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1822 - A CRIAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL - A

INDEPENDÊNCIA
A criação do Grande Oriente do Brasil e a proclamação da Independência são dois fatos
históricos intimamente interligados. Procuraremos, neste capítulo, apresentá-los em
separado, evitando a superposição e repetição dos mesmos fatos históricos, assim como
evitaremos abordar outros fatos históricos, paralelos, a fim de não alongarmos o nosso
relato que, afinal de contas, não tem o objetivo de reescrever a história do Brasil.

A Criação do Grande Oriente do Brasil


A Loja Comércio e Artes, que havia sido reinstalada em 24 de junho de 1821, na casa do
capitão-de-mar-e-guerra José Domingues (ou Domingos) de Ataíde Moncorvo, situada à
rua do Fogo (atual rua dos Andradas) esquina da rua das Violas (atual rua Teófilo
Otoni), contava com grande número de obreiros, no início de 1822.

Havia a clara intenção de fundar, no Brasil, uma Obediência que congregasse todas as
forças maçônicas, dispersas, em todo o território -nacional.

Agindo de forma maçônica, a Loja Comércio e Artes decidiu, em data não determinada
no início de 1822, distribuir seus obreiros em três Lojas, visando a formar a base para a
criação de uma Obediência de âmbito nacional.

Esta não foi a primeira iniciativa de formar uma Obediência. Mencionamos nesta obra
que, em 1813, foi fundado, na Bahia, o Grande Oriente Brasileiro, cujo Grão-Mestre foi
Antônio Carlos de Andrada. Esse Grande Oriente operou até 1817. Em 1816, foi criada,
em Recife, a segunda Obediência, esta regional, a Grande Loja Provincial que operou
até 1817. O desejo dos maçons pernambucanos era, todavia, o de criar uma república
constitucionalista independente no Nordeste.

A intenção dos maçons da Loja Comércio e Artes era muito mais ampla do que a dos
pernambucanos: conquistar a independência e manter o país inteiramente unificado,
evitando, desta forma, que a nação brasileira se fragmentasse em diversas repúblicas ou
reinos, tal como estava ocorrendo com as colônias espanholas na América.
Na referida reunião do início de 1822 ficou decidido que a Loja Comércio e Artes se
desdobraria em mais duas Lojas políticas, compondo um conjunto de três Lojas:

Loja Comércio e Artes, simbolizando a Idade do Ouro.


Loja União e Tranqüilidade, representando as palavras de d. Pedro, à varanda do paço,
em 9 de janeiro de 1822. Kurt Prober (Achegas…) afirma que, na eleição para a escolha
do título distintivo da Loja, havia também a opção do nome “Nove de Janeiro”, que foi
apoiada por minoria.

Loja Esperança de Niterói, simbolizando a projetada emancipação do reino


americano.
Os membros dessas três Lojas foram designados por sorteio, ficando, assim, constituídas
as três Lojas (Mello Moraes, obra citada):
Loja Comércio e Artes
Venerável – Manuel dos Santos Portugal.

1º Vigilante – Tomás José Tinoco de Almeida.


2º Vigilante – Domingos Ribeiro dos Guimarães Peixoto.

Orador – Padre-Mestre fr. Francisco de Santa Tereza Sampaio.

Secretário – Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto.


Tesoureiro – Antônio José de Sousa.

Mestre-de-Cerimônias – Joaquim Nunes de Carvalho.


Experto – Guilherme Cipriano Ribeiro.

Cobridor – Pedro Orsini Grimaldi.

Membros – Cirurgião-Mor Francisco Mendes Ribeiro, João Mendes Viana, João


(Joseph?) Ewbank, Tomás Soares de Andrade, Francisco Xavier Ferreira, Joaquim José
Ribeiro de Barros, Francisco Antônio Rodrigues, Cônego Belchior Pinheiro de Oliveira,
Francisco Bibiano de Castro, José de Almeida Saldanha, Manuel José de Oliveira,
Manuel Joaquim Correia da Silva, Joaquim Ferreira Franco, Francisco da Silva Leite,
João Fernandes Tomás, Inácio Joaquim de Albuquerque, Antônio Correia Picanço,
Padre Januário da Cunha Barbosa, João Francisco Nunes, Luís Pereira da Nóbrega de
Sousa Coutinho, João Pedro de Araújo Saldanha, Manuel Carneiro de Campos e Manuel
da Fonseca Lima e Silva.

Loja União e Tranqüilidade


Venerável – Albino dos Santos Pereira.

