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SUMÁRIO

1. O QUE É TEOLOGIA

2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA

3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

3.1 Teologia Exegética


3.2 Teologia Histórica
3.3 Teologia Dogmática
3.4 Teologia Bíblica
3.5 Teologia Sistemática

4. TEOLOGIA PENTECOSTAL

5. A NECESSIDADE DE ―FAZER‖ TEOLOGIA

5.1 A teologia nas funções da igreja

6. FONTES DA TEOLOGIA

7. O TEÓLOGO

8. DOUTRINA E RELIGIÃO

9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ

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1. O QUE É TEOLOGIA

Diversos são os conceitos e entendimentos sobre a ―teologia‖. É


imprescindível o entendimento do termo para evitar equívocos sobre seu real
significado. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, é difícil encontrar uma
boa e abrangente definição para a teologia, pois praticamente todas elas são, ou
simples demais, ou tendem a dar mais importância a uma das fontes de uma
teologia totalmente desenvolvida, excluindo outras.1 A teologia sofreu preconceito
em todas as eras da história e por diversas ocasiões recebeu o tratamento de
mitologia pagã. Orígenes foi o primeiro a empregá-lo no contexto cristão como ―a
sublimidade e a majestade da teologia‖. A partir de Eusébio de Cesaréia, a palavra
popularizou-se no cristianismo.2
A teologia não foi criada por si mesma, no sentido que a revelação e a fé
tenham-na criado ou construído. As duas palavras gregas que formam o termo
indicam o seu objetivo. ―O termo teologia vem do grego theôs, "deus", e Iogos,
"estudo", "discurso", "raciocínio". Assim, essa palavra indica o estudo das coisas
relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens, etc. Uma
definição léxica diz: um corpo de doutrinas acerca de Deus, incluindo seus
atributos e relações como homem; especialmente aquele corpo de doutrinas
estabelecido por alguma igreja ou grupo religioso em particular". Essa é uma
definição restrita. Mas esse vocábulo também é usado em um sentido mais geral:
"O estudo da religião, que culmina em uma síntese ou filosofia da religião; além
disso, uma pesquisa crítica da religião, especialmente da religião cristã".3
Charles Ryrie destaca que existem pelo menos três elementos incluídos no
conceito geral de teologia:

1
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.
2
SOARES, Esequias et. al. Teologia Sistemática, Rio de Janeiro: CPAD, 2011. p.51.
3
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.396.

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[1] Teologia é inteligível. Ela pode ser compreendida pela mente humana de
maneira ordenada e racional. [2] Teologia requer explicação. Isso, por sua vez,
envolve a exegese (análise dos textos no original) e a sistematização de ideias. [3]
a fé cristã tem sua base na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo baseado
na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das
4
verdades a respeito de Deus.

Para Geisler a teologia é o estudo daquilo que é referente a Deus, seja a


sua natureza, as suas obras, bem como a sua relação com a sua criação (o
homem). É um discurso racional a respeito de Deus.5 Berkhof diz em sua
sistemática que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por
meio de quem, e para quem são todas as coisas.6 Para Rahner, teologia é a
explanação e explicação consciente e metodológica da revelação divina recebida
e apreendida na fé (…) A tarefa da teologia é articular os elementos conceituais
implícitos na fé cristã.7
Na construção de um bom conceito para a teologia, Medrado faz uma
observação: De que se trata a teologia? De Deus e tudo o que se refere a ele, isto
é, o mundo universo: a criação, a Salvação e tudo o mais. E isso está já na
palavra mesma de ―teologia‖ estudo de Deus. Mas como Deus é o determinante
de tudo, então, qualquer coisa pode ser objeto de consideração do teólogo. Deus,
com efeito, pode ser definido como a realidade que determina todas as
realidades.8
No contexto da religião cristã, Myatt afirma que ―a teologia não é o estudo
de Deus como algo abstrato, mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia.
Necessariamente isso inclui tudo o que é revelado sobre Ele e as suas obras e
relações com as criaturas‖.9 Para Strong a ―teologia é a ciência de Deus e das

4
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p.15.
5
GEISLER, N. Teologia Sistemática: Introdução à teologia. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
p.11.
6
BERKHOF, Louis.
7
RAHNER, apud RAUSCH, T. P. Introdução à Teologia. São Paulo: Paulus, 2004. p.15.
8
MEDRADO, Eudaldo Freitas. Introdução à Teologia. Disponível em http://www.famedrado.kit.net/
Canal%2004/01.htm. Acesso: 19.11.2015.
9
MYATT, Allan e FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica
Batista de São Paulo, 2002. p.12.

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relações entre Deus e o universo‖. De acordo com Gruden, ―teologia é o estudo de


Deus e de todas as suas obras‖. Para Hodge ―teologia não é somente ‗a ciência
de Deus‘ nem mesmo ‗a ciência de Deus e do homem‘, ela também dá conta das
relações entre Deus e o universo‖. Um bom conceito para a teologia deve
considerá-la como o estudo das relações do Criador (Deus) com a criatura
(homens).
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria muita
presunção para o ser humano, uma vez que, Deus, transcende o entendimento
humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de estudar, ou conhecer
a Deus na sua plenitude. Deus se revela ao homem, e este, é capaz de conhecê-
lo. O conhecimento produz um relacionamento, que não necessariamente, permita
um conhecimento pleno da ―mente‖ de Deus. O relacionamento produzido por um
relacionamento íntimo com Deus permite ao homem viver na plenitude daquilo que
Deus projetou para ele. Deus é conhecido através das suas obras e das suas
atividades. Por isso a teologia dá conta destas atividades na medida que elas
acompanham o nosso conhecimento.
Deus pode ser conhecido e é possível ao homem conhecer a Deus. Isso
torna a teologia plenamente possível. De acordo com Strong existem ao menos
três possibilidades para a teologia: [a] Deus é um ser real que se relaciona com o
universo; [b] A mente humana é capaz de conhecer a Deus e perceber sua
relação com o universo; e [c] Deus provê sua revelação (João 17.3: E a vida
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste. Efésios 1.17: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de
revelação).
Hordern destaca que a teologia é um tratado ou desenvolvimento bem
ordenado do pensamento que se possa obter a respeito de Deus. De acordo com
este autor ―a palavra ‗Deus‘ não pode ser definida de forma exaustiva, mas é
normalmente empregada para representar o que quer que se creia como sendo o
fato ‗último‘, a fonte da qual tudo o mais teria provindo, o valor supremo ou a

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origem de todos os valores da existência. Deus vem a ser o ente admitido como
sendo digno de constituir-se no alvo e no propósito da vida. A luz de tais
considerações, torna-se evidente que ninguém poderá passar sua existência sem
a adoção de alguma forma de teologia‖.10
De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe o termo ―teologia‖ pode ser
usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras,
como do todo. Dessa forma, é correto falar da teologia do Antigo Testamento ou
da teologia do Novo Testamento. O termo ―teologia‖, segundo este dicionário,
assume um sentido mais amplo, ou seja, tem a finalidade de cobrir todo o
conteúdo do ensino das Escrituras que o homem pode vir a conhecer em relação
à Deus, e também o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.11
A teologia cristã estruturou-se na história relacionando-se com a filosofia.
Sobre esta relação e sobre a história da teologia cristã Domingos destaca que:

Um fato importante da História da Teologia cristã, é que ela exige, inevitavelmente,


certa consideração sobre a filosofia e as influências filosóficas. A partir do século II,
quando começa a nossa história, a filosofia torna-se a principal interlocutora da
teologia, e mesmo com a oposição de alguns pais da Igreja, como por exemplo, o
teólogo cristão norte-africano Tertuliano, quando perguntou retoricamente: "O que
Atenas tem que ver com Jerusalém? E o que a Academia tem que ver com a
igreja?", querendo protestar contra o uso crescente da filosofia grega
(Atenas/academia) pelos pensadores cristãos que deveriam ter se fundamentado
exclusivamente nas escrituras e em fontes cristãs (Jerusalém/igreja). O Pai da
igreja e apologista, Justino Mártir referiu-se ao cristianismo como a "Filosofia
verdadeira", ao passo que o mestre cristão do século III, Clemente de Alexandria,
identificou o pensador grego Sócrates como um "cristão antes de Cristo", já tempos
mais tarde, no século XIII, o pensador Blaise Pascal, asseverou que o "deus dos
filósofos não é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó!" O relacionamento entre a
reflexão cristã e a filosofia constitui uma parte muito importante da história da
teologia cristã, e fornece algumas das tensões mais emocionantes dessa história.
E para seu melhor estudo, a teologia cristã foi dividida em períodos, os quais são:
[a] O período Patrístico, c. 100 - 451; [b] A idade Média e o Renascimento, c. 1050

10
HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5.
11
PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p.1910.

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- c.1500; [c] Os períodos das Reformas e da pós-Reforma, c. 1500 - c. 1750; [d] O


período Moderno e o pós-Moderno, c. 1750 - até os dias atuais. Fica evidente a
dificuldade de traçar linhas divisórias nítidas entre muitos desses períodos, por
exemplo, as relações entre a idade média, o renascimento e a reforma são
controvertidas, e alguns acadêmicos entendem que os dois últimos períodos são
uma continuação do primeiro, embora outros os vejam como períodos totalmente
distintos um do outro. O que podemos afirmar é que a história da Teologia Cristã
começa no século II, cerca de cem anos depois da morte e ressurreição de Cristo,
com o início da confusão entre os cristãos no Império Romano, tanto dentro quanto
fora da Igreja. Os desafios internos principais eram semelhantes a cacofonia de
vozes que muitos cristãos em nossos dias chamariam de "seitas", ao passo que os
desafios externos eram semelhantes as vozes que muitos hoje chamariam
"céticos". É dessas vozes desafiadoras que surgiu a necessidade e os primórdios
12
da ortodoxia - uma declaração definitiva daquilo que é teologicamente correto.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre o conceito de teologia pode ser verificado em


http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/teologia-o-que-e.

QUESTÕES PROPOSTAS

1. A teologia é plenamente possível, ou seja, sua ação é prática. Justifique com


suas palavras essa afirmação.

2. Qual a relação do texto de Jo 17.3 e Ef 1.17 com a construção de um conceito


para a teologia?

3. Crie um conceito sobre a teologia com suas palavras.

12
OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo:
Editora Vida, 2001. p. 668.

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2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA

O alvo da teologia é permitir que o homem se relacione com seu criador e


compreenda a manifestação deste no desenvolvimento da história. O alvo da
teologia está centrado em Deus, em especial, no seu plano de salvação para o
homem por intermédio de Cristo.

A Teologia se distingue da Teodicéia, que é o conjunto de conhecimentos que o


homem pode chegar a ter de Deus sem ajuda da Revelação sobrenatural e se
limita a estudar a existência, o ser e os atributos divinos. A ciência teológica estuda
o ser de Deus, na medida em que pode ser alcançado. Não se esquece nunca que
Deus é um mistério, não é um objeto do qual se possa dar informação como dos
outros seres. Que a Teologia é a ciência de Deus significa que tudo se trata nela
principalmente desde o ponto de vista divino. A distinção tradicional é a
seguinte: [1] Objeto material – é a realidade da que propriamente se ocupa a
Teologia. O objeto é Deus e todas as realidades por Ele criadas e governadas por
seu desígnio salvador. O objeto material primário ou principal é Deus e o objeto
secundário são todas as coisas criadas enquanto ordenadas a Deus. [2] Objeto
formal, indica o ponto de vista. Um é o objeto formal “quod”: o que é próprio de
Deus. “Deus sub ratione Deitatis” e o objeto formal “quo” designa a luz intelectual
sob a que o objeto é considerado. Neste caso, a razão iluminada ou guiada pela
13
fé.

A teologia deve promover a fé, deve incentivar o homem a viver de forma


justa por intermédio do desenvolvimento de uma vida de fé. Rm 1.16,17 diz:
―Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o
justo viverá pela fé‖. Para Buckland a simples fé implica uma disposição de alma
para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que a fé tem
confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a nossa
13
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.

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razão, não lhe é contrário. A credulidade, porém, alimenta-se de coisas


imaginárias, e é cultivada pela simples imaginação. A fé difere da crença porque é
uma confiança do coração e não apenas uma aquiescência intelectual. A fé é uma
atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa confiança em Cristo,
pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a vontade de viver a vida
que Ele aprovaria.14
Para Frisotti a teologia pode ser compreendida com sendo uma ciência em
que a razão do crente, guiada pela fé teologal, se esforça para compreender
melhor os mistérios revelados em si mesmos e em suas conseqüências para a
existência humana.15 Sobre fé e teologia Frisotti destacou que:

A fé é assentir a uma verdade enquanto digna de ser crida. O próprio da Teologia é


analisá-la. O motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se revela; o da
Teologia é a percepção da razão da inteligibilidade do crido. A fé é sempre
pressuposto absoluto da Teologia. De modo que a Teologia deve ser feita desde
dentro e a partir da fé, e é assim algo mais que uma simples reflexão racional
sobre os dados da revelação. Por isso afirma Agostinho: “intelligere ut credas,
credere ut intelligas” (deves entender para crer e deves crer para entender).
Anselmo de Canterbury entendia a Teologia como “fides quarens intellectum”; a fé
que busca entender, não por curiosidade, mas por amor e veneração ao mistério.
O crente não discute a fé, mas mantendo-la firme busca dar razões do por que da
fé. Portanto, a Teologia é desenvolvimento da dimensão intelectual do ato de fé. É
uma fé reflexiva, fé que pensa, compreende, pergunta e busca. Trata de elevar,
dentro do possível credere ao nível do intelligere. O Teólogo se apóia no
conhecimento de Deus pela fé, na razão humana e nas suas descobertas certas.
Então, com tudo isto, o Teólogo tenta ordenar e interpretar os dados que são
16
objeto de fé, de modo que se veja sua unidade tal como Deus o dispôs.

Em seu estudo sobre a natureza da teologia, Frisotti, tem um olhar


interessante sobre ela ao observar que ela possui objetivo positivo e especulativo.
O texto abaixo é um resumo do pensamento de Frisotti.

14
BUCKLAND, A.R. ―Fé‖. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Editora Vida, 2007.
15
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.
16
Ibidem.

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A Teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação, que


tenta determinar e traçar toda a história documental do objeto crido em sua
revelação, sua transmissão e sua proposição. Deseja conhecer o corpo ou a forma
externa do dado revelado, com o estilo metódico e exaustivo que é próprio das
ciências positivas. Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda da
Palavra de Deus.
Trata de responder à seguinte pergunta, qual é exatamente a verdade
revelada por Deus? Procura determinar e estabelecer o que Deus revelou e como
o revelou, se o fez diretamente o indiretamente, de modo explícito o implícito, com
expressões obscuras ou claras. E porque as doutrinas reveladas não se
encontram sempre com a mesma nitidez, costuma ser necessário um trabalho de
interpretação de termos e expressões.
Teologia especulativa: aprofunda nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda
das ciências humanas. Leva a uma compreensão mais funda do dado revelado.
Mas não deve ser confundida com uma simples especulação; não é a aplicação
de uma filosofia técnica à compreensão da doutrina revelada mas a Teologia
especulativa cai sob o controle e ob a luz do mistério de salvação. Não é uma
super-estructura da Teologia positiva, senão o pensamento especulativo se
encontra englobado na Teologia positiva. O dado de fé não é unicamente o ponto
de partida; é o princípio vital que a anima ao longo de todo seu recorrido de
reflexão crente.
A possibilidade da Teologia especulativa se fundamenta numa
epistemologia realista: a doutrina revelada pressupõe que a mente humana se
ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa. Para
isso, tem grande importância o tema da analogia. Permite-nos falar de Deus de
modo que nosso linguagem tenha sentido. Algo podemos dizer de Deus ainda que
Ele não pode ser explicado univocamente.
A Teologia especulativa possui duas grandes tarefas: compreender e
organizar o dado revelado. 1. Compreende o melhor possível o dado revelado.

