunera•‹o, exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblica.
¤ 1¼ - Equipara-se a funcion‡rio pœblico quem exerce cargo, emprego ou fun•‹o
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servi•o
contratada ou conveniada para a execu•‹o de atividade t’pica da Administra•‹o
Pœblica. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2¼ - A pena ser‡ aumentada da ter•a parte quando os autores dos crimes
previstos neste Cap’tulo forem ocupantes de cargos em comiss‹o ou de fun•‹o de
dire•‹o ou assessoramento de —rg‹o da administra•‹o direta, sociedade de economia
mista, empresa pœblica ou funda•‹o institu’da pelo poder pœblico. (Inclu’do pela Lei
n¼ 6.799, de 1980)

Ä Art. 92, I ÒaÓ e seu ¤ œnico, do CP Ð Tal dispositivo estabelece a perda do


cargo, emprego ou fun•‹o quando for aplicada pena privativa de liberdade por
tempo igual ou superior a um ano em rela•‹o aos crimes funcionais:
Art. 92 - S‹o tambŽm efeitos da condena•‹o:(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
I - a perda de cargo, fun•‹o pœblica ou mandato eletivo: (Reda•‹o dada pela Lei n¼
9.268, de 1¼.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou viola•‹o de dever para com a
Administra•‹o Pœblica; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996)
(...)
Par‡grafo œnico - Os efeitos de que trata este artigo n‹o s‹o autom‡ticos,
devendo ser motivadamente declarados na senten•a. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)

3! SòMULAS PERTINENTES
3.1! Sœmulas do STJ
Ä Sœmula 599 do STJ Ð O STJ sumulou entendimento no sentido de que o
princ’pio da insignific‰ncia Ž inaplic‡vel aos crimes contra a administra•‹o
pœblica, solidificando o entendimento que j‡ era adotado na Corte h‡ muitos anos:
Sœmula 599 do STJ
O princ’pio da insignific‰ncia Ž inaplic‡vel aos crimes contra a administra•‹o pœblica.

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