1º Vigilante – José Joaquim de Gouveia.


2º Vigilante – Joaquim Valério Tavares.

Orador – José Clemente Pereira.

Secretário – José Domingues de Ataíde Moncorvo.


Tesoureiro – José Cardoso Neto.
Mestre-de-Cerimônias – João José Dias Camargo.
Experto – Francisco de Paula Vasconcelos.

Cobridor – Manuel Joaquim de Meneses.

Membros – João Luís Ferreira Drumond, Domingos Alves Pinto, Luís Manuel de
Azevedo, José de Sousa Teixeira, João Militão Henriques, Francisco José dos Reis
Alpoim, Manuel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, Samuel Wook, João da Costa Silva,
José Joaquim dos Santos Marrocos, Antônio dos Santos Cruz, Miguel de Macedo, José
Joaquim dos Santos Lobo, José Inácio Albernaz, João Antônio Pereira, Eusébio José da
Cunha, Padre Manuel Teles Ferreira Pita, Cipriano Lerico, João da Silva Feijó, João
Bernardo de Oliveira Barcelos, Joaquim Gonçalves Ledo, Luís Ciríaco e Domingos José
de Freitas.
Loja Esperança de Niterói
Venerável – Pedro José da Costa Barros.

1º Vigilante – Ruy Germack Possolo.


2º Vigilante – José Maria da Silva Bittencourt.

Orador – Dr. João José Vahia.

Secretário – João Antônio Maduro.


Tesoureiro – João da Silva Lomba.

Experto – Manuel Inocêncio Pires Camargo.


Cobridor – Padre João José Rodrigues de Carvalho Coleta.

Membros – José Rodrigues Gonçalves Vale, Inocêncio de Accioli Vasconcelos,


Herculano Otaviano Muzzi, José Bonifácio de Andrada, Frei Carlos das Mercês Micheli,
Luís Pereira da Silva Manuel, Manuel Gaspar Moreira, Dr. José da Cruz Ferreira, João
Ribeiro de Castro Braga, Antônio José de Lança, Fernando José de Melo, Francisco das
Chagas Ribeiro, Guilherme Tompson, Belarmino Ricardo de Serqueira, Manuel José da
Silva Sousa, José da Cunha Santos, Manuel Joaquim de Oliveira Alves, Francisco
Antônio Leite, Ricardo Alves Vilela, Inácio José de Araújo e Luís Manuel Pinto Lobato.
O total de obreiros da Loja Comércio e Artes, contando-se os membros acima sorteados
para compor os quadros das três Lojas, era de 94. Destes, 32 ficaram na Loja Comércio
e Artes, 32 foram formar a Loja União e Tranqüilidade e 30 formaram a Loja Esperança
de Niterói.

Há menção na historiografia da criação do Grande Oriente do Brasil de que a Loja


Comércio e Artes contava, antes da sua divisão em três Lojas, com cerca de 250
obreiros. Mello Moraes, em sua obra citada, que é de 1871, menciona os 94
anteriormente apresentados e declara que o grande livro de atas do Grande Oriente,
assim como os primeiros livros de atas da Loja Comércio e Artes estavam desaparecidos
tendo sido encontrados, por sua diligência pessoal, em Angra dos Reis, em poder de um
filho do brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto. Declara, ainda, Mello
Moraes, que conseguiu recolhê-los ao Grande Oriente do Brasil do Lavradio. Esse
episódio, da entrega dos livros de atas, deve ter ocorrido entre os anos de 1863 e 1864,
já que foi publicado, por Mello Moraes, em um periódico de 1864.
Somos levados a crer, pelos fatos anteriormente apresentados, que a Loja Comércio e
Artes contava com 94 obreiros, antes da divisão, a menos que a listagem preparada por
Mello Moraes esteja incompleta, hipótese que não deve ser descartada.