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Não quer dizer que os mistérios possam ser demonstrados o assimilados como si
fossem dados totalmente evidentes. Mas que é a busca do sentido preciso que se
encerra na fé e a relação dos mistérios entre si. 2. Trabalho sistemático: a
Teologia procura expor com rigor os preâmbulos da fé (mostrar que a fé, ainda
que não seja evidente, não é absurda). Apresentar una síntese dos mistérios da fé
(de modo que se mostre o melhor possível a unidade e a coerência da doutrina
revelada). E relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da
cultura.17

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre o objeto da teologia em


http://www.webartigos.com/artigos/um-ensaio-sobre-o-objeto-de-estudo-da-
teologia/54465/

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a diferença entre Teologia e Teodicéia?

2. Explique a diferença entre fé e credulidade.

3. Qual a diferença entre teologia positiva e teologia especulativa?

17
FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em www.itsimonton.tripod.com/apostila_
teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.12.2015.

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3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

Antes de tratar diretamente sobre a divisão da teologia, é importante


destacar que a mesma pode ser catalogada de diversas maneiras. Charles Ryrie
aponta três tipos de teologia: [a] Por época – por exemplo, teologia patrística,
teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea; [b] Por ponto de
vista – por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio), teologia
calvinista (defendida por João Calvino), teologia barthiana (defendida por Karl
Barth), teologia da libertação, etc.; e [c] Por ênfase – por exemplo, teologia
histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética, teologia
exegética, etc.18
A divisão clássica da teologia geralmente tem como base o tipo de teologia
por ênfase, objetivando organizar os assuntos para facilitar seu estudo e sua
compreensão. Basicamente, numa perspectiva clássica, a teologia divide-se em
cinco partes: teologia exegética, teologia histórica, teologia dogmática, teologia
bíblica e teologia sistemática. É possível encontrar em outros autores diferentes
divisões, fato que não invalida o posicionamento clássico, apenas divide a
teologia nas diversas perspectivas que ela pode ser observada. Myer Pearlman,
observa do ponto de vista clássico, a teologia classificada da seguinte maneira:

[1] A teologia exegética (exegética vem da palavra grega que significa "sacar"ou
"extrair" a verdade) procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras. Um
conhecimento das línguas originais nas quais foram escritas as Escrituras pertence
a este departamento da teologia. [2] A teologia histórica traça a história do
desenvolvimento da interpretação doutrinária, e envolve o estudo da história da
igreja. [3] A teologia dogmática é o estudo das verdades fundamentais da fé como
se nos apresentam nos credos da igreja. [4] A teologia bíblica traça o progresso da
verdade através dos diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de cada
escritor apresentar as doutrinas importantes. Por exemplo: segundo este método
ao estudar a doutrina da expiação estudar-se-ia a maneira como determinado

18
RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p.15-
16.

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assunto foi tratado nas diversas seções da Bíblia — no livro de Atos, nas Epístolas,
e no Apocalipse. Ou verificar-se-ia o que Cristo, Paulo, Pedro ou João disseram
acerca do assunto. Ou descobrir-se-ia o que cada livro ou seção das Escrituras
ensinou concernente às doutrinas de Deus, de Cristo, da expiação, da salvação e
de outras. [5] A teologia sistemática. Neste ramo de estudo os ensinos bíblicos
concernentes a Deus e ao homem são agrupados em tópicos, de acordo com um
sistema definido; por exemplo, as Escrituras relacionadas à natureza e à obra de
19
Cristo são classificadas sob o título: "Doutrina de Cristo".

3.1 Teologia Exegética

A teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras. Esse


termo vem do grego, ―ex” (fora) e ―agein‖ (guiar), ou seja, ―liderar‖ ou ―explicar".
Champlin destaca que a palavra portuguesa exegese é usada para indicar
―narrativa‖, ―tradução‖ ou ―interpretação‖. Dentro do contexto teológico, a ênfase
recai sobre a interpretação de modos formais de explicação que podem ser
aplicados a algum texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem
técnica, a exegese aponta para a interpretação de alguma passagem literária
específica, ao mesmo tempo em que os princípios gerais aplicados em tais
interpretações são chamados hermenêutica.20
O contrário da exegese é a eisegese. Sobre a eisegese Champlin diz que
este termo significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, mas que, na
realidade, não se encontra no mesmo, ou então significa distorcer um texto para
adaptá-lo às próprias ideias do intérprete. Portanto, o quanto a exegese é séria, a
eisegese não passa de uma burla. A maioria das pessoas que se envolve na
exegese também pratica alguma eisegese.21
De acordo com Arantes a interpretação não é uma atividade tão complexa:
―A maior parte da Escritura é, na verdade, de fácil entendimento. Ninguém precisa
ser versado nos originais para compreender o seu propósito salvífico. Sua
mensagem é basicamente simples. Todo aquele que dela se aproxima pode ser

19
Ibidem. p.10-11.
20
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.617.
21
Ibidem.

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educado na justiça. Contudo, existem certas partes que não são de tão fácil
compreensão, sendo de suma importância que o intérprete-leitor, tenha algumas
qualificações.‖22
Milton S. Terry afirmou que as qualificações de um intérprete competente
podem ser ditas como: Intelectual, educacional e espiritual. Para ele o intelecto
entra justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação
lógica do autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento
intelectualmente. Um exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta
aos Efésios, colocando nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e
de 4-6 outro bloco eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba
discernir o que um texto está ensinando é muito importante para o intérprete.
A imaginação, segundo Terry precisa ser controlada. Algumas pessoas têm
uma mente fértil demais e isto pode prejudicar a boa interpretação do texto. O
intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a Escritura. A
razão deve ser aplicada em cada parte da Escritura. A Bíblia foi escrita em
linguagem humana, apela a nossa razão, convida a investigação e pesquisa,
condena a crença cega. A maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu,
e ensinar outros extraírem o aprendizado da Escritura. Sem isso em mente a
interpretação não terá tanto valor. O apóstolo recomenda a Timóteo: “Ora, é
necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24)23
Para Terry a qualificação educacional compreende os fatos acerca dos
quais o intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e
pesquisa. A geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos
escritos bíblicos. As histórias gerais e bíblicas são também importantes no que
tange a confirmação e complementação da revelação que nos é trazida na
Escritura – complementação histórica. A cronologia, o discernimento de tempos e
épocas é também de especial valor na interpretação. Os sistemas políticos que

22
ARANTES, Fernando. A Bíblia, seu intérprete e sua interpretação. Disponível em
http://www.ipjg.org.br/ed/VisaoBiblica/Textos/2007/A-Biblia-seu-Interprete-e-sua-Interpretacao-
a.doc. Acesso: 23/04/2009.
23
TERRY, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977. Pp.151-158.

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envolveram a revelação bíblica esclarecem também a compreensão do que foi


revelado. O modo de produção, o sistema escravista, o comércio, as guerras, tudo
isto pode ser adquirido com pesquisa e estudo. Mais uma vez temos a exortação
do apóstolo que diz a Timóteo: “Até a minha chegada aplica-te à leitura, à
exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há em ti...”
(1Tm. 4:13, 14).24
A qualificação espiritual é, também, fundamental à interpretação bíblica,
Intelecto e estudo são importantes, mas sem contato com o Espírito Santo que é o
autor da Bíblia tudo é incompleto, afirma Terry. Portanto como ensina o Dr. Loyd
Jones “é imprescindível que haja uma aproximação espiritual no texto. O pecado
pode vendar nossos olhos a ponto de não enxergarmos com clareza a vontade de
Deus revelada em um texto estudado mesmo com empenho. O maior objetivo do
intérprete deve ser o de alcançar a verdade, preceito ou doutrina do texto
estudado. Não podemos permitir que o texto fale o que queremos ouvir, mas lutar
para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta dizendo:
“Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está sujeita à lei de
Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).25

3.2 Teologia Histórica

A teologia histórica traça a história do desenvolvimento da interpretação


doutrinária, e envolve o estudo da história da igreja. Segundo Matos, a teologia
histórica também conhecida como história da teologia ou história da doutrina, tem
estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da Igreja e a
teologia cristã. Sobre isto Matos diz:

Levanta-se então a seguinte pergunta: A teologia histórica é primordialmente


história ou teologia? Qual das duas ênfases é predominante? Variam as posições
dos autores sobre essa questão, mas não seria incorreto dizer que ela tem estreita
e igual conexão com essas duas áreas correlatas. Inicialmente, é necessário

24
Ibidem.
25
Ibidem.

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considerar como a teologia histórica se encaixa nas subdivisões dos estudos


históricos do cristianismo. A história da Igreja é a mais ampla das disciplinas que
tratam do passado cristão. É o estudo da caminhada e do desenvolvimento da
Igreja através dos séculos, em muitas áreas diferentes: missões e expansão
geográfica; culto, liturgia e sacramentos; espiritualidade e vida cristã prática;
organização, estrutura e forma de governo; pregação, arquitetura e arte sacra;
relacionamento com a sociedade, a cultura e o Estado. Enfim, pode-se afirmar que
a história da Igreja ou do cristianismo inclui tudo o que a Igreja faz no mundo,
sendo essencialmente um estudo e uma narrativa de eventos, personagens e
movimentos. Inclui o que hoje se denomina história institucional e história social.
Todavia, a história da Igreja, além de analisar a prática da Igreja, também aborda
seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto se relaciona mais concretamente com
a teologia histórica. Os tópicos acima podem ser considerados com base em duas
perspectivas. Por exemplo: a prática da Igreja na área de missões (história da
Igreja) e a reflexão que ela faz sobre sua missão (história da teologia), ou a
evolução de suas práticas litúrgicas (história da Igreja) e a reflexão sobre o
significado do culto e da liturgia (teologia histórica). Esse estudo do pensamento e
do ensino da Igreja pode ter várias abordagens. A história do dogma é a análise de
certos temas doutrinários particulares que receberam uma definição oficial e
normativa da Igreja. Alguns historiadores entendem que apenas três áreas de
doutrina se inserem na história do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos
Concílios de Nicéia e de Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de
Cristo (Concílio de Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a
relação entre a graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No
outro extremo está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto
campo de investigação, incluindo tópicos que estão além dos limites da teologia
clássica, como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos
também empregam os termos ―história das ideias‖ e ―história intelectual‖ para se
referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica. A
história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma, nem
tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas em
sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na vida
26
da Igreja em cada período da história.

26
MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
p.15-16.

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Para Alister McGrath, a teologia histórica ―é o ramo da investigação


teológica que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e
identificar os fatores que influenciaram sua formulação‖. Em outras palavras, a
história da teologia documenta as respostas às grandes questões do pensamento
cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram para a
elaboração dessas respostas.27 A história da teologia é uma ferramenta
pedagógica tendo em vista que oferece informações sobre o desenvolvimento dos
grandes temas teológicos, os pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e
os marcos mais notáveis do pensamento cristão, em termos de autores e
documentos. É também uma ferramenta crítica, pois permite ver as falhas, as
limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, o que
possibilita seu contínuo aperfeiçoamento.28

3.3 Teologia Dogmática

Estuda as verdades fundamentais da fé de acordo com os credos e


confissões de fé da igreja. Preocupa-se também em estabelecer declarações que
darão norte para a igreja e sentido para uma prática religiosa. O pastor Esequias
Soares conceitua o credo como sendo uma interpretação precisa e autorizada das
Escrituras. São documentos que têm por objetivo sintetizar as doutrinas essenciais
do cristianismo para facilitar as confissões públicas e defender das heresias o
pensamento cristão.29
Mark Noll destacou que a construção de um credo, ou de uma declaração
de fé, deve obedecer pelo menos três funções: [a] Servir de declarações
autorizadas da fé cristã que entesouravam as novas ideias dos reformadores, sem
abandonar formas que também pudessem fornecer instrução regular para os fiéis

27
McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São
Paulo: Mundo Cristão, 2007. p.17.
28
Ibidem. p.18.
29
SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé – Breve guia histórico do cristianismo. Recife:
Bereia, 2013. p.31.

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mais humildes; [b] Erguer um estandarte em redor do qual uma comunidade local
podia cerrar fileiras, tornando claras as diferenças com os oponentes; e [c] Tornar
possível uma reunificação da fé e da prática, visando a unidade e, ao mesmo
tempo, estabelecer uma norma para disciplinar os desregrados.
Edson Douglas de Oliveira destacou que é comum considerar a teologia
dogmática com teologia sistemática. Sobre isso ele afirma:

A Dogmática pode ser definida como um discurso da Igreja acerca da sua fé. É
uma reflexão teológica feita a partir da Igreja sobre questões às quais ela crê e que
precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada para que expresse o ponto de
vista da igreja como uma entidade orgânica da sociedade, mas também da
comunidade cristã como um todo diante do mundo, dos incrédulos aos grupos
participantes de outros credos ou religiões. É, em suma, um discurso racional
sobre a fé que a comunidade vivencia na prática litúrgica e nas doutrinas que ela
crê e pratica. No meio fundamentalista, especialmente no norte-americano, é
comum confundir dogmática com teologia sistemática, confusão essa ainda mais
acentuada por obras como as de Stanley Horton que se apresentam como teologia
sistemática, mas que na verdade são tratados dogmáticos no seu sentido formal.
Das diversas diferenças entre ambas talvez a que soi mais importante é o fato de
que a teologia sistemática é feita a partir da reflexão teológica em diálogo com
outros ramos do conhecimento, especialmente a filosofia, buscando reler a fé a
partir das realidades sociais, culturais e econômicas de cada tempo e de que
modo, nesse contexto, pode ser pregada a palavra de Cristo, enquanto a
dogmática estuda as doutrinas da igreja, seu desenvolvimento e sua pregação no
mundo moderno, pormenor esse que até pode proporcionar alguma discussão de
natureza filosófica ou sociológica, mas que aí já não se insere no terreno da
dogmática, embora o dogmático, pelo seu próprio papel na formulação do
pensamento da igreja, termine por trazer o pensamento cristão para o mundo
moderno, como lembra Brunner: a dogmática não é a palavra de Deus. Deus pode
fazer sua Palavra triunfar sem a tologia. Mas numa época quando o pensamento
humano está muitas vezes tão confuso e pervertido pelas idéias e teorias
extraordinárias, entretecidas pela própria mente dos homens, é evidente que é

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quase impossível preservar a Palavra divina sem o esforço intelectual apaixonado


30
para repensar seu sentido e seu conteúdo (BRUNNER Emil. Dogmática, I, p.7).

3.4 Teologia Bíblica

Traça o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia.


