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Horta comunitária para a comunidade de Novo Horizonte 2

Carla Luana Miranda1


Francielle Albuquerque2
Juliana Figueredo3

RESUMO

O presente artigo discute sobre a implantação de hortas comunitárias no bairro


de Novo Horizonte 2, Salvador- BA, como proposta de intervenção urbana para as
áreas de vazio urbano localizadas no bairro. As hortas apareceram como uma forma
de solução para o dado problema, pois são criadas e desenvolvidas com o propósito
de atender a qualidade de vida das pessoas e também para gerar renda às famílias
envolvidas, sendo comum encontrar nessas locais pessoas com grau elevado de
necessidades. Desta forma contribuindo para a economia destas famílias, uma vez
que a oferta de alimentos está próxima a região, não mais distantes, em áreas mais
favorecidas, em que o preço do alimento é mais caro, devido da distância do plantio
destes.

Palavras-chave: Hortas Comunitárias. Agricultura Urbana. Estudo de caso. Fonte de


renda. Qualidade de vida.

1 INTRODUÇÃO

A prática da agricultura urbana é hoje uma atividade incentivada pela


Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (ONU/FAO) como
estratégia de aumento da resiliência das cidades e adaptação às mudanças
climáticas, além de ser um importante elemento na segurança alimentar da população.
Segundo Ricardo Rose4, a agricultura surgiu com as hortas comunitárias. Desde
o período Neolítico, há 12 ou 10 mil anos, a agricultura vem sendo praticada por
pequenos grupos humanos, que se juntavam para o plantio e a colheita.

As hortas comunitárias continuaram a subsistir em áreas às vezes


concedidas aos agricultores sem-terra, para que plantassem produtos para

1
Discente do Centro Universitário Jorge Amado, artigo confeccionado para a matéria Estágio
Supervisionado.
2
Discente do Centro Universitário Jorge Amado, artigo confeccionado para a matéria Estágio
Supervisionado.
3
Discente do Centro Universitário Jorge Amado, artigo confeccionado para a matéria Estágio
Supervisionado.
4 Consultor comercial na área de sustentabilidade.
consumo próprio. Este tipo de agricultura também contribuiu para a
conservação da diversidade das espécies de plantas, pois certos tipos de
grãos e sementes eram desconhecidos ou não eram utilizados pelos grandes
agricultores. Por toda a história até os tempos modernos, as hortas
comunitárias atendiam parte das necessidades alimentares das populações
mais pobres, que dispunham de pouca ou nenhuma terra para plantio. A
industrialização, que ao longo dos últimos duzentos anos provocou a
migração de milhões de pessoas do campo para as cidades, foi um dos
fatores da disseminação da agricultura comunitária urbana, as hortas
urbanas. Premidos pelos altos preços dos alimentos nas épocas de crise
econômica que se sucederam ao longo deste período, os novos moradores
das cidades trouxeram consigo alguns dos conhecimentos do campo. (ROSE,
2017)

No Brasil é significativo que as hortas comunitárias começaram a surgir a partir


dos anos 1980. Segundo Maxwell (1995) ‘’O cultivo de hortaliças nas áreas urbanas
teve um grande impulso, sendo visto como uma estratégia à sobrevivência das
populações mais pobres que foram atingidas pela crise econômica’’. Além de se
tornarem uma solução para diversos problemas sociais e de infraestrutura.

Especificamente no início do século XXI, o apoio às hortas urbanas no Brasil


passou a fazer parte da política nacional de redução da pobreza, obtendo a
garantia alimentar para centenas de famílias incluídas em iniciativas como o
Programa Nacional de Agricultura Urbana (CASTELO BRANCO;
ALCÂNTRA, 2011).

Ainda no século XXI, o apoio às hortas urbanas se intensificou, e elas passaram


a fazer parte de políticas públicas, sendo que algumas dessas iniciativas tornaram-se,
referência em modelos de possibilidades de desenvolvimento local (ARRUDA;
ARRAES, 2011; CASTELO BRANCO; ALCÂNTRA, 2011).