Outra dúvida que nos ocorreu no estudo da nominata apresentada por Mello Moraes
refere-se a José Bonifácio de Andrada e Silva. Na historiografia maçônica, consta que
José Bonifácio fora alçado ao alto cargo de Grão-Mestre da Ordem, sendo “profano”, ou
seja, não teria sido admitido na Ordem, senão pela sua eleição a Grão-Mestre. O fato de
utilizar-se um “profano” para o cargo de Grão-Mestre é justificado por Kurt Prober
(Achegas…) em uma nota de rodapé: “Muitas vezes a Maçonaria européia aclamou
‘profanos’ para o cargo de Grão-Mestre, especialmente em situações políticas difíceis e,
sendo este o caso do Brasil, não há nada de extraordinário na nomeação de José
Bonifácio”. Na nominata de Mello Moraes, todavia, consta, como tendo sido sorteado
obreiro sem cargo, na Loja Esperança de Niterói, o nome de José Bonifácio de Andrada.
Essa reunião que procedeu ao sorteio dos membros das três Lojas ocorreu em data não
precisada, no início de 1822. A ser verídica a nominata de Mello Moraes (que sugere ter
retirado os nomes do livro de atas da Loja Comércio e Artes), José Bonifácio era
membro da Loja Comércio e Artes desde o início de 1822. Fica a dúvida: José Bonifácio
era “profano” (recebendo a iniciação por comunicação ou “à primeira vista” para o alto
cargo de Grão-Mestre, como era prática da Maçonaria, até o final do século XIX, para
personalidades), ou já era maçom, membro da Loja Esperança de Niterói ao ser alçado
ao cargo de Grão-Mestre?

Estudar José Bonifácio não é tarefa simples. A história contempla-o como sendo o
“Patriarca da Independência”. Rocha Pombo (obra citada), ilustre historiador e maçom,
coloca José Bonifácio como “a outra corrente de opinião”:

“A outra corrente de opinião, que se personificava no príncipe, era dirigida por José
Bonifácio, cada vez mais a destacar-se pela serenidade com que preferia exercer o seu
esforço conciliando todos os elementos em torno da aspiração geral; mas entendendo
que era preciso fazer tudo com prudência e agir de acordo com as necessidades, e
segundo as imposições do momento. Em vez de precipitar as coisas, forçando a lógica
dos fatos, pretendendo suprir só pelo sentimento da causa os meios de sustentá-la –
queria José Bonifácio conservar em volta do príncipe regente uma atmosfera de paz, de
sinceridade, de confiança, que lhe permitisse, antes de tudo, colocar o problema da
independência como obra política, e portanto em condições fora das quais não teria a
solução que se procura”.

Esta não é a posição de outro grande historiador e maçom, Mello Moraes, que relata em
seu livro, já citado nesta obra – História do Brasil–Reino e do Brasil-Império, tomo 2,
sob o título “Revelações do Marquês de Olinda ao Autor”:

(…) “Disse-me também o Marquês de Olinda na mesma ocasião, que o Dr. José
Bonifácio era oposto à independência do Brasil, porque tendo figurado muito na Europa,
e por seus talentos e vasta erudição, ocupando os lugares de lente de Direito e Filosofia
na Universidade de Coimbra, nos quais era jubilado, tendo a Superintendência do
Mondego e sendo secretário perpétuo da Academia Real das Ciências de Lisboa, e por
conseguinte remunerado por esses empregos, não lhe convinha a separação do Brasil.
(…) Antônio Carlos conhecia o modo de pensar de seu ilustre irmão, e de Lisboa
constantemente lhe escrevia aconselhando-o para que se empenhasse pela
independência, abundando em razões”.

Kurt Prober, em todas as suas obras, posiciona José Bonifácio como “impostor”, que
desejava a permanência do Brasil como colônia de Portugal ou, no máximo, em face das
circunstâncias, como um país independente, com o regime monárquico, onde ele poderia
continuar desfrutando da sua grande influência na nobreza portuguesa.

O Apostolado
Daí surgiu a primeira cisão na Maçonaria Brasileira, tendo José Bonifácio criado uma
sociedade secreta, fora da Maçonaria, o “Apostolado”, ou a “Nobre Ordem dos
Cavaleiros de Santa Cruz” ou, como querem outros historiadores, o “Apostolado da
Nobre Ordem de Santa Cruz”, em 2 de junho de 1822. Era intenção de José Bonifácio,
como de fato o fez, evitar que o príncipe d. Pedro ingressasse na Maçonaria, onde a
liderança de Gonçalves Ledo era muito maior que a sua. Assim, d. Pedro ocupou o mais
alto cargo do Apostolado, com o título de archonte-rei, sendo José Bonifácio seu lugar-
tenente. Pertenciam ao Apostolado diversos maçons. Antônio Carlos, o único maçom
entre os três irmãos Andrada, redigiu no Apostolado sob orientação de José Bonifácio a
constituição política que deveria reger os destinos do Brasil.
Em 15 de julho de 1823, d. Pedro, embora acamado em virtude de uma fratura de
costela, convocou a presença de José Bonifácio ao palácio; reteve-o lá, em companhia
da imperatriz, enquanto se retirou para outro cômodo do palácio. Enquanto José
Bonifácio aguardava o regresso do imperador, d. Pedro foi, pessoalmente, à sede do
Apostolado (que estava reunido àquele momento), acompanhado de força militar, para
fechar aquela sociedade sob a alegação de que seus membros estariam tramando contra a
sua vida. Dom Pedro arrebatou a urna que guardava toda a documentação daquela
associação secreta. Basílio de Magalhães (obra citada) afirma que a urna está (ou estava
à época da edição do seu livro – final da década de 1940) no museu do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. No dia seguinte ao fechamento do Apostolado, os
Andrada caíam no ostracismo.