Champlin destaca que a expressão teologia bíblica é usada de várias maneiras, a
saber:

[a] Uma atividade cuja finalidade é esclarecer os temas e as ideias da Bíblia sem
os pressupostos que inevitavelmente dão um certo colorido às interpretações
particulares. Em outras palavras, trata-se da tentativa de determinar o que a Bíblia
realmente ensina, mesmo que os resultados sejam embaraçosos para o estudioso
e sua denominação. Essa atividade, na verdade, embaraça a todas as
denominações, cuja própria existência depende da distorção de certos ensinos da
Bíblia. [b] A tentativa para articular a significação teológica da Bíblia como um
todo. Isso é uma tarefa quase impossível, porque a Bíblia não é um livro
homogêneo, conforme as pessoas gostam de acreditar. Não obstante, a tentativa
resulta em pontos positivos, a despeito de seu inevitável fracasso. [c] A tentativa de
construir um completo sistema teológico, mediante o uso da Bíblia como única
fonte informativa. Isso tem sido tentado por muitos evangélicos fundamentalistas e
conservadores. Também foi tentado por Karl Barth e sua neo-ortodoxia, ou pelos
grupos protestantes que aprovam a rejeição das tradições eclesiásticas, dos pais
da Igreja e dos concilias, como autoridade, conforme fez Lutero. [d] O pressuposto
é que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de vista
fundamentais, e juntamente com exposições de ideias pretendem descobrir
31
exatamente quais eram os pontos de vista daqueles autores sagrados.

De acordo com Tenney ―Teologia Bíblica é aquele exercício no qual se faz


uma tentativa de se determinar as afirmações de fé da Bíblia de forma
sistemática. Esta definição reconhece a Bíblia como um livro de fé, quer dizer, ela

30
OLIVEIRA, Edson Douglas de. Dicionário Teológico: Dogmática. Disponível em
http://comunidadewesleyana.blogspot.com.br/2009/10/dicionario-teologico_8820.html. Acesso:
27.12.2015.
31
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.361-362.

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registra o significado redentor do encontro de Deus com o homem‖.32 Este autor


observa também que o termo ―sistemática‖ de forma alguma sugere que as
categorias da Teologia Sistemática devem dirigir este exercício. Ele afirma, que,
pelo contrário, indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as afirmações
de fé dos escritores bíblicos individual e coletivamente, de acordo com os
padrões de expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, afirma Tenney,
é feito um esforço para apresentar não somente uma declaração ordenada, mas
espera-se também uma descrição unificada da fé da Bíblia.33
Para Tenney é importante também observar que a teologia bíblica
estrutura-se numa metodologia:

[a] Unidade da Bíblia. Qualquer tentativa de sistematização do pensamento


bíblico suscita o problema da unidade. Imediatamente nos confrontamos com a
imensa variedade de material literário tanto do Antigo como do Novo
Testamentos. Existem histórias (1 e 2 Rs, At); hinos (Sl); escritos proféticos e
apocalípticos (Is, Dn e Ap); cartas (de Paulo, Pedro etc); evangelhos (Mt, Mc, etc.)
e escritos de sabedoria (Pv, Tg). Além disso, o período histórico durante o qual
essas literaturas foram compostas abrange 150 anos. Essa diversidade levanta a
questão da norma para estes livros. Devemos seguir a opinião liberal do AT e
supor que os profetas representam a religião hebraica normativa? Com relação ao
NT, devemos buscar a norma nos sinóticos, em Paulo ou em João? Parece
razoável afirmar que a diversidade deve ser admitida, mas vista como caindo sob
um testemunho comum da atividade redentora de Deus em benefício da
humanidade pecadora. Além do mais, esta unidade deve fazer um elo entre os
dois testamentos, pelo menos para os cristãos, que afirmam que Jesus, como o
Cristo ressurreto, era o Messias anunciado no AT. O AT apresenta a promessa e
o NT, seu cumprimento; esta ideia é apoiada pelas palavras de Jesus (Mt 5.17;Jo
5.39; cp. também G1 4.4). Assim, a teoria bíblica deve dar atenção ao que liga o
livro como uma unidade em termos históricos e teológicos. [b] História da
salvação. Stendahl está correto quando afirma que na Teologia Bíblica, ―a história
se apresenta como o tear do tecido teológico‖. A unicidade da fé bíblica baseia-se

32
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.840.
33
Ibidem.

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na revelação de Deus por meio dos eventos da história. A fé judaica-cristã


mantém- se separada de todas as religiões da humanidade exatamente porque
não foi fundamentada em mitologias ou ciclos da natureza. Nem procede de
exploração filosófica ou de experiências místicas. Eldon Ladd comenta: ―Ela
surgiu das experiências históricas de Israel, antigas e novas, nas quais Deus se
deu a conhecer‖ (―The Saving Acts of God‖, ChT, III [1961], 18). O Deus de Israel
era o Deus da história, o Geschichtsgott, como os alemães dizem. Uma olhada
superficial na Bíblia comprova este fato, pois nos leva por um caminho histórico —
uma série de eventos — desde a Criação, o chamado de Abraão, o Êxodo, a
entrada do povo em Canaâ, o estabelecimento e a conduta dos reinos, o exílio, o
retomo à Palestina, a vida de Cristo e o estabelecimento da igreja. Estes eventos
não são ocorrências acidentais na história; são atos do Deus vivo, o qual possui
um interesse redentor em seu povo. Assim, esta história é Die heilsgeschichte,
"história da salvação‖, e nela Deus mostra sua natureza redentora e a traz à
existência e sustenta seu povo redimido. Von Hofinann. von Rad, G. E. Wright, O.
Cullmann, J. Danielou, E. Rust e muitos outros teólogos do Antigo e do Novo
Testamentos têm enfatizado a centralidade da história na fé judaica-cristã. Sendo
isto verdade, para ser válida em sua metodologia, a Teologia Bíblica deve mostrar
essa história da salvação, porque a revelação de Deus de si mesmo na história é
um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico. [c] Cristo, a chave das
Escrituras. Para os cristãos, como Rust destaca, Cristo é o ―Senhor das
Escrituras, assim como é Senhor da história e da vida‖. Sem o NT, o AT apresenta
um quadro inacabado da redenção de Deus. É uma promessa sem cumprimento.
Significativamente, a igreja primitiva não repudiou as antigas Escrituras, não
somente porque o Mestre não repudiou, mas também porque o AT proporcionava
a única base para o entendimento e a comprovação da sua existência na história
sagrada de Israel. A chave para essa interpretação necessária era o advento de
Cristo. Três eventos em especial, registrados na história de Lucas-Atos,
intensificam este fato. (1) O caminho de Emaús (Lc 24.13-35). Concernente à
conversa do Mestre, Lucas registra: ―Começando por Moisés, discorrendo por
todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras‖ (Lc 24.27). (2) A defesa de Estêvão (At 7). Obviamente, se Estêvão
tivesse a chance de tenninar seu discurso, teria demonstrado o papel de Cristo na
história. De fato, Cristo era não somente a chave, mas também o clímax redentor.
(3) Filipe e o eunuco etíope (At 8.26-39). Surpreendentemente, o eunuco estava
lendo Isaías 53. Quando admitiu que não compreendia o que estava lendo, ―Filipe

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explicou; e, começando por esta passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus‖ (v.


35). Cristo é o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel e este fato
governa o NT. É fácil afirmar que Cristo é a chave das Escrituras; entretanto, ao
se comprovar isso, levanta-se a questão hermenêutica: como Cristo se relaciona
ao AT? Devemos procurar figuras? Existe uma tipologia histórica que reconheça
legitimamente a unicidade da fé dos santos do AT, mantendo ao mesmo tempo a
equação promessa-cumprimen- to? A tarefa da Teologia Bíblica é muito exata
neste ponto. [d] Confessional e Kerigmático. A Bíblia tem uma dimensão de
testemunho. Não se trata apenas do registro de tantos eventos e fatos
relacionados a um antigo povo, mas é também uma profunda declaração de sua
fé num Deus que agiu em prol de sua salvação. Judeus e cristãos ―confessam‖
Deus como Salvador e pregam, por meio das Escrituras, que ele é o Salvador da
humanidade e, em particular, por meio de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento.
Para a Teologia Bíblica, em termos de metodologia, isso significa que: (1)
algumas declarações bíblicas não devem ser tomadas primariamente como
declarações teológicas, com um apoio lógico e racional por trás delas. Elas de fato
têm significado teológico, mas em primeiro lugar são declarações de fé. Em certos
casos, isso as coloca acima da análise plena e explícita. (2) Até onde é possível,
os elementos confessionais e kerigmáticos devem ser evidentes na
sistematização do pensamento da Bíblia. Alguém pode não ir tão longe quanto G.
E. Wright, dizendo que a ―Teologia Bíblica é o ensaio confessional da história,
com suas inferências‖. Entretanto, a natureza confessional do material bíblico
deve ser demonstrada para que a Teologia Bíblica seja realmente bíblica. Basear-
se em abstrações filosóficas e teológicas é apresentar uma concepção truncada
da fé, e de fato perder de vista sua natureza vibrante. (3) Ao se praticar a Teologia
Bíblica é importante também ―ler nas entrelinhas‖. Por exemplo, enquanto a
maioria das cartas de Paulo foi escrita para tratar de problemas locais de um tipo
ou de outro e não possui o caráter altamente racional dos tratados teológicos,
implícita e, às vezes, até explicitamente, expressa uma posição teológica geral de
sua parte. Portanto, o teólogo do NT terá de extrair algumas inferências das
declarações de Paulo e então relacioná-las ao conjunto do material paulino e ao
NT como um todo. Reiterando, a Teologia Bíblica é um estudo definitivo da Bíblia,
auxiliado por todas as outras disciplinas bíblicas, na qual é feita uma tentativa de
demonstrar, por meio de alguns sistemas sugeridos biblicamente, a revelação de

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Deus por meio de Cristo, expressando seu propósito de redimir a humanidade


34
pecadora.

3.5 Teologia Sistemática

―A teologia sistemática não examina cada livro da Bíblia separadamente,


mas procura juntar em um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre dado
tópico‖.35 ―Teologia sistemática é uma disciplina que tenta dar uma exposição
coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras,
falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com
aplicação à vida pessoal do teólogo e outros‖. 36 De acordo com Alln Myatt e Frank
Ferreira, ao menos três aspectos são importantes na verificação do conceito da
teologia sistemática:

[a] A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia
Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da
Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a
comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como
as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir de dados da
Bíblia uma cosmovisão é construída. Esta cosmovisão abrange todas as áreas da
vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, Teologia Sistemática é
uma teologia compreensiva. [b] Baseada nas Escrituras: A Teologia Sistemática
tenta ser compreensiva mas não vai além do que está dito na Bíblia. A Teologia
Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele
está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas
próprias especulações a autoridade da Bíblia. [c] A Teologia Sistemática sempre
tem um alvo prático: É preciso tratar com questões abstratas e complicadas, mas o
teólogo deve sempre mostrar a diferença que as suas conclusões fazem na vida
cotidiana. Uma vez alguém perguntou a Francis Schaefer o que ele faria se, de
repente, surgisse evidência conclusiva que a fé cristã é falsa. Ele respondeu que
ele ainda seria teólogo, porque é o melhor jogo que há. Muitas pessoas tratam a

34
Ibidem. p.845-847.
35
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992. p.16.
36
HAMMETT, John apud MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro:
Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002. p.13.

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teologia como esta fosse um jogo, mas essa atitude é uma perversão do propósito
de teologia. Teologia não é jogo. Ela existe para que possamos melhor conhecer,
obedecer, e amor a Deus. Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico,
fazendo um ―teologia pura‖ se engana. Quem não faz a teologia com as
necessidades do povo nos bancos da igreja em mente não é teólogo de verdade. É
um fato que quase todos os teólogos de maior influência através dos séculos eram
37
pastores também.

Basicamente a teologia sistemática divide-se da seguinte maneira:


a) Teologia própria: O estudo de Deus – João 7.16,17: ―Jesus lhes
respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é
de Deus, ou se eu falo de mim mesmo‖.
b) Hamartiologia: O estudo do pecado – Romanos 3.23: ―Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus‖.
c) Soteriologia: O estudo salvação – Romanos 3.24: ―Sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus‖.
d) Paracletologia: O estudo do Espírito Santo – Romanos 8.11: ―E, se o
Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele
que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que em vós habita‖.
e) Escatologia: O estudo das últimas coisas – Mateus 4.23: ―E, estando
assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em
particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo?‖
f) Angelologia: O estudo dos anjos – Hebreus 1.13-14: ―E a qual dos anjos
disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por
escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores,
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?‖

37
MYATT, Allan e FERREIRA, Frank. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica
Batista de São Paulo, 2002. p.13-14.

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g) Antropologia: O estudo dos homens – Mateus 19.4: ―Ele, porém,


respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio
macho e fêmea os fez‖.
h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo – Mateus 1.18: ―Ora, o nascimento
de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José,
antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo‖.
i) Bibliologia: O estudo da Bíblia – 2Tm 3.16: ―Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir,
para instruir em justiça‖.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você encontra um bom texto sobre as definições de teologia e suas divisões em


http://theologiaevida.blogspot.com.br/2012/03/definicoes-da-teologia.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. De acordo com Charles Ryrie a teologia pode ser catalogada de diversas


maneiras. Explique.

2. Como Myer Pearlman divide a teologia.

3. O que é teologia sistemática e como ela se divide?

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4. TEOLOGIA PENTECOSTAL

Isael de Araújo destaca que a diversidade mundial do pentecostalismo torna


quase impossível falar de ―uma‖ teologia pentecostal.38 Na ótica de Isael a própria
teologia pentecostal clássica encontra dificuldade em estabelecer-se. Ele observa,
porém, que existem correntes teológicas pentecostais que são dignas de
reconhecimento.
A história da teologia pentecostal requer uma visita na história da igreja e
na história da teologia, em especial, no período da Reforma Protestante. A
Reforma Protestante foi um movimento iniciado no século XVI, que tinha o objetivo
de provocar uma profunda mudança no catolicismo. Antes do movimento
reformista, surgiram as primeiras discussões da necessidade de uma mudança na
vida religiosa cristã, dando início assim ao lançamento dos fundamentos
ideológicos da reforma. A origem destas discussões foi verificada pelos
valdenses39, ou seja, aqueles que seguiam Pedro Valdo, conhecido comerciante
de Lyon. Pedro Valdo destacou-se na história de seu povo por ter conseguido
traduzir a Bíblia para a linguagem popular. Além disso, Pedro Valdo começou a
pregá-la publicamente, mesmo não sendo sacerdote. Este movimento recebeu o
nome de Pré-Reforma.

Durante toda a Idade Média, numerosos grupos de irmãos se separaram da


Cristandade oficial para procurar uma forma de cristianismo mais puro e apegado à
simplicidade evangélica. O caminho da fé foi regado com o sangue do seu martírio.
Na Europa ocidental, cátaros e albigenses cresciam, especialmente na França e
Espanha. E nos vales alpinos do norte da Itália e no sul da Suíça, prosperaram por
vários séculos um grupo de irmãos de características singularmente especiais a
quem a história designou com o nome de Valdenses. Embora estreitamente
aparentados com os albigenses, a sua origem parece remontar-se a uma época

38
ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p.557.
39
ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os Valdenses
- O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007.