Mais do que uma alternativa econômica, o modo organizacional desse tipo


de iniciativa geralmente se baseia em princípios agroecológicos, cujo intuito
é promover a sustentabilidade das práticas e manejos da agro ecossistemas,
preservação da biodiversidade e implicação do desenvolvimento de um
processo social (ALTIERI, 1998; 2002; GLIESSMAN, 2001).

De uma forma geral, as hortas comunitárias são instaladas em lotes vagos e a


sua produção abastece as famílias ou comunidades que moram perto desses
terrenos. A horta Urbana vem beneficiando o ambiente como um todo e favorecendo
a relação da comunidade com o bairro e o seu entorno por meio do cultivo ecológico
de alimentos e ervas medicinais em hortas, jardins, canteiros suspensos e outras
possibilidades a depender da realidade local.

Vale ressaltar que, as hortas urbanas são responsáveis por entre 15% e 20% de
todo o alimento produzido no mundo e reúnem, atualmente, em torno de 800 milhões
de agricultores urbanos no mundo, boa parte deles profissionais, segundo o estudo
Estado do Mundo - Inovações que Nutrem o Planeta, da Worldwatch Institute (WWI),
instituto de pesquisa sobre questões ambientais, publicado em 2011.

2 OBJETIVOS

O êxodo rural, que aconteceu em praticamente em todo o Brasil, conduziu a


população para a capital, a procura de melhores qualidades de vida. Essa população
em busca de se estabelecer na cidade, com poucas ou sem nenhuma condição
financeira, levou a ocupação de lugares de risco, sem nenhuma infraestrutura
necessária para abrigar estas pessoas, essa situação foi tomando grandes
proporções, acarretando o quadro atualmente.

Nessa situação encontra-se a comunidade de Novo Horizonte 2, na cidade de


Salvador, estado da Bahia, é um bairro ocupado irregularmente por assentamentos
precários, com áreas que se encontram descarte desordenado de lixo, a presença de
um Rio em meio a poluição e ao despejo de esgoto e a desvalorização de suas áreas
verdes.

Dessa forma, as hortas urbanas surgem como uma estratégia de recuperação


de algumas dessas áreas a fim de desenvolver propostas de intervenções locais no
bairro buscando atender as necessidades básicas da comunidade e proporcionar uma
melhor qualidade de vida e fonte de renda para os mesmos – com a implantação de
hortas comunitárias, produzidas com materiais recicláveis e de difícil descarte.

Por meio desse propósito a horta comunitária tem o objetivo de contribuir para a
melhoria da segurança de terrenos ociosos, já que serão ocupados. E por meio desse,
desenvolver a prática alimentar saudável, com a realização de atividades de educação
alimentar, garantindo que todos possam ter acesso aos alimentos frescos e
saudáveis, contribuindo para a prática de sustentabilidade e preservação da
biodiversidade existente.

3 DESENVOLVIMENTO

Em algumas cidades brasileiras, principalmente em Salvador, na primeira


metade do século passado, eram providas de muitos problemas, por consequência,
do grande crescimento populacional, no qual, o planejamento urbano não
acompanhava. Essas consequências ainda são vistas atualmente, que são as favelas.
Mesmo com o passar do tempo, muitas medidas foram sendo tomadas e aplicadas,
porém, há ainda a muito a se fazer.

O processo acelerado da expansão urbana nos estados brasileiros tem


proporcionado especulação imobiliária e crescimento urbano, sem o devido
gerenciamento e sem acarretando o comprometimento dos recursos
ambientais, com prejuízo para a sociedade como um todo, especialmente aos
que são obrigados a conviver dia a dia em situação precária (GUERRA &
CUNHA 2001, BRASIL 2004).

O desmatamento de encostas é um dos principais responsáveis pelo


deslizamento de barrancos, arrastando casas, desabrigando milhares de famílias e
causando catástrofes. Os mesmos ocorrem no período das grandes chuvas quando
as águas escoadas e infiltradas desestabilizam morros e encostas. O excesso de peso
no solo por acumulação de água, de lixo ou de estruturas construídas
inadequadamente, aumenta as tensões nos terrenos inclinados.

