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toada de molho

sou as ondas que trouxeram


corpos negros
para a labuta de noites
dias inteiros
parecia não saborear chegadas
estava sempre de partida
em embarcações covardes
me quebrava na costa
depositando mercadorias
cheias de saudades

sou o suor lubrificante


de rostos explorados
passo a passo atolando-se
em quilombos de lama, descalços

fuga do açoite
de choros na calada da noite
separações à venda
mães condenadas a diáspora
de seus pretos filhos
pessoas antes propriedade
de um branco alguém
mães condenadas ao desejo obscuro
dos senhores de ninguém

sou o gozo de rebentos-esperança


bolsa estourada
aos gritos esparramada
aos gritos a chegada
da escura criança
imersa em enchente
nada contra a correnteza
pede um dilúvio
reza tamanho volume
pra lavar a tristeza
limpar o orgulho dos nossos irmãos
corpos banhados em lamento:
navios, senzalas, favelas
prisões, sem terras, mangue
histórias líquidas sobretudo
inundadas de lágrima e sangue

clamo a África malemolente


derramo-me sons em afluente
sou os braços dos rios
abraço as margens do Capibaribe
em minhas entranhas
navegam homens-caranguejo
esperados diante cirandas
raízes femininas entoam desejos
purificam dores, desencantos, sujeiras

sinto a voz que enxágua o passado


no canto
das sereias lavadeiras

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