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anterior. A antigüidade dos Valdenses é testemunhada por várias fontes, tanto


internas como externas ao movimento, e também por algumas características
muito particulares de sua fé e práticas. O inquisidor Rainero, que morreu em 1259,
escreveu: "Entre todas estas seitas... a dos leonistas (leia-se Valdenses).. foi a que
por mais tempo tem existido, porque alguns dizem que tem perdurado desde os
tempos de Silvestre (Papa em 314-335 DC), outros, do tempo dos apóstolos".
Marco Aurelio Rorenco, pároco de São Roque em Turin, em seu reconto e história
dos mesmos, escreveu que os Valdenses são tão antigos que não se pode
precisar o tempo de origem. Além disso, os próprios Valdenses se consideravam
muito antigos e originavam a sua fé dos tempos apostólicos. Na verdade, embora
seja impossível precisar o seu início, é provável que fossem em seu núcleo
essencial um remanescente que se separou da cristandade oficial rejeitando a
união da igreja e o estado, depois da ascensão de Constantino em 311 DC (por ex:
os novacianos). Alguns deles puderam ter emigrado para os remotos e isolados
vales alpinos, onde conservaram intactas por muitos séculos a sua fé e pureza
evangélicas, alheios a todas as controvérsias e lutas posteriores. Embora mais
adiante tivesse estreita comunhão com outros grupos de irmãos perseguidos.
Os Valdenses reconheciam na Escritura a única autoridade final e definitiva para
sua fé e práticas. Criam na justificação pela fé e rejeitavam as obras meritórias
como fonte de salvação. Além da Escritura não sustentavam nenhum credo ou
confissão de fé particular. Apesar disso, conseguiram conservar quase intactas a
sua fé e as suas práticas ao longo de vários séculos; o qual prova de passagem
que o melhor remédio contra a heresia e o engano é a espiritualidade apoiada em
40
uma profunda fidelidade e apego à Escritura.

Neste período, diversos nomes se destacaram na defesa desses ideais


de mudança que a igreja precisava experimentar. John Wycliffe, teólogo inglês,
Jerônimo Savonarola e John Huss, foram responsáveis em divulgar à rejeição as
diversas doutrinas católicas praticadas nesta época. Com o advento da Reforma
Protestante no século XVI, Martinho Lutero e João Calvino despontaram como os
grandes pensadores da teologia, dando à partir de então, as ―coordenadas‖ para
um novo tempo na interpretação das Sagradas Escrituras. O movimento da
Reforma Protestante produziu cinco princípios fundamentais que se opunham aos

40
Ibidem.

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ensinos da Igreja Católica Apostólica Romana. Estes princípios ficaram


conhecidos como ―solas‖, ou seja, uma palavra latina que traduzida para o
português significa ―somente‖. Estes princípios serviram de base, ou pilar, para a
prática de uma vida religiosa cristã. Os cinco solas são: [a] Sola
Scriptura: Somente a Escritura é nossa regra de fé e prática; [b] Sola Fide: a
salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a salvação se dá
pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é suficiente para nos
salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar a Glória.

Com a chegada do reavivamento no fim do século XVII é inicio do século XVIII na


Europa e na América do Norte, os pregadores calvinistas, luteranos e arminianos
passarem a enfatizar o arrependimento e a piedade na vida cristã. Qualquer estudo
do Pentecostalismo tem de se a ter aos eventos desse período, especialmente à
doutrina da perfeição cristã ensinada por João Weley o pai do Metodismo e pelo
seu assistente João Fletcher. A publicação por Wesley de A Short Account of
Chistian Perfection (1760) conclama seus seguiores a buscarem uma nova
dimensão espirtual. Essa Segunda obra da graça, posterior à conversão libertaria
os crentes de sua natureza moral imperfeita, que os tem induzido ao
41
comportamento pecaminoso.

Os ensinamentos de Wesley alcançaram os Estados Unidos da América e


influenciaram os cristãos, em especial, na busca por um comportamento santo.
Este movimento expandiu-se e ficou conhecido como ―Movimento de Santidade‖.

Embora a teologia reformada haja identificado o batismo no Espírito com a


conversão, alguns reavivalistas, dentro dessa tradição, aceitavam o conceito de
uma segunda obra da graça para revestir de poder, acreditavam no conceito de
uma segunda obra da graça para revestir os cristãos no poder do alto. Entre eles
se encontrava Dwight L. Moody e R.A Torrey. Apesar desse revestimento de
poder acreditavam na santificação, mantinha-se em sua obra progressivo outro
personagem chave e o presbiteriano, A B.Simpsom, fundador da Aliança Cristã e

41
SCHELLING, Sergyo A. A história do pentecostalismo no Brasil através da Assembleia de Deus.
Disponível em http://ministeriorazaoefe.webnode.com.br/products/a-historia-do-pentecostalismo-
no-brasil-atraves-da-assembleia-de-deus/. Acesso: 30.12.2015.

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Missionária, cuja forma de pensar teve grande impacto na formação doutrinarias


42
das Assembleias de Deus, enfatizava nitidamente o batismo no Espirito Santo.

A mensagem do batismo no Espírito Santo influenciou os Estados Unidos e


deu origem a diversas denominações evangélicas pentecostais. Schellling destaca
que um dos primeiros movimentos pentecostais, fruto do reavivamento norte-
americano, teve destaque em Ricgard G. Sperling, pastor batista licenciado, que
promoveu reuniões na Carolina do Norte, marcada por intensa glossolalia (falar
em línguas estranhas). Mas foi Charles Fox Parham, ―evangelista metodista dos
movimentos de santidade‖, quem realmente aprofundou a discussão em torno do
batismo do Espirito Santo. ―Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos
Apóstolos e influenciado por Irwin Sandford, testemunhou Parham um
reavivamento notável na escola Bethel, em Topeka, Kansas, em janeiro de 1901.43

Em 1905 Parham criou a escola bíblica de Houston no estado do Texas. Dentre


seus alunos estava W.J. Seymour que era um pregador negro procedente de
Holiness. Convencido de que a glossolalia sinalizava o batismo do Espirito Santo,
Seymor passou a destacar esta experiência em suas pregações. Quando foi para
Los Angeles, falou em uma igreja dos nazarenos, mas acabou proibido de
continuar suas exposições, mas devido a insistência com que tratava a nova
doutrina e o escândalos aos olhos dos protestantes conversadores. Seymour
passou a realizar as reuniões em uma casa, no dia 06 de abril de 1906 oito
pessoas entre elas um menino foram batizada com o Espírito Santo e falaram
novas línguas. Seymour se se transferiu para um velho templo metodista na rua
44
Azuza, onde por três anos sucederam reuniões dia e noite.

O adepto do pentecostalismo crê no poder do Espírito Santo através da


contemporaneidade dos dons espirituais. Os integrantes do movimento
pentecostal crêem que o Espírito Santo continua a se manifestar nos dias de hoje,
da mesma forma que em Pentecostes, descrita no Novo Testamento (Atos 2).
42
Ibidem.
43
Ibidem.
44
Ibidem.

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Nessa passagem, o Espírito Santo manifestou-se aos apóstolos por meio de


línguas de fogo e fez com que eles pudessem falar em outros idiomas para serem
entendidos pela multidão heterogênea que os ouvia. Para eles, sobressaem os
dons da glossolalia (o de falar línguas desconhecidas), da cura e da profecia.45

São legitimamente pentecostais os que, em primeiro lugar: [a] Aceitam a


soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de Deus,
elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer
manifestação espiritual (2Tm 3.16); [b] Mantém a pureza da sã doutrina,
conforme a encontramos na Bíblia Sagrada (At 2.42; 1Tm 4.16); [c]
Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons
espirituais (At 2.39); [d] Cumprem integralmente as demandas da Grande
Comissão que nos deixou o Senhor Jesus (Mc 16.15-20); [e] Têm
compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã
através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na
46
consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8).

Os primeiros pentecostais foram os discípulos de Jesus, como resultado da


promessa do Senhor (Lc 24.49; Mc 16.17; Jo 14.16; At 1.8).Tal promessa se
concretizou por ocasião da festa de comemoração do Pentecostes, no ano 33 d.C.
(At 2).
No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens
como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o
Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na
Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o
Reavivamento Americano com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos
foi conhecido como Pentecostal, pois o termo é do início do século XX, quando
houve o derramamento do Espírito Santo nos Estados Unidos da América,
semelhante à manifestação de Atos 2.

45
Disponível em http://www.portalbrasil.net/religiao_pentecostalismo.htm. Acesso: 23.12.2015.
46
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Movimento Pentecostal – As doutrinas da
nossa fé. 2º. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

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No fim do século XIX houveram alguns ensinamentos bastante equivocados


à respeito das escrituras sagradas. Estes ensinos produziram, entre outros, o
fortalecimento da teologia cessacionista. Quanto ao Cessacionismo, é de bom
alvitre, citar as palavras extraídas do texto ―Dons Espirituais: Reflexões pastorais
sobre a interpretação e uso dos dons‖, de Gordon Chown:

O Cessacionismo é a teoria de que muitos milagres, bem como dons espirituais,


existiam em função da formação do cânon do Novo Testamento – quer dizer que
houve um poderoso derramamento de milagres na vida de Jesus, e dos apóstolos,
mas que cessou depois de encerrado o cânon do Novo Testamento. A ideia é que
os milagres confirmaram a divindade de Cristo (fato este que está fora de dúvida)
e, semelhantemente, confirmaram a origem divina da atuação e doutrina dos
apóstolos (outro fato inabalável). Tudo isso concorreu para os registros em todos
os livros do Novo Testamento serem reconhecidos como obra legítima e
permanente de Deus, parte integrante das Escrituras Sagradas. E isso também é
certo. Quando me converti a Cristo, a conversão envolveu a aceitação da
inspiração plenária, inerrância e infalibilidade da Bíblia. Inclusive entendo que
qualquer conceito da Bíblia que não a reconhece assim, está fora do arraial do
cristianismo‖.

O teólogo pentecostal Stanley Horton destaca que a Teologia Pentecostal


tem seu fundamento nas Sagradas Escrituras e historicamente mantém o
pensamento teológico dos reformadores quanto às doutrinas cardeais da fé
cristã. De acordo com ele o estabelecimento da teologia pentecostal impediu o
avanço das ideias liberais, dando atenção especial à manifestação dos dons
espirituais, ensino este que havia sido esquecido nas discussões e textos
teológicos. Uma das provas que a teologia pentecostal considera os
fundamentos da teologia reformada é verificada, por exemplo, na concordância
existente entre ambas nos seguintes aspectos:

[1] As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamento, são


inteiramente inspiradas por Deus, infalíveis na sua composição original e
completamente dignas de confiança em quaisquer áreas que venham a se
expressar, sendo também a autoridade final e suprema de fé e conduta; II Tm 3:14-

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17. [2] Há um só Deus eterno, poderoso e perfeito, distinto em sua Trindade: Pai,
Filho e Espírito Santo; Dt 6:4; Mt 28:19. [3] Jesus Cristo nasceu do Espírito Santo e
da virgem Maria, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e o único mediador
entre Deus e o homem. Somente Ele foi perfeito em natureza, ensino e obediência;
Is 7:14; Rm 8:34; At 1:9; 1 Tm 2.4. [4] O Espírito Santo é o regenerador e
santificador dos remidos, o doador dos frutos e dons espirituais, o Consolador
permanente e Mestre da Igreja. Ele habita nos redimidos, que devem buscar se
encher de Sua presença; Hb 9:14; I Pe 1:15-16; Lc 3:16; At 1:5; I Co 12:1-12. [5]
Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus. Devido à
queda de Adão, a humanidade tornou-se radicalmente corrupta e distanciada de
Deus. O essencial para o homem é a restauração de sua comunhão com Deus, a
qual o homem é incapaz de operar por si mesmo; Rm 3.23; At 3.19. [6] A salvação
eterna, dom de Deus, tem sido providenciada para o homem unicamente pela
graça do SENHOR e pela morte vicária de Jesus Cristo. Fé é o meio pelo qual o
crente se apropria dos benefícios da graça e nasce de novo; Rm 3.23; At 3.19; Jo
3:3-8; At 10:43; Rm 10:13; 3:24-26; Hb 7:25; 5:9; II Co 5:10. [7] Jesus Cristo
ressuscitou fisicamente dentre os mortos, ascendeu aos céus e voltará na
consumação dos séculos para julgar os homens; Is 7:14; Rm 8:34; At 1:9; I Ts
4:16-17; I Co 15:51-54. [8] A punição eterna, incluindo a separação e perda da
comunhão com Deus, é o destino final do homem não regenerado e de Satanás
com todos os seus anjos caídos. Ap 20:11-15; Mt 25:46. [9] A Igreja Cristã, o corpo
e a noiva de Cristo é consagrada à adoração a ao serviço de Deus através da
proclamação fiel da Palavra, a prática de boas obras e a observância do Batismo e
da Ceia do Senhor. Mt 28:19; Rm 6:1-6; Cl 2:12. [10] A tarefa da Igreja é ensinar a
todas as nações, fazendo com que o Evangelho produza frutos em cada aspecto
da vida e do pensamento. A missão suprema da Igreja é a salvação das almas.
Deus transforma a natureza humana, tornando-se isto, o meio para a redenção da
47
sociedade. Mt 28:19-20.

O pastor Claudionor de Andrade destacou em seu artigo intitulado ―a


excelência teológica dos pentecostais‖ que este movimento não fundamenta-se
apenas em experiências particulares, mas tem um sólido fundamento na reflexão
bíblica. Sobre esta verdade, ele afirmou o seguinte:

47
ICP – Instituto Cristão de Pesquisas.

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Antes de mais nada, porque o Movimento Pentecostal não é somente experiência,


mas o resultado de uma profunda e bem amadurecida reflexão bíblica. Aliás, entre
os primeiros crentes a receberem o batismo com o Espírito Santo, não havia só
gente simples e leiga; havia também excelentes teólogos. Haja vista o pastor
sueco Lewi Pethrus (1884-1974). Entre os pioneiros, veio ele a sobressair-se
como poeta, jornalista e expositor bíblico. Seja-me permitido citar outro literato
que, ao lado de Lewi Pethrus, emprestou às igrejas pentecostais um sólido
alicerce teológico e cultural. Refiro-me ao romancista Sven Lidman (1882-1960).
Também sueco de nascimento, teve ele, em 1917, um encontro marcante com
Deus que, de maneira piedosa e grácil, eterniza num de seus romances. Quatro
anos depois, juntava-se Lidman ao nascente avivamento, pontificando-se, a partir
daí, não apenas como pregador e teólogo, mas ainda como editor da revista
Evangelii Harold. Sven é um dos nomes mais respeitados da literatura sueca.
Tivesse eu espaço, citaria outros teólogos que, desde o início do Avivamento
Pentecostal, vêm fundamentando bíblica e teologicamente a nossa fé. Como
esquecer, porém, Stanley Horton, Wayne Gruden, J. Rodman Williams e Gordon
Fee? No Brasil, lembro o pastor Antonio Gilberto que, além de teólogo, abriu-nos
48
um espaçoso caminho no árduo e incompreendido solo da Educação Cristã.

O Pastor Antônio Gilberto destacou que a igreja da atualidade precisa mais


e mais conhecer, buscar, receber e exercitar a provisão divina imensurável que há
nos dons espirituais, para o seu contínuo avanço, edificação, consolidação e
vitória contra as hostes infernais, e, ao mesmo tempo, glorificar muito mais a
Cristo.49 Myer Pearlman destaca que a doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo
lugar que ocupa nas Escrituras, está em primeiro lugar entre as verdades
redentoras. Diz ele:

Com exceção das Epístolas 2 e 3 de João, todos os livros do Novo Testamento


contêm referências à obra do Espírito; todos os Evangelhos começam com uma
promessa do derramamento do Espírito Santo. No entanto, é reconhecida como a

48
ANDRADE, Claudionor de. A excelência teológica dos Pentecostais. Disponível em
http://www.cpadnews.com.br/blog/claudionorandrade/posts/29/a-excelencia-teologica-dos-
pentecostais.html. Acesso: 15.12.2015.
49
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p.195.