A posição de Gonçalves Ledo, clara e conhecida por todos, era a da independência, sob
o regime republicano-democrata. Mas Gonçalves Ledo reconhecia que, sob as
circunstâncias políticas, era praticamente impossível prescindir da liderança do príncipe
regente d. Pedro. Daí, resultou o trabalho de Gonçalves Ledo e seus seguidores na
Maçonaria para atrair d. Pedro às fileiras da Maçonaria.
Ainda recorrendo a Mello Moraes (obra citada), foi convocada uma assembléia geral, no
dia 28 de maio de 1822, para tratar-se da eleição dos dirigentes do Grande Oriente do
Brasil.
Essa data, 28 de maio de 1822, parece não estar correta.

Kurt Prober (Achegas…) afirma que a assembléia geral ocorreu no 28º dia do terceiro
mês do ano de 5822 do calendário maçônico primitivo, que estava em uso. Nesse
calendário, o ano maçônico inicia no dia 21 de março. Por conseguinte, o 28º dia do
terceiro mês é o dia 17 de junho. O ano, no calendário gregoriano, é obtido pela
subtração da cifra 4000 do ano do calendário primitivo, ou seja, 1822.

Kurt Prober acrescenta (Achegas…) que, nessa mesma assembléia de 17 de junho de


1822, foi inaugurado e criado o Grande Oriente Brasiliano e que, nessa mesma sessão
inaugural, foram nomeados, por aclamação, José Bonifácio para o cargo de Grão-Mestre
e Joaquim de Oliveira Alves para o cargo de grande delegado (atual Grão-Mestre
Adjunto). Nenhum dos dois estavam presentes. José Bonifácio declarou não poder
comparecer. O marechal Joaquim de Oliveira Alves, chamado a tomar posse,
compareceu imediatamente, prestando o juramento. Ainda observando a palavra de Kurt
Prober, o marechal Joaquim de Oliveira Alves foi o único a prestar juramento e tomar
posse naquele dia. José Bonifácio prestou juramento na sessão de 19 de julho de 1822
(sexta sessão do Grande Oriente).

A ascensão de José Bonifácio ao alto cargo de Grão-Mestre foi, claramente, uma


manobra de Gonçalves Ledo e seus aliados, no sentido de atrair o “poder” para a causa
maçônica, já que José Bonifácio exercia forte influência sobre o príncipe regente.
Certamente, Gonçalves Ledo ainda nutria esperança da independência como república
democrática, utilizando os valores existentes para a causa que, apaixonadamente,
defendia.

Mello Moraes afirma que essa assembléia geral foi presidida pelo venerável da Loja-
mãe, Comércio e Artes, João Mendes Viana. Há, nesta afirmação, uma dúvida em
relação ao relato de Mello Moraes. O venerável da Loja Comércio e Artes, à época da
assembléia geral, era o major do corpo de polícia Manuel dos Santos Portugal. João
Mendes Viana era, tão simplesmente, um membro sem cargo. Não entendemos como
poderia estar o Irmão capitão João Mendes Viana presidindo a assembléia geral na
qualidade de Venerável da Loja Comércio e Artes.

O fato concreto é que, na referida assembléia geral (das três Lojas), segundo Mello
Moraes, procedeu-se à eleição para os dirigentes do Grande Oriente Brasiliano (título
que ostentou na sua criação), posteriormente designado Grande Oriente do Brasil, sendo,
por maioria, eleitos:

Grão-Mestre da Ordem – Conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva.


Grão-Mestre Adjunto e Lugar-Tenente – Marechal Joaquim de Oliveira Alves. À época,
segundo Kurt Prober (A Verdadeira História do Palácio Maçônico do Lavradio), esse
cargo tinha a denominação de “Delegado do Grão-Mestre”.

1º Grande Vigilante – Joaquim Gonçalves Ledo.