É comum deslizamentos ocorrerem nas áreas mais carentes, mas não é só nelas
que o descuido humano se faz notar. Segundo artigos do ‘’Oieduca’’, dentre os
estados que mais sofrem com a falta de planejamento e fiscalização urbanos, tendo
como consequência deslizamentos, estão Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

Segundo Alexandre Lyrio, na Bahia – Salvador – a prefeitura admite que a


solução está cada vez mais difícil e distante. O crescimento desordenado ameaça a
população. Em 2004, o Plano Diretor de Encostas (PDE) destacou 433 áreas. “Para
acabar com as encostas, é preciso resolver o problema antes que haja a ocupação”,
diz Valadares. “Hoje, não temos como fiscalizar o avanço nessas áreas”, concorda o
subsecretário de Defesa Civil, Osny Santos.

Por isso a cobertura vegetal é tão importante, especialmente, nas encostas. A


vegetação amarra o solo com suas raízes. Os galhos, as folhas e as raízes absorvem
o impacto da chuva, permitindo o escoamento da água - o que evita a erosão rápida.

A falta de planejamento no processo de urbanização das grandes metrópoles


tem produzido numerosas externalidades negativas, entre elas a supressão de sua
cobertura vegetal e de áreas verdes. Inúmeros benefícios têm sido reportados sobre
como a presença da vegetação no meio ambiente urbano favorece fatores ambientais,
sociais e econômicos, influenciando na saúde da população.

No setor urbano encontram-se muitas áreas públicas sem uma destinação social
eminente, tornando-se depósitos de entulhos e focos de contaminação. Ao mesmo
tempo várias famílias carentes vivem em extrema pobreza margeando essas áreas.

Outro problema de grande incidência dentro das comunidades brasileiras é que


a pobreza nas periferias é tão grande ou maior do que aquela nas áreas rurais, e vem
aumentando. Dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
mostram que no período de 1995 a 1999, enquanto a quantidade de famílias pobres
nas áreas não metropolitanas e rurais cresceu, respectivamente, 1,7% e 0,3%, nas
regiões metropolitanas este número atingiu 5,4%.

Relacionado a isto, entra também a questão das hortas Urbanas, visando


melhorar e propiciar a alimentação das pessoas, beneficiando o ambiente como um
todo e favorecendo a relação da comunidade com o bairro e o seu entorno por meio
do cultivo ecológico de alimentos e ervas medicinais em hortas, jardins, canteiros
suspensos e outras possibilidades a depender da realidade local.

A prática da agricultura urbana é hoje uma atividade incentivada pela


Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (ONU/FAO) como
estratégia de aumento da resiliência das cidades e adaptação às mudanças
climáticas, além de ser um importante elemento na segurança alimentar da população.
O estudo Estado do Mundo – Inovações que Nutrem o Planeta, publicado pela WWI,
estima que dentre as 800 milhões de pessoas no mundo que se dedicam à agricultura
urbana, 200 milhões produzem alimentos para vender nos mercados e empregam até
150 milhões de pessoas.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),


o índice de desemprego no Brasil, embora venha apresentando uma ligeira redução,
ainda é bastante elevado. Quanto à distribuição de renda, embora nos últimos dez
anos os índices indiquem uma ligeira redução da concentração de renda, segundo os
dados da ONU, em 2005, o Brasil ainda se situa entre os dez países com maior
desigualdade.

Desta forma a hortas comunitárias aparecem como uma forma de solução para
o dado problema, pois são criadas e desenvolvidas com o propósito de atender a
qualidade de vida das pessoas e também para gerar renda às famílias envolvidas,
sendo comum encontrar nessas locais pessoas com grau elevado de necessidades.
Isto contribui para a economia destas famílias, uma vez que a oferta de alimentos está
próxima a região, não mais distantes, em áreas mais favorecidas, em que o preço do
alimento é mais caro, devido da distância do plantio destes.

Estas hortas são um dos meios de incentivo a boa vizinhança, uma vez que, o
morador tem a possibilidade de se conhecerem é participarem de uma atividade de
melhoraria do local e de qualidade de vida.