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doutrina mais negligenciada. O formalismo e um medo indevido do fanatismo têm


produzido uma reação contra a ênfase na obra do Espírito na experiência pessoal.
Naturalmente, este fato resultou em decadência espiritual, pois não pode haver
um Cristianismo vivo sem o Espírito. Somente ele pode fazer real o que a obra de
Cristo possibilitou. Inácio, grande pastor da igreja primitiva, disse: A graça do
Espírito põe a maquinaria da redenção em conexão vital com a alma. Parte do
Espírito, a cruz permanece inerte, uma imensa máquina parada, e em volta dela
permanecem imóveis as pedras do edifício. Somente quando se colocar a "corda"
é que se poderá proceder à obra de elevar a vida do indivíduo, pela fé, e pelo
50
amor, para alcançar o lugar preparado para ela na igreja de Deus.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre o desenvolvimento da teologia em


http://gutierresfernandes.com/2014/12/21/o-desenvolvimento-da-teologia-
pentecostal/

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que foram as ―cinco solas‖?

2. O que significa ser pentecostal e quais características são observadas na


confirmação da identidade pentecostal?

3. De acordo com Stanley Horton qual foi a contribuição do estabelecimento da


teologia pentecostal para o mundo cristão?

50
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.225.

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5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA

Santos observa que ―é comum ouvirmos que a teologia mata a religião ou


que a Igreja não precisa de teologia e, sim, de vida. Ele admite que há muita coisa
por aí levando o nome de ―teologia‖ que não passa de especulação humana, por
não se basear em pressupostos de uma hermenêutica bíblica. E até a ‗boa
teologia‘, quando se torna um fim em si mesma, pode não ter qualquer uso prático
e reduzir-se a mero academicismo‖.51 Sobre esta realidade este autor diz:

Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si
mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós em
relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele deixou
revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia. Esse
trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o segundo,
de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e completo; e o
terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras (criação e
providência - Revelação Geral - Sl19.1,2; At 14.17), como, principalmente, nas
Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1.1,2; 1 Pd 1.20,21). É porque Deus Se
revelou que podemos conhece-Lo. Nosso conhecimento de Deus não é intuitivo,
nem natural, mas comunicado por Ele mesmo através dos meios que
soberanamente escolheu. ―Fazer teologia‖, portanto, não é inventar teorias a
respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo ―descobrir‖ a Deus, mas conhecer
e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si. Por isso, qualquer estudo de
Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e princípio regulador não é
52
―teologia‖, devidamente entendida.

Hordern também preocupou-se em defender a teologia. Disse ele:

51
SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015.
52
Ibidem.

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Com frequência, alguém diz assim: ―Por que preocupar-se com assuntos de
teologia? Os teólogos passam o tempo inutilmente discutindo questões sem
qualquer importância ...‖ Passemos a um exame dessa maneira de pensar. Por
que será que os problemas citados são considerados sem importância? É claro
que quem faz semelhante objeção tem em mente algum conceito do que se deva
admitir como sendo de mais alto valor, em comparação com o que ele se acha na
condição de asseverar que os argumentos dos teólogos lhe parecem destituídos
de importância. Isso quer dizer que tal pessoa encontra-se em determinada
posição teológica, tem uma opinião com referência à natureza de Deus, conceitos,
portanto, que o levam a proclamar como sem importância os argumentos
enunciados pelos teólogos. De modo que, mesmo um ataque assim, endereçado
contra a teologia, não passa de uma investida de natureza teológica.
Frequentemente ouvimos pessoas dizendo que não é o que alguém crê e, sim, o
que faz que tem importância. Trata-se de meia verdade, que, como acontece com
as verdades apresentadas pela metade, chega a ser perigosa. E meia verdade
porque, do ponto de vista cristão, o pensamento teológico não é nenhum fim em si
mesmo. O cristianismo é doutrina que se propõe a ser vivida. Visa a resultar em
ações. De forma que, se permanecer sempre como pensamento, torna-se algo até
53
mesmo destituído de verdadeiro cristianismo e, portanto, fútil.

Geraldo Campos citou algumas razões para se ―fazer‖ teologia, sendo elas:

[1] Nossa mente necessita de organização. Precisamos dar ordem aos


conhecimentos adquiridos. Necessitamos harmonizar, unificar, para refletir sobre
os conhecimentos. Daí surgir, por necessidade, a teologia, em atenção a nossa
mente refletidora. [2] Para desenvolvimento do caráter. Todo conhecimento de
Deus influi na vida do conhecedor. Como estudantes de teologia devemos saber
que nosso caráter deve desenvolver-se na razão direta do nosso conhecimento.
Não deve acontecer que alguém que estude teologia cristã seja mentiroso,
velhaco, fofoqueiro, malandro, ditador, imoral, mau cônjuge, mau filho ou má filha
ou que quer que seja de mau. Quem conhece a Deus desvia-se do que é maligno.
[3] Para capacitar intelectualmente a quem serve a Deus. Quem serve a Deus
deve procurar conhecer a Deus mais e mais. Deve saber manejar ―a espada do
Espírito‖ (Ef 6.17). A igreja não espera que sejamos bons conhecedores das
ciências mundanas, mas aguarda que sejamos teólogos autênticos, conhecedores

53
HORDERN, William E. Teologia Contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2004. p.5.

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de Deus e praticantes dos ensinos da Palavra. Precisamos apreender e transmitir


fielmente toda a verdade acerca de Deus. [4] Para dar firmeza e ousadia à igreja
no estabelecer o Reino de Deus. A igreja em geral, e os guias espirituais em
particular devem saber interpretar a Palavra de Deus de modo correto. A maneira
correta de interpretar, provoca na igreja uma maneira correta de viver, poder,
firmeza e ousadia. [5] Para dar cumprimento às ordens ou sugestões das
Escrituras que encorajam o exame das Escrituras (Jo 5.39); que ordenam a
pregação ―a tempo e fora de tempo‖ (2Tm 4.2); que afirmam que o bispo ―seja apto
para ensinar‖ (1Tm 3.2); que ordenam o bom manejo da ―palavra da verdade‖ (2Tm
2.15). A teologia é necessária, pois enseja o exame, a pregação, o ensino, a
54
eficiência do conhecimento da Palavra.

A teologia deve ser ―feita‖ por todos. É um equívoco pensar que a teologia
deve ser feita apenas por pessoas que aspiram o ministério formal de uma
determinada denominação religiosa, ou por um grupo selecionado de pessoas. De
acordo com Solano Portela, ―estudar (fazer) teologia não é uma área segregada à
academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes que se
preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos demais
mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para adquirir a
respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence a mosteiros
anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se do mundo que
Ele criou. Mas é tarefa de todas as pessoas‖.55
Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e compartilhar
seus ensinamentos, é ―fazer‖ teologia. Em Mt 22.29 Jesus adveritu os homens
sobre a necessidade de conhecer as Escrituras: ―Jesus, porém, respondendo,
disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus‖. Em Mc
12.24 Jesus chama à atenção sobre o cuidado do conhecimento das Sagradas

54
CAMPOS, Geraldo Magela. Teologia em Perguntas e Respostas. Disponível em
http://pt.scribd.com/doc/139935737/Teologia-em-Perguntas-e-Respostas-Geraldo-Magela-Campos-
pdf#scribd. Acesso: 28.12.2015.
55
PORTELA, Solano. Disponível em http://www.teologiaevida.com.br/2012/08/porque-devo-
estudar-teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

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Escrituras: ―E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão


de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?‖
Vincent Cheung afirma que uma das maiores razões para se estudar
teologia é o valor intrínseco do conhecimento sobre Deus. Cada outra categoria de
conhecimento é um meio para um fim, mas o conhecimento de Deus é um fim
digno em si mesmo. E, visto que Deus Se revelou através da Escritura, conhecer a
Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia.56 Este autor afirma
também que um repúdio à teologia é também uma recusa de conhecer a Deus por
meio do modo por ele prescrito. O conhecimento da Escritura — conhecer sobre
Deus ou estudar teologia — deve estar cima de tudo da vida e pensamento
humano. A teologia define e dá significado a tudo que alguém possa pensar ou
fazer. Ela está cima de todas as outras necessidades (Lucas 10.42); nenhuma
outra tarefa ou disciplina se aproxima dela em significância. Portanto, o estudo da
teologia é a atividade humana mais importante.57

5.1 A teologia nas funções da igreja

O pesquisador Rubens Muzzio usou quatro palavras gregas para definir as


funções principais da igreja no mundo: koinonia, kerigma, diakonia e marturia.
Estas palavras refletem a atuação da igreja no mundo bem como o cumprimento
do seu propósito orientado pelas Sagradas Escrituras.
[a] Koinonia – Esta palavra expressa a comunhão que deve existir entre os
membros da igreja. O salmo 133 é um bom exemplo disso quando diz: ―Oh! quão
bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre
a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas
vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de
Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre‖. Fazer teologia é
compreender as bases desta união e seus propósitos. Para John Stott, "Koinonia”

56
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789.
Acesso: 29.12.2015.
57
Ibidem.

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fala de nossa herança comum (do que compartilhamos aqui dentro), de nosso
serviço cooperativo (do que compartilhamos lá fora) e de nossa responsabilidade
recíproca (do que compartilhamos uns com os outros)‖.

As significativas palavras koinõma e metochê estão entre os mais fortes conceitos


nas Escrituras judaico-cristã. Antes demais nada, elas se aplicam à participação
em um projeto e um espírito ―comum‖. Os cristãos participam da ―natureza divina‖
(2Pe 1.4). A comunhão na família de Deus vem após o novo nascimento (2Co
5.17; lJo 3.9). Os cristãos participam de Cristo (Hb 3.14) e do Espírito Santo (6.4).
A verdadeira comunhão resulta em um amor mútuo (Jo 13.34). Uma ―salvação
comum‖ (Jd 3) e uma ―fé comum‖ (Tt 1.4) caracterizam os verdadeiros cristãos. A
tradução significativa ―fazer participante‖ toca a essência do espírito cristão (G1
6.6). Aquele que é ensinado na Palavra é advertido a ―comunicar‖. Comunhão
existe quando há ―associação‖. Essa era a força essencial dos cristãos primitivos.
Embora um movimento minoritário, eles compartilhavam a força de pertencer um
58
ao outro e a Deus.

[b] Kerigma - Refere-se à proclamação do evangelho a todos os homens


em todas as partes do mundo. Trata da missão principal da igreja, expressa em
Mc 16.15 que nos diz: ―E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a
toda criatura‖. A teologia, por exemplo, por intermédio da hermenêutica, da
exegese e da própria homilética, fornecem ferramentas para os membros da igreja
compartilharem com eficiência as verdades do evangelho.

No grego, essa palavra significa ―a coisa pregada‖, o que alude ao evangelho de


Cristo. Está em foco a proclamação do evangelho. A palavra aparece por oito
vezes no Novo Testamento, duas delas acerca da pregação de Jonas (Mt 12.41 e
Lc 11.32). As outras seis ocorrências envolvem a proclamação do evangelho (Rm
16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15:14; 2Tm 4.17 e Tt 1.3), onde são enfatizadas a morte e a
59
ressurreição de Cristo, com todas as suas implicações teológicas.

58
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 3. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.838-839.
59
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.699.

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[c] Diakonia – É o comportamento generoso em relação ao próximo.


Edelberto Behs, tratando da necessidade da compreensão ampla do termo
―diaconial‖ observou que ―os efeitos da globalização econômica, que erodiu a base
da vida em muitas comunidades, e a necessidade de prestar contas da fé cristã
frente ao secularismo e ao neoliberalismo, trazem novos desafios às igrejas‖.60
Fazer teologia é colocar em prática o conteúdo de nossa fé. Behs afirmou também
que:

A compreensão de diaconia vincula o serviço da igreja à crítica profética sobre as


estruturas econômicas, políticas e culturais vigentes no mundo, que produzem e
perpetuam sofrimento e violência, ao mesmo tempo em que advoga condições
sociais para uma vida digna, de respeito e justiça. Tradicionalmente, a
compreensão de pregar e ensinar o evangelho e de administrar os sacramentos,
responsabilidade da Igreja, estava restrita ao ministério pastoral, segundo a
Confissão de Augsburgo. Entende-se que a pregação do Evangelho também
acontece através da ação diaconal (compreendida como o serviço ao próximo).
Diferentes modelos diaconais vêm sendo praticados em diferentes igrejas, de
61
acordo com a história, sociedade e o contexto em que se encontram.

[d] Marturia – Trata-se do testemunho compartilhado pela igreja. At 1.8 diz:


―Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos
confins da terra‖. Fazer teologia é testemunhar, movido pelo Espírito Santo, aquilo
que experimentamos e entendemos em Cristo Jesus.

Com uma variedade de significado na Escritura, testemunho, dependendo do


contexto, indica (a) testemunho, (b) evidência que testemunha de ou a favor de
alguma coisa, (c) as tábuas de pedra nas quais a lei de Deus foi escrita, (d) a Arca,
(e) todo o livro, da lei, (f) a Palavra de Deus dada a um profeta, (g) o evangelho, ou
(h) toda a Escritura. [1] 0 primeiro destes contextos é visto em 2 Timóteo 1.8, onde

60
BEHS, Edelberto. Ação diaconal é uma exigência num mundo excludente, globalizado e violento.
Disponível em http://www.ieclb.org.br/noticia.php?id=7877. Acesso: 17.11.2014.
61
Ibidem.

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Paulo exorta Timóteo a não ficar envergonhado de seu testemunho de Cristo. [2]
Um exemplo do segundo sentido no qual a palavra é usada encontra-se em Atos
14.3, onde a BJ e ARC interpretam que Deus ―dava testemunho à palavra da sua
graça‖, a ARA contém ―confirmava a palavra da sua graça‖ e a NVI traduz
―confirmava a mensagem da sua graça‖. [3] Em vários exemplos no AT ―o
testemunho‖ refere-se ao Decálogo como uma declaração da vontade de Deus (e.
g., Êx 25.16,21) do qual vem a expressão ―tábuas do testemunho‖ (Êx 31.18;
32.15; 34.29). [4] No mesmo contexto lê-se ―a arca do testemunho‖ (Êx 25.22;
26.33s.; 30.6; 31.7, et al.), ou simplesmente ―o testemunho‖, onde se tem em vista
a Arca (Êx 16.34; 27.21; Lv 16.13). [5] A expressão ―testemunho‖ foi então
estendida para abranger todo o livro da lei de Deus (SI 19.8; 78.5; 81.5; 119.88;
122.4). [6] Em alguns casos, testemunho significa a Palavra de Deus dada a um
profeta (Is 8.16,20). [7] Em Apocalipse 1.2,9; 12.17 et al., o uso de marturia é o do
evangelho. Em 12.17a palavra é usada para o Evangelho no sentido de um
testemunho de Cristo. [8] Toda a revelação de Deus ao homem é, às vezes,
mencionad quando ―testemunhos‖ é usado (SI 119.22) contendo vários
62
exemplos.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância do estudo da teologia em


http://esdrascabral.blogspot.com.br/2012/06/necessidade-do-estudo-teologico.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Compreender as Escrituras, e, sobretudo, colocar em prática e compartilhar


seus ensinamentos, é ―fazer‖ teologia. Explique com suas palavras a relação dos
textos de Mt 22.29 e Mc 12.24 com esta afirmação.

2. Quais as razões, segundo Gerlado Campos, para se ―fazer teologia‖?

62
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã,
2008. p.899-900.