2º Grande Vigilante – Capitão João Mendes Viana.

Grande Orador – Padre-Mestre Januário da Cunha Barbosa.

Grande Secretário – Capitão Manuel José de Oliveira.


Grande Chanceler – Francisco das Chagas Ribeiro.

Promotor-Fiscal – Coronel Luís Pereira da Nóbrega de Sousa Coutinho.


Grande Experto – Joaquim José de Carvalho. (Observação: esse nome não consta da
lista dos membros das três Lojas; há, na Loja Comércio e Artes, um Joaquim Nunes de
Carvalho.)

Grande Cobridor – João da Rocha. (Observação: esse nome não consta da nominata,
anteriormente apresentada, dos membros das três Lojas.)
O local da fundação do Grande Oriente Brasiliano, e a conseqüente posse de seus
dignitários, eleitos na sessão de 28 de maio (segundo Mello Moraes [obra citada]), que
ocorreu, realmente, em 17 de junho de 1822, segundo Kurt Prober (A Verdadeira
História do Palácio do Lavradio), foi um sobrado da rua do Fogo, esquina da rua São
Joaquim (atuais rua dos Andradas esquina da rua Marechal Floriano).

Mello Moraes (obra citada) afirma que a cerimônia de posse dos eleitos ocorreu em um
espaçoso edifício que existia no porto do Méier, Praia Grande (atual Niterói), na manhã
do dia 24 de junho de 1822, seguida de banquete, com todas as formalidades do rito
maçônico.
Não encontramos confirmação para essa sessão de posse conforme apresentada por
Mello Moraes. Somos levados a afirmar que, conforme a versão de Kurt Prober, tudo
ocorreu no dia 17 de junho de 1822 no referido sobrado da rua do Fogo esquina da rua
São Joaquim.

Kurt Prober afirma que, ainda em 1822, a sede do Grande Oriente Brasiliano mudou-se
para um sobrado, mais amplo, no número 4 da rua Nova do Conde da Cunha,
posteriormente denominada rua do Conde D’Eu, atual rua Frei Caneca. Permaneceu
nesse endereço até 1832. Essa afirmativa, da permanência da sede do Grande Oriente do
Brasil no mesmo prédio, até 1832, não parece ser verdadeira porque, quando da
dissolução daquela agremiação, em outubro de 1822, d. Pedro mandara esvaziar o
prédio, recolhendo todos os pertences para outro local e entregar a locação ao seu
proprietário, como será apresentado adiante.
Mello Moraes cita que, nesse prédio, foram instalados, além do Grande Oriente, as três
Lojas (Comércio e Artes, União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói).
Ficou evidente, na composição da direção do Grande Oriente Brasiliano, a ação de
Gonçalves Ledo. José Bonifácio, aparentemente neófito na Ordem, recebeu o posto
máximo. Seu “Delegado do Grão-Mestre” (atual Grão-Mestre Adjunto) era o idoso
marechal Joaquim de Oliveira Alves, muito pouco influente nas decisões. Restava, para
Gonçalves Ledo, o cargo de Primeiro Grande Vigilante, que lhe daria, como de fato
ocorreu, a direção efetiva dos trabalhos. José Bonifácio raramente compareceu às
reuniões do Grande Oriente, assim como o seu adjunto, o velho marechal Joaquim de
Oliveira Alves.

As sessões do Grande Oriente Brasiliano foram, na maioria absoluta, presididas pelo


Primeiro Grande Vigilante Gonçalves Ledo, verdadeiro líder na Maçonaria,
configurando todos os movimentos para a emancipação. O Grande Oriente Brasiliano
adotou, inicialmente, o Rito Adonhiramita, também denominado, à época de “Maçonaria
dos 13”. Na ata da 5ª sessão do Grande Oriente (12 de julho de 1822) consta que os
trabalhos teriam passado a realizar-se no Rito da “Maçonaria dos Sete”, o Rito Francês
ou Moderno. Mas os Irmãos ainda permaneceram adotando os nomes heróicos do Rito
Adonhiramita.
A criação do Grande Oriente Brasiliano ensejou, segundo Kurt Prober (Achegas… e
Cadastro Geral…), a criação de duas novas Lojas.

Loja Mineiros Reunidos


A Loja Mineiros Reunidos foi fundada em Vila Rica, Minas Gerais, em 1822. Foi a
primeira Loja a filiar-se ao recém-fundado GOB, em 31 de julho de 1822. Adormeceu
ainda em 1822.