Um dos fatores importantes para a implantação da horta comunitária, é que ela


serve de extensão para o fator de lazer que é tão carente na região, visto que o único
meio de lazer da comunidade e uma área utilizada como quadra de esportes. Porém
na região à presença de idosos e mulheres, que muitas vezes não tem condições de
participar de tal atividade. Portanto, a implantação da horta comunitária em locais de
risco de desmoronamento, permite que o terreno não seja ocupado, uma vez que ele
vai ter uma finalidade, como também, será uma ampliação de área de lazer.

O estudo Estado do Mundo – Inovações que Nutrem o Planeta, publicado pela


WWI, em 2011 afirma que, "O cultivo de alimentos em cidades tem algumas
vantagens em relação à agricultura rural, como proximidade dos mercados, baixo
custo do transporte e redução de perdas pós-colheita, graças ao menor tempo entre
as colheitas. Em períodos de turbulência ou instabilidade, a agricultura urbana sempre
mantém as pessoas alimentadas quando o fornecimento de alimentos do campo é
interrompido".

Um exemplo, dos benefícios que a horta comunitária traz a população, está no O


Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Villa Sandra, em uma reportagem
do site do governo de Curitiba, mostra os benefícios que ela pode trazer,
principalmente aos idosos. Dentre os benefícios relacionados a horta, estão que elas:

a. Reduzem as ilhas de calor – a inércia térmica da água presente nas


plantas e a própria terra de cultivo faz com que a horta absorva calor,
reduzindo as flutuações de temperatura.
b. Melhora a qualidade do ar – à noite a folhas fazem fotossíntese,
liberando oxigênio.
c. Absorvem o ruído – diferentemente do cimento, as plantas
conseguem absorver os sons.
d. Reduzem o risco de inundações – a terra é capaz de reter a água da
chuva no momento em que cai, aliviando as galerias urbanas
sobrecarregadas pela baixa permeabilização do solo urbano.
e. Reduzem a contaminação em todo processo – contaminação de
terras, fluxo nas estradas, gastos e desperdício dos mercados.
f. Possuem destino para resíduos orgânicos – os resíduos de alimentos
e vegetais que causam problemas na logística de caminhões de lixo
nas cidades, podem se transformar no melhor nutriente possível para
uma horta, por meio do processo de compostagem.
g. Funciona como uma alternativa econômica – plantar uma horta
própria é mais barato que ir ao mercado. Pode também converter-se
em uma atividade econômica, e eventualmente pode gerar uma
grande transformação social em comunidades de renda baixa.
h. Durabilidade – apesar do que dizem os vendedores de geladeiras, as
plantas ficam vivas muito mais tempo sem se deteriorar.
i. Promove-se uma maior biodiversidade – as plantas se relacionam
entre si e com insetos, o que possibilita o desenvolvimento da fauna
e flora local, essencial para reduzir as possíveis interferências de
pragas.
j. Promove a convivência entre usuários e vizinhos – a horta é um
espaço público ideal para o encontro comunitário.
k. Integração com a natureza.

O plantio orgânico favorece a melhoria nos hábitos alimentares, trazendo


benefícios para o corpo físico e amenizando tensões do dia a dia. Possibilita maior
convívio social, além de promover um ambiente saudável, ocupando e transformando
espaços ociosos. O espaço da horta constitui ainda um instrumento pedagógico, para
atividades de educação ambiental e de ações terapêuticas.

Nas hortas, é possível cultivar hortaliças e vegetais como alface, tomate, rúcula,
couve, espinafre, repolho, alho, rabanete, beterraba, cenoura, entre muitos outros. Em
sua maioria, o cultivo destes legumes e vegetais baseia-se nos princípios de
agricultura orgânica, fator que não só viabiliza o projeto a todos como também
contribui para a qualidade do alimento.