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3. Como a teologia pode ser desenvolvida no contexto das funções essenciais da


igreja?

6. FONTES DA TEOLOGIA

A teologia possui uma fonte, ou seja, um ponto de partida de onde flui a


teologia. Basicamente estas fontes são:
[a] Bíblia Sagrada – A fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia
Sagrada. Bíblia e Escrituras são palavras sinônimas para os propósitos da
teologia. O cristianismo possui como ponto central, a fé, e, a pessoa de Cristo, ou
seja, não possui fé num livro, portanto, a fé e Cristo encontram-se intimamente
relacionadas.

A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, biblia, que é o plural de blblion, “livro‖.
Portanto, significa ―Iivros‖. Essa palavra deriva-se originalmente da cidade fenícia
de Biblos (no Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantes
centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse vocábulo
terminou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A palavra grega
biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo servido para indicar o
livro da vida, como se vê em Ap 3.5, isto é, um livro sagrado. Estritamente falando,
biblos era um livro, e biblion era um livrinho. A palavra Bíblia, mediante um
desenvolvimento histórico divinamente dirigido, segundo cremos, veio a designar o
Livro dos livros, as Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e do Novo
Testamento, a principal fonte de ensinamentos religiosos e éticos de nossa
civilização. Por volta do século II d.C., os cristãos gregos já chamavam suas
Escrituras Sagradas de Bíblia, ou seja, ―os livros‖. Quando esse título foi então
transferido para a versão latina, foi traduzido no singular, dando a entender que ―o
Livro‖ é a Bíblia. [...] No Novo Testamento encontramos o vocábulo ―Escrituras‖,
empregado para indicar o Antigo Testamento (Mt. 21.42; Mc 14.49; Rm 15.4), ou

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Sagradas Escrituras (Rm 1.2), ou, a ―lei e os profetas‖ (Mt 5.17), ou ―lei‖ (Jo 10.34),
63
ou ―os oráculos de Deus‖ (Rm 3.2).

A teologia cristã reconhece a Bíblia Sagrada como sua autoridade máxima.


É a regra de conduta do verdadeiro cristão, a constituição da religião cristã. ―O que
torna a autoridade das Escrituras de indescritível importância para os cristãos é o
fato de elas revelarem Deus ao mundo, sua natureza trinitária (Pai, Filho e Espírito
Santo), seu plano de salvação para a humanidade e sua vontade. As Escrituras,
conforme as temos, são suficientes para tal finalidade‖.64 A Bíblia é a mais rica
fonte de informações sobre Cristo, em especial, quando trata de sua
messianidade. Outras fontes sobre Cristo, tendem enfatizar seu aspecto histórico,
pouco ou nada falando sobre seu poder divino de perdoar pecados. Paulo Anglada
destaca que o reconhecimento das Sagradas Escrituras como autoridade suprema
é tanto inferencial como direta:

Base Inferencial - É inferencial, porque decorre do ensino bíblico a respeito da


inspiração divina das Escrituras. Visto que as Escrituras não são produto da mera
inquirição espiritual dos seus autores (cf. 2Pe 1.20), mas da ação sobrenatural do
Espírito Santo (cf. 2Tm 3.16 e 2Pe 1.21), infere-se que são autoritativas. Na
linguagem da Confissão de Fé, a autoridade das Escrituras procede da sua autoria
divina: "porque é a Palavra de Deus." Isto não significa que cada palavra foi ditada
pelo Espírito Santo, de modo a anular a mente e a personalidade daqueles que a
escreveram. Os autores bíblicos não escreveram mecanicamente. As Escrituras
não foram psicografadas, ou melhor, "pneumografadas." Os diversos livros que
compõem o cânon revelam claramente as características culturais, intelectuais,
estilísticas e circunstanciais dos diversos autores. Paulo não escreve como João
ou Pedro. Lucas fez uso de pesquisas para escrever o seu Evangelho e o livro de
Atos. Cada autor escreveu na sua própria língua: hebraico, aramaico e grego. Os
autores bíblicos, embora secundários, não foram instrumentos passivos nas mãos
de Deus. A superintendência do Espírito não eliminou de modo algum as suas

63
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.1. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.527.
64
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

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características e peculiaridades individuais. Por outro lado, a agência humana


também em nada prejudicou a revelação divina. Seus autores humanos foram de
tal modo dirigidos e supervisionados pelo Espírito Santo que tudo o que foi
registrado por eles nas Escrituras constitui-se em revelação infalível, inerrante e
autoritativa de Deus. Não somente as idéias gerais ou fatos revelados foram
registrados, mas as próprias palavras empregadas foram escolhidas pelo Espírito
Santo, pela livre instrumentalidade dos escritores.4 O fato é que, por procederem
de Deus, as Escrituras reivindicam atributos divinos: são perfeitas, fiéis, retas,
puras, duram para sempre, verdadeiras, justas (Sl 19.7-9) e santas (2 Tm 3.15).

Base Direta - Mas a doutrina reformada da autoridade das Escrituras não se


fundamenta apenas em inferências. Diversos textos bíblicos reivindicam autoridade
suprema. Os profetas do Antigo Testamento reivindicam falar palavras de Deus,
introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas proféticas, dizendo:
"assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra que veio da parte do
Senhor." No Novo Testamento, vários textos do Antigo Testamento são citados,
sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por exemplo: "Assim diz o Espírito
Santo..." (Hb 3:7ss). A autoridade apostólica também evidencia a autoridade
suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava graças a Deus pelo fato de os
tessalonicenses terem recebido as suas palavras "não como palavra de homens, e,
sim, como em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando
eficazmente em vós, os que credes" (1Ts 2:13). Que autoridade teria Paulo para
exortar aos gálatas no sentido de rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do
evangelho que ele lhes havia anunciado, ainda que viesse a ser pregado por
anjos? Só há uma resposta razoável: ele sabia que o evangelho por ele anunciado
não era segundo o homem; porque não o havia aprendido de homem algum, mas
mediante revelação de Jesus Cristo (Gl 1:8-12). Jesus também atesta a autoridade
suprema das Escrituras: pelo modo como a usa, para estabelecer qualquer
controvérsia: "está escrito" (exemplos: Mt 4:4,6,7,10; etc.), e ao afirmar
explicitamente a autoridade das mesmas, dizendo em João 10:35 que "a Escritura
65
não pode falhar‖.

65
AGLADA, Paulo. A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras. Disponível em
http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015.

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[b] Tradição – ―A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada a
alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a Bíblia
com a ótica da tradição a qual pertencemos‖.66

E indiscutível que todas as denominações cristãs têm suas próprias tradições, que
lhes servem de autoridade, em complemento ou acréscimo às Escrituras, embora
algumas dessas denominações prefiram não reconhecer esse fato. A tradição faz
parte integrante da Autoridade. [1] As próprias Escrituras Sagradas preservam
várias tradições judaicas, sem falarmos em algumas tradições próprias da filosofia
helênica, como é o caso da doutrina do Logos, ou do mundo platônico em dois
níveis, conforme se vê na epístola aos Hebreus. Assim sendo, as tradições
começam nas próprias Escrituras. [2] Terminado o período do Novo Testamento,
surgiram as declarações dos chamados pais da Igreja, bem como o
desenvolvimento dos mais antigos credos. Esses credos serviram para limitar e
sistematizar as Escrituras. Na verdade, esses credos foram teologias sistemáticas
incipientes, sobre as quais as denominações cristãs atualmente repousam. [3] Os
concílios eclesiásticos manipularam esses credos e lhes fizeram adições,
apresentando interpretações das Escrituras, de onde se originaram tradições. [4]
Regras de fé, interpretações bíblicas, raciocínios e apareceram nos escritos dos
pais da Igreja. Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Hipólito, Orígenes e
Novaciano referira-se às suas regras de fé, que faziam parte de credos existentes
ou não. [5] O sincretismo. A medida que o cristianismo foi sendo difundido por
diferentes áreas geográficas e culturas, foram sendo incorporados elementos de
crenças e práticas locais, e isso também veio a constituir um elemento nas
tradições emergentes, geralmente de natureza negativa. [6] As tradições católicas
romanas são o supremo exemplo do entronizamento das tradições, às vezes
prejudicando as Sagradas Escrituras, pois a essas tradições também se confere ali
a aura de autoridade. É verdade que boa parte dessas tradições católicas romanas
tem um fundo bíblico; mas outra boa parte não passa de sincretismo. [7] A
Reforma Protestante presumivelmente fez a Igreja cristã retornar às "Escrituras
somente". Mas, na verdade, grande parte das tradições ocidentais teve
continuidade nos vários grupos protestantes que surgiram em cena. Mas então
novas tradições foram criadas, mediante credos rígidos, que eram interpretações

66
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

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específicas das Escrituras. Todos esses credos deixam de lado certos ensinos
bíblicos, além de torcerem outros ensinos bíblicos. [8] Desenvolvimento doutrinário.
Muitos teólogos modernos insistem na tese que a doutrina deve evoluir, a fim de
que a verdade possa ser obtida em qualquer sentido ou grau significativo. Assim,
as tradições sempre haveriam de emergir, somente para serem substituídas por
outras, mais evoluídas. [9] A revolta contra a ortodoxia: as tradições liberais.
Começando no século XVIII, mas florescendo nos séculos XIX e XX, os eruditos
liberais e os críticos desenvolveram uma tradição toda própria que produziu efeitos
que minimizaram a fé nas tradições mais antigas, e rejeitaram de forma total o
autoritarismo e seus diversos conceitos de infalibilidade, sem importar-se das
próprias Escrituras. [10] Os credos modernos. Esses credos funcionam de quatro
maneiras diversas: a. Declarações. Coisas que figuram claramente nas Escrituras
são meramente declaradas e descritas. b. Interpretações. Coisas que não são
necessariamente claras, e, em certos casos, coisas que são repelentes para certas
mentes, recebem interpretações apropriadas de indivíduos ou denominações que
as provêem. c. Distorções. É patente que todas as denominações cristãs distorcem
certos trechos bíblicos, para que se adaptem ao seu esquema das coisas. d.
Omissões. Certas passagens ou versículos são simplesmente omitidos, conforme
fazem os hiper dispensacionalistas que declaram que a maior parte do Novo
Testamento não pertence à Igreja cristã, não servindo de autoridade quanto à
doutrina cristã. Não há que duvidar que as tradições tem seu uso. Algumas vezes
as tradições ultrapassam, legitimamente, as Escrituras, mas nem por isso deixam
de ser verdadeiras. Por outro lado, com frequência, essas tradições laboram em
erro, adicionando elementos prejudiciais à fé e à prática. Essas são as tradições
67
que devemos repelir.

[c] Cultura - Quando alguém faz teologia, precisa levar em consideração


tanto o seu contexto cultural como o do texto bíblico que está analisando, para
aplicá-lo adequadamente em seu tempo. O estudo da cultura é importante
inclusive, por exemplo, para saber se determinados textos das Escrituras eram
aplicáveis à determinado momento histórico, ou se são validos perpetuamente. 68

67
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.6. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.466-467.
68
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.

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Costumes culturais influenciam na interpretação de um texto bíblico. Sobre isso,


Alexandre Milhoranza disse:

As pessoas que interpretam a Bíblia sem levar em consideração o contexto de uma


passagem e sem conhecer, ou considerar o período histórico do texto escrito,
podem cometer um sério erro de interpretação e acabarem criando uma heresia.
Lembre-se que os reformadores ressaltaram e retornaram ao método de
interpretação histórico-gramatical das Escrituras. Ou seja, devemos levar em conta
o período histórico de quando a passagem foi escrita e levar em consideração as
palavras e frases da passagem em seu sentido normal e claro (literal). [...] Certos
princípios ou mandamentos são contínuos ou irrevogáveis, e tratam de temas
morais e/ou teológicos, são repetidos em outras partes da Bíblia, sendo, portanto,
aplicáveis a nós hoje. Precisamos perguntar se a Bíblia dá ao mandamento um
caráter normativo. Quando a Bíblia dá uma ordem explícita e não a anula depois,
devemos entender como sendo a vontade expressa de Deus para nossas vidas,
em nosso tempo também, independente da cultura. [...] Certos princípios ou
mandamentos dizem respeito às circunstâncias específicas de um indivíduo, não
sendo temas que possuem caráter moral ou teológico, não são aplicáveis aos
nossos dias. [...] 2.3 Certos princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos
culturais que se parecem com os nossos nos quais apenas o princípio deve ser
aplicado. [...] Certos princípios ou mandamentos dizem respeito a contextos
culturais totalmente diferentes, mas cujos princípios se aplicam. Quando Moisés
esteve na presença de Deus, ele tirou seus sapatos, pois era terra santa. Será que
devemos hoje em dia tirar nossos sapatos ao vir para o templo? Aqui, o princípio
69
de reverência e temor a Deus devem ainda nos dirigir.

[d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor
teológico. Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras, interpretá-
las, já envolve o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas

69
MILHORANZA, Alexandre. As diferenças culturais na interpretação da Bíblia. Disponível em
http://www.milhoranza.com/2009/09/08/hermeneutica-diferencas-culturais/#axzz3vlmaGdmu.
Acesso: 30.12.2015.

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originais das Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto,


etc.70
De acordo com Paul Tillich, teólogo alemão, a razão é uma condição
necessária para a fé, eliminando assim a ideia de uma irracionalidade no exercício
da fé. Para Tillich ―somente um ser dotado de razão pode ser possuído por algo
incondicional e distinguir preocupações últimas das provisórias [...] Assim a razão
é uma condição necessária para a fé, e fé é o ato em que a razão irrompe
extaticamente para além de si [...] entre a natureza verdadeira da fé e a natureza
verdadeira da razão não há contradição‖71. Champlin observa que a razão entra
perfeitamente em harmonia com a fé religiosa, além de servir para expressá-la. ―A
razão exibe logicamente aquilo que a religião sente e põe em prática. A razão é
compatível com a fé religiosa, tendo a função de expressá-la e defendê-la. Mas a
fé cristã, com base na revelação bíblica transcende à razão, conferindo-nos
algumas doutrinas que são inatingíveis para a razão‖.72

[e] Experiência - Determinado fato ou ocorrência que acabará por


influenciar no labor teológico da igreja.

Para Schillebeeckx, experiência humana e fé cristã são as duas fontes da teologia:


devem ser pensadas em correlação. Sem a pergunta de sentido que brota da
experiência humana, as respostas do teólogo cairiam no vazio. Agora, se a
resposta cristã oferece uma "superabundância de sentido", esse sentido deve se
inserir em uma experiência humana em que o homem já está em busca de sentido.
A resposta hesitante do homem à sua própria pergunta é identificada, valorizada
na fé cristã. À luz da revelação, manifesta-se a superabundância de sentido,
73
contida no sentido que o homem mesmo descobriu no mundo.

70
Fontes da Teologia. Disponível em http://blogdoseino.blogspot.com.br/2011/12/fontes-da-
teologia.html. Acesso: 29.12.2015.
71
TILLICH, Paul apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-444.
72
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.558-559.
73
SCHILLEBEECKX, Edward. Experiência humana e fé cristã: as duas fontes da teologia.
Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-arquivadas/28686-experiencia-humana-
e-fe-crista-as-duas-fontes-da-teologia. Acesso: 30.12.2015.

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EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre fontes do conhecimento religioso em


http://arturfelix.blogspot.com.br/2014/10/as-fontes-do-conhecimento-religioso-
em_14.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a relação da Bíblia com a Teologia?