Loja Le Bouclier de L’Honneur


A Loja Le Bouclier de L’Honneur (Loja O Escudo da Honra) foi fundada no Rio de
Janeiro, em 31 de julho de 1822. Era uma Loja independente formada por franceses e
jurisdicionada ao Grande Oriente da França. Essa Loja pretendia filiar-se ao GOB, mas
não conseguiu cumprir as formalidades e adormeceu ainda em 1822.

D. Pedro, que já era o dirigente máximo do Apostolado, percebeu que teria muito mais
amplo apoio nacional na Maçonaria do que naquela sociedade secreta não-maçônica, o
Apostolado. D. Pedro também percebeu que, se não se incorporasse à Ordem, a
independência seria proclamada pela Maçonaria, de qualquer forma, e ele estaria fora do
movimento.

Atraído por Gonçalves Ledo, com o apoio de “última hora” de José Bonifácio, o
príncipe regente aceitou ser iniciado na Maçonaria, o que foi feito ritualisticamente, na
Loja Comércio e Artes, em 2 de agosto de 1822 (13º dia do 5º mês do ano da V.L. de
5822), recebendo o nome heróico “Guatimosim”. A data de iniciação de d. Pedro foi,
realmente, 2 de agosto de 1822 e não no dia 13 de julho de 1822, como erroneamente
atribuem alguns autores, que desconheciam o calendário primitivo adotado pelo Grande
Oriente, em que o ano inicia em 21 de março.
Há uma outra divergência quanto à Oficina em que d. Pedro foi iniciado. Nas atas do
Grande Oriente Brasiliano, recuperadas por Mello Moraes, como acima mencionado,
figura, na ata da 9ª sessão, que d. Pedro foi iniciado em sessão do Grande Oriente. Kurt
Prober afirma, de forma diferente, que o príncipe regente foi iniciado ritualisticamente
na Loja Comércio e Artes, no dia 2 de agosto de 1822 e que, nesse mesmo dia e hora,
realizava-se a 9ª sessão do Grande Oriente e que essa assembléia tomou conhecimento
da iniciação de d. Pedro ao final dos Desembainhando a espada, grita: “Independência
ou Morte”.

Esporeia o animal e avança para o local onde estava seu séqüito, com a espada ainda
desembainhada. Exclamou, então, d. Pedro, para toda aquela gente:

“Camaradas! As cortes de Lisboa querem mesmo escravizar o Brasil; cumpre, portanto,


declarar já a sua independência: estamos definitivamente separados de Portugal!”.

Estendendo a espada à frente do corpo, repete, à toda força: “Independência ou Morte!”.


Partiu dali a comitiva para São Paulo, onde chegou cerca de 6 horas da tarde; a notícia
foi recebida com entusiasmo pelo povo. Seguiram-se as comemorações. D. Pedro
permaneceu em São Paulo até o dia 9 e, na madrugada seguinte, partiu de volta ao Rio
de Janeiro, onde chegou à noite do dia 14.

No dia 9 de setembro de 1822, em sessão do Grande Oriente, Gonçalves Ledo, que


presidia a sessão, em memorável discurso, declarou que:
“… as atuais circunstâncias políticas de nossa pátria, o rico, fértil e poderoso Brasil,
demandavam e exigiam imperiosamente que a sua categoria fosse inabalavelmente
firmada com a proclamação de nossa independência e da realeza constitucional na
pessoa do Augusto Príncipe Perpétuo Defensor Constitucional do reino do Brasil”.

Essa afirmação de Gonçalves Ledo, aprovada e aclamada (por unanimidade), foi


considerada como a declaração da independência proclamada desde o Grande Oriente do
Brasil.

Não há dúvida de que Gonçalves Ledo, ao fazer o inflamado discurso na sessão de 9 de


setembro, já sabia muito bem o que poderia acontecer, pois estivera presente à reunião
do Conselho de Estado.