Para as administrações municipais, investir nas hortas comunitárias pode


representar uma vantagem considerável no que diz respeito à limpeza de terrenos e
bairros. Um exemplo desta situação ocorreu no bairro da Pituba, localizado em
Salvador, no qual, os próprios moradores junto com a Empresa de Limpeza Urbana
de Salvador (Limpurb), retirou 50 toneladas de entulhos que existiam em um terreno
baldio, tendo a idealização de uma horta urbana na região, isto foi o incentivo
necessário, para que outros projetos deste poste, pudesse ser idealizado na cidade.
Além de contribuir para a limpeza do terreno, acabou com um grande foco de
criadouro de insetos.

Essas hortas também podem criar oportunidades de trabalho e integração social,


uma vez que são desenvolvidas justamente a partir da troca de conhecimentos e
trabalho em equipe. Com o tempo, as hortas recebem a participação de toda a
comunidade, mesmo daqueles que não se beneficiam diretamente da produção, um
exemplo desta situação, é visto em Recife, em um projeto que ocorre desde o ano de
2016, titulado “Mais vida nos morros”, em que toda a população se ver motivada a
contribuir para o programa das hortas comunitárias em áreas ociosas, devido ao
entendimento, que estas áreas sofrem riscos de deslizamentos, e estas hortas toram
a cidade cada vez mais bonitas, trazendo sentimento de orgulho, como pode ser visto
através da Figura 2 – Horta comunitária Mustarorinha, anexada a seguir.
Figura 2 - Horta comunitária Mustarorinha

Fonte: http://ciclovivo.com.br/inovacao/inspiracao/recife-transforma-areas-
abandonadas-nos-morros-em-hortas-comunitarias/

Muitas vezes, os vizinhos doam sementes para novos plantios e água para os
produtores regarem o terreno cultivado. Trata-se de um trabalho coletivo que é
praticado e apreciado por todos, no entanto, obriga a muito trabalho ao nível da
manutenção.

Cada vez mais são reconhecidos os efeitos benéficos que o contato com a
natureza gera à saúde humana. Os efeitos positivos do contato com áreas verdes
foram observados em relação a longevidade, doenças cardiovasculares, obesidade,
saúde mental, qualidade do sono, recuperação de doenças e desfechos de
natalidade.

As hortas, como ecossistemas agrícolas, proporcionam, além dos serviços


gerados como espaços verdes, produtos alimentares e, portanto, podem suprir
necessidades básicas, além de possuir inúmeras vantagens, como: incentivar ações
mais sustentáveis por parte dos utilizadores, nomeadamente pela reciclagem dos
resíduos orgânicos e uma maior consciência ambiental. A Regulação térmica também
faz parte destes benefícios já que a vegetação diminui temperaturas devido à sua
evapotranspiração e produção de sombras e diminui o impacto da água no solo assim
como o seu escoamento superficial. A mesma auxilia na qualidade do ar, uma vez que
as áreas verdes possuem funções de filtro de poluentes, tanto para o material
particulado quanto para gases. As áreas verdes urbanas também têm sido associadas
à atenuação de ruídos de diferentes frequências, agindo como barreiras verticais.
Além de tudo inúmero estudo epidemiológico e experimental têm demonstrado uma
possível associação entre a existência de áreas verdes intra /extra urbanas e uma
série de efeitos benéficos à saúde mental e física da população.

Em muitos países as hortas urbanas têm surgido acompanhando o rápido crescimento


das cidades (De Bon & Parrot, 2010). Atualmente, as hortas comunitárias são uma realidade
na paisagem das grandes cidades e isso é um fator de união entre todas as pessoas que
lutam por algo que é de todos e que beneficia todos. Um exemplo disso é, o engenheiro
agrônomo Carlos Salles decidiu ajudar a criar uma horta comunitária na favela Cidade de
Deus (Figura 3), próxima ao lixão da cidade de Campo Grande (MS), com o intuito
de empoderar a comunidade e garantir alimentação saudável para todos. Além do cultivo, o
projeto prevê a distribuição de cestas básicas com produtos frescos e cafés da manhã feitos
com o auxílio de diversos voluntários.