2. Basicamente, quais são as fontes da teologia?

3. A experiência é uma das fontes da teologia. Qual a relação entre a experiência


e a fé cristã?

7. O TEÓLOGO

O tradicional Guia do Estudante conceitua o Teólogo como sendo o


―indivíduo que se dedica ao estudo das religiões e sua influência sobre a
sociedade. Ele pesquisa a história, os fenômenos e as tradições religiosas,
interpreta textos sagrados, doutrinas e dogmas religiosos. Associa essas
informações com outras ciências humanas e sociais, como antropologia e
sociologia, e identifica as relações entre a religião e diferentes culturas e grupos
sociais. Pode trabalhar como pesquisador ou assessor de grupos religiosos. Como

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licenciado, leciona religião e ética em escolas de ensinos fundamental e médio e


também em ONGs, centros culturais e religiosos‖.74
Quem produz teologia é o teólogo. Erickson destaca que o teólogo é o
operador da teologia, ou seja, aquele que busca entender as bases doutrinais de
uma religião, normalmente a religião a que pertence. Ele afirma também que o
teólogo profissional é uma pessoa com instrução avançada e que geralmente atua
como professor e escritor.75 Este conceito não exclui a possibilidade de a teologia
ser examinada por leigos, ou seja, qualquer pessoa que busque o conhecimento
de Deus está operando, ou fazendo, teologia.
Rm 1.19-20 descreve a possibilidade de Deus ser conhecido pelo homem,
quando afirma: ―Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do
mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e
claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis‖. Este texto não fala em conhecimento pleno de Deus, mas de um
conhecimento que permite ao homem relacionar-se com Deus. Isto permite que
um ser finito como o homem possa conhecer (em partes) a infinitude de Deus. De
acordo com Vincent Cheung o conhecimento de Deus é também possível somente
porque ele fez o homem à sua própria imagem, de forma que há um ponto de
contato entre os dois, a despeito da transcendência de Deus.76
Sobre o teólogo, a revista Ultimato publicou algo interessante sobre seu
perfil:

Antes de conhecer Deus academicamente, o teólogo precisa conhecê-lo


pessoalmente. Antes de descrever Deus, o teólogo precisa ter comunhão com ele.
Antes de descrever o amor de Deus, o teólogo precisa sentir-se amado por ele.
Antes de descrever a autoridade de Deus, o teólogo precisa submeter-se a ela.
Antes de descrever a santidade absoluta de Deus, o teólogo precisa descrever a

74
Guia do Estudante da Editora Abril. Disponível em http://guiadoestudante.abril.com/profissoes/
ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml. Acesso: 29.12.2015.
75
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.162.
76
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: http://monergismo.com/?p=789.
Acesso: 29.12.2015.

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sua absoluta pecaminosidade. Antes de mencionar a sabedoria de Deus, o teólogo


precisa confessar a sua ignorância. Antes de se enveredar pelo problema filosófico
e teológico do sofrimento, o teólogo precisa aprender a chorar com os que choram
e a alegrar-se com os que se alegram. Antes de tentar explicar as coisas mais
profundas e misteriosas da teologia, o teólogo precisa ser honesto consigo mesmo
e com os outros e admitir que nas cartas de Paulo e em outras passagens da
Bíblia há coisas realmente difíceis de entender. Antes de ensinar e escrever
teologia, o teólogo precisa entender que sua responsabilidade é enorme, porque,
exatamente por ser reconhecido como teólogo, ele será ouvido, lido, consultado,
citado. O teólogo não pode inventar suas teologias, assim como o profeta não
podia inventar suas visões nem declarar ―assim diz o Senhor‖, se o Senhor nada
lhe dissera. O teólogo não pode ser nem frio nem seco. Ele tem de declarar com
toda empolgação que Deus é amantíssimo, graciosíssimo, justíssimo,
misericordiosíssimo, puríssimo, santíssimo, sapientíssimo e terribilíssimo. O
teólogo precisa de humildade para explicar as coisas já reveladas e calar-se diante
das coisas ainda ocultas. O teólogo precisa caminhar lado a lado com a fé e com a
razão e, se em algum momento tiver de abrir mão de uma delas, deve ficar com a
fé. O teólogo deve construir e, em nenhum momento, destruir. O teólogo obriga-se
a separar o trigo do joio, a verdade do mito, a revelação da tradição, a visão
verdadeira da falsa visão, o bem do mal, a luz das trevas, o doce do amargo, a
vontade de Deus da vontade própria. O teólogo tem o compromisso de insistir na
unicidade de Deus e condenar a pluralidade de deuses, tanto os de ontem como os
de hoje. O teólogo tem a obrigação de equilibrar a bondade e a severidade de
Deus, o perdão e a punição, a vida eterna e a morte eterna, a graça e a lei. O
teólogo é um fracasso quando não menciona que Deus amou tanto o mundo que
deu seu único Filho por uma só razão: para que ninguém fosse condenado, mas
77
tivesse, pela fé em Jesus, plena e eterna salvação!

Quando falamos na operação propriamente dita da teologia, o Guia do


Estudante informa que a área de atuação do teólogo pode ser verificada em várias
frentes, entre elas: [a] Consultoria – Assessorar pessoas e organizações públicas
ou privadas que utilizem a religião no desenvolvimento de seu trabalho; [b] Ensino
- Dar aulas em escolas de ensinos fundamental e médio sobre religião e ética; [c]

77
O teólogo a serviço de Deus e não da teologia. Disponível em http://www.ultimato.com.br/revista/
artigos/338/o-teologo-a-servico-de-deus-e-nao-da-teologia. Acesso: 29.12.2015.

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ONGs - Orientar grupos religiosos e atender a instituições que realizam trabalhos


sociais voltados para a religião; [d] Pesquisa - Estudar o fenômeno religioso e sua
relação com a atividade humana; e [e] Sacerdócio – Atuar no ministério formal da
igreja.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância do teólogo em


http://www.ftsa.edu.br/site/index.php/publicacoes-da-ftsa/artigos-da-ftsa/119-
artigos-da-ftsa/241-dia-do-teologo

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Explique com suas palavras o que você entende por teólogo.

2. Qual o campo de atuação do teólogo?

3. Qual o limite do conhecimento de Deus que o teólogo pode ter?

8. DOUTRINA E RELIGIÃO

O estudo da doutrina também é conhecido como teologia. Doutrina diz


respeito à um conceito que é ensinado, compartilhado, com alguém. Por
intermédio da doutrina um indivíduo recebe instrução para trilhar sua jornada. Ao
descrever a origem e o significado do termo ―doutrina‖, Champlin diz:

Essa palavra significa ―ensino‖... Vem do latim, doctrina, cuja forma verbal ~
docere, "ensinar", O termo tem um sentido geral, podendo referir-se a qualquer tipo

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de ensino, como também pode indicar algum ensino especifico, como a doutrina da
salvaçiio. Também pode envolver as ideias de crença, dogma, conceito ou
princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos. Esse vocábulo traz
imediatamente às nossas mentes ideias e ensinamentos religiosos, porque
usualmente é assim que o ouvimos ser dito. A expressão ―a doutrina‖ pode aludir
aos ensinamentos de Cristo, ou ao sistema de ensinos cristãos. Porém, o propósito
da doutrina cristã é a mudança da vida dos cristãos, pelo que o termo não deve
subentender meros conceitos intelectuais e religiosos, que compõem algum
sistema. Essa palavra dá a entender aqueles ensinos usados pelo Espirito a fim de
transformar almas humanas, tornando-as semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas
formalizadas na forma de credos tendem a estagnar a viva energia dos
ensinamentos de Cristo. Seus ensinos apontam para categorias do ser que não
podem ser expressas distintamente como conceitos verbais. Quando Jesus
convidou: ―...aprendei de mim...‖ (Mt 11.29), certamente ele não estava pensando
em alguma sistematização de ideias a seu respeito, e, sim, na capacidade
transformadora de sua doutrina e Espírito, capaz de transformar seus discípulos
78
(aprendizes).

O termo ―instrução‖ está sempre associado à ―doutrina‖. Michaelis 79 define


instrução como a ação de instruir, de ensinar, de explicar ou esclarecer, de educar
intelectualmente. ―A palavra ‗teologia‘ não ocorre na Bíblia e o termo que lhe é
equivalente, no N.T., é ‗doutrina‘ (―didache‖ ou ―didaskalia‖, no grego), que vem de
uma raiz que significa ‗ensinar‘ e pode se referir tanto ao ato de ensinar,
propriamente, como ao conteúdo do que é ensinado (Rm 6.17;1Tm 6.3-4; 2Tim
4:3-4; Tito 1.2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que
Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de
Deus e de Sua obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de
um corpo de doutrinas. A essa forma ordenada de doutrinas, dá-se inclusive, o

78
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.228-229.
79
Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos: 2009.

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nome de ‗Teologia Sistemática‘. O adjetivo aqui, não altera o conceito de


teologia‖.80
Alguns aspectos interessantes contribuem para o entendimento da
aplicação do termo ―doutrina‖ em sua aplicação bíblica. Deusimar Barbosa, em
Manancial das Doutrinas bíblicas, observa alguns destes aspectos:

[1] A palavra doutrina vem do hebraico “legach” que significa ―ensino, instrução‖. É
traduzida por ensino em outras versões bíblicas (TB, NTLH,NVI). [2] Do grego é “didaché”
significa‖ ensinamento‖, aquilo que é ensinado. (Mt 7.28; Tt 1.9; Ap 2.14,15,24), o ato de
ensino, instrução (Mc. 4-2; Rm. 16-17). “Didaskalia” significa ―aquilo que é ensinado‖,
―doutrina, ensino, instrução‖(Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; Cl 2.22; 1Tm 1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt
1.9; 2.1,10; Rm 12.7; 15.4; 1Tm 4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7). O termo didaché é
usado apenas duas vezes nas epistolas pastorais (2Tm 4.2; Tt 1.9), enquanto o termo
didaskalia é empregado 15 vezes. Os dois termos são usados nos sentidos ativos e
passivos, ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado. A voz passiva é predominante em
didaché, e a voz ativa, em didaskalia. O primeiro coloca em relevo a autoridade, o ultimo, o
ato. A parte do apostolo Paulo, os outros escritores só usam o termo didaché, exceto em
Mt 15.9 e Mc 7.7, que usa didaskalia. [3] Do latim é “doctrina”, do verbo “docio”, que
significa ―ensinar, instruir, educar‖. Portanto a palavra doutrina é o ―conjunto coerente de
idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas‖. Ressalto que doutrina do latim
doctrina, significa ―ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência, doutrina, teoria,
método.‖ [4] Quando falamos de doutrina bíblica estamos falando do ensino das Sagradas
Escrituras. A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus e, portanto, o ensino das Sagradas
Letras, nada mais é que o puro ensino da Bíblia, o ensino da palavra de Deus, o ensino de
Deus ao homem, acerca da salvação do homem, de Jesus Cristo, o Senhor e Salvador, do
Espírito Santo, o consolador, da Criação dos céus e da terra, do pecado, da origem, queda,
restauração e destino final do homem, missão e destino da Igreja e do porvir. Portanto,
doutrina é o ensino que Deus concede ao homem a partir da sua poderosíssima palavra da
revelação de Deus à humanidade caída em pecado, que está inserida nas Sagradas
Escrituras. [5] É um conjunto de princípios que, tendo como base as Sagradas Escrituras,
81
orienta o nosso relacionamento com Deus, com a Igreja e com os nossos semelhantes.

80
SANTOS, João Alves dos. A igreja precisa de teologia? Disponível em
http://www.soluschristus.com.br/2010/06/igreja-precisa-de-teologia.html. Acesso: 23.12.2015.
81
BARBOSA, Deusimar. Manancial das Doutrinas Bíblicas - Fortalecendo e edificando a nossa fé
sobre o fundamento dos apóstolos e de Cristo. Disponível em: http://profdeusimarbarbosa.blogspot
.com/2009/07/deusimar-barbosa-manancial-das.html. Acesso em 19 de dezembro de 2015.

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Diversos textos bíblicos revelam a importância da doutrina para a vida do


ser humano, como Atos 2.42: ―E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.‖, Mateus 7.24-27: ―Todo aquele,
pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem
prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram
rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava
edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não
cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda‖, e, Efésios 2.20: ―edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra
da esquina‖.
A religião tem sido um termo interpretado de forma equivocada por algumas
pessoas. Expressões como ―mais Deus e menos religião‖ tem embalado muitos
discursos, inclusive religiosos. Uma rápida passagem no conceito deste termo nos
mostra sua importância e relevância. A palavra portuguesa ―religião‖ vem do latim
religare, que significa ―atar", ―religar‖ ou ―ligar de novo‖. Basicamente o pecado
interferiu no relacionamento entre Deus e os homens, tendo em Cristo a
possibilidade de reestabelecer essa comunhão que havia sido perdida.
Pearlman observa que a teologia possui uma conexão também com a
religião. ―Religião vem da palavra latina "ligare" que significa "ligar"; religião
representa as atividades que "ligam" o homem a Deus numa determinada relação.
A teologia é o conhecimento acerca de Deus. Assim a religião é a prática,
enquanto a teologia é o conhecimento. A religião e a teologia devem coexistir na
verdadeira experiência cristã; porém, na prática, às vezes, se acham distanciadas,
de tal maneira que é possível ser teólogo sem ser verdadeiramente religioso, e por

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outro lado a pessoa pode ser verdadeiramente religiosa sem possuir um


conhecimento sistemático doutrinário‖.82

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância da doutrina em


http://palavradenovavida.blogspot.com.br/2013/01/a-importancia-da-doutrina-
biblica-na.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a diferença entre doutrina e religião?

2. Qual a conexão entre religião e teologia?

3. O que você entende como sendo doutrina?

82
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2004. p.5.

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9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ

Os constantes debates religiosos, trazem, de tempos em tempos, assuntos


que ocupam destaque na agenda das pessoas, norteando dessa maneira os
temas que devem ser debatidos no dia-a-dia de suas vidas. Neste sentido, o Brasil
apresenta na agenda de suas discussões o assunto ―fundamentalismo‖, sobretudo
pelo fato do amplo debate que se faz sobre questões éticas e morais como,
aborto, homossexualidade e religiosidade. Nesta discussão, conceitos
fundamentais e tradicionais são colocados à prova, através de questionamentos e
reflexões mais profundas. A defesa dos princípios absolutos e imutáveis,
amparados pela mensagem bíblica, enfrenta resistências severas diante de um
mundo cada vez mais plural e relativista. Defender a fé tornou-se um grande
desafio para aqueles que optaram em viver a vida seguindo princípios e valores
estabelecidos na Palavra de Deus.
A vida é vivida a partir de escolhas, e estas, manifestam-se no
comportamento dos indivíduos no seu dia-a-dia. Estas escolhas recebem o nome
de cosmovisões, ou seja, tratam-se de ―um conjunto de conceitos, crenças e
valores de que uma pessoa se utiliza para compreender e formar sua opinião
particular a respeito de si, dos outros, e do mundo‖83. Uma vez definida a ―lente‖
de visualização do mundo, este indivíduo desenvolve sua fé naquilo em que
acredita ser o correto. O mundo pós-moderno considera a defesa desta fé
baseada no absoluto algo questionável, uma vez que a vida não pode ser vivida
sem se levar em conta as constantes mudanças que o relativismo lhe apresenta.
Assim sendo, o conceito de fé precisa ser detalhadamente conhecido para
diferenciá-lo de outros conceitos, e, para delimitar até onde esta convicção pode
ser considerada fundamentalismo no sentido original deste termo. A pós-
modernidade que se apresenta de forma simpática às diferentes manifestações
religiosas, mostra-se implacável e intolerante quando o assunto trata da fé

83
COUTO, Geremias. E agora, como viveremos? A Igreja ante os desafios dos últimos dias.
Lições Bíblicas – Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p.7-8.