Muitos autores, inclusive maçônicos, dataram a referida sessão como em 20 de agosto


de 1822. Não foi. O erro de datação ainda se deve ao desconhecimento de que, pelo
calendário primitivo adotado pelo Grande Oriente, o 20º dia do sexto mês não é o dia 20
de agosto, mas o dia 9 de setembro. No dia 20 de agosto de 1822, não houve sessão no
Grande Oriente. Na sessão de 9 de setembro nenhum dos presentes poderia saber que,
dois dias antes, d. Pedro já houvera proclamado a Independência, com o famoso “Grito
do Ipiranga”.
Esse erro de datação ocasionou, no Grande Oriente do Brasil, a instituição do dia 20 de
agosto como sendo, até hoje, o “Dia do Maçom”.
O novo Grão-Mestre, d. Pedro, tomou posse, no Grande Oriente, em 4 de outubro de
1822 (14º dia do sétimo mês do A.V.L.de 5822), em sessão presidida por Gonçalves
Ledo. Estava concretizada a manobra de Gonçalves Ledo e dos verdadeiros maçons,
para afastar José Bonifácio do Grande Oriente.
Há, nesse episódio da cooptação de d. Pedro para o cargo de Grão-Mestre, uma
afirmação de Kurt Prober (Achegas…) de que d. Pedro teria assinado, por sugestão de
Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira e do brigadeiro Luís Pereira da Nóbrega, três
folhas de papel em branco, “para um eventual pedido de demissão de José Bonifácio e
de Martim Francisco e a nomeação de um ministro de confiança da Maçonaria”. Esse
relato sobre a assinatura das três folhas em branco consta das “Anotações de
Vasconcellos Drumond”, escritas em 1861 (é o mesmo coronel Antônio de Menezes
Vasconcelos de Drumond, mencionado no Capítulo VII desta obra, no episódio do
“Fico”). Mais adiante, nas mesmas “Anotações”, consta que José Bonifácio, ciente de
tudo isso, “teve com o imperador uma explicação franca no dia 26 de outubro e concluiu
pedindo sua demissão”. No dia seguinte, 27 de outubro, “mandou d. Pedro chamar a São
Cristóvão a José Clemente, Ledo e Nóbrega e ordenou a restituição dos papéis”.

Alguns autores, profanos e maçônicos, apresentam o dia da posse de d. Pedro como


Grão-Mestre no dia 14 de setembro de 1822, incorrendo sempre no mesmo erro de
indicar o dia 1º de março como o do início do Ano da Verdadeira Luz. Há até, da parte
desses autores que defendem o 14 de setembro para a posse de d. Pedro como Grão-
Mestre, alguma coerência, porque, segundo alguns autores, ele teria regressado de São
Paulo no dia 14 de setembro, diretamente para a sede do Grande Oriente.

Mas a cronologia oficial confirma o dia 4 de outubro para a posse do Grão-Mestre d.


Pedro. O primeiro Grão-Mestre, José Bonifácio de Andrada e Silva, ocupou o cargo,
portanto, entre os dias 17 de junho de 1822 e 4 de outubro de 1822.
A intenção de Gonçalves Ledo em diminuir o prestígio de José Bonifácio e tentar, ainda,
a implantação da República surtiu efeito momentâneo. Na posse de d. Pedro, em 4 de
outubro, o maçom Domingos Alves Branco aclamou, com voz forte e por três vezes:
“Viva o senhor dom Pedro de Alcântara, primeiro imperador e defensor perpétuo do
Brasil”. A assembléia repetiu com entusiasmo e, unanimemente, a aclamação proposta
por Domingos Alves Branco.

Estava perdida a causa republicana. O Brasil independente continuaria a ser uma


monarquia ligada às casas reais européias, o que veio a ser, na prática, uma “meia
independência”. Na realidade, parece ter sido esta a vontade de d. Pedro, porque ele e os
portugueses que o cercavam desejavam mantê-lo imperador do Brasil e herdar o reino de
Portugal, com a morte de seu pai, d. João VI. Essa concorrência de fatos reuniria
novamente Portugal e Brasil, como dois reinos, mas, evidentemente, recriaria a condição
de Brasil colônia.
D. Pedro presidiu as sessões do Grande Oriente nos dias 5 de outubro (18ª sessão) e no
dia 11 de outubro (19ª sessão).

No dia 12 de outubro de 1822, d. Pedro foi aclamado imperador constitucional do


Brasil, efetuando-se a sua sagração em 1º de dezembro.

O Fechamento do Grande Oriente do Brasil


Os adeptos da República passaram a ser perseguidos e as intrigas se avolumavam, tanto
da parte de José Bonifácio como de nobres portugueses que insistiam em ter precedência
sobre os brasileiros, criando a estes situações de vexame e humilhação. A posição dos
maçons republicanos foi piorando à medida que qualquer crítica era repelida pelo
imperador com azedume, considerando-as ataques à majestade do trono. Como os
brasileiros eram mais irrequietos e intolerantes em aceitar os métodos absolutistas do
imperador, d. Pedro passou nomear portugueses, mais dóceis e também absolutistas,
para substituir os que criticavam.
Assim é que d. Pedro, alegando necessitar fazer certas investigações, tanto públicas
como particulares, porque sabia da insatisfação da Maçonaria contra as medidas
arbitrárias, antidemocráticas e absolutistas do imperador, escreveu um bilhete a
Gonçalves Ledo determinando, na qualidade de imperador e de Grão-Mestre, a imediata
suspensão dos trabalhos maçônicos, até sua segunda ordem:

“Meu Ledo.