Figura 3 - Horta comunitária na favela Cidade de Deus

Fonte: http://ciclovivo.com.br/inovacao/inspiracao/horta-comunitaria-garante-alimentos-
frescos-em-favela-de-campo-grande/

Essa prática está se tornando cada vez mais comum nas cidades devido à
facilidade de acesso à informação sobre como criar uma horta comunitária. Não é
necessário que as pessoas sejam especializadas; qualquer um pode buscar
informações e aderir a essa iniciativa. O espaço também não é mais uma desculpa,
já que existem diversas soluções para cultivar plantas em espaços pequenos, como
em hortas verticais. A rega das hortaliças pode ser realizada com a captação da água
da chuva por meio de um sistema de cisternas, o que também irá trazer economia a
longo prazo. O projeto de horta comunitária, além dos benefícios econômicos, pode
criar hábitos mais saudáveis na infância das crianças e de todas as famílias.

Outro exemplo onde as hortas comunitárias envolvem toda comunidade urbana,


ou até um país é Cuba, como mostra a Figura 4 abaixo.

Figura 4 – Horta urbana em Cuba

Fonte: www.arquidicas.com.br/horta-urbana/

Em Cuba, por exemplo, a cidade de Havana durante os anos 90 passou por um


período de crise de abastecimento de alimentos, já que seu fornecedor principal, a
União Soviética, entrou em colapso.

Os moradores da capital cubana passaram a se apropriar de terrenos baldios,


terraços e pátios e começaram a plantar vegetais para suprir suas necessidades
alimentícias, conseguindo posteriormente o apoio e suporte do governo, que iniciou
uma série de ações para viabilizar a agricultura urbana, criando o Departamento de
Agricultura Urbana, atualmente a produção de alimentos frescos e orgânicos chega a
80% do consumo do país.

4 METODOLOGIA

Para planejar uma horta urbana devemos identificar um local adequado, que
receba entre cinco e seis horas diárias de luz do sol por dia e tenha uma fonte de água
acessível para irrigação. Como se trata de uma horta urbana e de uso comunitário,
devemos escolher as sementes devidas para o local, como exemplo: alface, tomate,
couve, espinafre, repolho, alho, rabanete, beterraba e cenoura, entre outras verduras
e legumes, produzidos, na maioria dos casos, a partir dos princípios de agricultura
orgânica, sem os inseticidas e fungicidas tradicionais, o que garante mais qualidade
ao que é produzido.

O início do planejamento de uma horta, seja ela pequena ou grande, dependerá


de um olhar amplo sobre vários aspectos. Deve-se olhar primeiro para o espaço físico,
para a disponibilidade de áreas abertas ou de pequenos espaços que possam servir
para plantio em recipientes ou vasos. Estas áreas podem ser canteiros de praças,
áreas comuns em condomínios, terrenos baldios ou ociosos (nestes casos é
necessário verificar o histórico de ocupação do terreno), quintais coletivos, espaços
cedidos pelo poder público, entre outros. As opções variam com a realidade de cada
lugar.

A horta pode ser feita em diferentes formatos, desde o tradicional canteiro


retangular no solo, assim como em canteiros redondos ou, espiralados. Também em
pequenos espaços tais como plantio em recipientes, caixotes, canteiros suspensos,
(madeira, telha) ou ainda hortas verticais utilizando paredes, muros cultivados em
recipientes como garrafas de plástico, como pode ser visto na Figura 1 abaixo:
Figura 1 - Muros cultivados em recipientes como garrafas de plástico

Fonte: Hortas urbanas (manual)

Para a escolha das espécies (hortaliças, ervas medicinais) é fundamental


observar quais são adaptadas às condições climáticas da região e a melhor época de
plantio, que pode variar de uma região a outra. Há espécies que se desenvolvem
melhor nas estações mais frias (outono e inverno) e outras nas estações mais quentes
(primavera e verão). Existe, porém, um esforço do homem em obter variedade mais
adaptadas ao ano todo (ex. alface de verão, alface de inverno), porém de modo geral
cada espécie tem seu clima ideal. As condições ideais para cada espécie variam
bastante e é bom conhecer os períodos de produção de cada uma. As plantas
cultivadas fora de sua época ideal e em regiões inadequadas são mais sujeitas a
pragas e doenças.