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religiosa num Deus único e imutável, buscando rotular seus adeptos de


―fundamentalistas‖ no sentido negativo de sua interpretação.
A fé diz respeito à ―palavra bíblica que se refere tanto à crença intelectual
quanto à confiança ou ao compromisso em um relacionamento‖84. Num sentido
amplo é uma ação de demonstração de confiança sobretudo na figura de uma
outra pessoa. Para Grenz, ―os autores bíblicos geralmente não fazem distinção
entre fé como crença e fé como confiança, mas tendem a considerar que a
verdadeira fé consiste tanto no que se crê (e.g., que Deus existe, que Jesus é o
Filho de Deus) quanto no compromisso para com uma pessoa digna de confiança
e capaz de salvar (i.e., confiança na pessoa de Cristo como meio de salvação)‖85.
Assim, cosmovisão imprime no indivíduo uma fé, que no caso religioso, manifesta-
se na confiança em Deus.
Numa análise bíblica clássica, o termo ―fé‖ tem origem na palavra hebraica
heemim, no grego pisteuô e no latim fidem. O texto bíblico de Hebreus 11.1 define
a ―fé‖ como sendo o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que se não veem. Andrade destaca que a ―fé‖ é ―a confiança que
depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está no
comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a
convicção de que a sua Palavra é a Verdade. Enfim, é a tranquilidade que
depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por seu
Filho, no Calvário‖86.
Vine, na observação etimológica‘ do termo ―fé, destaca que:

Fé pistis, primariamente, ―persuasão firme", trata-se de convicção fundamentada


no ouvir (cognato de peithõ, ―persuadir‖), e sempre é usado no Novo Testamento
acerca da ―fé em Deus ou em Jesus, ou às coisas espirituais‖. A palavra é usada
com referência: (a) à confiança (Rm 3.25 ; 1Co 2.5; 15.14.17; 2Co 1.24; Gl 3.23;
Fp 1.25: 2.17: 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); (b) à fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt
23.23: Rm 3.3: Gl 5.22; Tt 2.10); (c) por metonímia, ao que é crido. O conteúdo da

84
GRENZ, Stanley J. et al. Dicionário de Teologia. São Paulo: Vida, 1999. p.57.
85
Ibidem.
86
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. p.156.

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crença, a "fé" (At 6.7: 14.22: Gl 1.23; 3.25; Gl 6.10; Fp 1.27; 1Ts 3.10: Jd 3.20 [e
talvez 2Ts 3.2]); (d) à base para a ―fé‖, a garantia, a certeza (At 17.31); e a um
87
penhor de fidelidade, fé empenhada (1Tm5.12).

Vine destaca que os principais elementos da ―fé" em sua relação com o


Deus invisível, em distinção da ―fé‖ no homem, são ressaltados sobretudo no uso
deste substantivo e do verbo correspondente, pisteuõ. Diz ele:

Tais elementos são: (1) uma firme convicção, produzindo um pleno


reconhecimento da revelação ou da verdade de Deus (por exemplo, 2Ts 2.11,12);
(2) uma entrega pessoal a Ele (Jo 1.12); (3) uma conduta inspirada por tal entrega
(2Co 5.7). Proeminência é dada a um ou outro destes elementos dc acordo com o
contexto. Tudo isso é posto em contraste com a convicção em seu exercício
puramente natural. que consiste numa opinião mantida em boa ―fé‖ sem a
necessária referência à sua prova. O objeto da "fé" de Abraão não era a promessa
de Deus (esta era a ocasião do seu exercício); a sua ―fé‖ descansava no próprio
88
Deus (Rm 4.17.20.21).

Em linhas gerais, a cosmovisão de cada indivíduo se constrói a partir de


sua herança cultural, religiosa e social, por isso, há necessidade de distinguir a fé
da simples crença. Buckland destaca que a ―simples fé implica uma disposição de
alma para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que a
fé tem confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a
nossa razão, não lhe é contrário‖89.

A credulidade, porém, alimenta-se de coisas imaginárias, e é cultivada pela


simples imaginação. A fé difere da crença porque é uma confiança do coração e
não apenas uma aquiescência intelectual. A fé religiosa é uma confiança tão forte
em determinada pessoa ou princípio estabelecido, que produz influência na
atividade mental e espiritual dos homens, devendo, normalmente, dirigir a sua vida.

87
VINE, W.E. et. al. Dicionário Vine - Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo
Testamento e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p.648.
88
Ibidem.
89
BUCKLAND, A.R. ―Fé‖. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 2007. p.874.

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A fé é uma atitude, e deve ser um impulso. A fé cristã é uma completa confiança


em Cristo, pela qual se realiza a união com o Seu Espírito, havendo a vontade de
viver a vida que Ele aprovaria. Não é uma aceitação cega e desarrazoada, mas um
sentimento baseado nos fatos da Sua vida, da Sua obra, do Seu Poder e da Sua
Palavra. A revelação é necessariamente uma antecipação da fé. A fé é descrita
como "uma simples mas profunda confiança Naquele que de tal modo falou e viveu
na luz, que instintivamente os Seus verdadeiros adoradores obedecem à Sua
vontade, estando mesmo às escuras". A mais simples definição de fé é uma
90
confiança que nasce do coração.

Na análise de Buckland é possível verificar que a fé não se trata de uma


atitude irracional, pelo contrário, ela é fruto de uma revelação que permite ao
indivíduo experimentar um relacionamento com o seu Deus. Geralmente, a
liquidez do mundo atual, que não encaixa-se de forma equilibrada em valores e
princípios, julga ser esta confiança uma experiência ilusória, sem comprovação
crível, atribuindo à ela um conceito de limitação frente à uma infinidade de
caminhos. Esta visão que despreza a experiência da fé, pouco tem contribuído
para a formação de um indivíduo saudável e relevante para o mundo em que vive.
Esses termos descrevem a relação que existe entre o homem e Deus. A
fidelidade é resultado da confiança depositada no próprio Deus, e esta relação é
pouco compreendida pelo homem que não vive esta experiência. Tenney destaca
que a fé e a fidelidade ―são, em alguns aspectos, correlativos, pois a fé do homem
é aquilo que responde a e é sustentada pela fidelidade de Deus. Em outros
aspectos pode ser um desenvolvimento de pensamento, pois a fé por parte do
homem deveria levá-lo à fidelidade‖91.

Novamente, a ideia de fé pode mover-se da atitude subjetiva de confiança para ―a


fé‖ — a qual Deus revelou objetivamente através de ação. palavra e sinais a fim de
que fosse crido. Intimamente associado aos dois substantivos encontra-se o
adjetivo ''fiel" e o verbo ―ter fé em‖, ―confiar‖, "acreditar‖. Em algumas partes da

90
Ibidem.
91
TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
p. 776-777.

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Bíblia, o verbo é mais proeminente que o substantivo. Como sempre, nas


Escrituras, a iniciativa divina é enfatizada ou admitida, e o fato de que o Deus vivo
está desejoso de entrar em um relacionamento com os homens e tem mostrado a
eles que é digno de sua confiança, é o que dá à fé bíblica seu caráter distinto. Fé
como é demonstrado no AT é uma necessidade, mas preliminarmente incompleta
92
para sua plena possibilidade através de Cristo no NT.

Quando o homem questiona a existência de Deus ele não consegue


entender a dimensão da fidelidade e da própria fé. Por não entender esta relação
ele considera este comportamento como sendo equivocado e cego, geralmente
como sendo fruto de uma ignorância cultural e científica. Viver na sociedade que
despreza o absoluta e rechaça a fé, é um desafio que exige convicções cada vez
mais profundas.

Fé tem a ver com sentido último, com valores sobre os quais se funda a existência
humana. Este sentido e estes valores, necessariamente, se expressarão
concretamente numa ―ideologia‖, que para Segundo é todo o sistema de meios
racionais para concretizar e expressar estes valores. Enquanto a fé tem a ver com
sentido, a ideologia tem a ver com eficácia. Importante é que se trata de
―dimensões humanas diferentes e complementares‖ (Segundo, p.33). Nesta
perspectiva, Segundo resguarda a dimensão da fé como insubstituível e ao mesmo
tempo libera o ser humano para, com sua racionalidade, lutar por justiça e
93
libertação, dentro de suas coordenadas sociopolíticas concretas.

Na análise acima é possível verificar que a fé relaciona-se com valores, que


por sua vez, definem uma cosmovisão. A simples defesa destes valores, constitui-
se para alguns, manifestação de alienação, capacidade limitada de enxergar o
mundo e intolerância religiosa. O relativismo filosófico não consegue aceitar a
ideia do valor imutável, e por isso, milita contra os que assim acreditam. Na
impossibilidade de compactuar valores e princípios, na prática de vida individual, a

92
Ibidem.
93
SEGUNDO, Juan Luis apud Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.442-
444.

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firme posição de pensamento passa a ser rotulada de fanatismo, ou,


fundamentalismo, numa aplicação equivocada e distorcida do termo no seu
significado original.

O termo ‗fundamentalismo‘ é visto, de forma geral, como ―a atitude de um


grupo de pessoas dentro de uma religião ou de um movimento político que dizem
basear-se num conjunto próprio de diretrizes tradicionais (fundamentos),
defendendo-as de forma absoluta‖94. Neste aspecto é importante definir a
intensidade e influência em que a defesa é exercida. Lieth destaca que ―um
fundamento radical e totalitário, por exemplo, terá consequências
95
correspondentes‖ . Ser considerado fundamentalista na atualidade significa ser
um indivíduo intransigente, exclusivista e incapaz de viver na plenitude da vida
com a sociedade, em contraste com a história antiga, que considerava o
fundamentalista alguém digno de louvor pela bravura da defesa de seus ideais.
Todas as formas de conservadorismo passaram a ser caracterizadas de
fundamentalismo, afirma Lieth: ―A pessoa que defende sua posição com
entusiasmo e veemência é ‗fundamentalista‘. A conjuntura, na qual, o tema
fundamentalismo aparece, está ligada aos contornos nada precisos do conceito e
da questão fundamentalismo. Quanto mais imprecisos são os contornos, tanto
mais facilmente se pode caracterizar algo ou alguém de fundamentalismo ou de
fundamentalista‖96. Do ponto de vista histórico, o conceito de ―fundamentalismo‖
teve sua origem no mundo ocidental cristão, sobretudo para manifestar oposição
aos valores defendidos pelo liberalismo no século XIX:

Grupos de cristãos protestantes conservadores deram a si mesmos tal designação


no início do século XX, nos Estados Unidos da América do Norte. Entre 1909 e
1915, foi publicada nos Estados Unidos uma série de textos, com edição superior a
três milhões de exemplares, com o título The Fundamentals – a Testimonium to the

94
LIETH, Thomas e LIETH, Norbert. O que é realmente o fundamentalismo. Disponível em
http://www.chamada.com.br/mensagens/fundamentalismo.html. Acesso: 17.02.2014.
95
Ibidem.
96
Ibidem.

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Truth (Os Fundamentais – um testemunho em favor da Verdade). Do título dessa


série saiu o nome de um movimento, formado no último terço do século XIX por
grupos de cristãos conservadores evangelicais. Temos, aqui, o nascimento do
fundamentalismo protestante que determinará os Estados Unidos da América do
Norte e que, em pouco tempo, começará a ser exportado por outros continentes e
97
países.

Na história, o fundamentalismo foi observado como contrastante com o


liberalismo. Champlin destaca que o fundamentalismo foi um movimento
protestante e teológico:

O termo fundamentalismo é sinônimo de conservatismo estrito. Nesse sentido,


algumas vezes é usado não somente para fazer oposição ao liberalismo, mas
também a formas do evangelicalismo, que interpreta menos rigidamente, mais
livremente. Homens como B.B. Warfield, James Orr, H.C.O. Moule e G. Campbell
Morgan, em The Fundamentals, deram o nome a uma estrita interpretação
literalista da Bíblia. Quando eu era estudante de certa escola teológica, tivemos um
curso intitulado «História do Fundamentalismo», que acompanhava as raízes do
fundamentalismo por todas as Escrituras Sagradas, com o intuito de mostrar que,
sem importar o título usado, as figuras da Bíblia foram todas fundamentalistas, e
que assim deveriam ser todos os crentes na Bíblia. Quanto ao tipo, o
fundamentalismo é aparentado da teologia evangélica da época anterior à
Iluminação, embora defira da mesma por rejeitar, deliberadamente, os métodos e
conclusões da crítica bíblica histórica do penado posterior à Iluminação. Os
teólogos mais antigos não haviam tratado mais extensivamente as questões
envolvidas naquele desenvolvimento, porquanto foram produto de eruditos dos
98
séculos XIX e XX.

Em aspectos gerais, Galindo destaca que ―como fenômeno geral o


fundamentalismo é hoje uma tendência dentro das tradições judia, cristã e
muçulmana, que costuma surgir como reação mais ou menos violenta contra toda

97
Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p.452-456.
98
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.

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mudança cultural‖.99 Para ele, o fundamentalismo serve, em algumas


circunstâncias, como base para ideais radicais e extremistas:

Estudos psicológicos descrevem seus adeptos mais zelosos como ―pessoas


autoritárias‖, ou seja, como indivíduos que se sentem ameaçados em um mundo
dominado por poderes malignos em atitude permanente de conspiração que
pensam em termos simplistas e de acordo com esquemas invariáveis, e que frente
a seus problemas se sentem atraídos pelas respostas autoritárias e moralizantes.
Quando as mudanças culturais alcançam certo grau crítico, esses indivíduos
100
tendem a se reunir em movimentos radicais dentro de suas respectivas religiões.

Embora seja um movimento marcado por uma defesa extrema de ideais, o


movimento fundamentalista contribui de muitas formas para o desenvolvimento do
pensamento e discussão da teologia. Champlin observa que ―além de alertar as
pessoas sobre inúmeros erros que haviam entrado na cena religiosa, o movimento
fundamentalista tem-se mostrado radicalmente anticomunista, exibindo a
incompatibilidade básica entre aquele sistema político e os ideais e crenças
cristãos‖.101 O fundamentalismo contribui também para a evangelização e para o
zelo da fidelidade à Palavra de Deus. Em linhas gerais, o fundamentalismo é uma
ação, que em sua essência, se contrapõe aos valores antibíblicos e anticristãos,
que se levantam em todos os períodos da história.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a importância da doutrina em


http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/PorQueSouFundamenta
lista-LAFerraz.htm

99
GALINDO, Florencio. O fenômeno das seitas fundamentalistas. Petrópolis: Vozes, 1995. p.167.
100
Ibidem.
101
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.5. 11.ed. São
Paulo: Hagnos, 2013. p.829.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que significa ser fundamentalista?

2. Qual a contribuição do fundamentalismo?

3. O termo ―fundamentalismo‖ é visto de forma deturpada, por que?

REFERÊNCIAS

ABARCA, Rodrigo. A parte da história da igreja que não foi devidamente contada. Os Valdenses -
O Israel dos Alpes. Revista Águas Vivas. Ano 8, no. 45, maio-junho de 2007.

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http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_anglada.htm. Acesso: 29.12.2015.

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