Convido fazer certas averiguações tanto Públicas como Particulares na M∴ (Maçonaria),


Mando primo como Imperador segundo como G∴M∴ que os trabalhos M∴ se
suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos agora; resta-me
reiterar os meus protestos como Ir∴

PEDRO GUATIMOSIM G∴M∴

S. Cristóvão, 21 de outubro, 1822″.

Kurt Prober (Achegas…) informa que Gonçalves Ledo não cumpriu a ordem do
imperador e Grão-Mestre. Preferiu prestar esclarecimentos, em entrevista com o
imperador, que reconheceu ter sido vítima do ódio do seu próprio ministro (José
Bonifácio) ao redigir o bilhete de 21 de outubro. Mudou de rumo o imperador,
determinando ao Grande Oriente que prosseguisse em seus trabalhos. Em 25 de outubro
(sexta-feira), mandou entregar um novo bilhete a Gonçalves Ledo, cujo teor passamos a
apresentar:

“Meu I∴ – Tendo sido outro dia suspendidos nossos augustos trabalhos pelos motivos
que vos participei, e achando-se hoje concluídas as averiguações vos faço saber que 2ª
feira que vem os nossos trabalhos devem recobrar o seu antigo vigor começando a
abertura pela G∴L∴ em Assembléia Geral. É o que por ora tenho a participar-vos para
que passando as ordens necessárias as executeis. Queira o S\A\D\U\ dar-vos fortunas
imensas como vos desejo o vosso I∴ P∴ M∴ R∴†.” (Irmão Pedro Maçom Rosa-Cruz).

A título de esclarecimento, informamos que, quando o Grande Oriente do Brasil se


reunia em Assembléia, essa Assembléia se denominava Grande Loja.
Não sabemos em que sessão secreta teria d. Pedro sido elevado ao Grau Rosa-Cruz (era
esta a qualidade indispensável para o cargo de Grão-Mestre), mas o fato é que ele assim
se assina.
José Bonifácio sentiu-se desprestigiado com o bilhete de d. Pedro mandando reativar as
sessões do Grande Oriente. Resolveu tomar uma atitude drástica: pediu demissão do
cargo de ministro, talvez no próprio dia 25 de outubro (ou no dia 26, conforme consta no
relato anterior, acerca do episódio da assinatura, por d. Pedro, de três folhas de papel em
branco). Seu irmão, Martim Francisco, que era também ministro, acompanhou-o na
decisão.
D. Pedro aceitou o pedido e, logo no dia seguinte, 26 de outubro (sábado), tentou formar
novo ministério. Não conseguiu. Os convidados, não-maçons, estavam aliados às idéias
de José Bonifácio e declinaram. Os convidados maçons, por saberem do que estava
sendo tramado por José Bonifácio, também declinaram.
Talvez por essa razão, a Assembléia Geral determinada por d. Pedro, no bilhete de 25, a
Gonçalves Ledo, para o dia 28 (segunda-feira) não foi realizada. Estava instalada uma
nova crise.

No dia 29, foi divulgada uma proclamação elaborada pelos membros do Apostolado,
que exigia a volta dos Andrada. O imperador (sempre indeciso, fraco e volúvel),
influenciado pelo grupo aliado a José Bonifácio, recuou e recolocou os Andrada no
ministério, por decreto de 30 de outubro de 1822. Nesse mesmo dia, José Bonifácio
determinou a prisão dos que considerava seus inimigos. As fortalezas de Santa Cruz,
Laje, Conceição e Ilha das Cobras ficaram abarrotadas de presos políticos, em sua
maioria, maçons aliados de Gonçalves Ledo.

O Grande Oriente fechava, de fato, as portas, pouco mais de quatro meses após ter sido
criado. O segundo Grão-Mestre, d. Pedro, ocupou o cargo de 4 de outubro de 1822 a 25
de outubro de 1822.

FONTE:

João Ferreira Durão – Pequena História da Maçonaria no Brasil 1720 – 1882 – Madras
Editora, 2008

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