Para se criar uma horta comunitária deve procurar recolher todo o tipo de
informação disponível nas câmaras municipais. Muitas autarquias oferecem o acesso
a terrenos de cultivo específicos e todo o tipo de incentivos que facilitam a sua
produção, como a água para a rega, sementes para a plantação e proteção contra o
roubo e vandalismo.

Nas hortas comunitárias podem não existir problemas ou danos severos com
pragas e doenças devido à grande diversidade de cultivos, mas caso ocorra, é
importante procurar utilizar somente práticas naturais e orgânicas de controle (calda
de sabão, fumo, calda bordalesa, plantas companheiras), bem como a capina,
também feita de forma manual.

O surgimento de pragas e doenças, geralmente está relacionado ao


desequilíbrio nutricional das plantas, ambiente e clima inadequados. Se as plantas
estiverem confortáveis em seu ambiente e bem nutridas é mais provável que não
fiquem doentes e o ataque de pragas não ocorrerá ou será mínimo. Se for um local
pequeno é possível controlar as pragas catando as com as mãos.

Plantas são seres vivo, não gostam de vento muito forte, excesso de sol, calor,
frio, chuvas muito fortes. Uma vantagem dos espaços pequenos é que geralmente é
mais fácil cobrir a área de cultivo com telas redutoras de luz conhecida como sombrite
e plástico transparente e controlar a temperatura e a umidade mantendo um clima
mais adequado as plantas o ano todo.

Com relação à irrigação, esta pode ser feita manualmente, e a uma baixa altura
do solo, recomendações estas, repassadas pela própria Eletrosul para evitar
acidentes.

Embora a aquisição de um sistema de irrigação indiscutivelmente facilitará o


trabalho dos horticultores, Gliessman (2005) propõe que a irrigação representa uma
mudança maior na função do ecossistema e gera seus próprios problemas ecológicos.
Além da latente questão econômica, pois normalmente, sistemas de fornecimento de
água são caros. Técnicas menos dispendiosas de manejo da umidade do solo para
assegurar que a rota principal da água para fora do mesmo ocorra através da cultura,
podem ser obtidas através de coberturas orgânicas.

Outro tópico importante se tratando de uma horta, é a questão da compostagem,


que é a prática ou processo que transforma e estabiliza a matéria orgânica (resíduo
orgânico) em adubo (composto orgânico). A compostagem é um processo semelhante
ao ciclo da matéria orgânica (decomposição) que ocorre na natureza. São muitos os
benefícios de se fazer a compostagem: produzir o próprio composto para utilizar na
horta e jardins, melhorar a qualidade do solo através da adição do composto, diminuir
a quantidade de resíduo destinado aos aterros sanitários ou lixões. Além de fazer bem
para o ambiente como um todo, a compostagem possibilita a produção de alimentos
frescos e seguros, sem adição de produtos químicos. Os resíduos orgânicos
domiciliares podem ser aproveitados na produção de composto empregado nas
atividades de agricultura urbana.
Existem diversas maneiras de se produzir um composto orgânico, desde a
tradicional pilha montada sobre o solo até mesmo em recipientes preparados, como
em pneus, caixotes, tambores grandes, como anexado na Figura 6 a seguir.

Figura 6 – Maneiras de se produzir um composto orgânico

Fonte: Hortas urbanas (manual)

Dessa forma, as hortas comunitárias não possuem um custo estimado


específico, contudo, há a necessidade do apoio da prefeitura do local e sua
autorização. As atividades ligadas a horta não precisam obedecer uma hierarquia e
sim ter a ideia de voluntariedade da importante participação da população na
construção de uma cidade melhor com ações práticas como ir lá retirar o mato, colocar
adubo e fazer a irrigação. Iniciativas que visam a revitalização o espaço urbano e a
promoção do bem-estar coletivo. Como acontece na Horta das Corujas em São Paulo
(Figura 7), lá as pequenas despesas são divididas entre os voluntários sem haver um
necessário investimento financeiro, cada um faz o trabalho que quiser e quando
quiser. Os voluntários podem regar, cuidar de canteiros, buscar esterco para adubar,
fazer plaquinhas de identificação, doar mudas, colher ou apenas visitar a horta.
Figura 7 – Horta das Corujas

Fonte: https://hortadascorujas.wordpress.com/

5 CONCLUSÃO

É de grande importância a aplicação de intervenções de políticas públicas


voltadas para as comunidades, proporcionando uma melhor qualidade de vida, que
foi o fator principal que levaram as pessoas a se estabelecerem, na cidade de
Salvador, como também em outras cidades brasileiras, em lugares de risco, por falta
de melhores condições financeiras, cuja a falta de qualidade dos serviços básicos,
leva a condições precárias em infraestruturas básicas, em muitas comunidades.

A contínua capacitação das famílias em práticas agronômicas alternativas e


naturais, como cultivo orgânico, é de extrema importância, visando aumentar o
conhecimento destes horticultores sobre estas práticas, a fim de se quebrar o estigma,
gerado em parte pela própria “Revolução Verde”, de que não é possível cultivar
vegetais sem o uso de agrotóxicos e pesticidas. Mostrando-lhes que é possível uma
melhoria da produtividade sem degradação ambiental, promovendo a diversificação e
diferenciação dos produtos gerados nestas hortas comunitárias e bem como a
melhoria da qualidade de vida da comunidade.

A aplicação das Hortas Comunitárias, devem ser pensadas exclusivamente para


o local, em que será aplicado. A partir de uma investigação detalhada, no qual, ela se
adeque a realidade da região, não sendo uma concepção de pura repetição,
principalmente quando se é utilizada para auxiliar em contenção de terra em
barrancos, pois em determinadas situações nem todo tipo de vegetação pode ser
utilizado.

São inúmeros benefícios que este tipo de intervenção pode trazer a região e para
a população local, ela contribui significativamente para uma melhor qualidade de vida,
inserindo boa parte da população nos serviços de melhora para a comunidade, isso
contribui para os serviços de lazer, principalmente aos idosos, que devido à idade
avançada se veem impossibilitados de realizar algumas funções, aplicados na
comunidade, pela própria população. Além de uma melhoria significativa na
alimentação das pessoas envolvidas, bem como uma mudança substancial na
utilização da área em pauta.

Inclusive, a horta urbana contribui para o fortalecimento da educação ambiental


contribuindo na mudança de valores, atitudes e hábitos para a formação de um sujeito
ecológico. Dessa forma, cresce a necessidade de atrelar as instituições de ensino para com
as atividades ligadas a horta urbana afim de incentivar a geração de amplos conhecimentos
e habilidades que permite produzir e consumir alimentos saudáveis além da conscientização
das práticas de educação agroecológica na integração das diferentes experiências
educativas, a fim de realizar uma visão mais integradora do meio ambiente na fomentação de
valores: éticos, econômicos e culturais.

Portanto, a sua utilização acarreta o sentimento de pertencimento e a construção da


identidade com o local e a cidade como um todo, melhorando a qualidade de vida e elevando
a autoestima da população, visando uma cidade melhor através de um trabalho em conjunto
e harmônico entre todos.
6 REFERÊNCIAS

ABREU, Ângela Maria Ribeiro da S. Morais. Hortas urbanas – Contributo para


a Sustentabilidade. Caso de Estudo: “Hortas Comunitárias de Cascais”
Disponível em: <https://run.unl.pt/bitstream/10362/7981/1/Abreu_2012.pdf>.
Acesso em: 17/04/2018.

ALMEIDA, D. Agricultura urbana e segurança alimentar em Belo Horizonte:


cultivando uma cidade sustentável. Agriculturas. v.1, p. 25-28, 2004.

ALTIERI, M. Agroecologia: A dinâmica produtiva da agricultura sustentável.


4ª ed. Porto Alegre: Editora UFRGS. 2004. 110 p.

CAMPOS, Osvaldo. Pensando Salvador do futuro. Disponível em:


<http://osvaldocampos.blogspot.com.br/2009/04/quem-pensou-salvador-do-
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